Claro que caminhamos todos alegremente para o abismo

(José Neto, 28/07/2022)


(Este texto resulta de um comentário a um artigo que publicámos de Jorge Figueiredo ver aqui. Entretanto, resolvi dar-lhe a divulgação que, penso, merece.

Estátua de Sal, 28/07/2022)


Desde sempre, em todas as civilizações humanas, existiram movimentos de cariz mais ou menos esotérico, religiosos ou profanos, seitas diabólicas, adoradores de OVNIS e extraterrestres, etc. Na sua esmagadora maioria são apenas pessoas com interesses comuns, que se juntam para discutir os temas que lhes tocam numa base essencialmente intelectual.

Apenas como exemplo, poderei citar a Escola Pitagórica, que na antiga Grécia, pensa-se que por meados de 400 a.C., muito terá contribuído para o desenvolvimento da Matemática e da Astronomia, era ao mesmo tempo uma seita esotérica de cariz profundamente espiritual. Poderia lembrar também a conhecida Ordem religiosa e militar dos Templários, ou as contemporâneas Opus Dei e Maçonaria, etc.

Algumas dessas organizações poderão parecer-nos mais ou menos tenebrosas ou perfeitamente ridículas, dependendo do ângulo de análise, mas de maneira geral elas produzem apenas “conversa fiada” e não têm nenhuma capacidade de influenciar o mundo real, ainda que muitas vezes os seus membros se convençam que sim.

E se quisermos construir uma boa “teoria da conspiração”, também podemos apanhar uma frase aqui e outra ali, um movimento acolá, encontrar algumas conexões reais ou aparentes, enquadrar tudo num “gestalt” idealizado por nós de acordo com o que pretendemos mostrar, especular mais um bocado e pronto, temos a nossa bela teoria pronta a servir.

E quero ressalvar que tudo isto se pode fazer de forma absolutamente honesta, como me parece ser o caso do Jorge Figueiredo, e deve ser considerado um exercício intelectual perfeitamente válido por representar um contributo para a compreensão da problemática em apreço.

Eu não tenho como saber se os filósofos do Capitalismo de Davos acreditam mesmo que poderão levar a cabo os seus conceitos económicos associados ao “Great Restart” ou se aquilo foi apenas uma discussão académica. Do que eu não tenho dúvidas é que esse projeto nunca poderá ser concretizado porque eles apenas têm capacidade de influenciar menos de 20% das economias mundial. E ainda por cima a parte que eles mais ou menos controlam em breve será colocada numa espécie de “quarentena económica” pelo restante da Humanidade.

Se de alguma forma eles tentassem baixar os níveis de vida dos cidadãos dos seus próprios países e eles começassem a ver os países asiáticos, latino-americanos e africanos passar-lhes à frente, poderiam contar de certeza com uma reação infernal das massas. Isto ainda vai muito no princípio e já se começa a ver alguma coisa. Muitos mais governos europeus vão cair dentro em breve.

Vejamos agora as citadas declarações da Secretária do Tesouro dos EUA Janet Yellen.

O problema é que as economias ocidentais estão a chegar naturalmente ao seu ponto de rotura, como é natural no sistema capitalista com as suas crises cíclicas. De vez em quando vem uma realmente grande. 1900, 1930, etc. E sabemos ao que essas deram origem.

A produção de bens de consumo das empresas está a exceder a capacidade de escoamento desses bens pela população, e isso é agravado pela quebra nas exportações para o chamado “Terceiro Mundo”, que tem vindo a criar os seus próprios mercados e é já capaz de produzir as mesmas coisas que os países “ricos” produzem, e muito mais barato.

A redução da produção poderá então parecer uma boa medida, pelo menos para quem é Secretária do Tesouro mas não percebe nada de Economia. É que os custos fixos das empresas (instalações, empréstimos, amortizações, etc.) mantêm-se constantes, eles não dependem do volume da produção, e se as receitas baixarem isso vai arruinar a maioria dessas empresas. Elas apenas podem atuar sobre os custos variáveis, reduzindo matérias-primas e despedindo pessoal. E o aumento do desemprego daí resultante irá por sua vez afetar ainda mais o poder de compra da população. E a partir daí o caminho é sempre para baixo…

Podemos pegar nas teorias apocalípticas que preconizam a redução da população mundial. Mais uma vez, conversa fiada. O Capitalismo não tem interesse nenhum em reduzir a massa de consumidores que lhe garantem a própria sobrevivência. Nem vou perder tempo com isso.

