Mas onde estão as dúvidas?

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 20/10/2023)

Enquanto vamos vendo desfilar imagens de terror, destruição e sofrimento humano de uma violência inaudita, assistimos aqui, paralelamente, a uma espécie de competição Benfica-Sporting pela primazia do mal ou a prevalência do bem, com cada lado a desafiar o outro a denunciar as vilanias dos seus, enquanto cala as dos próprios. Tal como na Ucrânia, o que interessa é a vitória dos nossos “bons” e a derrota dos “maus” deles, mesmo que no final tudo o que restar seja, como escreveu Eugénio de Andrade, “um horizonte de cidades bombardeadas”, ou “duas nações, a dos vivos e a dos mortos”, como escreveu Mia Couto. Mas eles acreditam que mais vale a sua razão sobre os mortos do que a paz entre os vivos.

Temos assim, de um lado, aqueles que não são capazes de dizer com todas as letras que o ataque do Hamas em Israel representou o ponto extremo da bestialidade humana, um verdadeiro festim da morte, levado a cabo — a palavra custa-lhes a sair da boca — por terroristas (e não me refiro aos jornalistas, que, tal como explica e pratica a BBC, não têm nem devem adjectivar como terroristas ou qualquer outra coisa um dos lados de um confronto). E temos, do outro lado, aqueles para quem o terror é exclusivo de organizações terroristas e os crimes de guerra, de uma crueldade programada, com que Israel se sacia há 10 dias em Gaza, são apenas uma “legítima defesa” e justa retaliação. Não por acaso, são os mesmos que vivem a denunciar os crimes de guerra e os ataques a civis da Rússia na Ucrânia, cuja dimensão e cenário de guerra não tem absolutamente nada a ver com o que está a acontecer em Gaza.

<span class="creditofoto">ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO</span>
ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO

Mas será assim tão complicado tentar ver claro? Condenar, de todas as formas e em todas as circunstâncias, um terror como o de 7 de Outubro e exigir que o Hamas liberte os reféns que fez. Condenar também Benjamin Netanyahu e o seu Governo de extremistas e fanáticos religiosos, que vêm destruindo paulatinamente o Estado de direito em Israel e que, para protegerem os colonatos ilegais da Cisjordânia, deixaram o país indefeso contra o Hamas. Aceitar que Israel tem o direito de perseguir e caçar, um por um, todos os executantes e mandantes do 7 de Outubro, como o fez sempre ao longo da sua História, depois de Munique ou de Entebbe, depois de cada ataque mortífero do terrorismo islâmico, e através do Kidon, a unidade especial de extermínio do Mossad. Perceber que neste caso são muitos os inimigos a perseguir e isso levará muito tempo. Que a sociedade israelita, em estado de choque, exige uma reacção em força, a destruição da raiz do mal em Gaza, a eterna garantia do “nunca mais” e, simultaneamente, a libertação de 150 reféns: uma missão quase impossível e absolutamente impossível sem derramamento de sangue inocente. Mas não aceitar também que isso equivalha à destruição sistemática da cidade, à morte indiscriminada de civis debaixo dos bombardeamentos (que já vai em três mil, dos quais grande parte crianças), não aceitar a desculpa do “escudo humano”, que afinal foi Israel que proporcionou. Indignar-se contra a punição colectiva de todo um povo privado de água, alimentos, energia, intimado a debandar das suas terras e casas para aquilo que o Presidente Herzog garantiu ser uma “zona segura”, no Sul de Gaza, mas onde 600 mil fugitivos continuam privados de tudo, bombardeados na mesma e até impedidos por Israel de receber o auxílio internacional estacionado há dias do outro lado da fronteira egípcia. (Quando oiço o activíssimo embaixador de Israel em Lisboa dizer que “não há um problema humanitário em Gaza”, só posso concluir que ele não considera aquela gente como humana.) Nem tão-pouco se pode aceitar a estratégia, já denunciada por Hussein, da Jordânia, de Israel aproveitar a situação que está a criar em Gaza para “exportar” mais um milhão de refugiados palestinianos para fora do seu território, dando mais um passo em direcção à solução final: na Palestina, um só povo, um só território, uma só nação — a judaica. Por isso, finalmente, a comunidade internacional tem a obrigação de exigir a Israel que desvende os seus planos para quando der por terminado o exercício do seu direito, que será de defesa ou de vingança, conforme a dimensão e duração do mesmo. Porque não é aceitável a declaração do Presidente de Israel à CNN Internacional de que não será mais possível falar de paz ou de dois Estados com os palestinianos.

