(Carlos Esperança, 07/07/2021)

(No dia seguinte ao pedido de absolvição pelo MP do ex-Ministro Azeredo Lopes no caso de Tancos, por nada ter conseguido provar contra o homem, a dita “Justiça” tirou da cartola a prisão de Luís Filipe Vieira. Coincidência ou uma tentativa passar para 2º plano a natureza política do caso de Tancos, contra o Governo, por interposta pessoa do ministro? Eu não creio em bruxas, pero que las hay, las hay. Comentário da Estátua de Sal)
Há dois anos, entraram em histerismo os corifeus desta direita e os seus apaniguados, os comentadores com lugar cativo na imprensa, abutres sequiosos de sangue e de desforra, a pedirem a cabeça do ministro da Defesa com a insânia com que tinham apoiado o pior PR e o mais impreparado PM do regime democrático. Nem a imprensa que aspira a ser de referência, se recatou nos editoriais incendiários.
Pensaram que os paióis de Tancos deviam estar guardados pelo motorista do ministro, com a viatura a obstruir a entrada, que as toneladas de armas sensíveis saíram às costas de imigrantes sazonais pelo buraco da rede, e que o Governo devia divulgar o material roubado cujo inventário tinha obrigação de ser do seu conhecimento prévio.
Esta direita não queria apenas o Diabo, desejava ardentemente o Inferno. Sentia-se no ar o cheiro a enxofre, uma semelhança esquisita com o Verão quente de 1975, que deixou estupefacto quem não crê em bruxas.
Basta escrever agora no pretérito o que já escrevi no presente do indicativo. Quando foi montada a operação destinada a extinguir a PJM foi loquaz a PGR Vidal, ora em mudo retiro espiritual, com Azeredo Lopes a ser então, na Defesa, o que é agora Eduardo Cabrita no MAI, acusado de crimes que pediam a sua cabeça e a do PM.
Quem recorda a chinfrineira deste caso da campanha eleitoral das legislativas, não pode alhear-se da tentativa de linchamento do atual MAI durante esta campanha autárquica, sobretudo depois de ver o Ministério Público, sem provas dos alegados crimes, a pedir a absolvição do ex-ministro.
Exige-se um módico de dignidade aos que tentaram então linchar o ministro da Defesa e forçaram o seu julgamento, a começar pelo PR, que disse o que o país gostou de ouvir, e não o que eventualmente sabia, de Marques Mendes e Passos Coelho aos comentadores e jornalistas que entraram em campanha para impedir que o Governo do PS, com apoio do BE, PCP e PEV pudesse repetir-se.
É na defesa da democracia e da genuinidade dos votos expressos, sem constrangimentos e guerra psicológica dos média e dos comentadores encartados que se exige um esforço de memória e a denúncia das velhacarias passadas. E presentes.