(Carlos Carvalhas, in Foicebook, 28/05/2022)

Como se sabe em Bretton Woods Keynes procurou que fosse adoptada uma moeda composta de várias moedas com diversas ponderações , o “Bancor “ para as transacções internacionais. Tal não veio a acontecer . Os americanos impuseram o dólar
Esta imposição é nos historicamente explicada pelo facto de ,terminada a guerra , os EUA serem os maiores detentores de ouro e também o país que tendo sido dos menos afectados pelo conflito , era o que se encontrava em melhores condições económicas.
Mas há um outro aspecto de grande relevância que não é mencionado.
Os EUA possuíam a bomba atómica .
Ora na história da humanidade , nas relações internacionais , a superioridade no armamento militar desempenhou sempre o papel determinante , na relação de forças , dominação , imposição.
Desde o sílex , o bronze , o ferro , as armas de repetição , a bomba atómica e , nos nossos dias , os drones e os mísseis hipersónicos.
Isto para dizer que a situação da guerra que estamos a viver na Europa seria diferente se a Federação Russa não tivesse actualmente superioridade militar neste tipo de armamento decisivo. E é esta relação de forças no plano do armamento militar conjugado com o poderio económico da Republica Popular da China que também torna muito mais efectiva a ameaça aos privilégios do dólar.
Pela primeira vez no quadro internacional, nomeadamente depois do desaparecimento da União Soviética, há uma grande potência económica , a fábrica do mundo e uma potência militar , a Federação Russa que põem em causa a hegemonia americana e o sistema monetário internacional tal como o temos conhecido . E tudo leva a crer que terão força para o fazer.
Da mesma maneira que em Bretton Woods o resultado foi a lei do mais forte também na nova relação de forças mundial a China e a Rússia estão em condições de pôr em causa o domínio absoluto dos EUA e do dólar e inclusivamente poderem vir a ser um pólo de atracção para países que querem garantir a sua independência
As sanções à Federação Russa e a captura das reservas de dólares, euros e títulos de tesouro pertencentes ao Banco Central da Rússia, tal como já o tinham feito a outros países, mostraram ao mundo que a detenção de reservas em dólares e divisas dos países da NATO, não dá nenhuma segurança.
Recorda-se que o fizeram contra o Irão, o Iraque, a Jugoslávia, o Zimbabwe, a Birmânia, a Venezuela, a Síria, a Líbia e o Afeganistão…
Até agora, a questão esteve em como romper a hegemonia americana que assenta a sua força no poderio militar-complexo militar- industrial-(1), no dólar, no domínio das agências internacionais e das agências de informação, nas leis extra territoriais , tribunais arbitrais privados (2)- e até na indústria do entretenimento (Hollywood, Netflix) .
Mas desta vez, o quadro internacional é diferente. Há a China, há a Federação Russa e há outros grandes países que desejam também ter a sua liberdade de movimentos como é o caso da Índia e até da Arábia Saudita, que neste momento sofre a pressão dos Estados Unidos da América para que não venda o seu petróleo à China aceitando yuans. *
A força militar dos Estados Unidos permitiu que as matérias primas e designadamente os produtos petrolíferos fossem negociados em dólares desde o acordo de Nixon com a Arábia Saudita, conferindo a esta moeda o estatuto de reserva mundial e um estatuto de confiança e solidez que não corresponde sequer à realidade.
Esta confiança (fidúcia) permite-lhes até usar a rotativa na impressão de dólares para os usarem conjunturalmente nas revoluções coloridas e na destabilização deste ou daquele país que não se submeta.
O dólar é o maior sistema Ponzi-D. Branca- da história. No seu tempo De Gaulle já tinha chegado à conclusão que se os dólares que circulavam na Europa regressassem aos Estados Unidos da América não havia ouro no Fort Knox para a sua troca, tal como estabelecido nos acordos de Bretton Woods. Na actualidade se os dólares que circulam no mundo regressassem aos Estados Unidos não haveria nem ouro, nem património, nem bens e serviços que lhes correspondessem.
