(Pedro Tadeu, in Diário de Notícias, 05/10/2022)

A caricatura de debate que temos tido sobre a guerra na Ucrânia ganhou esta semana mais umas linhas, graças ao inefável Elon Musk, o multi multi milionário que anunciou na semana anterior estar a preparar a comercialização, por 20 mil euros, de robôs humanoides capazes de, sozinhos, fazerem tarefas como carregar caixas, regar plantas ou apertar parafusos (espanta-me a tranquilidade das reações a esse anúncio, mas não é esse o tema deste artigo).
Musk, como muitos leitores já sabem, resolveu propor uma solução para a guerra em menos de 280 carateres, escritos no Twitter, a rede social dos pensamentos limitados.
As ideias que ele deixou são quatro: “Refazer as eleições das regiões anexadas sob supervisão da ONU. A Rússia sai se for essa a vontade do povo.” “A Crimeia fará parte formal da Rússia, como tem sido desde 1783 (até ao erro de Khrushchev).” “O abastecimento de água à Crimeia é assegurado” e “a Ucrânia continua neutra”, o que suponho querer dizer que não entra na NATO.
Musk publicou isto como se fosse uma sondagem, para os seguidores votarem “sim” ou “não”.
Dizem as notícias que os fãs do dono da Tesla ficaram chocados, que há um mar de críticas e que até o presidente Zelensky foi também colocar no Twitter os seus 280 carateres de protesto contra Musk (e votar “não”, suponho).
Fui ver e, à hora que escrevo, confirmei esses relatos, mas também vi algo que não estava nas notícias: a sondagem tinha 41% de pessoas a apoiar a ideia de Musk, o que não é tão pouco como isso (e ignoro os, na altura, 81 mil “likes“, o maior número das estatísticas disponíveis nesse tweet).
As hipotéticas multidões ululantes e irritadas com o desvio à narrativa dominante no Ocidente esqueceram-se já que este Musk é o mesmo Musk que em 27 de fevereiro, três dias depois do início da invasão russa, ativou na Ucrânia, a pedido do governo local, o seu serviço de fornecimento de internet via satélite para ajudar o país a resistir às sabotagens e ocupações russas.
Os agora zangados com Musk já não se lembram que este é o mesmo famoso que glorificaram, aplaudiram ou saudaram pela ironia quando, a 14 de março, decidiu desafiar Vladimir Putin para um combate individual, tendo a Ucrânia como aposta.
A etiqueta “putinista”, que é norma usar-se no Ocidente para insultar uma alma qualquer que fale em procurar soluções para a paz, não cola, portanto, neste personagem.
O que é que mudou para Musk, que, ainda por cima, faz este desarranjo numa altura em que a Ucrânia e a NATO proclamam vitórias no terreno e prometem a reconquista para breve?
Mudou, obviamente, a visão que o promotor de turismo espacial tinha sobre o problema: ele vê que os seus negócios globais nada têm a ganhar com esta guerra, pelo contrário, têm a perder, e muito.
Recorde-se, por exemplo, que na lista das razões faladas por Musk à imprensa para tentar renegociar a compra da rede Twitter está, precisamente, a dos efeitos económicos globais desta guerra terem desvalorizado a empresa e ela, alegadamente, já não valer os 44 mil milhões antes oferecidos.
Serão as propostas de Musk para a paz razoáveis? Bem, não diferem muito das que, para citar um exemplo insuspeito, o célebre filósofo e ensaísta francês Edgar Morin, depois de criticar duramente Putin, fez aqui num artigo publicado no DN a 7 de maio – e muitos outros analistas por esse mundo fora têm proposto mais ou menos isto, embora a maior parte não acredite que haja, neste momento, condições para o fazer.
Os muito ricos do Ocidente, face aos prejuízos provocados pela guerra prolongada, começam assim a fraquejar no apoio ao conflito.
Na Europa é provável que os “Musks” de alguns grandes conglomerados globais comecem mesmo a irritar-se com tantas perdas financeiras (as humanas não entram neste balanço) e a barafustar por, contraditoriamente, registarem-se ganhos brutais noutros conglomerados que beneficiam com a economia de guerra.
Uma hipotética rutura da solidariedade capitalista ocidental mudaria rapidamente governos, políticas governamentais e narrativas mediáticas – e a atual ideia prevalecente de que esta guerra define o destino do ocidente pode bem não ser suficiente para o impedir, caso tudo se prolongue no tempo e as contradições dentro do sistema se acentuarem.