Mas crescem cada vez mais as evidências de que algumas pandemias modernas poderão ter a mão criminosa dos Estados Unidos por detrás, e começa também a tornar-se muito suspeito que sejam justamente os países de que os americanos não gostam, como a China e o Irão, que mais sofrem com os novos surtos virais, apesar de não serem nem de perto os que têm menos condições sanitárias.

O Covid-19 poderá muito bem ser um projeto de guerra biológica que se terá descontrolado, (Ver aqui), e acabou por ditar a queda de Trump, que obviamente nunca percebeu nada do que estava a acontecer. Existem forças poderosas na América Profunda que têm os seus próprios tentáculos e a sua própria agenda. E sabemos hoje também que farmacêuticas como a Pfizer estavam comprometidas com os laboratórios militares americanos na Ucrânia.

Mas o problema central tem a ver com a sobreimpressão de dinheiro e mais dinheiro feita de forma alegre e descuidada durante muitos anos nos Estados Unidos e na União Europeia, que gerou uma dívida monstruosa e está literalmente a fazer explodir todo o sistema.

Haverei de falar disto mais em pormenor em outra ocasião, mas é preciso ter presente que uma nota de dólar ou euro não é na verdade dinheiro, porque não está associada a nada que tenha valor desde que os países abandonaram o padrão-ouro. Em rigor, são notas de dívida e a sua aceitação depende exclusivamente da confiança dos agentes envolvidos nos mercados de capitais. O Professor Jorge Vilches explica isto muito bem num dos seus últimos artigos no “Blog do Saker”. Foi por isso que, quando Putin assinou um memorando que podia ser interpretado como pondo em causa o fornecimento de gás à Europa no imediato, o Euro deu imediatamente um trambolhão de 20%.Tudo na economia capitalista é volátil porque ela está estabelecida em cima de nada.

Finalmente, a questão ecológica. Eu por acaso também já tinha reparado que aquela garotinha irritante, a Greta Thunberg, se tem destacado pelo silêncio, justamente agora que a Alemanha se apressa a arrasar as suas queridas florestas para produzir carvão vegetal e se aquecer no Inverno, e convenhamos que a Guerra na Ucrânia não parece ser uma coisa lá muito ecológica também. Mas presumi que ela deverá andar atarefadíssima a pôr a sua matéria escolar finalmente em dia.

Meu caro Jorge Figueiredo, o CO2 não é tão inofensivo assim. Aliás, qualquer alteração verificada na composição do ar que nós respiramos terá de certeza influência na saúde das pessoas e dos animais. Não fomos feitos para respirar escapes de automóveis.

Mas a característica mais nefasta do dióxido de carbono no tempo em que vivemos, é que ele tem a propriedade de absorver a energia do Sol, ou o calor, se quisermos. E portanto, quanto mais CO2 houver na atmosfera maior é o aquecimento da mesma. Isto está demonstrado cientificamente, é consensual na comunidade científica e o degelo polar acelerado está aí para o provar. Ainda este ano, em pleno Inverno, foram medidas temperaturas de 20 graus positivos no Alasca. E todas as previsões cientificamente fundamentadas apontam para resultados catastróficos num breve futuro, que de resto já se estão a fazer sentir em Portugal no presente.

Os russos e os chineses não contestam o aquecimento global, só põem em causa que ele aconteça devido ao seu petróleo – os russos -, e às suas centrais a carvão – os chineses -, e percebe-se porquê. Além disso, o aquecimento global irá libertar vastas terras, agora geladas, para cultivo e exploração mineira nos seus respetivos países, que eles gostarão de explorar.

A preocupação dos movimentos ecologistas e dos defensores da vida animal pelo mundo é perfeitamente justificada. Como dizem os garotos, não há planeta B. O problema é que o Capitalismo não perdeu tempo em se apoderar da Ecologia para com ela fazer dinheiro, “chutando para canto” as medidas preconizadas pela Ciência que realmente poderiam salvar o ecossistema para que os nossos filhos e netos nele possam viver. Hei de voltar a falar nisto quando tiver oportunidade.

