Associação Sindical de Juízes (ASJ) e Manuel Ramos Soares, azougado sindicalista

(Carlos Esperança, 23/03/2021)

A ASJ é uma aberração sindical de membros de um órgão da soberania que não querem apenas aplicar as leis, pretendem também interferir na sua feitura, competência da AR.

Não é o venerando desembargador homónimo que certamente se pronuncia sobre o que deve fazer o poder legislativo, é o sindicalista travesso, ébrio de mediatismo, que deseja condicionar a produção legislativa.

O sindicalista ingere-se na esfera privada dos cidadãos e quer devassar as associações a que aderem, maçonaria, Opus Dei, da esfera espiritual ou cívica. Diz como criminalizar o enriquecimento ilícito: «para os juízes, não chega que os políticos declarem a aquisição de património; também devem justificar como o fizeram» (Público, 21/3/2021 – ver aqui ). Inverte o ónus da prova ou considera que “a propriedade é um roubo”? (Proudhon).

Manuel Soares, presidente da ASJ, é reincidente. Não resistiu a juntar-se aos ataques ao Governo no termo do mandato do presidente do Tribunal de Contas. Foi uma deplorável ingerência política e um ataque à decisão do PR e PM, que tinham acordado mandatos únicos.

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No Público, 4-11-2020 (Pg. 9 – Ver aqui), onde tem colaboração permanente, o sindicalista voltou a atacar o PR e o Governo. No 2.º §, embora em linguagem mais esmerada do que a do seu homólogo do extinto sindicato de condutores de matérias-primas perigosas, afirmou: «Os últimos tempos têm sido marcados por sinais de desacerto do Governo na conceção e comunicação das medidas, por hesitações do Presidente da República e pelo agravamento de desconfiança e impaciência das pessoas.»

Não se pode acusar o Sr. Manuel Soares de ‘hesitações’ a denunciar os desacertos do Governo ou as alegadas hesitações do PR. Inadmissível é o facto de o sindicalista, que se indignaria se o PR ou o PM se referissem a eventuais desacertos e hesitações da jurisprudência, persistir em apreciações a órgãos de soberania que lhe cabe respeitar.

O respeito que é devido ao venerando desembargador perde-o o sindicalista, arrastando na sua reiterada colagem à direita a isenção que é atribuída aos juízes. Alguém lhe devia lembrar que não foi sufragado em eleições, que as suas opiniões estão sujeitas ao crivo da opinião pública e, como as de qualquer político, ao escrutínio dos cidadãos.

Temos de ser vigilantes para não voltarmos a ser vigiados.

República de juízes, nunca.


4 pensamentos sobre “Associação Sindical de Juízes (ASJ) e Manuel Ramos Soares, azougado sindicalista

  1. Concordo que a existência de um sindicato de titulares de um órgão de soberania é uma aberração.

    Mas nisto o bizarro sindicalista tem toda a raźão.

    O combate à corrupção devia ser uma prioridade e a justificar rendimentos devia ser normal para titulares de cargos publicos.

    Não se percebe a aflição do PS com coisa tão simples. Até parece que lhes encomendaram o discurso.

    Digo mais, todos os politicos e empresários deviam ser obrigados a entregar todos os anos certificado de registo criminal LIMPO.

    Há profissionais de salário minimo a quem isso é exigido.

    Não se percebe porque, quando se toca nas elites, fica tudo a choramingar.

  2. Os novos reis de Portugal e dos Algarves usam toga ,sentem-se acima dos outros mortais ,são impolutos excepto o outro que não tinha amigos que lhe emprestasem dinheiro mas, que depois já tinha um que lhe emprestou 10000 euros , mal de Portugal que esta classe artistica quer voltar aos tribunais plenários ,visto que nunca ouve 25 de Abril entre estes sujeitos.

  3. Eheheheh!

    Nota. Pergunta o paciente do Viegas na caixa de comentários do Aspirina B, onde mais este lindo post do Carlinhos foi encalhar tal é a bebedeira colectiva, se existe alguma tradução em… português!!! Porra, ó Carlinhos, que onde tu chegas os gajos letrados tapam logo o nariz…

    🙂 , bem li, tchau e por nim um queijo da serra.

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