Os sucessos ucranianos em uma perspetiva fria

(Por Seth Harp*, in Velho General, 19/09/2022)

Soldados do exército ucraniano em Kharkov, Ucrânia, em janeiro de 2022

Embora a imprensa chame os recentes ganhos territoriais ucranianos de “ponto de virada”, é bom estar ciente de que a guerra na Ucrânia pode estar se encaminhando para algo mais “congelado” e menos satisfatório.


A ofensiva da semana passada para libertar a zona rural a leste de Kharkov foi uma vitória impressionante para os militares e o governo ucraniano, bem como seus patrocinadores e gerentes no Pentágono, Departamento de Estado, CIA e outras agências de inteligência dos EUA.

A tomada da estação ferroviária de Izyum pela Ucrânia foi especialmente importante, já que as forças russas dependem fortemente de trens para transporte de suprimentos. Desde a bem-sucedida defesa de Kiev, o governo Zelensky não conseguiu uma vitória tão importante no campo de batalha. Mas relatos triunfalistas na mídia dos EUA retratando a contraofensiva como uma grande mudança na direção da guerra exageram o significado desses desenvolvimentos.

A Rússia já havia perdido a guerra no norte. Após o colapso de seu ataque a Kiev em março, os soldados russos abandonaram os oblasts de Chernihiv e Sumy e nunca chegaram perto do controle total sobre Kharkov, a segunda maior cidade da Ucrânia. A ocupação continuada da zona rural ao norte e leste de Kharkov era um vestígio remanescente daquela primeira fase fracassada da invasão, o que poderia explicar por que foi tão pouco defendida e por que as forças russas, pegas de surpresa, foram tão rápidas em recuar.

Reportagens da imprensa ocidental retrataram a “ofensiva relâmpago” da Ucrânia, como é invariavelmente chamada, como um grande ponto de virada na guerra. Quase todos eles usam a palavra “humilhante” para descrever a perda da área pela Rússia. As defesas russas “colapsaram” e eles “fugiram em pânico”, nos dizem. Isso foi amplamente atribuído à suposta “exaustão” e “baixa moral” das tropas russas. Como resultado, as linhas de batalha foram “redesenhadas” e os contornos da guerra “reformulados”. Putin é considerado “lívido” e “isolado”. Na linguagem maximalista do Conselho do Atlântico, a “vitória ucraniana destruiu a reputação da Rússia como uma superpotência militar”.

Há uma boa quantidade de ilusão em toda essa retórica. Desde abril, ficou claro que Putin, depois de não conseguir tomar Kiev e Kharkov, mudou para um plano B reduzido de garantir uma ponte terrestre para a Crimeia, no sul. Não apenas isso pode ser percebido de uma olhada em um mapa de movimentos de tropas, mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse isso explicitamente em julho.

No futuro, o sucesso ou fracasso dessa jogada estratégica é como o regime em Moscou definirá vitória ou derrota. E a retomada da zona rural de Kharkov pela Ucrânia terá pouco efeito significativo na capacidade da Rússia de manter cidades portuárias críticas ao sul como Kherson, Melitopol, Mariupol e Berdyansk. Neste ponto, Kharkov não é um objetivo tão importante quanto Mykolayiv ou Odessa. Os russos podem facilmente passar sem a ferrovia de Izyum.

O exército ucraniano e a milícia de reserva mostraram extraordinária bravura e resistência em sua defesa de Kiev – coragem inspiradora, na verdade – e golpearam bem acima de seu peso novamente na campanha da semana passada para empurrar os russos para o leste do rio Oskil. Mas para vencer a guerra de uma vez – o que seria uma vitória milagrosa para o azarão – eles precisariam atravessar o Mar de Azov ou retomar um importante centro como as cidades de Donetsk ou Luhansk.

Nas condições atuais, é improvável que isso aconteça. Uma ofensiva ucraniana contra a Kherson ocupada, lançada em conjunto com a blitz a leste de Kharkov, não produziu ganhos apreciáveis. As linhas de batalha em torno de Mykolayiv e Zaporizhzhia mudaram muito pouco desde março. Mesmo que as forças ucranianas no nordeste conservem seu ímpeto e continuem a pressionar a contraofensiva a leste do Oskil, elas podem retomar todo o oblast de Luhansk ao norte do rio Donets e ainda assim não colocar em perigo o controle russo da costa e da Crimeia.

A guerra é imprevisível, e é sempre possível que uma concatenação inesperada de perdas russas realmente possa precipitar um colapso total da força expedicionária de Moscou e uma retirada completa do Donbass. Há uma pergunta assustadora não respondida de como o regime de Putin responderia nessa eventualidade, porque eles mantiveram certas munições altamente destrutivas em reserva, mas provavelmente é prematura, a menos e até que a Ucrânia acumule ganhos territoriais adicionais.