Claro que caminhamos todos alegremente para o abismo. Toda a gente que sabe alguma coisa, sabe isto. Realmente, é um azar dos diabos não haver o tal planeta B. Mas nada dura para sempre, e isto inclui a espécie humana. As baratas portarão o nosso legado. Duvido que mais alguma coisa consiga viver por aqui quando tivermos acabado o trabalho.


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13 pensamentos sobre “Claro que caminhamos todos alegremente para o abismo

  1. Muito bem.

    Vou tentar ser rápido só para criticar a injustiça que cometeu com uma rapariga:

    «Eu por acaso também já tinha reparado que aquela garotinha irritante, a Greta Thunberg, se tem destacado pelo silêncio, justamente agora que a Alemanha se apressa a arrasar as suas queridas florestas para produzir carvão vegetal e se aquecer no Inverno»

    A Greta Thunberg é um ser humano cheio de mérito, de noção, de prioridades no sítio certo, de honestidade e frontalidade. Tem concerteza defeitos, como temos todos. Mas é um exemplo pelo que faz e pelo que diz.
    Infelizmente é também exemplo, sem ela saber, ou sabendo mas sem ter culpa, do pior que existe nos meios de comunicação social generalistas. Houve um momento em que o assunto Greta Thunberg vendia. Agora já não vende.

    A rapariga continua a fazer o que sempre fez: anda a pé, de bicicleta, ou transportes públicos. Evita comer carne criada graças à destruição da Amazónia (a mim também não me custou nada deixar de comer picanha Brasileira), remenda as roupas em vez de sucumbir às tentações da moda e do consumismo. E continua a levantar a voz em nome do seu futuro, do futuro da sua geração, e do futuro de todos nós.

    Ela não tem culpa que a Alemanha seja gerida por idiotas. Aliás, a rapariga nem sequer tem o direito de votar na Alemanha. Os maluquinhos da Alemanha é que acharam que a melhor forma de servir os interesses do seu dono (EUA/NATO) era apoiar uma ditadura nazi, era fechar centrais nucleares, parar de usar gás russo, e passar a queimar carvão…

    O que é que a Greta Thunberg pode fazer? Faz o mesmo a que nos habituou. Se já não há holofotes nem câmaras dos MainStream Media apontados à sua cara, isso não é culpa dela. Se há confinamento que impede multidões de se juntarem ao seu protesto, isso não é culpa dela. Eu sigo-a numa rede social, e sei que todos os dias lá está ela, na luta pelo nosso futuro, da maneira que pode. Uma simples rapariga em idade escolar.

    Ela faz o que um ser humano comum pode fazer. E eu também. Até já aprendi e mudei hábitos graças à sua influência. Por exemplo, no momento em que escrevo, estou a vestir uma t-shirt com um buraco (graças às unhas de certa bicharada cá em casa…). Quando tiver tempo vou remendar (ou melhor, pedir um favor a quem sabe remendar). Não vou comprar uma nova. Se comentarem na rua, mando-os à m*rda e continuo a ter razão.

    Custa assim tanto aos outros aceitar isto? Se custa, tenho pena mas não peço desculpa: estão a mais neste planeta. Embirrar com a Greta Thunberg é só uma maneira de não admitirem os próprios defeitos, erros, e estupidez. Ou é o ataque fácil contra um alvo indefeso.

    Pior mesmo, só os MainStreamMedia que fizeram audiências graças a uma rapariga, deram espaço a alarves que a atacaram (alguns a mando dos seus corruptores nas indústrias poluentes), e fazem da Alterações Climáticas uma moda ou uma nota de rodapé, consoante o humor de quem manda na redacção.
    Mas disso, a Greta Thunberg não tem culpa absolutamente nenhuma.

  2. Carlos Marques, beba um chá verde. Precisa.

    A Greta Thunberg foi “criada” por uma organização ambientalista que ninguém conhecia, para um dado objectivo. Esse objectivo esgotou-se na COP26 que abriu a porta às novas oportunidades de negócios “verdes” e respectivos subsídios chorudos, aos mesmos que nunca tiveram problema nenhum em descarregar veneno industrial nos rios da Europa desde que compense mais pagar as multas.

    Agora de repente o gás natural e a energia nuclear já são “verdes”. Mudaram de cor. Os populares de Fukushima, particularmente, devem ter adorado saber disso.

