Passos Coelho endoiodou e boicota a concertação social

(In Blog O Jumento, 14/01/2017)

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Nota Prévia. Não acho que a Concertação Social tenha qualquer importância em Portugal nem que o Governo tenha necessidade de obter um consenso qualquer para subir o salário mínimo. E também não concordo com o facto de tal aumento ser patrocinado pelos cofres públicos. Para haver concertação a sério teríamos que ter patrões que soubessem fazer contas e infelizmente, os que temos, na maioria dos casos, ainda são do tempo do lápis atrás da orelha como os merceeiros do antigamente, sendo menos qualificados que muitos dos trabalhadores que empregam. A concertação, uma ideia da direita para travar as reivindicações dos trabalhadores é assim liquidada pela própria direita. Outros valores mais altos se levantam. O objetivo é claro: pretende-se liquidar a Geringonça, criando atritos e dificuldades ao Governo. Depois logo se vê. Se Passos fosse primeiro-ministro não era preciso concertação social para nada a não ser para “assinar de cruz” todas as suas tropelias contra os trabalhadores. (Estátua de Sal, 14/01/2017)


Sempre que Cavaco e Passos sentiam necessidade de pressionar os partidos da oposição utilizaram a concertação social e os parceiros sociais, uma forma simpática de designar patrões, que foram usados como tropa de choque contra o PS. Na hora de designar António Costa para primeiro-ministro um Cavaco Silva em desespero jogou a sua última cartada das seis condições, uma delas era a de que o governo respeitaria o “papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do país”.

Quando o PS apresentou o OE para 2017 Passos Coelho começou por dizer que o ia ignorar, como tinha feito em relação ao OE de 2016, mas acabou por mudar de posição, tirando uma carta da manga, ia ouvir os parceiros sociais e apresentaria as suas propostas como propostas orçamentais do PSD. Acabou por reunir as cortes em Albergaria-a-Velha, onde apresentou uma espécie de OE do seu governo no exílio.

Passos afirmava-se como o paladino dos parceiros sociais e da concertação social, opondo a legitimação daqueles à da maioria dos deputados.Para os teóricos da direita a concertação social é a alternativa e negação da luta de classes, daí que para personalidades da direita como Cavaco o respeito pela concertação social, colocando-a cima do parlamento é um alicerce ideológico.

Todas as organizações que assinaram o acordo de concertação têm o envolvimento político-partidário do PSD, os sindicatos são os da UGT e quanto às associações patronais todos sabemos o que a casa gasta. A concertação é a trave mestra do PSD e Passos Coelho decidiu derrubá-la.

O PSD parece ter muitas saudades de umas boas greves, os mais altos dirigentes do PSD não escondem essa sua perversão ideológica e não se cansam de desafiar a CGTP e o Mário Nogueira para uma lutazinha das antigas.

Passos Coelho é um político imaturo que nunca deixou de o ser e que nunca conseguiu ver a diferença entre uma associação de estudantes do preparatório e um país, daí a sua decisão de boicotar o país, não hesitando para isso em destruir a concertação social.

Passos perdeu a lucidez política, conselheiros como o Relvas parece terem-no abandonado, está cada vez mais dependente intelectualmente de um grupo de extremistas que o têm acompanhado. Mas desta vez pode ter ido longe demais na sua imaturidade e arrisca-se a pagar bem cara uma asneira que o vai conduzir ao fim político. Passos acabou de perder toda e qualquer credibilidade política.


Fonte: O JUMENTO: Passos Coelho endoiodou e boicota a concertação social

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