O dólar está enraizado por decénios de domínio norte-americano e é aceite normalmente nas transacções internacionais o que não significa que não tenha pés de barro.
O confisco das reservas em dólares em títulos de divisas americanas à Federação Russa levou a que esta viesse a exigir o pagamento das suas exportações de gás em rublos defendendo assim a sua moeda que em vez de se ter afundado se tem apreciado até agora.(3)
Para alguns economistas e comentadores internacionais, a ligação do rublo ao gás e ao ouro deu lugar a uma nova moeda “gásrublo”, que pode marcar o início de uma nova relação de forças no sistema financeiro internacional conjuntamente com outras moedas no quadro de um mundo multipolar ou bipolar
Os Estados Unidos e os falcões ocidentais impuseram sanções a um pais que possui matérias primas fundamentais e em quantidade para abalar os mercados mundiais e que , no plano militar, está em condições de lhes fazer frente.
Acresce que a Federação Russa conta com a China até por necessidade objectiva deste país , que tem vindo a ser diabolizado , de se defender de uma futura agressão que já se desenha nos Estados Unidos .
Esta operação de pagamento de gás em rublos, para já, tem resultado e se a evolução da guerra for favorável à Federação Russa, as sanções podem vir a estimular um bom número de países a repensar a sua estratégia em matéria das suas reservas num processo de afastamento do dólar.
Por enquanto o peso das moedas chinesa e russa nas reservas dos bancos centrais é ainda relativamente pequeno, mas esta situação pode vir a alterar-se. (4) A China já foi directamente e indirectamente ameaçada. Em 2017 o secretário do Tesouro norte-americano Steven Mnuchin admitiu cortar o acesso da China ao sistema de pagamento em dólares se não aplicasse as sanções da ONU contra a Coreia do Norte para a dissuadir de prosseguir com o desenvolvimento de mísseis e armas nucleares.
A China tem vindo a tomar, paulatinamente, medidas no plano monetário e financeiro para defender a sua independência.
Por exemplo ,sendo hoje o primeiro importador mundial de petróleo bruto, a China tem procurado utilizar esta posição para conseguir que, pelo menos , uma fracção significativa das suas importações seja paga com a sua moeda.
Está a procurar consegui-lo com a Arábia Saudita, como já foi dito, e tem contratos a prazo com a Rússia e com o Irão.
A cooperação entre a China e a Rússia no domínio energético , no domínio financeiro, monetário e no sistema de pagamentos reforçou-se ainda mais nos últimos anos o que é um dado importante na actual relação de forças mundiais.
A China para o Ocidente foi parceira , hoje é rival e os seus dirigentes sabem também que por vontade dos americanos já seria inimiga .
A União Europeia e o Euro
A posição da UE de total seguidismo em relação à política americana veio também demonstrar que a detenção de reservas em euros não dá quaisquer garantias.
Para além das fragilidades evidenciadas pelo sistema de pagamentos entre bancos centrais do euro , sistema (Target 2), os países do Euro, ao seguirem as posições americanas , liquidaram também qualquer veleidade desta moeda poder constituir-se como uma reserva fiável e segura para os países emergentes. (5)
A persistência e até agravamento dos desequilíbrios entre a maioria dos países da zona euro com a Alemanha indiciam que uma nova crise do euro não é de excluir o que torna o euro ainda menos confiável . Esta perspectiva real é também impulsionada pela situação da inflação pelo COVID e agora pela guerra na Ucrânia que vai levar ao aumento das taxas de juro o que será extremamente negativo para os países mais endividados como é o caso de Portugal.
As baixas taxas de juro e as taxas de juro negativas desempenharam na prática a função de reestruturação das dívidas dos países endividados. Diminuição das taxas de juro, alongamento dos prazos e até haircut quando as taxas se apresentaram negativas.
Mas esta reestruturação, sem ser nomeada, pode ser interrompida pelo aumento das taxas de juro que já está em perspectiva e este aumento pode nem sequer ser suave. A “euribor” tem vindo a aumentar e os últimos empréstimos da Republica têm se realizado em condições mais onerosas.
