(António Filipe, in Expresso Diário, 15/05/2023)

Mais de 200 anos após a extinção da Inquisição e quase 50 anos após o derrubamento do fascismo há quem queira impor em Portugal uma espécie de inquisição baseada na russofobia.
1. O reitor da Universidade de Coimbra acha que pode despedir o diretor do Centro de Estudos Russos daquela Universidade com a mesma arbitrariedade com que um qualquer patrão de uma empresa de vão-de-escada despede um jovem em período experimental. Não há processo disciplinar, não há factos que o justifiquem. Há o facto de o demitido diretor ser russo e há a delação feita por dois ucranianos de que o diretor recomenda livros de autores russos e tem uma opinião sobre a guerra da Ucrânia que não coincide com a dos delatores.
Em todas as notícias que vieram a público sobre este despedimento, feito à margem de qualquer processo legal, o que é grave numa instituição pública, não há mais factos que o justifiquem a não ser a nacionalidade do autor e a delação acerca das suas opiniões.
É uma evidência que estamos perante uma grosseira violação do artigo 13.º da Constituição da República Portuguesa, segundo o qual ninguém pode ser prejudicado ou privado de qualquer direito em razão da sua língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas.

Que os delatores ucranianos ignorem a Constituição portuguesa e os direitos democráticos que ela consagra não me espanta, mas que seja o reitor de uma Universidade a promover um despedimento sumário de um professor com base na sua nacionalidade e por delito de opinião, é algo que me espanta, me indigna, e que considero ser um enxovalho para uma Universidade cujo prestígio devia ser defendido.
Não vivêssemos nós no clima de caça às bruxas que tem sido imposto a este canto ocidental do mundo e a notícia de um reitor que, num ato de total prepotência, despede sumariamente um professor, violando os seus direitos fundamentais com o mesmo grau de displicência com que proíbe a carne de vaca nas cantinas, seria motivo de escândalo nacional e internacional.
2. Manuel Pires da Rocha é um prestigiado músico e professor de música português. É conhecido publicamente por ser o violinista da Brigada Victor Jara, mas tem um passado e um presente de enorme prestígio no ensino da música, nomeadamente como professor e diretor do Conservatório de Coimbra. Estudou em Moscovo, onde obteve o curso superior de violino e, ao contrário de outros, respeita o país onde estudou e o povo que o acolheu. Na passada semana, Manuel Pires da Rocha foi alvo de um bufo que se identificou como “judeu de origens ucranianas”, que enviou um email aos professores do Conservatório a denunciar a sua presença nas comemorações do Dia da Vitória sobre o nazi-fascismo em Lisboa. A resposta a esta ignomínia foi dada pelo próprio Manuel Rocha com o brilho intelectual que lhe é reconhecido e cuja leitura vivamente recomendo.
3. Estes dois episódios somam-se ao da Câmara de Setúbal, onde cidadãos russos foram vilipendiados e até acusados de serem espiões pelo simples facto de serem russos e de se disponibilizarem para apoiar refugiados ucranianos em Portugal, somam-se a manifestações de cidadãos ucranianos em Portugal exibindo bandeiras de organizações nazis e defendendo a ilegalização do PCP, somam-se a uma deriva de intolerância política e cultural muito perigosa para a democracia. É que, como escreveu Manuel Rocha no seu texto, citando os vampiros cantados por José Afonso que voltam a andar por aí, se alguém se engana com seu ar sisudo e lhes franqueia as portas à chegada, eles comem tudo e não deixam nada.
Atá por sermos Portugueses somos banidos? Os políticos deviam ter vergonha de aplaudir este comportamento…
A canalha que, com horrendo cheiro, de calças na mão, corria, na manhã de 25 de Abril, na direcção do Aeroporto, atreve-se já a mostrar o nariz…
Que vão treinando o sprint ! Eu vou pollndo as biqueiras das botas de râgueby ! Fascistas têm que passar bem alto, entre as varas !!!
Muito bem.
Há um reitor com saudades dos tempos da outra senhora.
Há também uns poucos cidadãos refugiados desconhecedores da liberdade de associação, de reunião e de opinião (até generais portugueses são alvo a abater). A avaliar pelo número de seguidores, não parecem representar a comunidade ucraniana em Portugal nem merecer o tempo de antena que lhes é dedicado.
1 – Estaremos perante um caso de exoneração, com suas simplicidades?
E o reitor é um simples idiota, ou encontrou boas razões?
2 – E vai daí…
3 – E sobre as invasões aa Rússia, os bombardeamentos a civis, os crimes de guerra, o império, a autarcia … vai de música do Zeca Afonso?
Mais um órfão soviético a reverenciar um regime assassino, corrupto, criminoso, sem respeito por valores outros que o império e o seu poder.
Pois…
– e sobre a cultura de ódio dos nazis genocidas de Kiev e arredores (Grupo de Bucareste, ou dos Três Mares)?
– e sobre o genocídio das populações russas ou russófonas, sobre as prisões e assassinatos que dizimam os que se atrevem a levantar a voz para contraditar os seguidores do Stepan Bandera?
– e sobre um regime corrupto que aceitou sacrificar as vidas de centenas de milhar dos seus jovens e a destruição do seu país, para satisfazer as ambições geoestratégicas do império terrorista, que se alimenta das guerras que vai produzindo por todo o planeta?
… Vai de “giovanezza”, ou de “lá vais, cantando e rindo”?
Mais um ativo do “império nazi-terrorista global” e órfão do “Zé Botas” de Santa Comba Dão, a reverenciar genocidas e terroristas, disfarçados de “democratas”, os do “Método Jacarta”, que usam tudo o que é escória terrorista para destruir e controlar países que para eles tenham importância geoestratégica, ou que sejam possuidores de recursos que eles desejam saquear, deixando pelo caminho um rasto de miséria e milhões de vítimas, entre as quais muitos líderes que sonharam o melhor para os seus países e rejeitaram a cangocha que lhes queriam impor, como foram, p. ex., Lumumba, Allende, Gaddafi, Sadam Hussein, Sankara, etc.
Deves muito á inteligência, pois passaste ao lado do óbvio.
E vai daí…a propósito de império, não me perguntem como me dá para, desfilosoficamente, fazer estas subtis associações de ideias, que não saberia responder, mas já me começa a apetecer
uma fresquinha imperial com caracóis! 👌