Portugal – Catolicismo, pedofilia e fisco

(Por Carlos Esperança, 21/02/2019)

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A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), apesar do pecado da gula, goza da absolvição fiscal do Estado laico, contra a Constituição, e mesmo sem apoio na Concordata assinada por Durão Barroso, bem pior do que a salazarista, que o ditador fascista não rubricou porque era omisso o nome do papa e ele não aceitava ser equiparado a um mero cardeal.

Em Portugal, onde o clero é tradicionalmente casto, só raramente um obscuro padre acaba na prisão. Aconteceu ao padre Frederico, na Madeira, por ter assassinado um jovem por quem teria uma paixão não correspondida, e alguém o ajudou a fugir para o Brasil, onde regressou ao múnus, e ao vice-reitor do seminário do Fundão, condenado por vários casos de pedofilia.

O Diabo não inquieta muito o clero nacional, mas Deus protege a sua Igreja de forma obscena, e a comunicação social está mais empenhada na exploração da luxúria do que na denúncia da gula irrefreável que a ICAR manifesta em Portugal. É mais fácil explorar a homossexualidade de cardeais, bispos e monsenhores do que as nebulosas finanças da sua Igreja. As isenções fiscais e alguns outros privilégios são um segredo mais bem guardado do que o da confissão.

A denúncia da isenção fiscal da Universidade Católica, concedida na lei, em 1971, inadmissível com uma Constituição que impõe a separação do Estado e das Igrejas, foi revogada em 1990, através de decreto-lei, com a insólita exceção da alínea que lhe concedia a isenção, bem como a de taxas municipais e custas judiciais, apesar de cobrar 65 milhões de euros aos privilegiados alunos, e gozar ainda da anómala exceção de o seu reitor ter assento no conselho de reitores das universidades públicas portuguesas.

Resta dizer que o decreto-lei, cuja imoralidade é gritante, foi assinado por Cavaco Silva, Miguel Beleza e Roberto Carneiro, todos docentes dessa Universidade, o que, aparentemente, foi um caso de flagrante nepotismo.

A TVI, cujo alvará foi iniquamente concedido à ICAR por Cavaco Silva, preterindo outros e mais idóneos projetos, denunciou agora a indecorosa situação. Curiosamente, a Comunicação Social prefere a sexualidade dos padres à gula da instituição, e mistura o ignóbil crime de pedofilia às opções homossexuais que só a ICAR considera crime.

É incrível que o caso da U. Católica tenha morrido logo, tal como o caso da rede de corrupção dos autarcas do PSD denunciada na Visão. O condicionamento da opinião pública não é aqui mera suspeita, é uma evidência clara. Deus é pouco exigente e a ICAR recusa dar a Centeno o que os leigos pagam.

A Universidade Católica, tal como os colégios privados, não deve ter privilégios. Os governos receiam a ICAR, e cedem às suas exigências. Temem ver um cardeal, com docentes e discentes da Universidade Católica, a descerem a Av. da Liberdade com coletes amarelos.

Que desçam! A subida é mais difícil. Quanto à subida ao Céu é apenas uma metáfora em que nem os padres acreditam. As sotainas não têm asas e os padres não voam.

4 pensamentos sobre “Portugal – Catolicismo, pedofilia e fisco

    • Para além de ateu absoluto desde os 15 anos vejo que a História facilmente mostra a ICAR como a mais criminosa da instituições humanas; a sua estória é essencialmente uma história de crimes e barbaridades; e que vem do Concílio de Niceia por obra e graça de um patife chamado Constantino, imperador.
      Passou, à sombra do poder secular – uma caraterística da qual hoje não prescinde – a perseguir tudo o que lhe não agrada ou convém, desde tempos recuados. A santidade de um Sto Agostinho enoja; ele foi um inspirador das perseguições religiosas só superado, na prática por um pouco conhecido S. Shenoufe
      Foi um papa de origem espanhola que criou o racismo, como hoje o conhecemos, ao declarar os cristãos-novos e seus descendentes como portadores de “sangue impuro”; numa alegre e conveniente relação entre o Vaticano e as monarquias ibéricas do século XVI
      Os 200 anos de Inquisição em Portugal não foram marcados por muitos autos de fé mas produziram num exilado do século XVIII – Cavaleiro de Ferreira – a ideia de que “Portugal é um relógio atrasado pela Inquisição”. Muito do atraso cultural português remonta a essa influência a que se associou um empresariato ignorante, incapaz mas, muito temente de Deus e fornecedor de prebendas à ICAR.
      Quando chegou à paróquia lusa a ideia de que Newton havia “descoberto” a gravidade, a chegada de informação sobre o tema foi prontamente rejeitada pelo magnífico reitor de Coimbra que declarou que essa coisa da gravidade não existia porque não constava da Bíblia!
      Um detalhe de vida pessoal. Ainda como estudante dei aulas numa escola pública e as alunas tinham poucos anos a menos que eu, pelo que tinha com as raparigas uma relação de muita conversa. Um dia disse-lhes – para seu grande espanto – que era ateu. Elas foram dizer ao padre que dava a imprescindível disciplina de Religião e Moral (ou Imoral, se preferirem) e o diretor da escola – fascista, com cargo na prestigiada União Nacional – chamou-me para me dizer que não poderia falar dessas coisas!

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