(Carlos Marques, 15/07/2022)

(Este texto resulta de um comentário a um artigo que publicámos de José Goulão ver aqui. Perante tanta verdade junta, resolvi dar-lhe o destaque que, penso, merece.
Estátua de Sal, 14/07/2022)
Depois de 10 dias de acalmia, a Rússia começou hoje em força a libertação da República de Donetsk. No mapa do Defense Politics Asia, notam-se muitas explosões na linha da frente (algo verificado num certo satélite da NASA que observa os fogos na Europa). Nota-se que muitas são concentradas como era de esperar na área por libertar da República de Donetsk, mas há também muitas na fronteira de Kherson, o que implica a destruição da tentativa de contra-ataque tão anunciada pela Ucrânia.
Olhando para os recentes textos no blog Moon Of Alabama e no blog Donbass (Erwan Castel), e para os recentes vídeos do The New Atlas (Brian Berletic) e do Military Summary, percebe-se que o impacto dos HIMARS com mísseis de até 80 Km de alcance “apenas” obrigou a Rússia a fazer ligeiras mudanças na forma como armazena as munições atrás das suas linhas (estavam em média a 50 Km da frente, agora ou ficam 40 Km mais longe, ou mais espalhadas em armazéns mais pequenos). Mas o sentido da Operação Militar Especial continua na mesma: derrota total da Ucrânia, apenas faltando saber se falta mais mês ou menos mês.
Segundo o rapaz que faz o Military Summary, fala-se que o líder da Sérvia terá comentado que as intenções da Rússia para este Verão são estas: primeiro a linha de Severks (já lá estão) a Bakhmut, depois a linha de Slaviansk a Kramatorks, a seguir a libertação total de toda a área da República de Donetsk, e nesse momento a apresentação de uma proposta ao Ocidente, provavelmente na linha do que o Kremlin já tinha proposto, com toda a justiça e bom senso, em Dezembro, mas que os NeoCon/belicistas dos EUA e seus idiotas/vassalos da NATO rejeitaram. Se voltarem a rejeitar, o rumor é que então a Rússia estará a ponderar o fim da Operação Militar Especial, e passar para uma Guerra de facto, com mobilização de tropas, e meios mais pesados e menos cirúrgicos.
Depois, e aqui começo eu a especular, será a vez do Ocidente fazer a sua jogada: ou reconhece finalmente a legitimidade e justificações da Operação Militar Especial limitadíssima feita por um país ameaçado pela NATO e pelo exército vizinho cheio de naZionalistas, mas ainda com vontade de negociar a paz; ou coloca-se a jeito para a Rússia fazer o cheque-mate convencional (ainda sem armas nucleares), em que os objectivos da Rússia passam do Donbass para serem oficialmente toda a Novorússia e toda a área a leste do rio Dniepr, e em não ficará pedra sobre pedra no “Banderistão” (de Kiev a Lviv), que verá dezenas de milhões fugir para a Europa (em plena crise económica e cansaço disto tudo) e será uma terra que apenas servirá para a Rússia colocar as piores armas (nucleares incluídas) juntinho à fronteira da Polónia e companhia.
Eu, por saber tudo o que está em causa, sou neste momento favorável à operação Z, pois considero ser a única forma de salvar o povo do Donbass, fazer cair a ditadura naZionalista de Kiev, e garantir que o governo substituto assina mesmo de verdade um acordo de paz para cumprir.
Espero portanto que quando isso estiver concluído, o Ocidente tenha a decência suficiente para rejeitar a estupidez americana, ameaçar Kiev de isolamento caso não aceite a paz, e voltar a ter uma relação diplomática q.b. com a Rússia.
A alternativa é escalada atrás de escalada, e não coloco de parte que, se os maluquinhos dos EUA decidirem enviar mísseis com 300 Km de alcance para os HIMARS já presentes na Ucrânia, assistidos com as coordenadas GPS dos satélites americanos (o que noutros tempos e perante regimes menos pacientes, já teria levado a uma declaração de guerra directa), a Rússia possa até antecipar deixar de estar nesta posição de mero contra-ataque, quase passiva, e passar ao ataque, por exemplo destruindo os satélites americanos, e bombardeando as bases dos EUA na Síria.
Seria o princípio do fim…
Para já, em Agosto, veremos apenas os exercícios militares conjuntos da Rússia, China, e Irão, nos territórios aliados do chamado “quintal dos EUA”: as Caraíbas. O anfitrião será a Venezuela, e participarão mais 10 países. Que sirva de aviso. E que tenha o efeito equivalente à colocação de mísseis soviéticos em Cuba, ou seja, que nesse momento alguém com um cérebro funcional na Casa Branca perceba que está na hora de evitar algo pior. Algo só possível se os EUA deixarem de ser o pior e mais mortal regime do Mundo desde 1945 e começarem a desescalar.
O Mundo não aguenta que os EUA continuem a ser o que são. E à mesma conclusão chegaram o Pepe Escobar, o Carlos Matos Gomes, e o Luo Siyi, em 4 dos textos publicados entre 11 e 14 de Junho no blog Resistir. São de leitura obrigatória para quem quiser perceber este momento da história, e perceber que o que se passará a seguir em todo o Mundo, depende totalmente do que for decido na Casa Branca: PAZ duradoura, ou GUERRA Mundial.
É que agora, do outro lado, já não está um grupo de pastores de cabras isolados num monte no Afeganistão, apenas munidos das suas Kalashnikovs e alvos fáceis para os drones assassinos dos criminosos de guerra com fardas da NATO. Não! Agora, do outro lado, está a aliança militar e económica entre Rússia e China, e cada vez mais países do Mundo real, não-Ocidental, desejosos de se verem livres do Império a bem, mas se tiver que ser, cada vez mais preparados para o fazerem a mal.
Sim, mais do que nunca é preciso dar voz e ouvir quem defende a paz. Até lá, reservo-me a hipocrisia de ser momentaneamente pró-guerra até que o último naZionalista tenha sido derrotado, e todo o povo do Donbass (e arredores) esteja libertado e em segurança sob a proteção dos seus irmãos russos.
E ficarei a fazer figas para que um dia, mais cedo do que tarde, alguém faça também um favor destes aos povos Curdo, Iemenita, e Palestiniano. Pelo menos estes e, para citar Hugo Chávez, “por ahora”… O resto logo se vê.
Mas que ‘coisa’ tão tendenciosa, anti-americana. Tenta parecer que está certo matar milhares de pessoas e destruir todo um país, seja a que pretexto for !
Fora o impacto que isso tem no resto do mundo… da humanidade !
Nenhuma guerra é boa ou aceitável … mas, se forem os americanos a destruir e matar aos milhares já está tudo bem. Nem é preciso ser anti.americano para perceber isso.
Nota: Resistir.info não é blog pois tem nome de domínio próprio.
… “E à mesma conclusão chegaram o Pepe Escobar, o Carlos Matos Gomes, e o Luo Siyi, em 4 dos textos publicados entre 11 e 14 de Junho no blog Resistir.”
Resistir.info a verdade ainda existe