O “fim da impunidade” continua a espalhar alegrias

(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 11/12/2021)

“Aleluia! A malta de Mação não perdoa”, escreveu, em 2014, Duarte Marques quando soube que Sócrates tinha sido detido. A alegria extasiante justificava-se porque os verdadeiros socráticos são tipos como este cromo, seres para quem Sócrates é uma fonte de transes espirituais e arroubos místicos. O mesmo fervor religioso terá sentido quando engavetaram Vara sem provas, e da mesma beatitude está agora inundado depois de lhe ter chegado a boa nova da acusação a Paulo Campos, ódio de estimação dos ranhosos.

É uma acusação que levou 10 anos a engendrar. Nos próximos dias ficaremos a saber quais os factos na berlinda e as possíveis interpretações jurídicas dos mesmos. Por agora, há que responder à pergunta: que andou o Ministério Público a fazer durante 10 anos? Uma resposta inevitável é esta: andou a ilibar os Governos de Sócrates de uma das mais obsessivas e adoradas patranhas agitadas na direita decadente e na indústria da calúnia, a de que as Parcerias Público-Privadas rodoviárias tinham sido um bacanal de corrupção. Basta nomear um dos profissionais desta pulhice, José Gomes Ferreira, para ilustrar o que está em causa. Ora, a investigação não encontrou um cêntimo ilícito à pala do alcatrão, levando a que Mário Lino, António Mendonça e Fernando Teixeira dos Santos não fossem acusados. Precisavam de gastar uma década para chegar a esse resultado? Não, claro que não, mas para quê ter pressa quando se está a coagir e a emporcalhar alvos valiosos?

A acusação é pífia, uma farsa. Na prática, assume-se como tentativa explícita de criminalização de um Governo socialista pelas suas políticas, o tal sonho húmido dos cavaquistas e passistas. Contudo, o seu efeito tem o propósito e a eficácia das restantes golpadas onde a judicialização da política é a arma mais poderosa da direita contra o PS. Por isso esta é outra vez uma acusação lançada em cima de eleições legislativas, oferecendo aos impérios de comunicação direitolas munição para fazerem fogo à vontade.

Desde 2008, quando Cavaco se deixou convencer a perverter a sua função presidencial, que existe uma vingança da oligarquia contra aqueles que não tiveram medo dela. O que é curioso, ou então vexante, é constatar a cumplicidade da sociedade, onde se inclui toda a esquerda e o próprio PS, com a vendeta em curso – a qual arrastou a Justiça para a infâmia e o crime.

Aleluia, irmãos.


Fonte aqui


Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.