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Mas essa é, sempre foi e continuará a ser a questão central: quando foi a última vez, desde a cimeira falhada de Camp David, em 2000, com Clinton, Ehud Barak e Yasser Arafat, que Israel quis falar de paz com os palestinianos? O que fez Israel desde então a não ser precisamente promover a emergência do fanatismo religioso dos islamistas do Hamas em Gaza para assim dividir os palestinianos e enfraquecer a OLP, o único interlocutor com quem poderia discutir? Foi uma brilhante jogada de estratégia política, que 20 anos depois — 20 anos de Sharon e Bibi — acaba agora de mostrar os seus resultados.

Ultimamente, e com o pretexto justamente de não ter interlocutor com quem negociar, Israel conseguiu, com sucesso, tirar partido do cansaço geral em todo o Médio Oriente de uma questão que parecia adormecida num impasse definitivo e experimentou a tentação de negociar a paz separadamente com vários países árabes, começando por Marrocos, a quem cedeu o seu sofisticado sistema de escutas em troca do reconhecimento diplomático. Daí até aos Acordos de Abraão, negociados sob a égide dos Estados Unidos, com vários países outrora inimigos, foi um passo — não pequeno, mas de gigante. Faltava a Arábia Saudita, o país do príncipe “assassino”, como lhe chamou Biden, antes de a necessidade política o ter obrigado a visitá-lo e a curvar-se diante dele. Mas faltava também outro dado essencial: em nenhum desses acordos bilaterais, incluindo o iminente acordo com os sauditas, estava presente qualquer cláusula sobre o destino dos palestinia­nos e muito menos sobre a criação do Estado Palestiniano, há tanto tempo reclamado pela comunidade internacional: era como se o problema não existisse, eles não existissem. Foi fácil ao Hamas explorar o sentimento de abandono que, a seguir à comunidade internacional, os palestinianos sentiram por parte do próprio mundo árabe. O 7 de Outubro do Hamas teve como objectivo político impedir, desde logo, o acordo com a Arábia Saudita e, antevendo e provocando a resposta sangrenta de Israel, levantar a rua árabe contra os acordos de paz negociados pelos líderes no silêncio dos seus palácios. E por mais selvática que tenha sido a acção desse sábado sangrento, aos olhos populares foi também a primeira vitória árabe contra Israel em muitos anos: morreram mil civis desarmados, mas morreram também 300 soldados israe­litas, cujas sofisticadas barreiras defensivas foram ultrapassadas. Desde o Yom Kippur, quando Israel foi atacado simultaneamente pelos exércitos de dois países, que não se via nada assim. Mas agora os atacantes que apanharam Israel de surpresa eram um exército de guerrilha, armado de AK-47 e granadas de mão fabricadas em casa. Chamem-lhes assassinos ou combatentes, eles mudaram todo o panorama estabelecido.

Agora seria altura para respirar fundo e pensar — um luxo que parece antes um milagre impossível de alcançar entre dois opositores que só pensam no extermínio mútuo. Mas deve saudar-se o extraordinário esforço diplomático que os Estados Unidos e o Presidente Biden têm estado a fazer para segurar a mão vingadora de Is­rael e obrigá-los a pensar. Fosse Trump o Presidente, e já tudo teria ido pelos ares. Fosse a UE a gerir a crise, e a sua gestão seria uma anedota dentro da tragédia.

Mas o que aí vem, por mais esforços diplomáticos americanos — os únicos viáveis —, não será nada de bom. Ou será mau ou será catastrófico. Para que fique de lição, convém não esquecer que tanto o Hamas como o actual Governo de Israel chegaram ao poder por voto do povo em eleições livres. Não há mesmo inocentes ali.

2 Por voto do povo e em eleições livres, duvido que Luís Montenegro alguma vez chegue a primeiro-ministro de Portugal. A menos que o PS um dia decida suicidar-se e pôr-lhe à frente, para lhe disputar o lugar, Pedro Nuno Santos. Mas, mesmo assim, não sei: a forma, o tom e as razões invocadas por Montenegro para anunciar o chumbo ao Orçamento, sem apresentar qualquer alternativa, ainda que vaga, para mim representam o fim da linha. Não vejo o que possa ainda sair dali que entusiasme um eleitor a votar num PSD dirigido por ele. Por mais que uma maioria possa estar cansada deste Governo, ou vir a estar, entre o cansaço de viver assim e a tentação do vazio não vejo os portugueses a embarcarem no navio-fantasma de Luís Montenegro.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia

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12 pensamentos sobre “Mas onde estão as dúvidas?