    Claro que agora a Greta está a gostar de ter o seu público na net e dos “likes” que recebe, como qualquer garota famosa que se preze hoje em dia. Espero que a vida lhe corra bem e seja feliz. Mas no que realmente interessa, ela foi apenas material descartável. Foi usada e deitada fora. A estrutura organizacional que a suportava “desapareceu no ar” porque já cumpriu o seu objectivo. Por isso é que ela já não tem visibilidade. Foi o que eu quis transmitir com algum humor à mistura e você não entendeu.

    Obviamente que nada tenho contra a garota. Mas também nunca tive propensão para criar ídolos, sobretudo aqueles feitos à pressa. Não tiro “selfies” nem peço autógrafos. E nunca, mas nunca!, sigo a manada.

    A condição de “jovem” é transitória na vida da pessoa, e por extensão as suas lutas também o são. Veja onde acabaram na sua maioria os militantes do “Maio de 68” em França. Até Durão Barroso começou na Política pela extrema esquerda. A coerência ideológica vai-se provando todos os dias ao longo da vida.

    As coisas são como são.

  3. Sabem como funciona, sabem, pelo menos a parte monetária. Sempre souberam. Tendo as obrigações taxativas internas cobradas num bem de qual são monopolistas, os cidadãos precisam sempre de se esforçar para o obter. Acrescenta-se regulação, garantias (é só mais do mesmo bem), e facilidade de circulação e ninguém quer outra coisa. Bem, ninguém quer, excepto quando não há bens essencials, aí vale tudo, do assignat às madurices.
    É esse o perigo, estando a produção exteriorizada, mas fixa e/ou negociada em dólares graças à gunboat diplomacy e às ameaça conjunta de de bloqueio comercial e incapacidade de lidar com a moeda de troca (o que se fazia às colónias adaptado ao mundo moderno); o perigo, dizia eu, é que se unionizem e façam greve ao mesmo tempo, retirando acesso a mercadorias. O valor não passa a nada, já que as obrigações mantém-se, e ainda há muita produção com procura. Não são tempos fáceis, mas a malta tem comido, e o desemprego dá um jeitaço para os manter mansos. Se não aceitar, também o capital está bem com isso, outra vez, tendo estado ocupado há vários anos a desacreditar alternativas e a limpar a imagem de quem quer impor ordem e respeitinho – ora, com ordem e respeitinho à ordem social, até diria sistema de valores e regras europeu, como não poderiam estar tranquilos? Mais umas bombas e a coisa endireita. Ou mudam-se para a ditadura do lado, é-lhes igual.
    Voltando atrás, enquanto, para uma economia avançada, for necessário importações do ocidente (Windows, AWS, Cloudflare, equipamento industrial sem concorrência,…), que não aconteceu só por acaso, não há uma queda assim tão grande. E a taxa de juro pode sempre voltar ao zero, porque (a economias desenvolvidas) só serve para enriquecer quem nada faz e disciplinar quem faz.

  4. A situação é negra. Para o quadro não é preciso carregar mais nas cores. De facto é tudo um bocado esotérico mas, ao que conta… temos pimpolho! Disso ninguém fala.

    A parteira deu-lhe a água de cu lavado para ele não correr fado. A cigana leu-lhe a sina, vai ter mulher loura. A ferradura está pendurada na porta. Quando chegar a altura atesta-se o rapaz com hóstias. Não queremos herejes cá no pardieiro.

    O velho, esse tá trengo. Não diz coisa com coisa. Há dias caiu abaixo da bicicleta, agora tem covid. No cofre tem uns papéis impressos com a fronha de um antepassado qualquer. Coisas de velho! O sótão está cheio de quinquilharia chinesa. Tem um armário cheio de armas. Só fala de moinhos de vento russos e chineses… Que se há-de fazer?

    O pimpolho diz umas palavritas, percebe-se mal, não sei quê…. multipolar… soberania. Tá forte. Já dá lambadas num dos irmão que trabalha num circo e a mulher posa para a Vogue. Sabes como é, putedo de criar bicho. Quando não se tem juizo é o corpo que padece. Importante é que o mundo goste do moço. Parece que o futuro tem rapaz….