O clima de inverno que se aproxima, que pode ser brutalmente frio e gelado na Ucrânia, provavelmente desacelerará os movimentos de tropas e talvez os faça quase parar (como aconteceria no Afeganistão todo inverno). Em um sentido mais metafórico, o conflito pode já estar congelado. Desde cerca de maio, essa tem sido cada vez mais a realidade fria e dura, por mais que os propagandistas de ambos os lados detestem admitir.

Um “conflito congelado” é o termo para uma guerra cujas linhas de batalha endureceram e congelaram, mas sem nenhuma trégua ou tratado para ceder formalmente o território conquistado ao agressor, resultando em uma espécie de zona cinza no mapa – pontos mortos na ordem internacional. Exemplos incluem territórios ex-soviéticos como Transnístria, Abkhazia e Ossétia do Sul, que legalmente pertencem à Moldávia no caso da Transnístria e Geórgia no caso dos outros dois, mas que foram ocupados pela Rússia durante anos.

Os estados fantoches da Rússia no Donbass são apenas a adição mais recente a essa ideia de vassalagem quase soberana em países que costumavam pertencer à URSS. Em parte, porque as pessoas de lá são cultural, étnica e linguisticamente inclinadas para a Rússia. É por isso que Putin os atacou em primeiro lugar.

“Conflito congelado” também pode descrever estados fraturados e balcanizados como Iraque, Síria, Líbia, Somália, Iêmen, Mali e outros locais de intervenção dos EUA e da OTAN. Nesses países, as agências militares e de inteligência dos EUA, muitas vezes agindo por meio de proxies, derrubaram com sucesso ou desestabilizaram mal o governo existente, mas não conseguiram instalar completamente um regime substituto que fosse subserviente a Washington e capaz de governar com eficácia.

Senhores da guerra, gângsteres, jihadistas, mercenários, traficantes de escravos, traficantes de armas, traficantes de drogas, paramilitares e espiões fluíram para o vácuo de poder. Na Síria, que é parcialmente ocupada por forças dos EUA até hoje, a Rússia também interveio, resultando em uma divisão com dois terços do país governados por uma coalizão apoiada pela Rússia e o restante controlado por forças americanas e soldados de operações especiais.

Esse tem sido o status quo na Síria por quase uma década; e nesta conjuntura, apesar da contraofensiva de Kharkov, parece ser o futuro mais provável para a Ucrânia também: uma guerra que nunca termina, em um país azarado preso entre duas superpotências do passado, nenhuma das quais tem a capacidade de ganhar sem rodeios, nem a humanidade para negociar um compromisso, com o resultado de que muitos milhares morrem em vão.


Publicado no Responsible Statecraft.


*Seth Harp é jornalista investigativo e correspondente estrangeiro. Fez reportagens na Ucrânia para a Harper’s Magazine durante os primeiros dois meses da invasão russa. É editor colaborador da Rolling Stone e escreveu sobre militares, conflitos armados e crime organizado para uma variedade de outras publicações, incluindo The New Yorker, The New York Times, The Daily Beast, Texas Observer e Columbia Journalism Review. Harp é veterano de combate da guerra do Iraque e, antes de se tornar jornalista, era advogado e procurador-geral assistente do estado do Texas. Ele vive em Austin, Texas, onde nasceu e foi criado.


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8 pensamentos sobre “Os sucessos ucranianos em uma perspetiva fria

  1. Um reles texto de propaganda, provavelmente encomendado, com uma ténue tentativa de parecer menos parcial aos olhos de quem nada sabe. Falta à verdade repetidamente e contradiz-se em argumentos básicos como se sofresse de alzheimer e se tivesse esquecido do que acabou de escrever.

    A Rússia nunca tentou conquistar Kiev, ao contrário do que este papagaio afirma, não poderia fazê-lo dado que nunca teve efetivos no terreno para esse efeito. Tratou-se claramente de uma finta para fixar o grosso do exército ucraniano na sua capital. Ele afirma que a tomada da ferrovia em Izyum é muito importante (os russos saíram de lá antes mesmo de serem atacados) porque os russos dependem dela para entrega de suprimentos, e mais à frente diz que os russos podem muito bem passar sem essa ferrovia.

    Esquece-se de dizer que a Ucrânia perdeu realmente a guerra nas primeiras duas semanas da Operação, só se mantendo a lutar porque os americanos e a NATO têm afincadamente enviado para lá todas as armas que podem, além dos seus próprios militares de elite. As transmissões de rádio captadas durante a “ofensiva em Kharkov” revelaram que os diálogos entre os operacionais da Ucrânia no terreno eram todos num inglês perfeito.

    E claro, à custa da imolação do povo ucraniano. A sexta mobilização vai ter lugar.

