A melhor política é um bom negócio

(Manuel Augusto Araújo, in AbrilAbril, 17/02/2024)

Trump é um político sui generis pela imprevisibilidade que o faz saltar fora dos circuitos mais formatados da política tradicional. Tem os truques dos populistas com todo o fogo de artifício anti-sistema, quando estão bem incrustados num sistema que consolida o neoliberalismo.


As últimas e incendiárias declarações de Trump, quando diz que até aconselharia a Rússia a invadir ou fazer «o que raio quisesse» aos aliados que não gastassem 2% em defesa, colocaram em polvorosa dirigentes e comentadores políticos europeus. Por cá, a cacofonia dos nossos dirigentes e comentadores políticos acertou o passo com eles. Os democratas norte-americanos acusam-no de ser o mais anti-americano dos presidentes e candidatos a presidentes dos EUA, de se vergar aos interesses do Kremlin. Faltou muito pouco para o acusarem de ter desistido do excepcionalismo norte-americano que o fez, nos últimos séculos, promover por todo o mundo guerras, golpes de estado, revoluções coloridas, a panóplia imperialista que desde a sua fundação pôs em marcha o que mais se acentuou quando, depois da II Grande Guerra Mundial, beneficiou largamente do desfazer dos impérios coloniais europeus.

De facto, Donald Trump engrossou a voz num comício na Carolina do Sul, dizendo que iria «encorajar a Rússia a atacar qualquer nação da NATO que não cumprisse o objetivo de gastar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) na defesa. Está a apontar para 19 dos 31 países que integram a NATO sem cumprirem esse rácio. Garante a esses países que «não, não vos protegeria. Na verdade, encorajá-los-ia (a Rússia) a fazer o que lhes apetecer. Têm de pagar. Têm de pagar as vossas contas». Acreditará Trump que a Rússia ficou estimulada a invadir esses países? Isso quererá dizer que Trump é um aliado secreto de Putin, como rapidamente circulou nos media e nas redes sociais da propaganda imperialista? As primeiras reacções russas foram  ouvir essas declarações sem surpresa, com indiferença de quem está habituado a assistir a encenações desse jaez.

Há que lembrar que, quando foi pela primeira vez candidato e depois eleito presidente, Trump tinha feito idêntico pronunciamento logo criticado duramente por Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, que pós-eleições foi dos primeiros a ir ao beija-mão na Casa Branca. Espera-se que a cena se repita se os dois reocuparem os cargos que na altura exerciam.

Trump é um político sui generis pela imprevisibilidade que o faz saltar fora dos circuitos mais formatados da política tradicional. Tem os truques dos populistas com todo o fogo de artifício anti-sistema quando estão bem incrustados num sistema que consolida o neoliberalismo, beneficiando os ricos cada vez mais ricos. É um negociante parafascista agarrado à máquina de calcular dos negócios. Quando faz esses bombásticos anúncios espera cobrar dividendos tanto interna como externamente, explorando o estado de sítio que se vive e a bem visível ebulição geoestratégica.

O auge da propaganda nos areópagos europeus é papaguear uma suposta convergência Trump-Putin esquecendo-se, ou melhor, fingindo cinicamente esquecer-se que foi Trump quem rasgou os tratados entre os EUA e a União Soviética que limitavam a proliferação das armas nucleares, dos mísseis balísticos, do controlo de armamentos, atirou para o lixo os acordos com o Irão que limitavam a sua capacidade nuclear, promoveu os chamados acordos de Abraão que consolidavam a posição de Israel no Médio Oriente, mais pôs em práticas comerciais contra a China e que, como o faz novamente hoje, chantageou com algum êxito os seus aliados da NATO para que gastassem 2% do PIB em defesa, o que reduzia os investimentos norte-americanos com a aliança.

O que Trump pretendia, e de algum modo conseguiu, foi na política externa novamente ameaçar a Federação Russa e países que lhe são próximos, compelindo-os a aumentarem despesas com o armamento, internamente redirigindo as poupanças com as contribuições para a NATO para investimentos direccionados para o complexo militar-industrial-tecnológico norte-americano.

Espera que esse influentíssimo conglomerado o prefira aos democratas. Sabe, até bem demais, que essa gente vai dando suporte tanto a democratas como republicanos, mudando de canto nos combates de wrestling que estes encenam, apoiando conforme as circunstâncias uns ou outros em função dos prometidos sucessos económicos. Cotejem-se -se as contribuições para as campanhas eleitorais nos últimos decénios e a coincidência entre os eleitos e o volume desses aportes monetários. 