A Alemanha reviu a sua previsão de taxa de inflação para este ano para 6,17 % quando previa 3,3% em Janeiro e não vai deixar de pressionar para o aumento das taxas de juro.
O prolongamento desta guerra em solo europeu, estratégia dos Estados Unidos da América, para confessadamente enfraquecer a Rússia, vai levar ao agravamento substancial da situação social, financeira e económica em toda a Europa com consequências políticas e facturas mais pesadas para os países endividados que as procurarão endossar aos trabalhadores e aos povos.
As afirmações dos dirigentes europeus têm sido no mínimo pouco prudentes e não têm ido na direcção de uma solução negociada do conflito.
A senhora Van der Leyn declarou que “se trata de uma guerra económica total”contra a Rússia Mas as sanções têm também o seu reverso como já estamos a verificar.
Quanto ao rublo, a Rússia aprendeu com as sanções que lhe foram impostas em 2014. Foi tomando medidas. Criou um embrião de um sistema de transferência de dinheiro para contornar a exclusão do SWIFT e tem contado com o sistema chinês ; foi acumulando ouro – estima se mais de duas mil toneladas nestes anos – , estabeleceu um preço fixo para a sua compra em rublos e tem reforçado ano após ano as trocas financeiros bilaterais com os seus principais parceiros nas suas respectivas moedas. Isto sem subestimar os efeitos sociais ,económicos , financeiros e políticos das pesadas sanções cuja extensão vai também depender da duração do conflito e do apoio que a China dê. (6)
Há muitas variáveis em jogo. Uma previsão é difícil. Qual a evolução e o desfecho desta guerra? Mesmo sabendo-se que a verdade é a primeira vítima da guerra , a mentira continua a fazer o seu caminho.
Recordamos também que Mike Pompeu, ex director da CIA, afirmou com clareza: “ mentimos, enganamos, roubamos”.
De um lado e do outro, a contra-informação é diária. Mas, como já foi dito, a verdade existe o que não existe é a mentira.
Se a Federação Russa atingir os seus objectivos, o Ocidente e em particular a União Europeia vai herdar uma Ucrânia com as suas infra-estruturas destruídas, sem o seu coração industrial, e com acesso ao mar limitado. De qualquer maneira esta guerra em solo europeu , para alem das tragédias humanas é já um manto de destruição . Do que a humanidade mais precisava e a Europa em particular não era de mais lenha para a fogueira mas de um urgente fim das hostilidades e de um acordo de paz negociado.
Com os compromissos que a UE assumiu a factura, só para a Ucrânia se manter à tona de água, vai ser pesada . Isto conjugado com a tendência para a estagno-inflação – baixa tendencial da taxa de lucro – , a ficção da economia de casino e a perspectiva de um novo crash – estima se que só o mercado de produtos derivados seja 10 vezes o PIB mundial ; o castelo de cartas em que assenta o sistema bancário e financeiro ; a crise energética e a crise alimentar perspectivam um quadro que, o mínimo que se pode dizer, não é esperançoso.(7).
É também neste quadro que os países mais ameaçados e com potencial económico e militar vão procurar dar passos para uma maior libertação do dólar e avançar para uma “nova ordem mundial “.
Por enquanto, apesar dos brutais desequilíbrios da economia americana, os títulos de Tesouro não tem ainda um substituto a curto prazo quanto à liquidez e rendimento e o dólar vai continuar a reinar.
Demorará também ainda muito tempo para que a China, se tem esta estratégia, se desembaraçar das suas reservas investidas em dívida americana e a internalização da sua moeda, embora seja a quarta nas transacções privadas, segundo o SWIFT, é ainda muito limitada quando comparada com o seu PIB.
Dito isto, é também sabido que há situações em que a História se acelera, e esta pode bem ser a situação que estamos a viver, em que a evolução da guerra e o seu desfecho vão ser determinantes.
Num estudo saído em fins de Março, de economistas do Crédit Agricole, sublinha-se que as sanções poderiam ter “engendrado uma relocalização progressiva das reservas mundiais em detrimento do dólar e do euro”.
