Dança com bobos

(Por José Gabriel, in Facebook, 25/08/2022)


Não têm faltado notícias mais ou menos pitorescas – tratadas como escândalos – sobre a primeira-ministra da Finlândia. É um regabofe. Uns atacam, outros defendem. E assim se vão entretendo, com farrapos de acontecimentos irrelevantes, caricatos e patetas, as atenções internas e externas. De tal sorte que se instalou a politicamente correcta atitude “touche pas Sanna Marin” – só falta um “je suis Sanna” – e, assim, se tenta desarmar a crítica política que importa, realmente, fazer.

E, no entanto, foi o governo finlandês presidido por Sanna Marin quem decidiu a adesão à NATO, traindo princípios, compromissos, entregando à sua sorte – ou à morte – os que jurou proteger. Os curdos lá exilados que o digam. A primeira-ministra sueca está a fazer o mesmo que que sua colega finlandesa, mas, sendo pessoa mais discreta, não fornece aos especialistas de entretenimento e desvio de atenção das massas, material de pasto para os tabloides.

Estamos a assistir a um deprimente espectáculo de proxenetismo político ao vivo e a cores e os jornais insistem em entreter-nos com inanidades.

Erdoğan, inesperada prima donna desta ópera bufa, exulta. Biden só não dá saltinhos porque a idade já vai avançada. A nata da NATO canta vitória.

Mas a malta fala é da dança. E a questão que parece importar é se a senhora bebeu ou tomou alguma coisa, ai caredo!…

Nada disto é novo, claro. Está nos manuais de manipulação de opinião, de propaganda subliminar, enfim, a velha prática de prostituição política no seu pior.

Não é, pois, da dança da senhora primeira-ministra que se trata. Trata-se de nos pôr a dançar a música que a eles lhes convém.

Só dança quem quer, direis. Oxalá fosse tão simples.


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Um pensamento sobre “Dança com bobos

  1. É exatamente este o meu ponto de vista sobre este assunto. Areia “woke” para os olhos dos distraídos. Enquanto se fala da espuma dos dias e se contribui para o culto da personalidade de mais um líder pró-Raytheon, não se fala das violações de Direitos Humanos e outros crimes de guerra cometidos pelo regime ocidental, que neste momento tem ZERO da chamada “democracia”. As eleições por cá, são uma ilusão, ou uma farsa. Se as pessoas votam quase todas manipuladas, então não há verdade. Se não há verdade, não há legitimidade nas opções tomadas, e isso é o oposto de Democracia.

    Não sendo eu nem adepto do regime Castrense nem do regime Russo, tenho de dar a mão à palmatória e parafrasear Fidel Castro: a Rússia já derrotou o nazi-fascismo uma vez na Europa, e vai ter de o fazer novamente, mas nessa segunda vez os Ocidentais vão chamar-lhe “democracia”.

    Cada vez mais assino por baixo esta frase. Muito infelizmente.

    Eu faria like a uma foto das valentes guerrilheiras Curdas pró-Democracia do YPJ, de Rojava.
    A maioria da manada manipulada não faz ideia sequer do que eu estou a falar. Vão é todos fazer like aos vídeos de uma bêbada a dançar. O culto da personalidade da violadora de Direitos Humanos vale mais para essa gente do que os Direitos Humanos dos refugiados Curdos. Deve ser a isto que chama os “valores europeus”…

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