Mas, para já, como sempre, serão mais debatidas as sondagens de Musk no Twitter do que as sondagens dos jornais – como uma do Expresso, que dizia que 32% da população portuguesa, aflita para pagar as contas do mês, quer mesmo “cedências a Putin” (sic) e resolver a guerra… são todos putinistas, não é?
Jornalista
Isaac Asimov disse-nos:
“O conhecimento por vezes cria problemas, mas a ignorância não os resolve”.
Há bilionários americanos que falam da emergência de uma classe de pessoas inúteis, robots humanóides que apenas incharão esta classe de “bocas inúteis”. Genocídio para o bem do planeta à vista…
Consigo ver cérebros a correr nesta notícia.
“Digam-me, se eu comprar alguns destes robôs e os enviar para assaltar um banco. Na improvável eventualidade de serem apanhados, são eles que irão para a prisão”?
A fragilidade destas engenhocas será uma maior preocupação.
Já consigo ver o aparecimento de grupos de assassinos de robôs encapuzados.
De facto, está a tomar o caminho sabendo que os robôs autónomos já causaram vítimas na guerra na Ucrânia.
Os filmes Terminator tornar-se-ão documentários.…
Na minha humilde opinião, os robôs não têm qualquer interesse em ser humanóides. E a Skynet já existe no campo de batalha, onde robôs móveis com o mínimo de IA irão matar humanos ou destruir outros robôs de forma incontrolável, como as minas já fizeram anteriormente. O perigo dos robots humanóides já foi tratado em ‘Cavernas de Aço’ e no seu rescaldo, especialmente entre os ‘Spacianos’ completamente desprovidos de poder e quase escravos. No lado positivo, temos os robôs “Guerra das Estrelas”, por vezes maus, por vezes bons. O mais interessante é a IA humanóide feminista transferida para o sistema Millennium Falcon. Os exterminadores são realmente um subproduto da reflexão sobre um mundo com robôs.
Imagino que o Pentágono será o primeiro a interessar-se por uma versão melhorada, que não precisará de ser… agradável!
Vamos pôr-lhe um vestido bonito, uma cara bonita, tudo programável directamente no “robot” e todos a vão querer…! Estamos em Blade Runner.
Desemprego para todos!
O pior disto não é a porcaria do robô….São os milhões de otários ricos que vão dar 20.000 euros para ter um!
Há dias em que se espera que tudo se desmorone.
Isto não é ficção científica. Um robô feminino acaba de ser nomeado para dirigir uma grande empresa chinesa. Uma das principais empresas de jogos de vídeo da China, 1200 empregados. A NetDragon Websoft está por detrás desta primeira que confiou a sua subsidiária, Fujian NetDragon Websoft, a uma inteligência artificial.
Suponho que também faz o trabalho de operador de central telefónica, mas nenhum pára-quedas dourado para este (ir)gestor..
Não é estranho, inconsistente, até mesmo suicida, pretender confiar o “futuro” de um ser humano a um “instrumento” sem “fibra humana”?
Não receiem que a destruição já tenha sido levada a cabo pelas “redes A-sociais”.
No final de Outubro poderíamos ter um vislumbre dos danos imensuráveis quando os resultados das eleições brasileiras forem anunciadas. O transhumanismo poderia ser sancionado pelo armagedão.
Não percamos a esperança. Esperemos apenas que este termo não desapareça do dicionário! (pelo menos não imediatamente).
Quando ouço um bilionário (que fez e vendeu um camião sem motor) falar do nosso futuro, mesmo salvando-nos, preocupo-me com a nossa liberdade humana e a integridade do ser humano…
O transhumanismo já está a degradar a humanidade, retirando o código do trabalho e os direitos dos trabalhadores… Os robôs têm direitos (mas também obrigações) que os tornariam responsáveis?
Isto é chocante para muita gente, enquanto que os robôs da Guerra das Estrelas não os chocam. Vivemos actualmente um ponto de viragem tecnológico comparável à revolução industrial, com todos os receios que esta gera ligados à mudança. Filmes como ‘Terminator’ tornaram-se incorporados no inconsciente colectivo com a mensagem ‘robot=perigo mortal’. No entanto, o robô é uma melhoria quantitativa dos robôs de cozinha que já utilizamos. A grande questão para mim não é o robô mas para que será usado no futuro… Para servir o desenvolvimento humano, libertando os humanos da maior parte do trabalho de entorpecer a mente para lhes dar tempo para se desenvolverem, criarem, desfrutarem da vida? Ou utilizar esta tecnologia para estulpificar os humanos, deixando-a nas mãos de pessoas sem escrúpulos … A questão de ética relacionada com a máquina inteligente é uma questão urgente que precisa de ser pensada agora.