Ao ter declarado uma guerra económica global com uma das principais potencias económica do globo, o bloco euro-atlântico pode ter acelerado, contra a sua vontade, a afirmação de um mundo multipolar.
___________
(1) A grande inovação do complexo militar- industrial para o desenvolvimento capitalista é obliterar efectivamente na pratica a distinção literalmente vital entre consumo e destruição. ”Para além do Capital “István Mezáros pág 687. Edição brasileira. Quanto ao declínio da hegemonia americana ver na mesma edição . A crise atual , pág 1087 , 25.3.
(2) Sobre este tema sugere se a leitura do livro –“A Arapuca Estadounidense um lava jacto mundial”
(3) O mecanismo russo de pagamento do Gás Ricardo Cabral Público 2/5/2022 ; Le Redoutable piége tendu par Poutine Vincent Collen Les Echos 19 de Maio ; Como é que a Rússia está a conseguir segurar o rublo ? Sérgio Aníbal , Público 20 /5 /2022 )
(4 )The End of dollar dominance. Michael Roberts Blog , 30 de Março)
(5) A narrativa do BCE de que os desequilíbrios são uma consequência mecânica das compras de obrigações publicas é contrariada pela evidencia empírica de casos já estudados como o da Itália –… . Do Plano técnico ao plano político . Do sistema Target2 à fragmentação financeira da UE . Eric Dor.
(6) ( Num tom pessimista _ Cold Peace – Cédric Durand Economics , 16 de Março)
(7) O objectivo dos americanos não é o de defender o povo ucraniano , mas antes o de enfraquecer a Rússia como também a União Europeia e aumentar a dependência desta nomeadamente no plano energético , para restaurar o seu poder no seu mundo unipolar. “Não foi por acaso”, Major .Carlos Branco, in Negócios, 19 de Maio 2022.
O sonho de Putin!
Destruir o dólar de papel por um rublo de ouro
apoiado pelo yuan do dragão Xi .
O petro dólar está morto… Para o petro yuan!
Não estou satisfeito com isso, mas é um facto porque a Arábia Saudita negociou o pagamento do seu petróleo em Yuan.
O fim do “dollar-king” chegará quando o petróleo já não for pago em dólares.
À medida que o comércio do petróleo decresce, o dólar tornar-se-á menos importante.
Então uma séria derrota para os EUA? Porque as consequências podem ser dramáticas para a sua economia.
O fim do império?
E o que farão os Estados financeiros profundos?
O Yuan e o Ruble são susceptíveis de se tornarem muito amigáveis em breve.
A 11 de Março, a Rússia, a China e os países da União Económica Eurasiática reuniram-se para preparar o seu novo sistema monetário. Um sistema baseado num cabaz de moedas como o DSE do FMI, estabilizado por um cabaz de mercadorias.
Dois sistemas monetários
À excepção de um grande acidente no tabuleiro de xadrez internacional, o mundo monetário e financeiro será assim rasgado em dois. Por um lado, os apoiantes do sistema monetário em vigor desde 1971, e por outro, as nações aderentes a um sistema monetário ancorado no ouro e nas mercadorias, numa tentativa de estabilizar a sua moeda.
É provável que todos os países emergentes e países exportadores de mercadorias tendam a escolher o novo sistema monetário sino-russo, o que deverá levar a uma depreciação do poder de compra das moedas imprimidas e a uma inflação elevada na zona do dólar e do euro.
O dólar acabará por deixar de ser a referência. Se Putin quer ser pago em rublos ou ouro, não é para mostrar! O mundo ocidental deu um tiro no próprio cabeça de qualquer maneira ao excluir (quase todos) os bancos russos do sistema Swift. Se está proibido em algum lugar, vai a outro lugar, é tão simples quanto isso!
E a Europa acrescentou os problemas da sua própria moeda disfuncional …. Sempre lá para nos dar um tiro na cabeça, esta Europa que supostamente nos torna mais fortes.
Dentro de alguns meses os EUA terão de pagar mais de 25% da sua enorme dívida, devido…
Como é que o vão pagar?
