Sem o bombo não há festa

(In Blog O Jumento, 23/10/2019)

Desde os tempos em que Miguel Cadilhe informou o país de que haviam 150.000 funcionários públicos a mais e Cavaco Silva criou listas de disponíveis com vista ao seu despedimento que todos os males dos país são provocados pelos funcionários públicos.

De vez em quando andam distraídos, com ciganos, africanos, gays, gagos e obstetras mas rapidamente voltam ao mesmo, o bombo da festa é sempre o funcionário público.

Gosta da Estátua de Sal? Click aqui.

Não há nada em Portugal que não desague no Estado e todos os incidentes e crises, sejam financeiras ou da saúde, depressa alguém prova por dois e dois que a responsabilidade é do Estado e não tarda um qualquer político descobre logo que tudo se resolve com mais umas pancadas no bombo.
Ganham demasiado, a média salarial de médicos e de engenheiros é maior do que a média se salários na fábrica de parafusos? Cortam-se nos vencimentos, congelam-se aumentos e promoções. É preciso mais dinheiro para a Saúde? A solução é óbvia, aumentam-se os horários de trabalho, exigem-se mais consultas por hora, multiplicam-se os truques para aumentar a produtividade.

O modelo deu resultado, mas está sucedendo ao Estado o mesmo que sucedeu ao burro que se habituou a viver sem comer. Descobre-se que o vencimento de um professor não dá para pagar duas rendas de casa mais os transportes para as deslocações, que os médicos estão cansados com tantas horas e urgências, que os enfermeiros estão a ir-se embora, que em muitos serviços do Estado a maioria dos funcionários estão à beira da reforma.

Depois de quase trinta anos de festa em que se entretiveram a bater no bombo chega-se à conclusão que o bombo está à beira de rebentar e sem bombo deixa de haver festa. Mais um par de anos deste oportunismo político, deste processo de difamação dos funcionários públicos e iremos ver muita gente pagar com língua de palmo o ter andando a encontrar falsos culpados e falsas soluções.

Os serviços de urgências fecham porque faltam médicos jovens, os pais manifestam-se nas escolas por falta de polícias ou de funcionários auxiliares, os alunos estão sem aulas por falta de professores, os emigrantes não se legalizam por falta de recursos humanos no SEF, é impossível renovar o cartão do cidadão porque nos registo não há quem o faça. Um pouco por todo o lado o Estado rebenta. Afinal o burro precisava mesmo de comer.


Fonte aqui

3 pensamentos sobre “Sem o bombo não há festa

  1. > Mais um par de anos deste oportunismo político, deste processo de difamação dos funcionários públicos e iremos ver muita gente pagar com língua de palmo o ter andando a encontrar falsos culpados e falsas soluções.

    Isso é, no mínimo, inocente. O mundo não funciona assim, esse tipo de gente nunca sofre consequências de coisa nenhuma. Para isso era preciso o povo admitisse que foi enganado durante décadas, o que nunca acontece. Ou quando acontece, vai tudo à frente.

  2. O governo tem razão. Vejamos
    70 ministros e secretários de estado
    Somem-se chefes de gabinete, motoristas, assessores, os tipos que fazem a ponte com os media e que vasculham a imprensa escrita, falada ou exposta em ecran; os instrutores dos grilos-falantes nos n programas de wrestling televisivo; os preparadores das conversas com o MRS e decifradores das seus recados; o trabalho acrescido que vão ter com as encomendas a certos escritórios de advogados e outros consultores; os que preparam as viagens internas e externas daquela caterva de gente; e as ligações a Bruxelas, Estrasburgo, Frankfurt am Main, os zeladores dos recados da Merkel, do Macron, da Lagarde, da von Leyden, … e outros que devem ter sido inventados para dar emprego a jotinhas, familiares de autarcas e figuras gradas…

    E ainda acham que é preciso funcionários públicos?
    VL

  3. “Desde os tempos em que Miguel Cadilhe informou o país de que haviam 150.000 funcionários públicos a mais…” Deveria ser “… havia 150.000 funcionários…”

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.