  1. Como sempre, MST faz uma análise certeira e assertiva contra a corrente única de pensamento. Mas é isso que o valoriza e lhe granjeia credibilidade. No meio da histeria coletiva, mostra-nos o outro lado da questão e obriga-nos a pensar. Bem haja pelo esforço. No espaço de comentário da TVI, Sandra Felgueiras deveria moderar os ímpetos de querer abafar o que o MST diz, porque não é politicamente correto. Torna-se muito irritante com estas investidas constantes. Modere-se, por favor.

    • Após a Secunda Guerra Mundial, o império ocidental decidiu castigar os Palestinianos e roubar-lhes a terra, as casas, e a liberdade. Tudo em nome do Zionismo endinheirado que tanto político corrompe nesse ocidente, e alegadamente um descargo de consciência pelo passado na Alemanha Nazi. Os Judeus “mereciam” uma terra só para eles, mas essa terra nem era na culpada Alemanha, nem nos decisores EUA e Reino Unido. Essa terra era na Palestina.

      Foi combase nisto que nasceu a partição da Palestina feita pela ONU em 1947.
      Obviamente os Palestinianos e os Árabes recusaram, mas estava iniciada a “ordem mundial baseada em regras”, ou seja, o ocidente manda, os outros obedecem.
      Se não obedecerem, a vontade do império ocidental, impões a sua vontade à força. À força da ameaça, da sanção ilegal causadora de fome, do golpe, da guerra, do genocídio.
      E assim foi que nasceu Israel.
      E assim foi que entre 1947 e 1967, a Palestina perdeu a maioria do seu território, para o invasor sionista.
      Mas como foi uma invasão patrocinada pelo ocidente, por sua vez patrocinado pela capital sionista, tudo bem, é uma invasão das boas…

      Passaram-se 75 anos de invasão, ocupação, opressão, limpeza étnica, agressão diária, assassinatos, e guerras de facto esporádicas, e chegados a 7 de Outubro de 2023, um grupo de Palestinianos disse basta!
      A resistência pela liberdade (aka Hamas) pegou em armas e entrou nas cidades da Palestina ocupada, como por exemplo Ashkelon.
      Não sei se conhecem o mapa da ONU de 1947, que mesmo assim já roubava demasiado, mas mesmo nesse mapa Ashkelon é uma cidade Palestiniana.
      Pois então o que é que o Hamas fez? Invadiu? Agrediu? Não. O Hamas limitou-se a fazer o que é justo: contra-atacar o invasor.
      E nem o Miguel Sousa Tavares nem nenhum comentador da imprensa mais stream se atreverá a repetir este facto.
      Era logo cancelado e desmonerizado, ala as expressões usadas hoje em dia para substituir as palavras: censura e PIDE.

      Ora, chegados às cidades da Palestina invadida, como Ashkelon, o que é que a resistência pela liberdade (Hamas) fez? Em vez de matar todos os invasores, foi tolerante para apenas os prender (aquilo a que a propaganda chama de “rapto de civis”).
      E aqui os que têm e cérebro lavado pela propaganda ficam ainda mais indignados com a verdade que lhes digo, mas é mesmo assim.
      Nenhum daqueles invasores é civil. Nenhum é raptado, mas sim prisioneiro de guerra.
      E nenhum é vítima inocente, mas sim colonizador ilegal e colaborador da ditadura racista (aka Apartheid) de Israel.
      Da última vez que Portugal foi invadido por Espanhóis, uma certa padeira de Aljubarrota queimou os invasores vivos num forno, dessa mulher dizemos que é heroína de Portugal.
      Ora, o Hamas (resistência pela liberdade) é assim um grupo de civis que pegam em armas para fazerem pela Palestina o que a padeira fez por Portugal.
      Nas invasões é e será sempre assim. E quem disser o contrário está a mentir. E quem a isto chamar “terrorismo” está a ser 100% hipócrita, acima de tudo se essa acusação de “terrorismo” vier dos mesmos filhos duma grande p*ta que apoiam os Nazis ucranianos para estes invadirem o Donbass e a Crimes, apoiam os sionistas terroristas para estes invadirem Israel, e apoiam o império genocida ocidental em todas as suas invasões de povos de pele mais escura…

      Resumindo e concluíndo, o Miguel Sousa Tavares não acertou em nada. Simplesmente parece um “iluminado” porque é uma pessoa assim-assim no meio de uma multidão de burros e montes de m*rda.

