(Joaquim Freitas, in Facebook, 07/10/2022)

Muitos cidadãos estão a consciencializar-se de que o mundo vai mal, mas muitas vezes sem conseguirem entender claramente os motivos.
Diante do que veem e ouvem ao seu redor, muitos, mesmo pessoas sensatas, ficam perdidos, às vezes até perturbados. A sua realidade não corresponde ao que lhes é dito. Eles a sentem com razão, mas não conseguem compreender os seus mecanismos. Atirados então entre as declarações do pessoal político-média que os manipula e os faz “perder a cabeça”.
Um dos motivos dessa desordem, e que se verifica quase diariamente, passa a ser a falta de cultura política do maior número. Uma das causas está na educação, que há décadas falha em seu dever: o desenvolvimento do pensamento crítico.
Observação bastante simples de estabelecer, mas que não é suficiente, obviamente.
Com o único objetivo de privatizar tudo o que pode ser privatizado – através de uma competição feroz que deixa os mais pobres no chão -, todo o bem comum é sacrificado em benefício de interesses particulares nas mãos de alguns predadores sem fé ou qualquer outra lei que não a de colher sempre mais, independentemente dos meios utilizados para tal alcançar. São práticas mafiosas, no sentido próprio do termo.
E até hoje, podemos ver que, insidiosamente, até os governos estão sendo privatizados. Aqui no nível dos exércitos usando cada vez mais empresas sob contrato, lá dentro das forças policiais convocando milícias privadas, ou mesmo através de empresas de consultoria ditando aos líderes políticos o roteiro para realizar essas privatizações o mais rápido possível, ignorando desdenhosamente a função parlamentar.
Alguns exemplos: a grande média (nas mãos de bilionários, próximos ao poder) subsidiada pelos governos, há meses, explica-nos que a Rússia invadiu a Ucrânia para fazer guerra, ocupá-la e anexar os seus territórios.
As autoridades russas respondem com infinita paciência que esta abordagem é falaciosa e que é necessário ir às origens das tensões para compreender a decisão russa de uma ‘operação militar especial’ destinada a proteger os habitantes de Donbass, desnazificando e desmilitarizando a Ucrânia.
Ao mesmo tempo que é impedida de estar nas fronteiras de Israel, a NATO – essa organização criminosa responsável por dezenas de milhões de vítimas nos últimos anos (Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen, etc.) -, procede de acordo com uma agenda comum com o regime do apartheid que pretende enfraquecer por todos os meios qualquer Estado hostil ao seu estabelecimento na terra da Palestina.
Não é a Rússia que está invadindo a Ucrânia, é esta última que vem bombardeando as suas próprias populações de Donbass há quase 10 anos de mãos dadas com o Ocidente – apesar dos tratados Minsk1 e Minsk2 assinados para tentar trazer a paz de volta à região.
O Ocidente e a sua grande média nomearam o culpado e os comentaristas dóceis se revezam, sob o pretexto de trabalhar para difundir as luzes da “democracia” contra o obscurantismo do tirano russo.
No entanto, documentos oficiais atestam que, há vários anos, os Estados Unidos visavam o deslocamento do vínculo que estava sendo tecido lentamente entre a Alemanha e a Rússia.
E que, acima de tudo, era necessário impedir o comissionamento do gasoduto Nord Stream 2, que teria ancorado ainda mais a Alemanha – e depois o resto dos países europeus -, à Rússia.
As últimas explosões nestes dois gasodutos no Mar Báltico falam muito sobre a determinação dos EUA em afundar uma economia europeia pró-russa.
Que elementos mais são necessários para entender os atuais mecanismos belicosos e concluir que os EUA não são os aliados confiáveis que alguns afirmam? A menos que se seja um troll de plantão, os cidadãos que dão algum crédito à narrativa truncada da média e transmitem repetidamente essas falsificações sobre a culpa russa, só o podem fazer por ignorância política e/ou preguiça intelectual.