    Também se esquece de dizer que os “estados fantoches russos” do Donbass, como lhes chama, foram desde 2014 bombardeados intensivamente pelas “forças democráticas” da Ucrânia e resistiram heroicamente com grande perda de vidas (cerca de 14 000 mortos). Este tipo de lixo humano faz-me náuseas.

    Vamos esquecer a parte da comédia e falemos agora de coisas sérias. Na verdade, muito sérias.

    “Se houvesse uma guerra nuclear, alguém sobreviveria?”
    “Provavelmente sim. Pensa-se que as pessoas que estivessem em bunkers subterrâneos poderiam sobreviver, ainda que depois não pudessem sair por muitos anos devido à radiação. E as baratas também sobreviveriam.”
    “Céus! E valeria a pena viver num mundo assim?!!!”
    “Bem, depende. Você gosta de baratas?”

    No dia de amanhã, 21 de Setembro, o Parlamento russo (Duma) vai votar, entre outras coisas, uma proposta governativa de Mobilização e Lei Marcial. Sabendo-se como as coisas funcionam na Rússia eu ficaria muito surpreendido se todas as propostas ali apresentadas não fossem aprovadas. O ministro da Defesa, Shoigu, irá fazer um discurso televisivo à nação russa esta noite. (1)

    Esta proposta tem muito provavelmente a ver com os referendos agendados para este mês, entre os dias 23 e 27, em Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, cujo subsequente desenvolvimento representará a anexação pela Rússia de cerca de 15% do território ucraniano, ou uma área do tamanho da Hungria. Se esse territórios se tornarem parte da Rússia por vontade das suas populações, como se espera, então eles serão território russo e a continuação dos ataques a esses territórios será interpretada como ataques diretos à própria Rússia e irá iniciar o caminho sem regresso rumo à III Guerra Mundial. De aí a necessidade da Mobilização Nacional.

    Há uma coisa que eu deixei por dizer no meu texto do dia de ontem, sobre as “críticas” a Putin na própria Rússia, de que falava Soromenho. Por vezes os cronistas avençados do regime não conseguem disfarçar o seu sonho mais molhado de verem Putin ser demitido. Bem, o que eu digo sobre isso é que é preciso ter muito cuidado com o que se deseja.

    É claro que Putin é criticado na Rússia. Os seus críticos mais ferozes são sobretudo a fação ultranacionalista, que o considera um fraco e discorda em absoluto dos procedimentos de luva-de-pelica que o exército russo está a ter na Ucrânia; e, naturalmente, os comunistas, que segundo consta ainda têm fidelizada cerca de 20% da população russa, mas aos quais nunca mais foi permitido entrar no Governo desde o golpe de estado de 1985 que definiu a atual estrutura de Poder ali.

    Estrutura essa que é basicamente uma forma de Capitalismo Monopolista de Estado, em que coligações de oligarcas feitos à pressa num pantanal de corrupção gerado do nada durante a Perestroika, e que ainda usam o aparelho estatal em seu benefício, configurando um sistema a que também se convencionou chamar Fascismo pela afinidade com o partido dos “fascios” de Mussolini.

    Bem, podem os Soromenhos, MSTs e outros ficar descansados que, se Putin não se mostrar capaz de realizar os projetos idealizados no Kremelin, que é quem realmente manda na Rússia, ele será de certeza substituído, e por alguém muito mais radical. No dia em que Kadyrov ou Medvedev estiverem sentados na cadeira do velho espião de falinhas mansas, é que vocês terão razões para ficarem REALMENTE preocupados.

    Ainda não foi há muitos dias que o conselheiro russo Dmitry Medvedev, antigo abnegado adepto do integracionismo europeu, agora convertido ao ultranacionalismo, teve uma bela oratória realmente esclarecedora dirigida ao Ocidente:

    “(…) os ocidentais não poderão ficar sentados em suas casas e apartamentos limpos, rindo de como estão enfraquecendo cuidadosamente a Rússia com as mãos de outras pessoas. Tudo vai arder ao redor deles. Os seus povos vão tomar a dor por completo. Eles terão literalmente a sua terra ardendo e o concreto das ruas derretendo (…)”. (2)

    Então, com uma remessa de mísseis “Sarmat” em fase de conclusão prevista para ser entregue aos operacionais das forças aeroespaciais russas antes de Dezembro próximo, recomendo que tenham algum cuidado com os vossos desejos de Natal este ano.