      Viva a Palestina e todos os povos oprimidos e massacrados pelos imperialistas genocidas.
      Apoio incondicionalmente a resistência pela liberdade da Palestina, e se há crítica a fazer, é por não existir ainda uma coligação militar do Mundo Árabe e das grandes potências do Sul Global para afundar os porta-aviões dos imperialistas genocidas de Washington que acham que o Mediterrâneo e a Mesopotâmia (e aliás todo o Mundo) são deles. Nem que o Hamas use uma bomba nuclear contra Tel Aviv, nem mesmo assim deixo de os apoia, pois isso será um mero acto de defesa.
      Se Israel quiser paz, é muito simples: páre a agressão, desmantele os colonatos ilegais, peça perdão a todo o Mundo Árabe, pague reparações aos Palestinianos, desocupe os territórios ocupados, e comece negociações a sério para uma solução de 3 estados, usando os mapas de 1947 não como chegada, mas como princípio, e perguntando ao povo Palestiniano o que é que acha de inaceitável nessa partição. Só se isto acontecer é que estará respeitado o Direito Humano à Auto-Determinação.

      Volts do so Miguel wue você tanto elogiou, repare na estupidez do Miguel Sousa Tavares ao atrever-se a falar da “democracia” e do “estado de direito” em Israel. Num Apartheid invasor, não há nada disso. A não ser que você, português a viver em Portugal, chame “democracia” e “estado de direito” a ver a sua terra invadida por espanhóis, a sua casa roubada por espanhóis, a sua família assassinada por espanhóis, e a sua igreja, escola, e hospital, bombardeados por espanhóis.
      Gente como o Miguel Sousa Tavares e companhia na MainStreamMerdia a usar estas expressões para designar Israel, seria como ouvir Hitler a chamar “humanismo” e “pacifismo” à sua ideologia…
      Ganhem noção, car*lho!!!

      Sabem quem é que também recorreu às balas e bombas em nome da sua resistência pela liberdade contra uma Apartheid de ocidentais invasores?
      Um rapaz chamado Nélson Mandela.
      Sabem como é que o império genocida ocidental o designava? Por “terrorista”… Também diziam que a violência (da resistência) é “inaceitável”, e que violência (do colonizador racista) é “legítima defesa”.
      Passados estes anos todos, vocês, brancos ocidentais e da seita judaico-cristã, não aprenderam a ponta de um corno, e continuam gente sem moral nem valores nenhuns.
      I rest my case.

      • Resumindo e concluindo, o Miguel Sousa Tavares não acertou em nada. Simplesmente parece um “iluminado” porque é uma pessoa assim-assim no meio de uma multidão de burros e montes de m*rda … e a filha Rita Tavares, nora de Ricardo Salgado – adida cultural na embaixada de Portugal no Canadá nomeada na calada da pandemia – na América do Norte, desde Março de 2020, a defender a cultura portuguesa! 🤔

  2. Sempre me confunde ouvir gente que se diz vinculada ao humanismo, e ao ideal democrático que é suposto dar-lhe expressão política, assumir, como se fosse de todo evidente, que o facto de um ou mais dirigentes políticos poderem «promover a emergência do fanatismo religioso» não signifique que, em todo o espectro político, se consinta manter indisputada a crença de que há uma qualquer vontade divina a condicionar as acções e o destino dos homens.
    Lutando contra o fundamentalismo islâmico o presidente dos EUA, que se lhes opõe, logo termina os seus discursos pedindo a protecção de Deus para os seus cidadãos, e em particular, para as suas topas!!!
    O Putin põe velas e dá cabeçadas nos ícones, sobrando os chineses e os europeus para …se calarem sobre a matéria!

  3. As relações diplomáticas entre Portugal e Israel atravessam uma conjuntura muito favorável, com um falcão como embaixador israelita apelando ao boicote de uma iniciativa cá por casa, um web summit. E com um ministro dos Negócios Estrangeiros português, ignorando o assunto e afirmando placidamente que se vai consolidando a narrativa de que o ataque ao hospital em Gaza terá sido efetuado pela jihad islâmica.
    A paz do Senhor….