Esses incendiários pregões dirigem-se mais para o interior dos EUA que para o exterior, pouco se preocupando com o efeito do seu ribombar na Europa que se arrasta numa crise económica por cega vassalagem de que os principais beneficiários são os norte-americanos. Democratas e republicanos estão alinhados com os princípios de política externa definida pelos straussianos, sintetizados por Wolfowitz, que preconizam o enfraquecimento da União Europeia quando hipoteticamente se poderia perfilar como concorrente dos interesses dos EUA. Quer é ser ouvido, como o tinha feito anteriormente quando concorreu com Hillary Clinton, pela média e pequena burguesia, pelos negros e hispânicos cada vez mais empurrados para os limites de sobrevivência pelas políticas económicas dos democratas, políticas que Michael Hudson e Radhika Desai escalpelizam e classificam como de «apartheid económico» num bem documentado texto – ver aqui.

Donald Trump, como bom populista, explora esse mal-estar generalizado da sociedade norte-americana aprontando-se para cavar um fosso ainda maior entre os super-ricos, os remediados e os pobres, acenando com medidas de incentivo ao investimento privado como ultraliberal que é, mascarando os seus propósitos. Joga com a falta de memória, a desinformação e a intoxicação da opinião pública, os grandes trunfos dos novos fascistas neoliberais e ultraliberais em todo o mundo.

Atente-se na Argentina de Millei, na Itália de Melloni, por cá na Iniciativa Liberal e no Chega, nas derivas de direita por toda a Europa que o seu amigo e conselheiro Steve Bannon tem oleado. O truque é acenar com uma redução dos gastos na NATO reorientando-nos para a economia interna, o que num país muito fechado sobre si próprio funciona perfeitamente, sobretudo quando Biden a tem afundado. 

A NATO para Trump é tão instrumental como o tem sido desde a sua fundação para os EUA. A diferença é que quer extrair o máximo lucro com o menor investimento. Espalha o pânico numa frágil Europa esperando que além dos reclamados 2% de contribuições o alarme provocado na UE a levem a reforçar o denominado Mecanismo Europeu para a Paz, a armadura guerreira da União Europeia, com que muito está a lucrar o complexo-militar-tecnológico norte-americano. O mecanismo é simples, mesmo primário, os antigos países do Pacto de Varsóvia, actualmente membros da NATO, têm-se desfeito dos arsenais herdados da União Soviética enviando-os para a Ucrânia enquanto os modernizam adquirindo-os aos EUA, utilizando os dinheiros desse fundo. A Polónia é o melhor exemplo dessa engrenagem que está a desenhar na Europa um novo eixo Washington-Londres-Varsóvia que se aproveita dos desvalimentos da Alemanha e da França para se ir impondo, substituindo o de Berlim-Paris, que desde a fundação da UE era dominante.

Paralelamente, os EUA incentivando as sanções contra a Rússia aceleraram a crise económica na Europa tornando-a incapaz de se revitalizar, garroteando-a com os preços de energia que impôs, tornando-se o principal fornecedor em substituição dos muito mais baratos russos, praticando agressivas políticas proteccionistas de incentivo à produção e consumo internos que encurralam a Europa, desviando investimento directo estrangeiro, fazendo-a perder quotas de exportação para os EUA, debilitando a sua competitividade nos mercados internacionais, o que é bem visível, sobretudo, na Alemanha que era o seu motor, em que a deslocalização de empresas e a recessão técnica é uma realidade. 

Trump o que anuncia é o agravamento dessa situação exigindo que os cada vez mais escassos recursos europeus sejam aplicados numa política de defesa que só beneficia os EUA. Simultaneamente, afirma que com ele a guerra na Ucrânia acaba em dois dias. Fá-lo bem ancorado nos seus princípios de caixeiro viajante da política que olha para o fim dessa guerra como um bom negócio para os EUA.

Não é melhor nem pior que os democratas que farisaicamente afirmam altissonantemente que estão a defender a democracia e a liberdade, uma intrujice com que travestem as ferramentas do expansionismo norte-americano. Pragmaticamente Trump considera que mais aplicações de capital na Ucrânia deixaram de ser necessárias, devem começar a ser rentabilizadas, daí a sua urgência na paz. Sabe que a direcção, a orientação, a captação de fundos, nomeadamente europeus, para o grande negócio da sua reconstrução vai ser comandada por um conglomerado administrado pelo fundo abutre de investimentos Blackrock e pelo JP Morgan Chase que já o apresentaram em Londres aos investidores prometendo chorudos lucros.