  5. Comentários aos comentários:
    1) Poluente é aquilo que faz mal ao ser humano, tal como o dióxido de enxofre (SO2), os óxidos de nitrogénio (NOx) e em particular o dióxido (NO2), as partículas sólidas (particulate matter) com nanómetros de diâmetro. Mas o CO2 é, insisto, perfeitamente inofensivo. Só os que apregoam a impostura do aquecimento global, e os seus crentes, acreditam nos malefícios do CO2. Para mais esclarecimento ver https://climatologia/impostura_global.html.
    Não se deve acreditar em “consensos” em matéria cientifica. A ciência não é democrática, no sentido de que estabelece as verdades em função de maiorias ou minorias — sobretudo quando as maiorias são arrebanhadas pelo mass media e os seus defensores são financiados para dizer o que dizem e têm os seus empregos e carreiras ameaçados se disserem o contrário.
    2) No entanto, parece-me que esta é uma questão lateral no meu artigo. O ponto principal nele contido é a afirmação de que a presente recessão é DELIBERADA, está a ser intencionalmente criada por agentes humanos. A suspeita de que a classe dominante quer uma crise saneadora para livrar-se das suas agruras deveria ser mais debatida. Não vi contestação a essa tese. Uma explicação válida de um fenómeno deve abranger e ser coerente com todos os fatos conhecidos. Assim, os que não acreditam nesta tese devem apontar as suas possíveis incongruências.
    PS: Os homens de Davos não são filósofos e sim gente que defende os interesses muito concretos da sua classe.

    • Meu caro Jorge Figueiredo, o seu “link” já nem é viável. Mas não importa, já que sobre o problema climático é você que precisa de ser esclarecido. Há sites na Internet a provar que a Terra é plana, você devia escolher melhor as suas fontes.

      Ao contrário de si, eu não tenho dons de telepatia e portanto não tenho a pretensão de saber o que os ideólogos do Capital realmente pensam, mas os Estados Unidos acabam de entrar oficialmente em recessão e não me parece que exista uma estratégia americana que inclua isso.

      A Filosofia pode ser definida como “amizade pelo conhecimento, ou sabedoria” (philo + sophia) e um filósofo é reconhecidamente um estudioso que procura abarcar o conhecimento universal, ou a problemática humana universal. Os ideólogos de Davos, por criarem uma teoria geral da sociedade, identificam-se de facto como filósofos, o que não quer dizer que se tenha de concordar com eles.

      A Filosofia não trata necessariamente da metafísica. Marx também foi reconhecidamente um filósofo, e como tal é estudado na disciplina a nível escolar e universitário, e a sua Filosofia tratava exclusivamente da realidade social mais concreta.

      A sua “teoria” da Ciência nem merece resposta. Você simplesmente não percebeu nada do que eu disse e nem tem a mais pequena ideia de como se estabelece o conhecimento no interior da comunidade científica.

      Acho que afinal fui muito condescendente com o seu texto na minha primeira abordagem. Um texto idiota bem intencionado ainda continua a ser um texto idiota. Você precisa urgentemente de voltar à escola e rever toda a matéria de Letras do ensino Secundário, desde o 1º ano.

      Boa sorte.

  6. Penso que já o fizeram. A humildade é a primeira condição para se aprender alguma coisa. Algo que você não tem. É uma pena, mas não é problema meu. Você escusava de ter procurado o que achou e no fim teve o que merecia. Aproveite a lição e passe bem.

  7. Uma boa noite de sono resolve muitos problemas.

    E pelos vistos origina muitos comentários.

    Gostaria de enumerar algumas ideias que me assaltaram em turbilhão no momento em que acordei e que andam aqui a causar um furo na parte de trás da minha cabeça.

    Quanto à problemática central – sobre se há ou não um plano maquiavélico e um conjunto de ações concertadas para vergar a Humanidade e mais não sei o quê – não me manifesto, porque julgo ser mais importante abordar alguns pontos separadamente e depois então determinar se a ideia é descabida ou meritória de reflexão.

    No que diz respeito às vacinas da Covid-19, creio que é seguro afirmar que elas beneficiaram maioritariamente um grupo populacional: quem as vendeu.

    Não é segredo nenhum que as Vacinas da Covid-19 foram – agora já nem tanto, porque até os “velhinhos” já não caem na esparrela das doses de reforço – e, até certo ponto, são uma manobra publicitária sem precedentes na História da Humanidade.