  4. Claro, o ataque ao hospital, o ataque na noite seguinte à terceira mais antiga igreja da cristandade, onde se abrigam vítimas de bombardeamentos anteriores e ja agora todos os raides brutais que esses trastes teem feito a Faixa de Gaza desde pelo menos 2008. E todo o sangue palestiniano derramado desde 1947.Foj tudo mas mesmo tudo obra do Hamas. E não interessa nada que o mesmo só tenha sido criado em 1987.
    Os patifes vieram dizer que tinham abolido todas as leis da guerra e que ninguém seria responsabilizado por nada, os patifes disseram que iriam privilegiar a destruição em vez da precisao,os patifes disseram que os palestinianos de Gaza podiam bem viver em cidades de tendas no deserto do Sinai.Mas coitadinhos, tudo aquilo são danos colaterais, esses trastes não querem matar civis. São aqueles malandros que estão no sítio errado.
    O assassino mor apresentou um mapa daquilo a que chama a Judeia sem nenhum território atribuído aos palestinianos. Certamente por os da Cisjordânia já terem sido corridos para a Jordânia e os de Gaza para o Egipto. Foi em Setembro, antes do ataque do Hamas. E ainda querem que eu acredite que foram apanhados de surpresa.
    E sim senhor, o Hamas não tinha nada que lhe dar o pretexto perfeito. Mas quem agora chora pelas vítimas israelitas passou décadas a chamar antissemita, apoiante do terrorismo e tudo o que lhe passou pela cabeça a quem durante décadas chorou as vítimas palestinianas. E vai continuar a chamar porque as vítimas palestinianas serão cada vez mais e há quem não queira ficar calado.
    Toda a gente acha que se vivesse debaixo de bombardeamentos diários, postos de controle onde pode acabar morto por um movimento irreflectido, execuções diárias, fome, dieta, como lhe chamou o assassino mor seria um santo, um cidadão ocupado exemplar esperando uma autorização de trabalho para ir varrer ruas ou limpar esgotos em Israel como quem espera a salvação. Agradecendo de joelhos se ela viesse. E se um bombardeamento Israelita lhes matasse um filho, uma mãe, um pai, a família toda resignar se ia a vontade de Deus. Eu não tenho tal pretensão a santidade. Agradeço não ter nascido palestiniano. Não ter sido escolhido pelos poderes do mundo para purgar os crimes de Hitler, da inquisição, dos pogroms.
    O Hamas não fez mais nem menos do que farao os ucranianos nazis se alguma vez conseguirem entrar em força no Donbass. Aliás um responsável de um desses bandos garantiu que conquistada a Crimeia toda a população teria de ser morta ou expulsa porque estava muito contaminada por propaganda russa. E o que tem valido as populações russas da fronteira são sistemas defensivos bons e a Rússia não ter interesse algum em deixar acontecer um massacre.
    Pela simples razão de que ao contrário de Israel, e ao contrário do que nos vendem, a Rússia, não precisa de espaço vital.O que não quer é que a população que fala russo, que ao contrario do que nos vendem sempre viveu naquelas terras, seja metida em guetos, campos de concentração e massacrada como Israel faz aos palestinianos há décadas, com a nossa bênção.
    E quem não lhes der a bênção leva com o carimbo de antissemita e não faz mais nada na vida no mundo Ocidental. O caso do Jeremy Corbyn foi o mais emblemático mas houve mais.
    Por isso temos cuidado com a língua a não ser para dizer que os palestinianos de Gaza merecem tudo o que for mau por terem votado no Hamas. Porque foi por grande amor a humanidade que os Israelitas votaram no assassino mor e num bando de fanaticos, religiosos que esta a fazer de tudo para destruir também o estado laico.
    Agora os mesmos que acusaram a Rússia de todos os crimes e mais alguns por combater o terrorismo ucraniano desculpam todas as atrocidades de Israel que não começaram a 7 de Outubro. E os nossos políticos fazem romarias a Telavive como antes faziam a Kiev.
    Ora Telavive batesse contra gente mal armada e mal alimentada, toda a gente sabe como são eficientes a matar e como iam matar mas tivemos aquela bandeira hasteada no Castelo de São Jorge. Seria por acharem que também Israel estava a combater infiéis?
    Agora quem hastear uma bandeira da Palestina e um apoiante do terrorismo, insensível para com o sofrimento do povo Israelita. É quem hasteia a de Israel e o que?
    E não preciso que alguém me diga o quanto esses trastes são bons a matar quem acham que esta por detrás de ataques terroristas. Na Noruega, quando dos assassinatos dos supostos mandantes do atentado de Munique foi no bico um cidadão marroquino que garantidamente não tinha um corno a ver com aquele peixe. Mas se fosse palestiniano seria efectivamente um dos mandantes e ninguém faria perguntas.
    Estas execucoes extra judiciais teem o que se lhe diga e não é nada que a Rússia não tenha feito aos mandantes de atrocidades como o ataque à escola de Beslan.Mas no caso da Rússia já foram uns grandes malandros. E se calhar foram. Mas as execucoes extrajudiciais não podem ser um crime para uns e perfeitamente legítimas para outros.em precisamos de gabar o quanto são eficientes a matar. Quanto mais não seja porque o Hitler não era palestiniano por isso não podemos achar normal que aqueles trastes façam com os desgracados o que bem entendem.
    O problema é que achamos, talvez por eles serem mais escuros. Talvez se pintassem o cabelo de louro conseguissem a nossa atenção.