A Rússia preparou-se militar e economicamente para as actuais sanções.
Tenho a certeza que a China, sabendo que tem 3.000 biliões de dólares em reserva, sabe perfeitamente bem o que está a fazer. Em vez de dizer “Não vou entregar nada ao Ocidente, vou afundar-vos, vou fechar todas as vossas fábricas”, diz “Estou a confinar tudo porque tenho medo de covid” …..
Imparável.
Mas que país ocidental poderia dizer “Que escândalo, a China está a usar esta doença falsa como pretexto para secar o abastecimento das nossas fábricas!!!”?
Nenhuma.
Assim, a China está a usar as nossas falhas, a nossa inércia, para nos fazer cair.
E nós, ocidentais, apenas rimos e dizemos “ah ah que má gestão, estes chineses!
Não nos enganemos.
A contenção na China é um apoio a Vladimir.
Quando as sanções nos puserem de joelhos e os stocks de armas ocidentais estiverem no seu nível mais baixo, a China anexará Taiwan e nós não teremos mais chips e computadores.
Então o dólar deixará de ser rei e passará a depender de acordos russo-arianos.
Sim, por muito triste que é, a guerra na Ucrânia é o abcesso que revela uma infecção muito maior.
O que me assusta nisto é a reacção dos EUA.
A des-dinamização está a encurralar os EUA. Tal como os russos foram encurralados pela aproximação entre a Ucrânia e a Nato.
Os russos vinham dizendo há anos que esta aproximação atravessava a linha vermelha, e quando parecia inevitável, eles reagiram.
A desclassificação é um tipo diferente de ameaça para os EUA, porque é inevitável e muito mais vital.
Inevitável, porque afirmar isso seria admitir que os EUA são financiados por todo o mundo. É por isso que a des-dolarização é um assunto tabu, mas que já desencadeou guerras (Iraque 2003).
É vital porque a desdolarização arrancou os EUA do seu pedestal.
O rei dólar está ameaçado a cair do seu pedestal como a moeda internacional utilizada -entre outras coisas- para pagar a energia.
Casus belli para os americanos: vai ser uma viagem acidentada!
Muitas vezes, infelizmente, os problemas são explicados pela estupidez.
Os financiadores e capitalistas que sempre quiseram mais, e que criaram um bom sistema pouco desregulamentado no Ocidente, têm vindo a encher os seus bolsos há 30 anos.
Como é que o fizeram?
Sempre indo produzir onde era mais barato, e, claro, como sempre, tentando agarrar recursos naturais onde quer que estes fossem encontrados.
Ao fazê-lo, destruíram a indústria ocidental, relocalizando-a. A deslocalização não significa apenas produzir noutro local: significa também destruir o know-how local, e destruir a acumulação feita por toda a construção e melhoramento de fábricas.
“Podemos passar em grande parte sem a Rússia e a China, mas isto resultará num regresso ao nosso nível de conforto dos anos 60, início dos anos 60”.
Sim.
Resta saber de que século estamos a falar.…
Estamos numa escassez de petróleo ligada à passagem do pico de petróleo em 2007 (2016 se contarmos com óleo de xisto). Isto não tem nada a ver com a guerra na Ucrânia, política ou economia, é apenas a realidade.
Mas as ‘elites globalizadas’ precisam de esconder as suas falhas e manter o poder. Estamos a assistir a uma redistribuição de recursos que estão a secar. Num mundo em retracção, a questão é quem terá os recursos para amortecer a queda. Não será a UE.
Putin é um excelente jogador de xadrez, a sua exigência de ser pago em rublos tem um impacto imediato no aumento do valor do rublo, depois faz um belo mergulho no nariz do euro (que perde bastante valor e aumenta o preço do gás e do petróleo) e do dólar.
Toda a Europa vai parar e depois desabar. Insurreições, motins, guerras civis irão, para alguns, irromper. O sistema liberal com os seus líderes são o caos, a miséria, a perda de liberdade.
Pedir para ser pago em rublos (em vez de ouro) é muito ousado. Temos de admitir que Vladimir não lhe falta em audácia.