    De facto, vender, em termos de marketing e não o produto real, a ideia de vacinas “montadas” em três tempos, com técnicas nunca antes utilizadas e tendo a Terceira Fase de testes lugar nas enormíssimas (e também elas montadas em três tempos) campanhas de vacinação mundiais é uma obra que a muitos deixaria invejosos.

    Ora, tudo isto são factos enumerados em diversas ocasiões por José Goulão, já para não mencionar um excelente artigo do mesmo de há um ano atrás a propósito dum contrato de vacinas da Pfizer com um qualquer país da América Latina que não me recorda (Colômbia, Bolívia?), onde estavam presentes as condições absolutamente abjetcas que ilustravam os deveres da parte que adquiria as vacinas – naquele caso, um Governo Estatal – e os deveres da Farmacêutica Pfizer.

    Pois bem, parece então que em casos de reações adversas, os governos estavam proibidos de perseguir ações judiciais contra a Farmacêutica.

    Se houvesse lotes estragados (fossem as caixas onde as vacinas viajassem, fossem os frascos, fossem as próprias vacinas que, por alguma razão, estivessem em condições de não administração das mesmas à população), o Governo tinha de assumir os custos, não podia pedir novas vacinas e não podia processar a Pfizer.

    Eu não sou nem nunca fui anti vacinas. Tenho-as todas em dia (e até tenho de ir tomar a do Tétano), mas equiparar as vacinas da Covid-19 a uma milagrosa vacina como a do Tétano, Sarampo, ou até mesmo a da BCG é uma situação burlesca – no mínimo.

    Em primeiro lugar, porque a vacina da Covid-19 , efetivamente, é uma vacina da Gripe, pois não previne infeção, não previne sintomas, não previne transmissão e não previne a morte – já para não dizer que é preciso tomar quatro vezes a mesma vacina para ter algum efeito contra um vírus que adota cada vez mais formas diferentes.

    Alguém já viu o que era um vírus que passasse a vida a assumir novas variantes, que tivesse uma transmissão como o vírus da gripe, que causasse uma série de sintomas como AVC’s/enfartes, afetasse o fígado e os rins (como li uma vez num artigo qualquer) e que não houvesse maneira de o controlar a não ser com vacinas e, circulando por esse mundo fora, que esse vírus tem uma taxa de letalidade descomunal ?

    Era o fim do mundo! Isto não soa um pouco a enredo de ficção científica ou daqueles filmes de Hollywood ?

    Então para que é que serve a vacina ? Para muito pouco. É a mesma história do Tamiflu do Rumsfeld.

    Quem quiser argumentar que sim, recordo que o mais provável é que todos nós tenhamos tido contacto com a Covid-19 desde que a pandemia começou, uma vez que os confinamentos não têm qualquer tipo de validade científica a nível de prevenção e impedir a transmissão do vírus na população – alguém acima disse que gosta muito da RT e eu li isto, precisamente, na RT.

    Vale o que vale para uns, e vale o que vale para outros.

    Será preciso recordar que, em Portugal, desde Fevereiro/Março de 2020 andávamos todos lampeiros nos Supermercados e nas ruas sem máscara até 18 de Maio de 2020, altura em que foi decretado o regresso às aulas nas Universidades e aos espaços públicos e tudo o mais ?

    Vão dizer-me que não andávamos a transmitir o vírus uns aos outros nos supermercados ? Ou andava gente a morrer pelos cantos sem nos darmos conta do facto ?

    Se me é permitido, conto uma história pessoal: na primeira semana de Janeiro de 2020, estava numa aula e a professora estava bem congestionada – voz rouca e débil, fanhosa, espirrava de minuto a minuto, enfim, uma festa.

    Pois confessa-nos ela que se encontrava assim desde o dia de Natal, com vómitos, dores de cabeça intermináveis e umas dores de corpo que a derreavam e que a meteram na cama no decorrer da semana seguinte.

    Nesse momento diz-nos então uma colega rapariga que também tinha estado nessa situação com a família toda (pais, 2 irmãos pequenos) na semana anterior ao Natal e também com vómitos e dores de cabeça lancinantes.