  5. Claro que não vou na vitimização dos ministros e outros “affaires” pintados de verde…

    Afinal a transição energêtica é desejada por eles, está na agenda 2030,e faz parte do Grand Reset.

    Ninguém gosta quando vou contra a narrativa,mas esta é a minha maneira de pensar,e porque não pensar ao contrario?

    Afinal o que é a transição energêtica?

    -Criando situações de emergência (climatéricas, sanitárias, económicas, guerras, segurança interna, etc.), para alterar as regras do jogo… em seu proveito.

    Não será esta a chave para compreender este novo mundo?

    Não falemos do clima, que é o que é: impossível de mudar, independentemente da persuasão.

    A transição ecológica é incerta para o país e é uma caixa de ressonância para aqueles que deveriam ter tomado medidas na altura certa, mas não o fizeram.

    Os políticos escondem a sua negligência exigindo cada vez mais impostos, que não podemos ter a certeza de que não serão utilizados para outro fim ……. Ou desperdiçados.
    É um hábito!

    Falemos de energia, que é parte integrante da transição ecológica: dentro de algumas décadas, os combustíveis fósseis estarão praticamente esgotados.

    É uma certeza!

    As energias renováveis representam atualmente cerca de 20% da energia consumida no mundo.

    Isto apesar dos falsos “milagres” das novas “energias renováveis” fotovoltaicas e eólicas, que representam apenas alguns % da produção mundial…….. e cerca de 5 a 7% em Portugal.

    80% da energia que consumimos provém de combustíveis fósseis, por isso, com o que é que a vamos substituir?

    Pelo contrário, a transição energética é pragmática, porque quando o gás e o petróleo se esgotarem e não puderem ser extraídos devido ao seu custo exorbitante, o que farão as pessoas sem isolamento (contra o frio, o calor ou ambos, consoante a região)?
    Neste caso, a rentabilidade é uma questão completamente ultrapassada, não é verdade?

    Quem tem ideias realmente boas para além da Tesla e da “energia livre”, que só servem para o “You on Tube”, é altura de se dar a conhecer!

    Apesar de toda a retórica, não temos mais nada!
    É escasso!

    A verdade é que o mundo acabará por ficar sem 80% da energia de que necessita para “funcionar” com os
    8 mil milhões de “bípedes”.

    Imaginem o que será o défice de energia dentro de algumas décadas, com 10 mil milhões de “bípedes” e um mundo cujos recursos se estão a esgotar. Já começou!

    A seguir: A fome e o fim…….

    A transição energética é matematicamente impossível! ! !

    E eu não apostaria muito na transição ecológica, pois os seres humanos continuam a ser o que são …….. E são demasiados!

    Século XIX = comunismo.
    Século XX = socialismo.
    Século XXI = ecologia.
    Denominador comum: ideologias que permitem cortar as pessoas ao meio. Pensamento único, impostos, etc.
    “Tudo pelo Estado, tudo para o Estado, nada contra o Estado”. Mussolini.

    Todos sabemos o que aconteceu a seguir!

    Quando o fanatismo ideológico substitui o senso comum, o desastre está mesmo ao virar da esquina.

    Quanto mais envelhecemos, mais nos referimos aos hábitos e costumes dos nossos pais e avós.
    O progresso é uma coisa, mas a realidade no terreno é outra.
    O local onde se vive também influencia o estilo de vida.
    Os nossos pais e avós contentavam-se com muito pouco e eram felizes, ao passo que hoje em dia temos tudo e não somos.
    A razão é simples: o individualismo e o progresso.
    Como não invejar a pessoa que vive na sua casinha de pedra, com paredes grossas e rodeada de uma horta, onde um único fogão a lenha proporciona conforto, sem impostos nem contribuições de qualquer tipo?
    O bom e velho fogão de ferro fundido que aquece o edifício permite cozinhar e manter a água quente durante todo o dia.
    Podem ter a certeza de que voltaremos a ele por obrigação.

    Como dizia a minha avó, é preciso pagar para ter conforto!

    O princípio da realidade acaba sempre por prevalecer face às quimeras e outras ilusões dos políticos!
    Entretanto, quem é que sofre as consequências? Aqueles que menos tem…

    E, no entanto, o fim dos combustíveis fósseis poderia ser o fim das guerras de alta intensidade. Imagine-se um tanque elétrico a combater durante uma hora e depois a recarregar para outra hora sob o olhar atento de drones! Tão utópico como o resto.

