Rui Rio, o homem sério

(Isabel Moreira, in Expresso Diário, 31/07/2020)

Foi sempre a imagem de marca de Rui Rio. “É um homem sério “, dizia- se (e diz-se) do atual líder do PSD em tom grave, como que a sublinhar uma característica distinta que uniria todos os olhares. Quem não vota PSD sempre diz “mas é um homem sério, um homem honesto”.

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Confesso que, não duvidando da seriedade e da honestidade de Rui Rio, nunca percebi a eleição destas duas características como especiais do atual líder do PSD, assim como qualquer coisa de muito bom, que o distingue e que nos deve deixar felizes.

Afinal, ser sério e honesto parece-me ser coisa de cumprir os mínimos e nunca percebi por que raio se diz tanto da seriedade de Rui Rio, como se os outros líderes partidários não merecessem a adjectivação. De António Costa a Francisco Rodrigues dos Santos, há razões para duvidar da seriedade ou da honestidade de algum ou de alguma líder partidária?

Dito isto, para além da “enorme seriedade“ de Rui Rio, o que resta da sua prestação recente para a República? Quem tanto apregoa a verticalidade do líder, basta-se com isso? Não se aflige com o seu populismo programático, devidamente delegado nos novíssimos soldados parlamentares prontos para explicarem à República que o Regime está podre e que o Parlamento precisa dessa coisa, a sociedade civil, para se purificar?

É que Rui Rio, o homem sério, detesta o Parlamento e, em pouco tempo, propôs dar cabo da comissão da transparência, instalando cidadãos “de reconhecido mérito” no Parlamento, sem ética controlada, claro, em número superior ao dos nefastos deputados, para tratarem do seu estatuto. Assim, numa penada, Rui Rio explicou que precisamos de retirar aos deputados a conquista da democracia liberal e dar a uns ilustres cidadãos o poder de definirem o estatuto de gente eleita.

Um homem sério.

Esta abertura do Parlamento à sociedade civil também aconteceria nas comissões parlamentares de inquérito, com carácter permanente, aberração que foi defendida com a eloquência do Chega: “mas afinal quem é que tem medo do povo?”.

Um homem sério.

Rui Rio detesta ser Deputado, não o esconde, e convenceu Costa da bondade de acabar com os debates quinzenais, que passarão a ser de dois em dois meses. Aqui, com o aval de Costa e com os votos dos deputados do PSD e do PS que acharam por bem fazer isto à democracia representativa (e à própria Política), conseguiu a sua vitória nesta onda anti-parlamentar.

Entretanto o homem sério veio admitir uma aproximação ao Chega, se este evoluir e tal. Não sei que evolução será necessária.

O homem sério saberá.

Afinal é o que dizem de si.


9 pensamentos sobre “Rui Rio, o homem sério

  1. Não sei como se podem considerar sérios homens de partidos que até no nome são burlas.

    O partido socialista nunca foi socialista.

    O partido social democrata nunca foi social democrata.

    Chamem o que quiserem aos lideres destes partidos, sérios é que não.

  2. Por falar nisso, a Isabel, deputada de um partido que se diz socialista mas que nunca foi socialista, é uma mulher muito pouco séria.

  3. Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” desregulamentou selvaticamente o mercado laboral com a lei dos recibos verdes ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” destruiu a reforma agrária ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” se “esqueceu” de implementar a reforma agrária de tipo social democrata que estava no programa do seu partido ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” entregou de volta a economia aos capitalistas do antigo regime, como os Espirito Santo, que tanta falta nos faziam ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando no partido “socialista” o Almeida Santos andava a dar entrevistas a dizer que o problema de Portugal “são os salários demasiado altos”?

    Onde é que a “séria” Isabel estava no governo Guterres quando o partido “socialista” tentou desesperadamente privatizar a TAP, dizendo que era a ultima forma “de a salvar da falência” tentando vendê-la a uma companhia privada que faliu uns meses depois ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” bateu o recorde das privatizações selvagens no governo Guterres ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” bateu o recorde das PPP’s e CMEC’s selvagens no governo Sócrates ?

    Onde é que a “séria” Isabel estava quando o partido “socialista” andava na cama com os financeiros donos disto tudo, como o celebérrimo Salgado ?

    Já para não falar no outro partido de aldrabões, o PSD, reconhecido líder da direita portuguesa cujo líder andava a dizer a toda a gente que também era “socialista”.

    Eu a vocês todos não comprava um telemóvel, muito menos um carro.

    E não lhes deixava levar o meu cão a passear, Ainda aparecia à venda na Ebay.

  4. O contabilista Rui Rio gostava que o país fosse gerido um comité central de sábios para decidir as políticas do país, podia-se chamar politburo ou assim.

  5. Epá, a Isabelinha é um jaquinzinho no PS (que encontra adept@s entre a turma LGBTI e os medricas da blogosfera). Miau!

    ______

    Da série “As águas mornas da União Nacional Socialista”™ (quando os peixes de águas profundas vêm à superfície)

    A confirmação de que não existem [quaisquer registos, nada?] chegou do gabinete de Marta Temido: “Pela sua natureza, as reuniões no Infarmed não foram objeto de ata.”

    https://pbs.twimg.com/media/EeWx0A9XoAI61s1?format=png&name=900×900

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