    P.S.; A referida Mobilização e a consequente Lei Marcial que a mesma deverá implicar, poderá ser ainda um excelente pretexto para que o Governo Russo proceda às necessárias alterações que agora se tornam cada vez mais urgentes no sentido ca centralização do Poder e a continuação do processo em curso de eliminação do que ainda resta de influência dos oligarcas, Como é sugerido neste interessante texto de Sergey Vasilyev publicado em Stalkerzone. (3)

    (1) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/20/mal-pressagio-com-a-possivel-mobilizacao-russa/

    (2) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/13/advertencias-contundentes-do-ministro-das-relacoes-exteriores-da-russia-e-do-conselho-da-federacao-guerra-nuclear-chegando/

    (3) https://www.stalkerzone.org/the-battle-for-dominance-the-general-staff-diligently-portrays-a-lame-duck/

  2. Um reles texto de propaganda, provavelmente encomendado, com uma ténue tentativa de parecer menos parcial aos olhos de quem nada sabe. Falta à verdade repetidamente e contradiz-se em argumentos básicos como se sofresse de alzheimer e se tivesse esquecido do que acabou de escrever.

    A Rússia nunca tentou conquistar Kiev, ao contrário do que este papagaio afirma, não poderia, dado que nunca teve efetivos no terreno para esse efeito. Tratou-se claramente de uma finta para fixar o grosso do exército ucraniano na sua capital. Ele diz que a tomada da ferrovia em Izyum é muito importante (os russos saíram de lá antes mesmo de serem atacados) porque os russos dependem dela para entrega de suprimentos, e mais à frente diz que os russos podem muito bem passar sem essa ferrovia.

    Esquece-se de dizer que a Ucrânia perdeu realmente a guerra nas primeiras duas semanas da Operação, só se mantendo a lutar porque os americanos e a NATO têm afincadamente enviado para lá todas as armas que têm além dos seus próprios militares de elite. As transmissões de rádio captadas durante a “ofensiva em Kharkov” revelaram que os diálogos entre os operacionais da Ucrânia no terreno eram todos num inglês perfeito.

    E claro, à custa da imolação do povo da Ucrânia. A sexta mobilização deverá começar em breve.

    Também se esquece de dizer que os “estados fantoches russos” do Donbass, como lhes chama, foram desde 2014 bombardeados intensivamente pelas “forças democráticas” da Ucrânia e resistiram heroicamente com grande perda de vidas (cerca de 14 000 mortos). Este tipo de lixo humano faz-me náuseas.

    Vamos esquecer a parte da comédia e falemos agora de coisas sérias. Na verdade, muito sérias.

    “Se houver uma guerra nuclear, será que alguém vai sobreviver?”
    “Teoricamente sim, pessoas que estiverem protegidas em bunkers subterrâneos. Ainda que depois não possam sair de lá por muito tempo por causa da radiação. E as baratas também deverão sobreviver.
    “Céus” E valerá a pena viver num mundo assim?!!”
    “Bem, depende. Você gosta de baratas?”

    No dia de amanhã, 21 de Setembro, o Parlamento russo (Duma) vai votar, entre outras coisas, uma proposta governativa de Mobilização e Lei Marcial. Sabendo-se como as coisas funcionam na Rússia eu ficaria muito surpreendido se todas as propostas ali apresentadas não fossem aprovadas. O ministro da Defesa, Shoigu, irá fazer um discurso televisivo à nação russa esta noite. (1)

    Esta proposta tem muito provavelmente a ver com os referendos agendados para este mês, entre os dias 23 e 27, em Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, cujo subsequente desenvolvimento representará a anexação pela Rússia de cerca de 15% do território ucraniano, ou uma área do tamanho da Hungria. Se esse territórios se tornarem parte da Rússia por vontade das suas populações, como se espera, então eles serão território russo e a continuação dos ataques a esses territórios será interpretada como ataques diretos à própria Rússia e irá iniciar o caminho sem regresso rumo à III Guerra Mundial. De aí a necessidade da Mobilização Nacional.

    Há uma coisa que eu deixei por dizer no meu texto do dia de ontem, sobre as “críticas” a Putin na própria Rússia, de que falava Soromenho. Por vezes os cronistas avençados do regime não conseguem disfarçar o seu sonho mais molhado de verem Putin ser demitido. Bem, o que eu digo sobre isso é que é preciso ter muito cuidado com o que se deseja.

    É claro que Putin é criticado na Rússia. Os seus críticos mais ferozes são sobretudo a fação ultranacionalista, que o considera um fraco e discorda em absoluto dos procedimentos de luva-de-pelica que o exército russo está a ter na Ucrânia; e, naturalmente, os comunistas, que segundo consta ainda têm fidelizada cerca de 20% da população russa, mas aos quais nunca mais foi permitido entrar no Governo desde o golpe de estado de 1985 que definiu a atual estrutura de Poder na Rússia.