Tenho a impressão de que é “Checkmate” antes do inevitável “Checkmate”.
– Quero comprar alguns rublos!
– Para que é que o quer?
– Em relação ao dólar e ao euro, tenho muitos deles! É possível o pagamento por Swift?
– Não! Não queremos o seu dinheiro imprimido! Tínhamos muito dele nas nossas reservas, mas foi-nos roubado! Por isso, não o queremos e não o podemos obter de qualquer forma.
– Mas isso é tudo o que eu tenho! Snif snif…
– (sotaque russo enquanto enrola os R) Sem rublos = sem gás! Sem petróleo!
Mas, se tiver ouro, nós levamo-lo! Isso é bom porque é você! Caso contrário, adeus! Dê os nossos cumprimentos ao Tio Sam!
Antes de :
Europeus : – euros – : Russos
Em troca
Russos: – gás -: Europeus
O futuro:
Europeus : – euros – : Russos
Russos: – rublos – : Europeus
Europeus: – rublos – : Russos
Em troca
Russos: – gás – : Europeus
Muita coisa!
Desde o início, tudo é monetário. Esta guerra tem sido soberbamente “teleguiada”.
Vou resumir, mas compreenderão.
Os EUA precisam de quase 300 mil milhões/mês (150 défices primários +150 de reembolso de bilhetes do tesouro vencidos) desde o início de 2020 quase 80% são monetizados.
Há 5 meses atrás a inflação alimentar forçou o federal a reduzir a monetização – para financiar o défice sem imprimir (demasiado) é necessário fazer fluir o capital da periferia para o centro do império, é necessário criar stress global ou caos – por isso uma Ucrânia armada sabendo que vai bombardear duramente o dombass illico presto e que a Rússia vai ter de intervir –
Assim, sacrificamos eficazmente a Europa para tentar salvar o centro. No papel parecia viável, se a China não existisse.
Parece-me lógico que, uma vez que $ ou EUR não podem ser utilizados livremente, já não devem ser aceites, mas para obter rublos, será necessário fornecer bens ou serviços à Rússia.
Se a compensação do leilão de bens de estrangeiros que saem da Rússia for paga em rublos, isto irá alimentar o mercado de divisas em direcção ao Ocidente.
Então o principal exportador para a Rússia será a China, que poderá fornecer rublos ao Ocidente para pagar as suas contas de energia, mas já temos um défice comercial com a China…
Não será este o início tangível do fim das moedas de reserva de dólares?
A China está a abrandar a sua produção, fechando fábricas por razões de saúde?
A intervenção militar russa e as medidas chinesas estão a alimentar a inflação iniciada com a impressão de dinheiro.
Ao manter as pressões inflacionistas, poderão a Rússia e a China precipitar um grande choque monetário e económico que levará ao fim da moeda de reserva $ e do exército que a acompanha?
Putin, o Judoca, não provocou o Ocidente a atirar-se de cabeça para a sua ruína? E para a China, não esqueçamos que a arte da guerra é subjugar o inimigo sem lutar (Sun Tsu) que também escreveu, “Temos de fingir fraqueza, para que o inimigo se perca na arrogância”.
Ao remover o privilégio exorbitante dos US $ como moeda de reserva, o exército americano será reduzido e o acesso às matérias-primas não exigirá a entrega de mercadorias aos EUA a fim de obter matérias-primas.
Excelente!
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Excelente anedota ! Já não me ria tanto desde que o meu Pai morreu !!!!!!!!!!!!!!!!!
Ri-te, ri-te… quando tiveres que limpar o rabo aos euros e dólares, até choras!
