E agora, Joe?

(Por Jovem Conservador de Direita, in Facebook, 29/06/2021)

(O texto que segue é de uma salutar ironia e é nesse registo que deve ser lido. Contudo, não posso deixar de estranhar que só agora a Justiça se tenha apercebido dos “truques” do Berardo, dos quais ele próprio se gabou, ufano. Cheira-me a esturro. E a pergunta é: Quem é o alvo, nesta altura do campeonato? Que venha o Sherlock Holmes dar-nos pistas porque a “coisa” tem ares de rebuscada… 😉 Comentário da Estátua.)


O Dr. Berardo foi detido por crimes como burla qualificada, fraude fiscal, branqueamento de capitais e gestão danosa. É muito triste que estejam a fazer isso a um homem desta categoria. Mesmo que ele tenha desenvolvido acções duvidosas do ponto de vista ético e legal, cabe à justiça dar um desconto a alguém que fez tanto pela economia e pelo prestígio do nosso país. Somos um país de ignorantes e esta detenção é terrível para a imagem da cultura no nosso país. Por causa destas atitudes do ministério público, vamos ter portugueses a entrar em museus a dizer “então é isto que os chulos andam a fazer com o nosso dinheiro?” em vez de ficarem completamente esmagados com a beleza intemporal das obras adquiridas pelo Dr. Berardo.

O Dr. Berardo deve muito dinheiro à caixa, mas nós devemos-lhe muito mais. Podia ter gastado o dinheiro todo de uma forma egoísta em charutos, carros e em presentes para senhoras, mas em vez disso decidiu dar de comer a artistas. E, mais do que isso, pegou nestes desenhos e colou-os no seu frigorífico pessoal no CCB para que todos os possam admirar. Sem ele, estes artistas seriam forçados a arranjar trabalhos a sério e teríamos as empresas cheias de pessoas frustradas a tirarem fotocópias.

Vejo muitos artistas a manifestarem-se por mais subsídios e por questões menores como o impacto que a pandemia teve na cultura. Espero agora que saiam à rua a exigir a libertação do seu mecenas. Sem o Dr. Berardo e sem os 300 milhões que deve à CGD, a cultura deixa de ter valor de mercado. As obras deles passam a valer o mesmo que qualquer cinzeiro de barro que uma criança produz para oferecer no dia do pai. O Dr. Berardo sacrificou-se e endividou-se para que a arte tivesse valor. O que valoriza a arte não é a estética nem os sentimentos do artista, é a ambição de pessoas como o Dr. Berardo ou o Dr. Louvre de terem o seu nome num museu. Um urinol não passa a ser uma obra de arte por estar numa galeria. Isso acontece quando o Dr. Berardo abre o seu livro de cheques e utiliza 10 milhões de dinheiro da CGD para comprar um urinol que não serve para nada.

Curiosamente, o Dr. Berardo é um dos protagonistas da última edição da Le Docteur dedicada à corrupção, como exemplo de uma vítima da burocracia que força homens de sucesso a recorrerem a práticas duvidosas. Espero não ter contribuído para a sua detenção. Poderá ser adquirida através de reservas@odoutor.pt.


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