O Ocidente está morto: Rússia e EUA redesenham o mapa do mundo

(A l e x a n d r e D u g i n, in ArktosJournal 13/02/2025, Trad. Estátua)

Alexander Dugin afirma que o Ocidente não existe mais como uma entidade unificada, com Trump e Putin remodelando a ordem mundial por meio de uma revolução conservadora, onde o Canadá e a Groenlândia podem cair sob o controle dos EUA, partes da Europa Oriental pertencem à Rússia e a Europa deve tornar-se grande ou desaparecer.


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É notável que o presidente Putin e o presidente Trump tenham finalmente falado por telefone. Este é um verdadeiro avanço porque os líderes de duas grandes potências iniciaram um diálogo. Naturalmente, as questões que eles discutiram diziam respeito à ordem global. Não é apropriado que os líderes de duas grandes potências falem de assuntos menores sem primeiro definir novos parâmetros para a ordem mundial.

Da Revolução Conservadora à Redistribuição do Mundo.

O facto é que uma revolução conservadora genuína ocorreu no Ocidente. Trump e seus aliados alteraram radicalmente o curso do Ocidente coletivo, 180 graus. Além disso, o Ocidente coletivo como uma entidade simplesmente não existe mais. Em vez disso, agora existem os Estados Unidos — a Grande América — que se tornou grande no curto período de mandato de Trump e, por enquanto, ainda existe a Europa liberal e globalista. Mas este é um lamentável mal-entendido; a Europa deve alinhar-se com o modelo multipolar mais amplo com o qual Trump e Putin concordam. Assim como Xi Jinping, o grande governante da Grande China, e Modi, o grande governante da Grande Índia. Portanto, a Europa deve tornar-se grande, ou deixará de existir completamente, e nós a esqueceremos.

A conversa de hoje entre os dois arquitetos da nova ordem mundial está imbuída de um significado imenso. Ao mesmo tempo, a Rússia de Putin permanece inalterada, permanecendo a mesma de antes. De facto, em certo sentido, ela torna-se um modelo para a nova Grande América. Essencialmente, agora estamos a mover-nos na mesma direção; apenas os americanos estão fazendo isso rapidamente, com seu brilhantismo característico, enquanto nós procedemos gradual e cuidadosamente. Por isso, acredito que o futuro previsível do mundo moderno é uma aliança entre a Rússia de Putin e a América de Trump. No entanto, antes que isso aconteça, a questão de contencioso mais crítica deve ser resolvida previamente — a questão da Ucrânia.

A Ucrânia é nossa. Ponto final.

A Ucrânia deve pertencer à Rússia e a mais ninguém. Nem à Europa e nem à América. Ao mesmo tempo, é inteiramente concebível que o Canadá se torne o 51º estado dos EUA — não temos objeções. Ou que a Groenlândia se torne americana — não temos objeções. E mesmo que a Europa Ocidental se torne americana, provavelmente também não nos oporemos muito. Como Putin disse uma vez, as elites europeias são apenas cachorrinhos abanando o rabo perante o seu mestre americano. Bem, deixemo-los abanar — isso não nos diz respeito. Mas Ucrânia, Bielorrússia, os países bálticos e parte da Europa Oriental definitivamente pertencem-nos, no novo mapa de redistribuição global. Não há dúvidas sobre isso.

Quanto ao Médio Oriente, a Rússia está a encaminhar-se para estabelecer um estado de união com o Irão. Nesse sentido, de facto, aí estamos em contradição com os Estados Unidos. E daí? Não é grande coisa. Sim, o Estado de União Rússia-Irão se oporá à aliança EUA-Israel. Mas, no final, inevitavelmente encontraremos fórmulas comuns para uma trégua e zonas de influência mútua nesse confronto.

A Ucrânia, no entanto, não deve desempenhar nenhum papel nessa equação. A Ucrânia é nossa — uma parte da Rússia, ponto final. A Bielorrússia é nossa aliada, ponto final. O Irão é nosso estado de união, ponto final. A partir daí, construiremos um equilíbrio de relações mais matizado. E se a Europa deixar de existir como sujeito, então isso é culpa deles — eles mesmos escolheram esse papel para si próprios. Repito: ou a Europa se torna grande, ou simplesmente deixará de existir completamente.