    Estrutura de Poder essa que é basicamente uma forma de Capitalismo Monopolista de Estado, em que coligações de oligarcas feitos à pressa num pantanal de corrupção gerado do nada durante a Perestroika, e que ainda usam o aparelho estatal em seu benefício, configurando um sistema a que também se convencionou chamar Fascismo pela afinidade com o partido dos “fascios” de Mussolini.

    Bem, podem os Soromenhos, MSTs e outros artistas da nossa praça ficar descansados que, se Putin não se mostrar capaz de realizar os projetos idealizados no Kremlin, que é a entidade que realmente manda na Rússia, ele será de certeza substituído, e por alguém muito mais radical. No dia em que Kadyrov ou Medvedev estiverem sentados na cadeira do velho espião de falinhas mansas, é que vocês terão razões para ficarem REALMENTE preocupados.

    Ainda não foi há muitos dias que o conselheiro russo Dmitry Medvedev, antigo adepto abnegado do integracionismo europeu, agora convertido ao ultranacionalismo, teve uma bela oratória realmente esclarecedora dirigida ao Ocidente: (2)

    “(…) E então os ocidentais não poderão ficar sentados em suas casas e apartamentos limpos, rindo de como estão enfraquecendo cuidadosamente a Rússia com as mãos de outras pessoas. Tudo vai arder ao redor deles. Os seus povos vão tomar a dor por completo. Eles terão literalmente a sua terra queimando e o concreto nas ruas derretendo.”

    Com uma remessa completa de mísseis Sarmat em fase de conclusão e com entrega às Forças Aeroespaciais russas prevista para antes de Dezembro próximo, eu sugeria que tivessem algum cuidado com os vossos desejos de Natal este ano.

    P.S.: A referida Mobilização e a provável Lei Marcial que lhe deverá estar associada, serão talvez uma excelente oportunidade para que o Governo Russo possa implementar as medidas que há muito se impõem no sentido da centralização do Poder e do fim da influência dos oligarcas.Como é referido por Sergey Vasilyev no seu interessante artigo publicado em Stalkerzone. (3)

    (1) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/20/mal-pressagio-com-a-possivel-mobilizacao-russa/

    (2) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/13/advertencias-contundentes-do-ministro-das-relacoes-exteriores-da-russia-e-do-conselho-da-federacao-guerra-nuclear-chegando/

    (3) https://www.stalkerzone.org/the-battle-for-dominance-the-general-staff-diligently-portrays-a-lame-duck/

  3. Um reles texto de propaganda, provavelmente encomendado, com uma ténue tentativa de parecer menos parcial aos olhos de quem nada sabe. Falta à verdade repetidamente e contradiz-se em argumentos básicos como se sofresse de alzheimer e se tivesse esquecido do que acabou de escrever.

    A Rússia nunca tentou conquistar Kiev, ao contrário do que este papagaio afirma, não poderia, dado que nunca teve efetivos no terreno para esse efeito. Tratou-se claramente de uma finta para fixar o grosso do exército ucraniano na sua capital. Ele diz que a tomada da ferrovia em Izyum é muito importante (os russos saíram de lá antes mesmo de serem atacados) porque os russos dependem dela para entrega de suprimentos, e mais à frente diz que os russos podem muito bem passar sem essa ferrovia.

    Esquece-se de dizer que a Ucrânia perdeu realmente a guerra nas primeiras duas semanas da Operação, só se mantendo a lutar porque os americanos e a NATO têm afincadamente enviado para lá todas as armas que têm além dos seus próprios militares de elite. As transmissões de rádio captadas durante a “ofensiva em Kharkov” revelaram que os diálogos entre os operacionais da Ucrânia no terreno eram todos num inglês perfeito.

    Também se esquece de dizer que os “estados fantoches russos” do Donbass, como lhes chama, foram desde 2014 bombardeados intensivamente pelas “forças democráticas” da Ucrânia e resistiram heroicamente com grande perda de vidas (cerca de 14 000 mortos). Este tipo de lixo humano faz-me náuseas.

    Vamos esquecer a parte da comédia e falemos agora de coisas sérias. Na verdade, muito sérias.

    “Se houver uma guerra nuclear, será que alguém vai sobreviver?”
    “Teoricamente sim, pessoas que estiverem protegidas em bunkers subterrâneos. Ainda que depois não possam sair de lá por muito tempo por causa da radiação. E as baratas também deverão sobreviver.
    “Céus” E valerá a pena viver num mundo assim?!!”
    “Bem, depende. Você gosta de baratas?”