Tudo está a correr maravilhosamente nos carris até porque a Blackrock é actualmente quem de facto controla e dirige as finanças ucranianas, todos os investimentos passam pelo seu crivo. Simultaneamente, a camarilha Zelensky introduziu uma alteração constitucional que permitiu que os férteis terrenos agrícolas que anteriormente só poderiam ser detidos por pessoas singulares ou colectivas aborígenes pudessem ser propriedade de estrangeiros. A resultante é que hoje mais de 65% desses terrenos são propriedade de multinacionais como a Bayer/Monsanto e Cargill que estão prontas para abocanhar mais uns milhares de hectares. Os oligarcas norte-americanos esfregam as mãos com essas perspectivas de mui frutuosos negócios, ainda para mais agilizados pela corrupção que cavalga à rédea solta por aquelas paragens. 

As políticas preconizadas por Trump têm esses objectivos no horizonte. Nenhum princípio o trava, aliás não tem princípios, tudo para ele é um negócio. O Make American Great é uma barganha que, no interior dos EUA, aprofunda as diferenças entre os ricos e a restante população, no plano internacional coloca os aliados a reboque, enfraquecendo-os e tornando-os mais dependentes dos interesses norte-americanos, imaginando que os torna mais robustos e capazes de enfrentar a concorrência dos países mais desenvolvidos e em crescimento que se abrigam nos BRICS. Os ventos da história não correm a seu favor, excepto no rufar dos tambores da demagogia pelos estados da união que parecem estar a ecoar mais fortes que o dos democratas. O grande dilema do povo norte-americano, não é de agora, é o de escolher entre dois males, escolher o mal menor, o que promete prolongar por mais tempo o actual estado comatoso do american way of life antes da máquina ser desligada, empenhamento em que os populistas são eficazes.

Nós, por cá, tudo mal enquanto o jardim do Borrell for o pântano em que nos vamos afundando sem qualquer expectação.

Faz parte da propaganda uma quase aliança entre Trump e Putin, o que é difundido pelos falcões e neo-cons democratas, atirando para o limbo da memória, mas que deve-se sempre recordar, que foi Trump quem rasgou os acordos entre a União Soviética e os EUA, a que a Federação Russa tinha dado continuidade, sobre armas nucleares, mísseis balísticos nucleares e convencionais, sobre limitações de armamento que acabaram por dar novo impulso ao complexo militar-industrial-tecnológico dos EUA . Não esquecer que não foi Trump mas Clinton e depois Obama que puseram fim às leis anti-monopolistas da lei Glass-Seagall, escancarando as portas para a actual financeirização da economia norte-americana para a ascensão dos fundos de investimento que adquiriram a preponderância, para a submissão a uma dívida sempre em aceleração que a tornam impagável mas ainda sustentada por um dólar ainda dominante mas cada vez mais irrelevante nas transacções internacionais.

O que os comentários esquecem é que são poucas as diferenças entre um Steve Bannon e uma Victória «que se foda a Europa» Nuland, ambos pondo em prática de forma diversa as políticas dos neo-cons democratas e republicanos. Houve de facto um reduzir da actividade de golpes de estado, bombardeamentos a outros países, revoluções coloridas durante o período de Trump o que se deveu unicamente a outras prioridades económicas. Isso é aproveitado pela desvairada propaganda dos falcões democratas para inventar uma suposta aliança entre Putin e Trump e para dar um novo furor ao complexo militar-industrial e tecnológico, sobretudo com a guerra na Ucrânia que estamos todos a pagar.

A idiotia generalizada nem sequer percebe que o chamado fundo para o Mecanismo Europeu para a Paz o financia, de que a Polónia, não sendo o único é o melhor exemplo, quando envia armas do tempo do Pacto de Varsóvia para a Ucrânia e compra novas armas aos EUA. Na realidade Biden, Trump, Putin trabalham e são apoiados pelas suas oligarquias locais o que provoca as variáveis políticas de todos conhecida. O alvoroço dos comentários emitidos ignoram, a mais das vezes malevolamente, toda essa realidade só possível pela intoxicação promovida pela comunicação social mercenária ao serviço do pensamento dominante dos grandes interesses económico e financeiros, não distinguindo a ponta do icebergue do muito que está oculto. Mas esse é o estado de sítio que vivemos.