Ainda bem ! Se um dia tivesse de limpar o rabo com rublos., as minhas “almerróideas” não iam aguentar, pois o valor das notas de rublo varia na relação inversa da granulação de lixa com que são feitas. Granulação da lixa Especificação/Utilização
20 Extremamente grossa, com grande capacidade de desbaste.
36 Extremamente grossa, com grande capacidade de desbastes para madeiras e outros maleáveis.
60 Grossa.
80/100 Grossa, utilizada em remoção de oxidações de metais e para áreas com pinturas de difícil remoção
120/180 Média – De utilização em geral
220/240 Média, recomendada para madeiras
320 Fina, a primeira lixa nos acabamentos mais finos
400 Fina, recomendada para lustrar
600/1200 Muito fina, lustre e polimento
>1600 Extremamente fina – Lustre de joias
Não se esqueçam que o objectivo de o embargo petrolífero não é punir a Rússia, mas sim salvar o dólar. Os europeus serão solicitados a comprar em dólares e não em rublos para apoiar o dólar petro…. outros países para comprar petróleo russo em rublos e trocar as suas compras com a Europa …a questão é a compatibilidade dos óleos com as refinarias..
Quanto mais a Europa pedalar sobre a economia russa, menos progresso faz!
É muito claro que os nossos governos estão a trabalhar contra o povo. Todas estas medidas punirão APENAS o povo. Tanto os russos como os europeus.
So much wishfull thinking is sinking….
China is doubling down on its bid to challenge the dollar’s global dominance. Analysts lay out why it’s unlikely to succeed.
George Glover Jul 2, 2022, 9:00 AM
Xi Jinping
China, Russia, and the other ‘BRICS’ nations are brewing up a challenge to the dollar’s dominance in international trade with a new reserve currency. Reuters/Jason Lee
The BRICS group of countries are brewing up a challenge to dollar dominance with a new reserve currency.
But it’s unlikely to challenge the dollar, as four of the five currencies are managed against the greenback.
“I’d rather be paid in US dollars than rand, real, rubles, rupees or yuans,” one analyst told Insider.
The Refresh logo
Listen to The Refresh: Insider’s real-time news podcast.
China started cooking up fresh challenges to the US dollar’s role in international trade in recent days, but the signs are it’s unlikely to make much headway.
The BRICS countries — Brazil, Russia, India, China, and South Africa — plan to develop a new global reserve currency based on a basket of their currencies, President Vladimir Putin said. Meanwhile, China said it will build a fresh yuan reserve alongside Hong Kong, Singapore and three other states, with each contributing around $2.2 billion.
Beijing likely hopes that these moves will threaten the dollar’s position as the world’s reserve currency, used in contracts to oil international trade. But the greenback has seen off such challenges before.
In 2016, the yuan joined the basket of currencies that make up the International Monetary Fund’s international reserve asset, the special drawing rights.
“That was meant to be the gun being fired on the yuan becoming a major international reserve,” ING’s global head of markets, Chris Turner, told Insider. “But the pick-up in yuan’s use as a reserve currency has been quite disappointing.”
Only one-quarter of the shift away from dollars has been into the renminbi in recent years, according to the IMF.
Central banks have instead pivoted to holding non-traditional reserve currencies like the Australian dollar, Swedish krona, and South Korean won, and the yuan still accounts for just 2.9% of global reserves.
The yuan is also pegged the dollar via a reference rate, with the Chinese central bank maintaining a broadly seven-to-one ratio to make China’s exports more competitive. That means it’s unlikely to threaten its American counterpart as a global reserve asset.
“The BRICS reserve currency will be a challenging plan,” Oanda senior market analyst Jeff Halley told Insider. “Four out of the five currencies are managed currencies, and in China’s case, the yuan is not convertible and is managed against a basket of currencies, of which the US dollar has the largest weighting.”
In addition, there’s the question of conversion — that is, whether there are restrictions on how a currency is traded on the foreign exchange market. Those who want to trade high amounts of India’s rupee, for instance, must get approval first.
So while investors might be concerned about this apparent fresh threat to dollar dominance, these factors suggest the greenback won’t face losing its pole position any time soon.
“I hear this story all the time,” Halley said. “There is no threat in the foreseeable future to the dominance of the US dollar. It is the currency of the largest economy, used in the largest and deepest capital markets in the world, and is freely convertible.”
“None of that applies to the BRICS currencies,” he added. “I’d rather be paid in US dollars than rand, real, rubles, rupees, or yuans.”