(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 20/04/2021)

A direita vai fazer render a Operação Marquês até à última gota de sangue que puder extrair na sangria ao PS; a qual começou em Julho de 2014 (ainda nem sequer havia arguidos constituídos), altura em que alguém no Ministério Público cometeu um crime com o único propósito de interferir nas eleições para secretário-geral contra Costa.
Isso passa por continuar a desprezar o Estado de direito democrático, onde o cidadão José Sócrates não só é inocente face à Lei como viu cair todas as acusações de corrupção e a enorme maioria das restantes acusações que pendiam sobre si após o despacho do juiz de instrução. E passa por judicializar a política através de um moralismo hipócrita, cínico e rapace.
A ideia de que o PS deve fazer um mea culpa por ter tido um líder “corrupto” corresponde na perfeição à cassete que se ouve desde Março de 2007, literalmente a partir do dia a seguir ao chumbo da OPA da Sonae sobre a PT. Nesse dia seguinte, o Público iniciou uma campanha negra contra Sócrates, lançando o caso da sua licenciatura em Engenharia Civil. Nas vésperas da OPA, José Manuel Fernandes ainda escrevia editoriais elogiosos para Sócrates, em tandem com o esforço de Paulo Azevedo para influenciar o Governo recorrendo a paleio secreto. Gorado o aliciamento, soltaram os cães e iniciou-se uma caçada que dura até hoje nesse jornal.
A imagem que queriam espalhar então só se foi adensando ao longo dos anos de incessantes e furiosas calúnias, voltando o Freeport em 2008 e criando-se o Face Oculta em 2009. Neste processo comandado a partir de Aveiro por um Marques Vidal, tivemos o primeiro-ministro em funções a ser espiado para que fosse a eleições constituído arguido do que hoje sabemos ter sido uma golpada. Falhado esse plano, a dois meses das eleições legislativas de 2009, foi lançada a Inventona de Belém.
Estes casos, e muitos outros, tinham um subtexto obsceno: o PS era uma máquina de corrupção, um polvo que estava a asfixiar a democracia, a tomar conta do Estado, a ocupar o topo do poder financeiro para depois abarbatar a comunicação social. Isto foi e continua a ser repetido por políticos, editorialistas e comentadores direitolas. Este é o caldo decadente e sórdido donde nasce a Operação Marquês.
Agora, com a ajuda de quem no PS e no comentariado de esquerda, por variegadas razões, vê proveito em apanhar a boleia, cresce a onda para que o PS se enterre nessa cova. Seria o absoluto delírio na pulharia, ver uma procissão de socialistas arrependidos de terem fechado os olhos, mesmo ajudado a roubar, ao tal “corrupto” que a maior investigação de sempre no Ministério Público provou não se poder levar a julgamento por corrupção. Porque não existem provas, mano. Só existem fantasias, disse um juiz que honra a classe.
A psicologia explica: num linchamento, os mais cobardolas são os mais cruéis.
O linchamento continua (e o enfrascanço também)
20 ABRIL 2021 ÀS 8:54 por estatuadesal
[…]
Nota. Olha, muito bem Valupi, o relinchamento continua! Ontem vi com estes qu’a terra há-de comer, em simultâneo!, este lindo espectáculo no P., no Expresso e no DN online, até pensei que era promoção de alguma nova colecção sobre a biblioteca do crime!
🙂
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20 ABRIL 2021 10:40
Francisco Louçã
Isto é qu’é #estimulante, sim senhor!
Adenda. Ah, e por falar apropriadamente em relinchamento, acrescento que o amigo Sancho é entre as #socratetes de outrora o mais ajuízado do mês. Das trapalhadas do menino de ouro, nada!
http://jumento.blogspot.com/
Não perdes o maldito vício !
Todos os casos que falas baseiam-se em suspeitas,levantadas,está claro,pelos amigalhaços !
Não sejas priápico,ainda te sufocas!
Espera que os casos transitem em julgado e, depois,canta,se te apetecer…
Nota. De que falas, Samuelinho? Toma lá um bocadinho e feérica poesia como diria o ó na hora do arrependimento, e embrulha!
_____
Os meus castelos de vento
Que me em tal guiza puzestes
Como desaparecestes!
Armei cavalos erguidos,
Esteve a fortuna quêda,
E disse: gostos perdidos,
Como is dar tam gram queda!
Mas, oh cego entendimento,
Em que parte vos puzestes,
Que então não me socorrestes!
Cairão me tam asinha
Cairão me as esperanças;
Isto não forão mudanças
Mas forão a morte minha.
Castelos sem fundamento,
Quanto que me prometestes!
Quanto que me falecestes!
– Sá de Miranda, vilancete para Joze Soqrates.
🙂
Corrigenda.
Onde se lê:
e feérica &etc.
Deve ler-se:
Toma lá um bocadinho de feérica poesia como diria o ó d’A Estátua na hora do arrependimento, e embrulha!
«Os comentários estão fechados.», cito.
Adenda. Isto é, nada muda e tudo muda ao mesmo tempo qu’a breve manhã ou a noite mais negra, tal como a feérica poesia de antanho, têm outro significado quando raia a madrugada.
🙂 , 25 de Abril sempre!