Para minha surpresa, vi uma multidão a aplaudir uma pessoa doente (e segui-la na bolsa), mas será um homem ou um “humanóide” em pessoa? Penso que este “ser vivo” tem um destino que nos escapa, que pensa que é Deus e que procura… o quê?
Deslumbrado com a máquina, esqueceu-se completamente de que é preciso ter matéria-prima e energia para as fabricar em grande número……..
Coisas que estão a começar a faltar! !
O carro eléctrico “universal” já é um sonho inatingível para a maioria das pessoas devido à falta de recursos, por isso, ter robôs ……
É verdade que em “Verdadeiros humanos” existem alguns chassis simpáticos que fazem sonhar …….
Na esperança de que as 3 leis da robótica sejam bem aplicadas!”
Considerando a incrível energia necessária para gerir as moedas criptográficas e o sistema de controlo e vigilância das massas através da rede 5G, acredito que teremos de fazer mais progressos em muitas áreas para que o sonho de Elon Musk se torne realidade.
Portanto, ainda temos algum tempo pela frente, antes de vermos a primeira utilização destes dispositivos na minha opinião:
Tropas armadas e forças da lei.
A tecnologia é boa. É mesmo. Na condição expressa de ser colocado ao serviço da humanidade, e não apenas dos interesses de uns poucos, para fins de domínio e rentabilidade.
Infelizmente, neste momento, a mentalidade daqueles que dirigem a nossa esfera ocidental não preenche os critérios de paz e harmonia. Pelo contrário…
Os robôs já cá estão.
Os robôs tomarão o seu lugar para serem engenhocas, para os militares.
É impressionante.
O homem ocidental é tão degenerado que é incapaz de regar as suas flores – incapaz de as regar e cuidar delas, de as acarinhar, de decidir quais são demasiado insalubres ou feias para as manter, quanto a fazer um corte, etc. Ou de assumir que elas vão morrer porque se esquece delas..
Sou a favor da tecnologia,mas estou chocado com a falta de sabedoria neste caso. Porque não utilizar todos estes recursos para colocar pessoas reais em empregos reais em boas condições?
Então, o objectivo é bem diferente, escravos dóceis ao toque de um controlo remoto, uma narrativa “pronta a engolir” boa para a bolsa de valores?
No dia em que os robôs se tornarem realmente inteligentes, continuarão a fazer greve questionando as tarefas que queremos que eles façam: “Porque me querem obrigar a fazer estas tarefas que vocês próprios não querem fazer ou que não podem (moralmente) fazer como matar?”
Como outros já disseram antes, se um robô faz algo sob comando, onde está a responsabilidade?
Dado o número de pessoas que são pagas para nada fazer, o número de pessoas que não querem fazer nenhum esforço, o número de pessoas que pensam que tudo lhes é devido… bem um pequeno robô para fazer um bom trabalho limpo e preciso, não seria um luxo! Porque encontrando pessoas que querem trabalhar e fazer um trabalho profissional, não restam muitas delas… Agora só temos preguiçosos atrás dos seus smartphones.
Produtos da sociedade. O problema é que o trabalho já não é bem pago, por isso as pessoas não se envolvem, o Estado leva metade do salário… E não vai melhorar com a geração de fichas tik. Quanto mais avançamos, mais massiva se torna a pilha de idiotas. E não é um problema de falta de informação, quem quer saber e saber hoje tem acesso a este recurso que é ilimitado. É o desejo que já não existe.
As pessoas tornaram-se consumidores sem alma, são mal-criados e já não sabem viver. Eles são impacientes e deixam-se levar. Todos fazem o que querem, afinal somos livres, mas para fazer viver os idiotas que não querem saber do mundo. Por isso, um pequeno robot que pode agir como escravo, seria o ideal,porque já ninguém quer trabalhar…
Esta é apenas a parte operativa da utopia especulativa do trans-humanista.
O objectivo é permitir que uma “elite uniforme” possa passar sem a massa de pessoas “substituíveis”.
Homo deus” é tão instrutivo como um livro escrito em 1925 e só foi compreendido em 1940.
É um fenômeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto.
Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados.
*miguel torga*
Tal como eu e muito, muitos outros, Musk viu a invasão da Ucrânia a acontecer no vácuo: a narrativa que nos varreu, minutos após o primeiro soldado russo cruzar a fronteira, era que a Ucrânia, pacífica e democrática, fora invadida do nada, sem qualquer provocação ou razão, por um louco sanguinário que acordara em Fevereiro e escolhera violência. Restava apenas determinar que patologia mental afetava Putin para tomar tal decisão inesperada e sem sentido.