    Bem sei que isto vale o que vale, mas fica a história. Não nego uma pandemia, mas nego, isso sim, a gravidade da mesma, e a narrativa que a tanto custo e durante 24 horas por dia nos quiseram vender acerca dela.

    Em segundo lugar, gostava de me referir ao comentário do sr. José Figueiredo acerca de ciência, consensos e falta de democracia no interior da mesma. Acho que estamos a confundir algumas coisas vitais.

    Em primeiro lugar, concordo numa coisa: não há consensos em Ciência. Aliás, de tal maneira que os Físicos nem sabem o que é Gravidade e desistiram desse problema há centenas de anos – segundo Noam Chomsky, algo que ele repete em inúmeras ocasiões quando é entrevistado.

    A questão da gravidade era considerada o “problema difícil” (Hard Problem, para quem quiser pesquisar sobre isso juntamente com o nome de Chomsky) e, ao fim de anos sem avançarem na determinação e definição dessa força misteriosa, desistiram de tentar perceber o que ela é e andaram para a frente. Criaram umas definições para plasmar em manuais escolares e rezaram para que ninguém reparasse.

    Chomsky diz que o problema difícil atual, e aquilo com que tudo anda entusiasmado, é a Consciência – físicos incluídos. Isto é um facto, porque em podcasts e canais de YouTube de Ciência anda tudo a falar disso mesmo.

    Ora, tirando este pequeno pormenor, há coisas em Ciência nas quais há consenso. Há muitas situações nas quais as pessoas discordam, sim, mas isso é porque estão a discutir teorias e hipóteses que se coadunem com o mundo exterior, contudo são exatamente isso: discussões de teorias acerca do mundo, não são discussões sobre o mundo no sentido de observá-lo e torná-lo compreensível para nós.

    Chomsky oferece uma analogia caricata: era o mesmo que acontecia no Séc. XVII quando se andava a discutir qual a forma adequada de celebrar a Eucaristia.

    Qualquer pessoa chega à conclusão de que, se inspirar água, afoga-se.

    Se eu me meter no carro dentro da garagem, ligar o motor e abrir a janela, bem… Já sabemos onde isto chega.

    Agora, claro que este exemplo não tem nada a ver com aquecimento global, crises climáticas e outros títulos dramáticos – mas o problema não é saber se o CO2 aquece ou faz mal. O problema é saber porque é que neste momento histórico em particular isso acontece.

    Ora, pelos vistos, o abate de florestas para criação em massa de gado bovino, o arruinar de ecossistemas e habitats naturais para exploração de inúmeros recursos minerais que usamos em baterias que depois são descartadas em lixeiras tóxicas e a utilização de uma agricultura intensiva, irresponsável e que contribui enormemente para a não regeneração do planeta e para a produção de CO2 são coisas, digamos, problemáticas.

    Se só tivéssemos carros a andar dum lado para o outro, se calhar até andávamos bem. O problema é que são os carros, fábricas, e tudo o resto supramencionado.

    Quando à falta de democracia em Ciência, pá uma pessoa pode reclamar quanto quiser, mas uma rocha é uma rocha e, se a atirarmos ao ar, ela cai-nos em cima, independentemente do quanto reclamarmos com ela de que tem de ir para cima e não causar-nos um traumatismo craniano ou escalavrar a cara.

    Resumindo, há problemas nos quais há muita discussão em Ciência, sim, mas há situações em que a realidade e a Natureza não nos permite desviar daquilo que ela é e do que ela faz. Chama-se a isso observação empírica.

    Por exemplo, a eterna discussão empirismo/racionalismo. O problema é que ambos têm razão, mas ninguém chega a uma conclusão definitiva – e se calhar nem vão chegar. Filósofos… Mas isto acontece na dita Ciência “Dura”.

    Olhe-se a Psicologia – ainda nem sabem como é que o ser humano aprende coisas! Há teorias: gestaltismo, Behaviorismo e mais outros “ismos” que tais…

    Por fim, o Sr. José Neto menciona que nunca seria do interesse dos capitalistas ou de oligarcas matar quem compra os seus produtos.

    Realmente, não tem.

    Mas, nesse caso, porque é que os capitalistas e os oligarcas não investem em África, não investem na América Latina, não reforçam relações com a Rússia/China/Índia, não salvam o planeta, preocupam-se com a ecologia e mais uma série de outras coisas ?

