(Carlos Coutinho, 16/12/2021)

Encontrei numa brochura promocional da minha região, numa postura muito encenada e com aquele seu ríspido olhar persa de caçador noturno, um certo aiatola que ainda prega semanalmente nas páginas de um diário dito de referência.
E lembro-me de o ouvir em Vila Real, por volta de 1961/62, na esplanada da Gomes, a explicar como decompor e recompor as estratégias da salvação da Humanidade. Há quem lhe chame António, ainda hoje, e foi com esse nome que o conheci, então. Agora, só o recebo e percebo como tudólogo e aiatola semanal nas páginas do “Público”.
Também já descobri que o fulano vive em Lisboa, acompanhado e intelectualmente alimentado por uma certa Filomena que é Maria e Mónica. Por isso, mais cordata. A única incongruência que me irrita é ele saber escrever e fotografar tão bem como estragar tudo o que o enraivece, desde que Mário Soares o aproveitou, em 1975, para atacar na Assembleia de República e, depois num Ministério da Agricultura e Pescas, tudo o que a NATO lhe pedia que destruísse.
Com este sol de inverno a aquecer-me as veias, apetece-me cantar como certos espanhóis de antigamente:
‘Si me quieres escribir
já sabes mi paradero.
En el frente de Gandesa
primera línea de fuego.’
Ou então:
‘Montez de la mine, descendez des collines, camarades!
Sortez de la paille les fusils, la mitraille, les grenades.
Ohé, les tueurs à la balle et au couteau, tuez vite!
Ohé, saboteur, attention à ton fardeau: dynamite…’
“Não perdes pela demora. Estou-te a topar”, pensa ele.
Retrato perfeito desse tal António que há muito se engalana com os pobres farrapos de sociólogo troca-tintas.
Taxexé!
Os imbecis, perfidos e indigentes mentais da sinistra, na sua proverbial ablepsia não tem a humildade de reconhecer, a quem não lhes acoita as suas bafientas teses doutrinais, os meritos intelectuais daqueles que na realidade os possuem.
O sectarismo é inimigo da lucidez.