Mas… a guerra que era para demorar 8 dias arrastou-se para 8 meses e o punho cerrado que os EUA e NATO mantinham em torno da informação afrouxou com as cãibras que surgiram de tanto ódio visceral… a pouco e pouco surgiram as vozes que destoavam da cantilena oferecida de bandeja ao povinho. Mas… desta vez era diferente. Por muito que os DDT insistissem, que bastava uma oitava fora da nota do coro para ser automaticamente rotulado de Putinista, destinado a uma eternidade de humilhação Twiteriana, os discordantes convergiam numa só mensagem: olhem para o passado! Olhem para o que aconteceu naquele país desde a 2ª Guerra Mundial inclusive. A revolução de 2014 foi apenas mais uma peça num puzzle que visa cercar a Rússia desde o colapso da União Soviética em 91. A partir daqui a ignorância torna-se opcional.
Sou honesto: nem sei se li um único parágrafo sequer sobre a situação ucraniana entre 2014 e 2022. A primeira vez que reparei que algo não andava bem por aqueles lados foi já em 2019, quando apanharam Trump a tentar forçar Zelensky a trocar ajuda militar por munição política contra Biden, na altura o candidato presidencial que mais medo lhe dava, e o teatro do impeachment que se seguiu. Na altura estranhei porque diabos andava os Estados Unidos a mandar tanta arma para a Ucrânia, ignorante das investidas opressivas do regime Nazi operado por Zelensky sobre os russos étnicos do Donbass. Acordos de Minsk? Batalhão Azov? Bandera e companhia? Nah, disso não se falou nada na altura, nem que fosse para não correr o risco de vestir a atitude de Trump em negar armas ao regime como positiva (tal como um relógio estragado que acerta na hora 2x por dia, Trump às vezes tropeçava em situações que colocam uma pitada de açúcar sobre a gigante bosta de porco da sua presidência. A reforma do sistema prisional foi uma, ainda que claramente cínica, pois este sabe que mais tarde ou mais cedo vai habitar uma cela, e negar armas a um regime nazi a oprimir parte da população foi outra, ainda que pelos motivos errados, como de costume).
Musk, tal como eu e muitos, inicialmente reagiu como qualquer pessoa normal reagiria à invasão premeditada de uma nação soberana, talvez um pouco mais efusivo visto que o impacto social entre nós é significativamente diferente (desafiar Putin a uma luta num beco? Nah…), mas no fim do dia, ambos irritados e chateados com uma manobra com que todos iríamos perder.
Mas, talvez como eu, para Musk… a bota não batia com a perdigota… Demasiadas inconsistências, especialmente quando me tentavam vender que Putin era um nostálgico da USSR, que só ia parar quando a velha união fosse exumada e ressuscitada em parte da Europa. Acho que nem Trump seria burrinho e infantil o suficiente para enveredar por tal caminho e este nabo tentou comprar a Gronelândia à Dinamarca! Mesmo se tal fosse verdade, porquê esperar por 2022? Porque raios não aproveitou Putin os 4 anos em que teve um poodle submisso como Trump na Casa Branca para conquistar tudo que lhe apetecesse? Com jeitinho o Trump até lhe emprestava uns porta-aviões para dar conta do UK se fosse preciso. Não faz sentido nenhum… É como alguém estar a tentar entrar à socapa no cinema, mas ficar à espera que o segurança regresse da casa de banho para tentar entrar despercebido… é demasiado estúpido!
Comigo, começou por aí. Com o Elon quem sabe… Mas assim vai colapsando o apoio à Ucrânia. Não ao povo ucraniano, entenda-se. Ninguém vai sair mais prejudicado desta parvoíce toda que o vulgar cidadão ucraniano, hoje já a olhar para décadas de instabilidade política e económica unicamente derivadas da vontade dos EUA e NATO em usar o seu país como sandbox militar para derrubar líderes incómodos na Ásia. Não, a Ucrânia que falo são as “estrelas políticas da resistência” Ucraniana, tão depressa a ser oprimidos pelos malvados russos como a bebericarem Cristal na Califórnia, enquanto recebem ovações nos Emmys ou Glastonbury. Os tais que passam mais tempo em tours pelos EUA, a promoverem o suicídio nuclear global como um sacrifício exequível para “nos” (falam sempre no plural estes tipos…) livrarmos desse Putin malvado que, estranhamente, nunca deu grandes chatices fora da Rússia.