Os cidadãos são muitas vezes enganados pelas questões que estão surgindo nos altos escalões e não têm ideia do que os Estados são capazes de defender “seus interesses”. Muitos são os que se deixam manipular, adormecer pelo ‘american way of life’. Enganados por propagandas vantajosas, identificam produtos feitos nos EUA com os valores que sustentam a “democracia”.
Nossa noção de “democracia” é muitas vezes reduzida à nossa capacidade de consumir – eu gasto, logo existo!
Convém recordar, portanto, uma coisa, essencial: é preciso sempre ouvir atentamente as declarações oficiais repetidas em loop pelos jornalistas e ‘especialistas’ de todos os tipos de meios de comunicação, a fim de levar o sys-te-ma-ti-que-mente ao contrário do que anunciam.
A ignorância leva ao medo, o medo leva ao ódio e o ódio leva à violência. Esta é a equação. – Ibn Rochd (filósofo, teólogo, jurista e médico muçulmano [1126-1198] conhecido no Ocidente como Averróis).
Joe Biden, havia estimado quinta-feira que o mundo enfrentava pela primeira vez desde a Guerra Fria o risco de um “Armagedom” nuclear.
Extraordinário que o Chefe dum Estado que “trabalha” desde há mais de vinte anos na destabilização da Rússia, através dum golpe de estado na Ucrânia, venha agora alertar sobre o risco maior que ele criou.
Mais um grande texto na Estátua, mais um autor que não conhecia. A Estátua parece mestre na caça de bons analistas. E como eu recuso usar o BookFace, só posso agradecer por esta boa leitura aqui publicada.
Que eles, o sistema, o regime da “democracia liberal” e sua “imprensa livre”, nos mentem e manipulam descaradamente é já óbvio para quem tenha dois dedos de testa.
As questões que devemos debater e os problemas que temos de solucionar são estes:
1) como abrir os olhos da esmagadora maioria (acima de tudo em países de impreparados como Portugal) para esta realidade distópica em que vivemos, e mostrar a essas pessoas que aqueles em quem ainda confiam cegamente lhes mentem diariamente sem qualquer vergonha?
2) como (quem e com que meios) se fará a alternativa factual e honesta nesta guerra comunicacional que as “elites” ocidentais estão a fazer contra o seu próprio povo?
E termino com um exemplo do estado total de podridão a que isto chegou: um rapaz, numa rede social, a chamar “fascista” aos que criticam o golpe de Estado sangrento na Ucrânia em 2014 feito por Nazis e apoiado pelos imperialistas belicistas genocidas EUA, porque a sua percepção ao fim destes meses e anos de propaganda pró-Washington, pró-Bruxelas, pró-Kiev, e anti-Moscovo, e leva ainda hoje a acreditar que, e passo a citar: “o Maidan foi o 25-Abril da Ucrânia”.
Como é que se combate esta pouca-vergonha decadente? Este estado de manipulação das massas que, atrevo-me a dizer, só é comparável à Coreia do Norte! É que ou combatemos isto com todas as forças e com uma estratégia de sucesso, ou a Europa estará irremediavelmente a caminho da implosão económica, social, política, e só não militar se tivermos sorte.
Quando a Alemanha vê o Nordstream sabotado (grandes ganhadores: EUA e Polónia) e a sua única reação é: agora sim vamos enviar tanques para a ditadura Nazi da Ucrânia matar ainda mais civis Russos ou Ucranianos pró-Russos – está tudo perdido.
Enquanto Scholz e Baerbock não sofrerem um merecido golpe de Estado, Leyen não estiver presa, e Stoltenberg não estiver internado, a Europa continuará a corrida em direção ao precipício.
A esperança é que já se começam a ver várias manifestações patrióticas e de bom senso pela Europa fora. Mas em Portugal, nem um pio. E estou certo que vão continuar a apoiar o 1°Ministro recordista da austeridade, o Presidente avisador de pedófilos, o Seleccionador que rouba milhões ao fisco, e o Capitão violador de cus em Las Vegas.
São só 4 pequenos exemplos, mas mostram que se a Europa vai a camiho do precipício, Portugal já lá está e com uma picareta na mão para abrir a própria sepultura. Um povinho assim não tem hipóteses nenhumas!