    No dia de amanhã, 21 de Setembro, o Parlamento russo (Duma) vai votar, entre outras coisas, uma proposta governativa de Mobilização e Lei Marcial. Sabendo-se como as coisas funcionam na Rússia eu ficaria muito surpreendido se todas as propostas ali apresentadas não fossem aprovadas. O ministro da Defesa, Shoigu, irá fazer um discurso televisivo à nação russa esta noite. (1)

    Esta proposta tem muito provavelmente a ver com os referendos agendados para este mês, entre os dias 23 e 27, em Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, cujo subsequente desenvolvimento representará a anexação pela Rússia de cerca de 15% do território ucraniano, ou uma área do tamanho da Hungria. Se esse territórios se tornarem parte da Rússia por vontade das suas populações, como se espera, então eles serão território russo e a continuação dos ataques a esses territórios será interpretada como ataques diretos à própria Rússia e irá iniciar o caminho sem regresso rumo à III Guerra Mundial. De aí a necessidade da Mobilização Nacional.

    Há uma coisa que eu deixei por dizer no meu texto do dia de ontem, sobre as “críticas” a Putin na própria Rússia, de que falava Soromenho. Por vezes os cronistas avençados do regime não conseguem disfarçar o seu sonho mais molhado de verem Putin ser demitido. Bem, o que eu digo sobre isso é que é preciso ter muito cuidado com o que se deseja.

    É claro que Putin é criticado na Rússia. Os seus críticos mais ferozes são sobretudo a fação ultranacionalista, que o considera um fraco e discorda em absoluto dos procedimentos de luva-de-pelica que o exército russo está a ter na Ucrânia; e, naturalmente, os comunistas, que segundo consta ainda têm fidelizada cerca de 20% da população russa, mas aos quais nunca mais foi permitido entrar no Governo desde o golpe de estado de 1985 que definiu a atual estrutura de Poder na Rússia.

    Estrutura de Poder essa que é basicamente uma forma de Capitalismo Monopolista de Estado, em que coligações de oligarcas feitos à pressa num pantanal de corrupção gerado do nada durante a Perestroika, e que ainda usam o aparelho estatal em seu benefício, configurando um sistema a que também se convencionou chamar Fascismo pela afinidade com o partido dos “fascios” de Mussolini.

    Bem, podem os Soromenhos, MSTs e outros ficar descansados que, se Putin não se mostrar capaz de realizar os projetos idealizados no Kremelin, que é quem realmente manda na Rússia, ele será de certeza substituído, e por alguém muito mais radical. No dia em que Kadyrov ou Medvedev estiverem sentados na cadeira do velho espião de falinhas mansas, é que vocês terão razões para ficarem REALMENTE preocupados.

    Ainda não foi há muitos dias que o conselheiro russo Dmitry Medvedev, antigo adepto abnegado do integracionismo europeu, agora convertido ao ultranacionalismo, teve uma bela oratória realmente esclarecedora dirigida ao Ocidente: (2)

    “(…) E então os ocidentais não poderão ficar sentados em suas casas e apartamentos limpos, rindo de como estão enfraquecendo cuidadosamente a Rússia com as mãos de outras pessoas. Tudo vai arder ao redor deles. Os seus povos vão tomar a dor por completo. Eles terão literalmente a sua terra queimando e o concreto nas ruas derretendo.”

    Então, com uma remessa completa de mísseis Sarmat em conclusão e com entrega às Forças Aeroespaciais russas prevista para antes de Dezembro próximo, eu sugeria que tivessem algum cuidado com os vossos desejos de Natal este ano.

    P.S.: A referida Mobilização e a provável Lei Marcial que lhe deverá estar associada, serão talvez uma excelente oportunidade para que o Governo Russo possa implementar as medidas que há muito se impõem no sentido da centralização do Poder e do fim da influência dos oligarcas.Como é referido por Sergey Vasilyev no seu interessante artigo publicado em Stalkerzone. (3)

    (1) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/20/mal-pressagio-com-a-possivel-mobilizacao-russa/

    (2) https://geopoliticaatual.wordpress.com/2022/09/13/advertencias-contundentes-do-ministro-das-relacoes-exteriores-da-russia-e-do-conselho-da-federacao-guerra-nuclear-chegando/

    (3) https://www.stalkerzone.org/the-battle-for-dominance-the-general-staff-diligently-portrays-a-lame-duck/

    • É, mas não deixa de cometer os seus erros.

      Vou destacar este:
      «O clima de inverno que se aproxima, que pode ser brutalmente frio e gelado na Ucrânia, provavelmente desacelerará os movimentos de tropas e talvez os faça quase parar»

      Que eu saiba, no clima de Inverno, no final de Fevereiro, com neve e gelo e sem folhas nas árvores, foi quando a Rússia mais avançou e mais depressa o fez.

      E destaco também este:
      «Desde a bem-sucedida defesa de Kiev, o governo Zelensky não conseguiu uma vitória tão importante no campo de batalha (…) A Rússia já havia perdido a guerra no norte. Após o colapso de seu ataque a Kiev em março»

      Que eu saiba, nem se somarmos o total dos soldados Russos+LDPR+PMC de toda a SMO, nem mesmo assim se chega a um número de soldados suficientes para conquistar e ocupar Kiev. Ou seja, nunca foi esse o objectivo.