    Receio que, se o mundo explodir, como receamos que aconteça, toda isto em breve é abismalmente inútil.
    2030 está muito, muito longe, quando os nossos pratos estiverem vazios e as nossas barrigas famintas.
    Quanto ao carbono, quando nos preocupamos em não voltar para casa à noite e deixar os nossos filhos órfãos, isso também já não é uma prioridade.
    O pior nunca é certo, mas penso que vamos ter prioridades mais tangíveis nos próximos meses ,anos…

    A realidade não é um princípio: Não foi o ser humano que inventou a realidade, é preciso acordar e sair do mundo virtual; para os humanos, o nosso mundo é tangível, por estranho que pareça, a água molha e o fogo queima, por isso alguns lagartos mentalmente atrasados podem torcer o vocabulário e o significado das palavras por todo o lado e inventar elucubrações “abracadabriais”, mas as exigências naturais do mundo esmagá-nos-ão como tudo o que não tem razão nem possibilidade de ser.

    A ecologia é uma grande burla destinada a atrair os crédulos para um totalitarismo que está a passar rapidamente do verde ao vermelho sangue, para maior lucro a curto prazo dos falsos gurus desta falsa ciência, ou pelo menos do que é apresentado como tal.

    A guerra da comunicação está em pleno andamento,
    iniciada pelos EUA, que sonham com uma Europa à sua disposição! Portanto, nem uma palavra sobre o carvão, o GNL sujo e o gás russo, que continua a transitar pela Ucrânia. E se, no Canadá, aplaudiram um antigo nazi ucraniano, não temos dúvidas de que a política obedece a outros interesses que não a moral e o bom senso.

    É verdade que a ideologia capitalista não é de todo imposta às pessoas, que não cria nem desigualdades nem destruição de famílias, que todos os subsídios recebidos pelas grandes empresas são bem empregues.
    Com uma leitura um pouco mais honesta e menos ideológica, talvez se perceba que este mundo é como é por causa do capitalismo e sempre mais.

    E eu é que sou “perigoso e louco”!

  6. Para a mentira ser segura
    E atingir profundidade,
    Há de trazer à mistura
    Qualquer coisa de verdade

    António Aleixo

    MST no seu melhor.

    Uma cobra infiltrada na Comunicação Social, especialista na arte da hipocrisia e da manipulação. Ele domina como ninguém a arte de jogar com as palavras, para enganar e subverter uma população que já está estupidificada pelo trabalho desenvolvido por muitos como ele próprio ao longo de décadas, e que por esse motivo há muito desaprendeu de pensar de forma autónoma.

    E assim ele vai fazendo o sujo trabalho para que lhe pagam os seus verdadeiros patrões.

    A técnica do “nem-nem” levada ao seu extremo mais hipócrita, a imagem de marca deste lacaio das elites dominantes europeias que estão a conduzir todo um continente e os respetivos povos para um abismo sem fundo. O objetivo é infiltrar sorrateiramente na consciência das pessoas que todos os oponentes em confronto, aqui como na Ucrânia e em todos os lugares, são igualmente maus e que portanto o que deve ser feito é deixar tudo como está que está muito bem.

    “Nem NATO nem Kadafi”. “Nem NATO nem Milosevic”. Nem NATO nem Saddam, etc. E sabe-se como isso sempre acaba, com a destruição de países e o extermínio de populações. E depois essas boas almas “nem-nem” calam-se muito bem caladas e ficam à espera de uma nova oportunidade. Elas esqueceram momentaneamente a sua estratégia na Ucrânia, ao não conseguirem resistir à tentação de apoiar incondicionalmente um governo nazi mais próximo da sua verdadeira natureza. Mas desta vez irá previsivelmente acabar de forma diferente, para seu grande desgosto, porque a Rússia não é a Líbia nem a Sérvia.

    MST tem ainda o desplante de se esforçar por alardear nos seus textos uma pretensa superioridade moral que obviamente ele não tem. A técnica é refinada e consiste basicamente em derramar uma série mais ou menos extensa de verdades que são difíceis de negar, mas juntando-lhes aqui e ali meias verdades, puras mentiras e omissões que no fim alteram completamente a perceção da realidade que ele procura afincadamente esconder.

    É assim que, no meio de tanta palha moralista, aparecem as frases em que ele “reconhece” que Israel “tem todo o direito” de perseguir “até ao último homem” os organizadores daquele “ato terrorista” (que no entanto os “jornalistas” não podem nem devem definir como tal como muito bem exemplifica e pratica a BBC) e depois não se esquece de elogiar embevecido a ação do velho louco Joe Biden que imediatamente se colocou ao lado dos genocidas, pelos seus “esforços” para conseguir a Paz na região.