Lamentavelmente, muita gente bem intencionada não consegue ultrapassar o nevoeiro das balelas da comunicação social mercenária que tem até o aspecto curioso de jornais norte-americanos, que são caixas de ressonância da Casa Branca, Pentágono, CIA, NSA, FED, sistema económico-financeiro darem notícias mais críticas da realidade que se vive do que os da caduca Europa. 


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3 pensamentos sobre “A melhor política é um bom negócio

  1. A Mafia siciliana surgiu justamente como um negócio de proteção. Os agricultores cultivavam pacificamente o seu campo e criavam o seu gado.
    Entretanto, apareciam no meio da noite ladrões que roubavam gado e colheitas, espancando quem lhes fizesse frente.
    No dia seguinte o desesperado lavrador recebia a visita de uns sujeitos bem falantes que lhe ofereciam proteção. Era pagar lhes e nunca mais teriam problemas daqueles.
    Quem recusava podia contar com mais ataques ou até ser morto ou ter a casa queimada.
    Rapidamente toda a gente se submeteu. Era bem mais seguro pagar do que armar se em herói até porque a Mafia também tratou de controlar as autoridades policiais com corrupção e matando quem não entrasse no esquema.
    Ao longo da história a Mafia foi crescendo, espandindo áreas de negócio e se hoje parece ter perdido muito da sua força contínua a ser uma verdadeira praga no Sul de Itália.
    Mas não é a história da Mafia que interessa aqui. Interessa é a sua estratégia.
    Porque a estratégia dos Estados Unidos é a mesma. Criam instabilidade, hostilizam povos a porta da Europa, lancam guerras em todo o lado e depois exigem a Europa que lhes pague proteção. Proteção contra uma instabilidade que eles criam.
    Mais que um negociante Trump e um mafioso. Nem mais nem menos.
    Mas também os bons democratas falam na necessidade da Europa se rearmar beneficiando mais uma vez a indústria de armamentos americana. Trump e simplesmente mais bombástico e esboçado. Mas quem quer se seja que por lá ocupe a cadeira do poder, estamos a contas com a Mafia.
    E esta necessidade de se rearmar vem justamente de uma instabilidade criada por esta Mafia que com as suas guerras de agressão tornou o entorno da Europa muito mais inseguro. E a Europa morde a isca em vez de procurar a paz fomenta a guerra, temos o Borrell a falar da necessidade de proteger o jardim contra a selva e por isso resta nos mesmo pagar proteção mafiosa.
    Tratasse de Mafia, não de negócios.
    E estão se nas tintas para os países que são pobres, assolados por secas e por isso teem muito mais onde gastar o dinheiro que pagar 2% do PIB em proteção mafiosa, leia se comprar armas aos americanos.
    Mas as nossa elites, muitas delas só indirectamente eleitas, como a Comissão Europeia, estão se nas tintas para as nossas vidas e para se há gente que quase não come para que possamos todos pagar a tal proteção mafiosa.
    Proteção de que não precisávamos se não andassemos sempre a embarcar nas cantigas deles e de uma Alemanha que nunca foi desnazificada e nunca deixou de sonhar com o seu Espaço Vital em terras russas.
    Proteção de que certamente não precisariamos se engolissemos o racismo que nos fazia comprar escravos aos tártaros ou andar a caça los por conta própria e tratassemos de falar com a Rússia.
    Em vez de tentarmos a escalada da guerra e um clima de insegurança perpétua a nossa porta.
    Porque os mafiosos estão do outro lado do mar.E se a coisa correr o pior possível quem vai levar com a maior gordura do cozido somos nós. E os mafiosos vão assistir de camarote.
    E esta cegueira dos dirigentes europeus talvez se explique pela tal corrupção, arma que a Mafia também usava quando nasceu na Sicília e continuou a usar a medida que se expandiu.
    Porque é impossível que gente com dois dedos de testa acredite mesmo que se pagarmos esta proteção mafiosa acabaremos por ter os recursos da Rússia pela destruição daquele povo ou que, achem normal a manutenção de um clima de guerra eterna.
    Corrupcao e se calhar algumas ameaças à mistura porque ninguém se esqueceu de um certo Olof Palme, criatura muito critica dos métodos da Nato, abatido na rua como caça grossa.
    Quem se lixa no meio disto tudo é o mexilhao. Nós que andamos a pagar estes circos todos mas depois vamos votar na extrema direita mafiosa porque a culpa é dos imigrantes. Muitos deles fugidos a instabilidade que os mafiosos causam nas suas terras.
    O problema da imigração ilegal na Europa multiplicou se desde as destruicoes lançadas pelos mafiosos com a nossa cumplicidade no Iraque, na Líbia e na Síria.
    Mas a culpa é da Rússia. Enquanto pensarmos assim é pagar a Mafia e não bufar.