Infelizmente Musk fez a mesma parvoíce que o Expresso e não mostrou o verdadeiro universo de escolhas possíveis. A assumpção com o referendo patrocinado pela UN é que as pessoas nas zonas disputadas escolham entre a Ucrânia ou Rússia, quando existe uma terceira opção que, a meu ver, é a única que minimiza o fel entre as nações. Esta opção esteve na mesa de negociações várias vezes no passado, mas estranhamente desapareceu do espetro de soluções desde há uns meses para cá: e que tal perguntar à malta do Donbas se querem ser autónomos? Nem para um lado, nem para o outro. Um buffer entre a Ucrânia, que depois podia entrar para a NATO à vontade, e a Rússia, tal como a Catalunha, mas mais independente que esta da Espanha. Da forma como Musk criou a pergunta, muita gente leu aquilo e apenas viu “tás com o Putin ou com o Zelensky?”. Talvez fosse essa a intenção. Afinal, o Elon é um troll consumado e o objetivo era apenas por o Twitter a fumegar de ódio, mas em qualquer caso é redutor assumir que russos étnicos que viveram a vida toda fora da Rússia sejam forçados a escolher entre a pátria ou a família.
Mas Tadeu bateu na tecla certa: a sondagem foi feita no pior contexto que a humanidade já criou, mas mesmo assim a paz obteve 40% dos votos. Para mim o impressionante é como a propaganda Ocidental nem sequer consegue uma expressão decente nessa fossa séptica a céu aberto que é o Twitter, quanto mais pelo resto do mundo.
Seja os que não fazem mais nada que não ler sobre o que se passou na Ucrânia desde 2014 (ou até antes), ou os que simplesmente não querem andar a pagar gasóleo a 5€/litro, ambos concordam que esta guerra só convém aos trágicos do costume.
Aos portugueses que ainda acham o Zelensky um herói, se tiverem oportunidade, tentem discutir esta situação com um brasileiro(a) do Brasil. Ou qualquer pessoa da América do Sul. Ou África que seja. Já o fiz e é refrescante ver como a propaganda está limitada ao Oeste do hemisfério Norte. Para nós os EUA são fonte de filmes, televisão e galinhas clorinadas. Para os cidadãos do Sul global, os EUA são fonte de instabilidade política, ganância desmedida por recursos naturais e perpetuadores de violência. Para nós Europeus privilegiados, isto é tudo muito trágico e chato. Para eles é mais uma iteração do deja vú imperial.
São apenas 40% porque o Inverno está um pouco atrasado este ano. Lá para Dezembro se calhar a cantiga muda mais um bocado…
Muito bom comentário. Vá escrevendo por aqui.
Bem dito. 🙂
Heh. Mais ou menos isso.
Não acho muito realista a independência, aquilo não é a Europa onde uma Suiça sobrevive bem como neutra; se for isso que querem, não sou eu que digo que não (não que alguém me pergunte). Mas o problema é outro, é uma região dividida contra si própria que se arrisca a ser limpa de uma maneira ou de outra, e só um acordo o pode impedir. Se antes era uma minoria com apoio externo que ninguém quis controlar, agora serão vizinhos contra vizinhos a deitar culpas uns sobre os outros depois da inevitável desumanização de uma guerra. Numa terra pobre, semi-destruída, e que vai facturar a bem ou a mal.
O melhor é não esperar nada para só poder ficar bem surpreendido.
Estou-me cagando para o Elon Musk, que é o perfeito retrato do falso empresário/empreendedor/self made man que os americanos tanto gostam de apregoar e que não corresponde minimamente à realidade. Este gajo tem recebido milhões e milhões de dólares dos governos americanos para criar um carro que consiga competir com as marcas europeias. Muito desse dinheiro só serve para ele comprar acções da própria empresa e com isso, manipulando o mercado accionista, conseguir valorizá-las, enriquecendo ainda mais, com dinheiros públicos. Chegando ao absurdo de a tesla valer mais do que a toyota, apesar de vender muito menos. Claro que a colaboração dele com os governos proto-fascistas americanos excede em muito os carros. São telecomunicações, satélites e foguetões, entre outras coisas. Dinheiro público às pazadas aplicado em benefício da indústria militar e dele próprio e dos governantes amigos que o apoiam. Tudo clarinho e de acordo com as regras democráticas (tudo entre aspas) tão ao gosto daquele país tenebroso.
Mas este artigo é engraçado porque nos mostra uma saída (provavelmente a única) para esta guerra. Falo, claro, do conflito de interesses entre multimilionários. Os que beneficiam muitíssimo com a guerra e os que perdem. Por mim, podem ir todos para a puta que os pariu. Matem-se e esfolem-se, mas no final vejam se conseguem dominar o caquético da casa branca e pôr um fim nesta loucura, antes que esta porra rebente toda.