    Os factos, bem conhecidos, de que a BBC é o órgão central do MI6, tal como a CNN o é da CIA, e que os Estados Unidos são o maior promotor mundial de carnificinas e de atos terroristas, e o verdadeiro responsável, pela sua ação ao longo dos últimos 75 anos independentemente dos seus presidentes “testas de ferro” de serviço, por tudo o que se está agora a passar ali, fica obviamente envolto em conveniente esquecimento.

    O que MST pretende é inserir a mensagem subliminar de que na verdade, vendo bem, Israel até tem o direito de bombardear intensivamente as crianças de Gaza, que constituem mais de metade da sua população de 2.3 milhões de seres humanos que o governo israelita considera “animais”.

    Está também inerente na estratégia de MST que não vale a pena tomar partido porque as forças em conflito são todas “más”. Então, ganhe quem ganhar, o resultado é o mesmo e não vale a pela envolvermo-nos emocionalmente. Esta estratégia depressiva tem um objetivo, que é o de desmobilizar as pessoas das suas próprias lutas por uma vida melhor. Nada disto é inocente. É convenientemente escamoteado que, se as pessoas não lutarem e deixarem que o “status” se mantenha como está, isso não significa que as coisas não venham a mudar no futuro. Significa apenas que elas vão mudar, lenta e progressivamente, para pior. Para muito pior.

    Manter “tudo como está” significa mais exploração, mais fome e miséria, mais pessoas sem casa, mais doença e ausência de cuidados de saúde, menos futuro para os nossos filhos. Porque à medida que as “crises” se agudizarem, as elites dominantes sempre vão exigir que sejam os pobres a pagar por elas.

    Um exemplo bastante claro é o da Ucrânia. Se as camadas da população mais esclarecidas se tivessem unido para travar a ascensão das forças do nazismo depois do golpe Maidan, provavelmente algumas centenas de pessoas boas teriam morrido, mas elas não estariam agora a ser lançadas num triturador de carne às centenas de milhares e não teriam todo o seu país desmembrado e destruído.

    Voltando à “crise” do Médio Oriente. Israel não tem direitos nenhuns porque é um estado ilegal que nem sequer tem o direito de estar ali e tem desenvolvido ao longo de décadas uma ação terrorista constante praticando genocídio contra populações indefesas que eles tratam como animais. A faixa de Gaza é na verdade um grande campo de concentração onde são mantidas mais de dois milhões de pessoas que não cometeram qualquer crime e são, isso sim, tratadas como animais por toda a sua vida. Israel mantém ainda mais de 5 000 prisioneiros por delito de opinião que estão enclausurados sem limite de tempo contra todas as regras do Direito e são na verdade reféns. A estratégia de expandir colonatos na Cisjordânia é uma cópia dos processos que levaram ao extermínio de milhões de indígenas nas Américas e se não for travada terá o mesmo resultado ali.

    Se isto não justifica a ação armada desencadeada pelo Hamas, então não sei o que a poderá justificar. Sem esquecer que metade dos crimes relatados contra civis no decurso da ofensiva islâmica foram na verdade inventados pela propaganda sionista. A decapitação de 40 bebés é particularmente criativa e foi claramente inspirada no velho rei Herodes. Sabe-se agora que vários dos prisioneiros civis levados para Gaza tiveram direito a tratamento hospitalar, como aquela rapariga alemã. Claro que esse problema ficou resolvido com a destruição dos hospitais pelos mísseis de Israel…

    A minha posição a respeito é muito clara. Não é possível ser solidário com a Palestina quando ela é atacada e oprimida e depois ser contra a Palestina quando ela se defende. Temos sempre que optar. Temos sempre que escolher um lado. É assim em todos os combates. O homem que não se consegue decidir nunca será importante em coisa nenhuma. Ele será sempre e só uma vítima.

    O Hamas é uma força terrorista para os lacaios do Império colonial ocidental, tal como o MPLA e a FRELIMO, por exemplo, eram terroristas na opinião da Imprensa fascista salazarista portuguesa durante a guerra pela libertação das colónias africanas. Agora são partidos e governos legítimos. Também houve massacres de civis nas colónias portuguesas e de outros países europeus e elas foram causadas pelos dois lados. As guerras têm a sua própria agenda. E não se pode fazer uma guerra sem aleijar ninguém.

    O Hamas será o que for, o Hezbollah também. Putin, por exemplo é um fascista que não me inspira nenhuma confiança. Mas, obrigados ou não, eles têm os mesmos inimigos que eu tenho e estão do lado certo da História.

    Simples assim.

  7. Acrescento uma coisinha. A mania que o MST e (quase todos) os outros MST’s que pululam pelo comentário político nos meios de comunicação social têm, de reduzir o espectro político a apenas duas forças faz, também, parte da mesma agenda.

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