  2. Vejo Trump como um oportunista,como” idiota útil” do estado profundo.

    Os gastos americanos são 3,2% do PIB dos gastos militares, que Trump esqueceu de dizer, essas despesas não são reservadas apenas para a OTAN, mas uma boa parte vai para o leste. E que os americanos são os que mais beneficiam das consequências da venda de armas à Europa, que tem medo de perder o seu apoio se comprarem as suas armas noutros países.

    Eu é que gosto destes discursos ,porque os nossos “grandes princípios” só se aplicam a nós. Quando são os outros, deixamo-los morrer em qualquer parte do mundo. Trump imagina que Putin vai ficar de guarda sobre a europa e fazer o que Trump decidiu, ele vai cair de cima com a cabeça erguida. Putin não tem mais medo de Trump do que o resto da europa. Além disso, confiar a sua própria defesa a um país distante, que não tem necessariamente os mesmos interesses que o seu, é uma atitude suicida. O perigo é que Trump (dinossauro) seja temperamental e, se Putin o decepcionar, corre o risco de se tornar ainda mais perigoso do que o Fóssil e roubar suas penas.

    Uma notícia muito boa para a Europa!
    Que nos devotemos ao essencial em vez de alimentarmos guerras. Precisamos de um discurso Americano desta natureza, para que os europeus façam perguntas inteligentes sobre a nossa posição no tabuleiro de xadrez mundial. Viver como se a América fosse um império do qual fazemos parte nunca foi lógico.

    A NATO prepara-se para a guerra, a guerra é inevitável, uma vez que a Ucrânia já não tem os ombros contra os russos e a sua derrota é inconcebível para o Ocidente, dado o apoio prestado desde o início da guerra. Quer no que diz respeito à ajuda, às sanções económicas ou ao apoio militar.

    Isso seria uma admissão de fraqueza por parte das potências ocidentais face ao bloco russo. A Guerra Fria nunca terminou porque a NATO – ao contrário do Pacto de Varsóvia-nunca deixou de existir. A última entrevista de Putin com o jornalista americano Tucker Carlson é bastante interessante e podemos, por um lado, compreender certas posições do presidente russo quando estamos interessados, durante algum tempo, na história.

    Com a aproximação das eleições presidenciais, a eleição do futuro presidente americano é, penso eu, crucial para o futuro desta guerra (russo-ucraniana). Por um lado, uma azedação das coisas e uma inevitável entrada na guerra, não importa o que aconteça com Joe Biden, um grande aliado dos países europeus que têm, sob o seu guarda-chuva, o gigante americano.

    Ou um possível apaziguamento com Trump, que conseguiu, em muitas ocasiões, anunciar uma redução drástica da ajuda à Ucrânia. Isto, aliás, são as convicções de Trump.

    Embora lhe possam ser atribuídos elementos, o seu último mandato valeu-lhe a medalha de nenhum conflito armado desencadeado, uma drástica recuperação económica da sua economia (num contexto de protecionismo e redução dos acordos de comércio livre).

    Por outro lado, falta isto: tensões crescentes com a China (uma guerra travada por estas duas potências, que terão a “economia mundial Número um”), um declínio do comércio livre. Mas, por outro lado, medidas protecionistas, num contexto em que o comércio livre está, hoje em dia, no auge. Penso que, para certos sectores, isso poderia trazer um pouco de fôlego a certas profissões, numa escala mais local.

    Muitos elementos podem ser trazidos para discutir estes temas muito interessantes e que são, na maior parte, susceptíveis de moldar o nosso futuro.

    Os EUA criaram a NATO para ter bases militares (800) em todo o mundo e especialmente em torno da China e da Rússia, em locais estratégicos (dentro do alcance da provocação) … Rússia e China quase não têm bases militares em outros lugares do que em seus países…E duvido que as suas bases americanas sejam utilizadas para estabelecer democracias. Portanto, que Trump queira deixar a NATO é uma coisa boa e deve mesmo ser dissolvida. Trump foi o presidente mais pacifista dos EUA, é um facto, até o artigo de Libertação de 21 de janeiro de 2021 confirma isso.

    Nesta sociedade moderna, a guerra anula a dívida e substitui o povo. Os políticos que ajudam a Ucrânia não estão ligados ao seu povo.

    Os EUA compram gás russo, motores de mísseis também, eles não sabem como fazer motores poderosos o suficiente para seus mísseis.

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