      Aliás, como se viu, a Rússia chegou onde quis chegar, cercou Kiev por 3 lados, como é típico na sua tática, e isso teve como objectivo dois sucessos: fixar tropas Ucranianas aí enquanto avançada no Sul, e obrigar Kiev a voltar a pelo menos pensar nos acordos de Paz (depois do os ter violado e dado início à guerra, novamente, a 16-Fevereiro-2022).

      A Rússia chegou onde quis, à velocidade que quis, e manteve-se lá até querer. Depois, saiu ordeiramente e depressa, por dois motivos: concentrar-se na libertação das zonas cheias de trincheiras (reforçadas ao longo de 8 anos), e dar um sinal de “boa fé” para o avanço das negociações dos novos acordos de paz, que o império genocida Ocidental proibiu o ditador Ucraniano de assinar, para alegria dos Nazis que querem é mais guerra e morte.

      E não podia deixar escapar este, que é de facto um parte de propaganda:
      «Em parte, porque as pessoas de lá são cultural, étnica e linguisticamente inclinadas para a Rússia. É por isso que Putin os atacou em primeiro lugar.»

      Não foi o Putin que os atacou. Foi a NATO/EUA e a ditadura Ucraniana com seu exército de Nazis, que atacou essas pessoas. Morreram +13 mil, entre civis e ex-civis que se dedicaram a defender-se das armas Nazi/Nato. O que Putin fez em 2022 não foi um ataque, foi a resposta de DEFESA perante a violação dos acordos de paz de Minsk. E não foi “o Putin”, foi a Rússia, de acordo com a concordância da esmagadora maioria da população Russa, e de acordo com a ainda mais esmagadora maioria dos Ucranianos pró-Democracia e anti-Nazi/Nato do Donbass.

      Putin não acordou no dia 24-Fevereiro-2022 e “apeteceu-lhe” atacar o país vizinho, do nada, sem provocação nem justificação, sem contexto nem história. E quem diz o contrário, como o autor do texto fez neste pedaço de texto, está a repetir a propaganda do império genocida dos EUA/Nato+vassalos.

      NOTA: já agora, faço um reparo à propaganda da Rússia, que durante vários dias esteve calada perante a de facto derrota humilhante na contra-ofensiva Ucraniana no oblast de Kharkiv, e que depois teve a real lata de, num comunicado do MoD Russo, dizer que estava só a fazer um “reposicionamento” de tropas para o “sucesso da SMO”.

      Os propagandistas Russos diziam que era uma tática para criar caldeirões, uma estratégica para extender as forças ucranianas, uma armadilha. E depois da derrota ser evidente, passaram a dizer que foi uma “vitória” no sentido em que era necessário um “contra-tempo” assim de forma a justificar as notícias que estamos hoje a poder ler: mobilização de mais 300 mil soldados, e escalada no conflito. Teme-se o pior.

      E ainda o anúncio da anexação de territórios (ainda antes de se conhecer resultados dos referendos…) onde, ao contrário do que aconteceu na Crimeia e no Donbass, não há uma clara maioria pró-anexação, nem há legitimidade para fazer tais referendos nesta situação de ocupação e guerra de facto, com tantos residentes deslocados/refugiados e sem possibilidade de decidir.
      Que o governo pró-Russo do oblast de Zaporoje anuncie que o resultado do referendo será em relalação à totalidade do território administrativo do oblast (ie. incluindo a parte Norte do oblast onde está a capital Zaporoje, onde a Rússia não conseguiu chegar), só torna a coisa ainda mais anedótica.

      Mas lá está. Quem invade os países todos à sua volta, e faz o que está a fazer no Kosovo, não merece que os outros se portem de maneira diferente. Agora, é lidar.

      • Meu caro Carlos Marques, aquilo não é exatamente um jogo de futebol em que se espera o desportivismo dos contendores para valorizar o mérito do adversário. E a Rússia não tem obrigação nenhuma de vir para a praça pública reconhecer seja o que for para lhe agradar a si. As guerras ganham-se no campo de batalha e não na Imprensa. A “Propaganda” é arma dos americanos e serve para o enganar a si e às populações do ocidente que lhes estão sujeitos, para as manter sob controle. Não influencia em absolutamente nada o sentido da guerra.

        A guerra é precisamente um jogo de enganos em que muitas vezes se torna determinante dar ao inimigo uma ilusão de superioridade para melhor o derrotar. A verdade do que acontece no terreno não é para ser divulgada na praça pública .