Fonte aqui.


Um pensamento sobre “O Ocidente está morto: Rússia e EUA redesenham o mapa do mundo

  1. Digam me alguma coisinha que eu não saiba.
    O chamado Ocidente nunca foi uma entidade unificada.
    Para haver unidade tem de haver alguma medida de igualdade. e igualdade foi coisa que nunca houve. A Europa Ocidental morreu em 1945.
    Os países da Europa Ocidental foram desde essa altura estados vassalos.
    Estados vassalos que, no centro e norte, tinham também a finalidade de provar aos países do outro lado daquilo a que o fascista Churchill chamou “Cortina de Ferro” que o capitalismo podia ter um rosto humano.
    Os trabalhadores do centro e norte da Europa gozavam de proteção social no desemprego, trabalho com direitos, horários definidos, horas extras pagas, saúde quase de graça.
    Coisas com que do outro lado do mar os trabalhadores não podiam bem sonhar mas esses estavam lá longe.
    Deste lado, e, mais ainda, do outro lado da tal cortina, só chegava o bom. As calças de ganga, a música e, claro, os filmes que garantiam que por lá toda a gente tinha uma casa, dois carros, tres filhos, um cãozinho de estimação e, para terem tudo isso nem precisavam de trabalhar muito.
    Mas na Europa o capitalismo tinha mesmo um rosto humano e até os sistemas legais pareciam ser humanos. Foi para mostrar a superioridade da Europa Ocidental e não por realmente o desejar que os ingleses aboliram a pena de morte, foram o último país da a Europa Ocidental a faze lo, deixando de pendurar desgraçados na ponta de uma corda.
    Claro que de vez em quando havia vassalos que exageravam e começavam a ser vistos como exemplo a seguir pelos trabalhadores do outro lado do mar.
    Aí outro remédio não havia a não ser dar um puxao de orelhas que mostrasse quem mandava e foi isso que fez Olof Palme acabar abatido na rua como um cão.
    Mas em regra estes vassalos bem alimentados serviam os objectivos do império enquanto os países vassalos do Sul viviam numa miséria negra e, no caso da Península Ibérica, sofrendo ditaduras sanguinárias pois que éramos vistos como gente que se podia tornar comunista. A Grécia também teve a sua fonte com o chamado regime dos coronéis.
    Ora destruido o bloco comunista,já não havia alternativas que se pudessem seguir.
    Daí que mesmo a norte se tenha assistido a uma erosão dos direitos das pessoas.
    As condições de trabalho e de vida teem vindo a degradar se em todo o lado desde os anos 90 e coisa que seriam impensáveis nos anos 80 do século passado aconteceram mesmo.
    Se o bloco comunista tivesse continuado a existir teríamos sofrido as pressões grotescas que sofremos para meter no corpo uma coisa experimental? Haveria países onde ninguém pudesse trabalhar se não metesse aquilo no bucho?
    Continuariam a mentir nos com todo o descaramento dizendo que a tal coisa experimental e eficaz e segura?
    Ou seria dada as pessoas liberdade de escolha decente e consciente porque não queríamos ser iguais aqueles ditadores?
    Tenho a impressão que se ainda houvesse Uniao Soviética tinha me a vida nos últimos três anos corrido bem melhor porque raios me partam se eu metia aquela coisa no bucho.
    E como eu tanta gente que já nem está nos mares deste mundo.
    Agora quanto ao que nos reserva o futuro não arrisco prognósticos para um jogo em que as nossas elites continuam a sonhar com a pilhagem do vizinho e só pedem que o Tiranossauro venha a acreditar que a vitória nesta guerra por procuração e possível.
    E em que se estão nas tintas para as nossas vidas e para como isto tudo pode acabar.
    Que grande patranha e que grande sarilho em que estamos metidos.

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