    Não tem sentido matar quem nos compra os produtos, mas também não tem sentido explorar faixas ou populações inteiras que poderiam comprar esses produtos ou ainda contribuir para a criação dos mesmos e, consequentemente, para o aumento dos lucros capitalistas.

    Já para não mencionar que, logo à partida, não tem sentido arruinar o planeta que nos permite criar esses produtos.

    O Capitalismo é um sistema muito contraditório.

    Por outra, porque é que não há um esforço de quem nos governa de fazer aquilo que é realmente o mais benéfico para a população em geral ?

    Porque é que repudiámos a vacina Sputnik V, ou vacinas Chinesas/Indianas ? Vacinas, note-se, que, tanto quanto sei, usam o chamado vetor viral – uma técnica utilizada em todas as vacinas ditas convencionais.

    Porque é que impedimos os ditos países de “terceiro mundo” de receber vacinas em condições e em quantidade ? Porque é que realmente não há apoios médicos decentes a essas populações ?

    Porque é que houve, desde a criação da Organização Mundial do Comércio em 1994 na dita Ronda do Uruguai, uma tentativa de atravancar as capacidades produtivas de vacinas e medicamentos de países como a Índia para que as nossas farmacêuticas (ou seja, Americanas e Britânicas), com o apoio de medidas protecionistas da OMC, invadissem os mercados regionais e lucrassem à bruta com isso ?

    De facto, após 1948, graças à ONU, e com enormes apoios da URSS ao nível do desenvolvimento industrial e científico, a Índia foi capaz de se libertar destas multinacionais e começar a produzir medicamentos antibióticos a que não tinha acesso anteriormente, não porque não existissem no mercado, mas porque custavam o equivalente a obscenidades que não posso mencionar.

    Eu acho que nem x nem y. Não sei se é uma questão de nos quererem matar, ou de nos quererem preservar para que haja continuidade deste desvario consumista que nos assola.

    Todas as questões históricas são uma questão de balanço de poder e de dominação, assim como de manter o status quo a todo o custo – mesmo que isso signifique prejudicar as nossas ambições materiais para manter o domínio sobre as massas.

    Há uma teoria de Marx no Capital conhecida como “Baixa da Taxa de Lucro”, na qual Marx pretende evidenciar que os capitalistas, na sua ânsia de progresso/inovação e maior rapidez/eficiência nos métodos de produção vão sempre descuidar-se no que diz respeito à mão de obra humana – ou seja, vão livrando-se dela aos poucos com maiores recursos industriais e de maquinaria independente – e aos poucos vão perdendo aquilo que lhes trazia realmente lucro.

    É uma teoria complexa e ficou mal explicada ou, pelo menos, explicada de forma extremamente simplista.

    Uma pessoa poderia argumentar que isso acontece precisamente nas economias assentes em serviços e no sistema financeiro – na ânsia por mais e maiores lucros, viraram-se para aquilo que lhes daria lucros enormíssimos imediatos, mas renegaram aquilo que produz valor e, portanto, lucro verdadeiro. Ou seja, a produção industrial propriamente dita.

    E a seguir vem a ruína.

    Ora, isto foi concertado, ou pensado ? É difícil dizer. Parece-me mais uma série de decisões estúpidas, planeamento de última hora e uma grande dose de excecionalismo e Messianismo Americano, entre outras coisas.

    De resto, não conheço o pensamento desta gente.

    Cumprimentos a todos.

    • Quero acrescentar apenas algo que escapou em relação às vacinas: só daqui a 10 anos é que vamos saber qual o efeito verdadeiro e real das mesmas, já que todas as vacinas do planeta têm de passar por testes e experiências ao longo de 10/15 anos e serem aprovadas pela OMS – incluídas todas aquelas que não têm origem no mundo ocidental e nas suas farmacêuticas.

      Logo, devagar, devagarinho lá vamos andando.

      Outra coisa em relação à Índia, 1948 e multinacionais farmacêuticas.

      Foi a ONU, a URSS e ainda a OMS que a ajudaram a libertar-se e a ganhar independência na produção industrial e farmacêutica para permitir o desenvolvimento da sua população e a resolução de muitos problemas relacionados com a saúde das pessoas.

      É tudo.

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