        A “ofensiva ucraniana” visava cercar as tropas russas e “apanhou o ar”, por assim dizer. Sofreu baixas pesadíssimas, como é reconhecido por todos os observadores independentes. Ela só fará sentido se puder continuar a avançar, caso contrário terá que ser considerada um fracasso. Na verdade as tropas em ofensiva estão a ser aniquiladas e só ainda sobrevivem em parte porque se dividiram em pequenos grupos e se ocultam nas florestas, ao estilo da guerrilha. Deste modo podem até infiltrar-se mais nos territórios do Donbass, mas não em condições de fazer muitos estragos. Ainda temos que esperar para ver como aquilo vai acabar.

        Não me parece que as forças da NATO disfarçadas de ucranianas tenham meios e efetivos ali para realmente inverterem o sentido da guerra. Não me parece que tenham segundas e terceiras linhas como é obrigatório num avanço. E em caso de necessidade os russos podem em poucas horas duplicar os seus efetivos. Se não o fizeram ainda é porque não têm interesse nisso. As distâncias são um fator determinante na logística militar.

        Os ucranianos estiveram seis meses a “levar no coiro”, depois conseguiram juntar meios para uma investida localizada e de alcance limitado, e de repente parece que ganharam a guerra. A propaganda ocidental no seu melhor a moldar as opiniões dos ocidentais. E a sua por inerência, embora você não se aperceba. Se percebesse era porque ela não tinha sucesso. O facto de o exército russo se manter no terreno com o mesmo número de efetivos com que começou a operação diz muito. A Ucrânia já perdeu para cima de 200 000 soldados, mais do que o número total dos russos, e isto é reconhecido por generais e relatórios oficiais ucranianos do próprio MD. Os voluntários e forças populares locais são outra coisa.

        As guerras em que uma das partes nunca sofre revezes e não tem baixas só acontecem na Banda Desenhada e nas séries de televisão Baratas do tipo “Ação em Miami”. Todo o aparato bélico disponível da NATO já está a ser aplicado na Ucrânia desde há meses. Em minha opinião com resultados bastante pobres. A propaganda ocidental esforça-se por lhe vender a si a ideia de que é o exército ucraniano que luta contra os russos, e pelos vistos consegue. Vou esclarecê-lo: o exército ucraniano na verdade perdeu a guerra nos primeiros 15 dias de conflito. E só o facto de os russos terem planeado uma ação limitada ali é que permitiu o arrastar da guerra.

        Esse terá sido o erro russo, demasiado preocupados com a opinião internacional. Demasiado divididos internamente por interesses capitalistas diversos que impediram até agora uma verdadeira ação uniforme e centralizada. Até os gregos antigos sabiam que quando em situação de guerra era preciso colocar a democracia em espera e eleger um líder com poderes totais. Essa é a origem da palavra “tirano”.

        Os russos nunca bombardearam Kiev como os americanos teriam feito. Nunca arrasaram os edifícios governamentais para decapitar o regime. E ainda podem fazê-lo quando quiserem, se a lógica da “Operação Especial” evoluir para uma lógica de guerra, como me parece que será inevitável a prazo. Caso contrário acabarão por ter ali um novo Afeganistão.

        Esta Rússia ainda muito influenciada e dividida pelas oligarquias fascistas não tem nada que ver com a Rússia de Estaline que venceu a II Grande Guerra e libertou a Europa em 39/45 e é muito possível que venha a ter de mudar internamente para poder manter uma guerra de longo curso com as forças da NATO. Note que eu digo “com a NATO” e não com a Ucrânia. A Ucrânia é apenas um intermediário, da mesma forma que ingleses e franceses usavam os índios americanos e os povos da Ásia e da África uns contra os outros. São as forças especiais americanas e inglesas que agora mantêm a Ucrânia “viva” no conflito. Já não chegam as armas mais modernas para lá exportadas, que de resto os militares ucranianos não saberiam manejar.

        Muito importante será o resultado da reunião da Duma no dia de hoje. Mais do que os últimos desenvolvimentos recentes no terreno, será ali que poderá ser decidido o próximo destino do mundo.

        Caso você ainda não tenha reparado, vivemos já em plena III Guerra Mundial. “Tempos interessantes”, como dizem os chineses.

      • Alguém que leu sobre os problemas alemães e trocou o problema da lama e falta de equipamento pelo problema do inverno rigoroso na Finlândia; percebe-se, mas é tosco e falha o alvo.

    • oxisdaquestaoblog, ele diz que os russos (Putin) atacaram os povos russófonos do Donbass “em primeiro lugar”. Leia o texto outra vez. Agora com os olhos abertos de preferência. Este é um texto cuidadosamente elaborado para propagar a versão de Washington sem que pessoas ignorantes se apercebam e pensem que há ali alguma coisa parecida com honestidade intelectual. Puro lixo.

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