Acabem de vez com os “Padeiros de Arouca”!

(In Blog O Jumento, 30/07/2019)

O Padeiro de Arouca

“Eu não seleciono empresas, nem sei de quem são as empresas, não faço ideia de nenhuma. As empresas foram seleccionadas, foram convidadas, o processo foi desenvolvido pela Autoridade Nacional, as conclusões virão do inquérito” [Padeiro de Arouca]

Ver aqui como o padeiro chegou a especialista em Protecção Civil

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É incrível como um governo faz um excelente trabalho, consegue até projetar o nome do seu ministro das Finanças ao ponto deste ser presidente do Eurogrupo e um possível diretor-geral do FMI e no fim aparecem meia dúzia de pilha-galinhas a fazerem negócios de tostões. É incrível como um país enfrenta uma grave crise no meio rural com os fogos, tendo de enterrar muitas dezenas de cidadãos e sabe-se que alguns dos que deviam estar dando o máximo para evitar que a situação se repita andam, afinal, a escolher empresas do pessoal de Arouca para aproveitar a situação para uns pequenos negócios.

Há ministros e secretários de Estado a dar o melhor, há milhares de agentes do Estado, desde polícias a médicos, dando tudo pelos cidadãos, há gente que se dedica à causa pública por motivações políticas ou por opção profissional e que dedicam a vida ao Estado, muitas vezes mal remunerados e sem reconhecimento público.

Depois há uns inúteis que se metem nos aparelhos dos partidos do poder, tecendo teias mafiosas para que na hora do poder tirem o maior proveito pessoal possível. No topo destas hierarquia manhosas estão alguns barões dos partidos que têm uma preferência muito especial por algumas pastas. De entre elas a mais desejada é a da Administração Interna, porque tem a tutela de importantes serviços do Estado como a DG da Administração Local ou a Inspeção-Geral da Administração Local.

Desde a primeira hora que se percebeu a atrapalhação de um ministro que tentou intimidar os jornalistas com declarações pacóvias. O ministro deve ter pensado que tinha assustado toda a gente e só depois percebeu que tinha que ordenar um dos inquéritos usuais. Antes disso o país ainda teve de rir à gargalhada, um desses idiotas de Arouca lembrou-se de dar a explicação mais ridículas ao tentar justificar o dobro de um preço com o argumento de que, estando em causa uma grande quantidade duplicavam os custos, enfim, o poliester é uma matéria-prima tão cara que o aumento da procura duplicou o preço no mercado de Xangai!

Como era lógico tinha de se arranjar um culpado de serviço e o país ficou a saber que um dos especialistas em proteção civil era um padeiro. Talvez o homem trabalhe com fornos de lenha e saiba muito de incêndios, mas pelos vistos é graças a ele que o seu secretário de Estado pode dizer que não sabe nadinha de nada. Promoveu-se o padeiro a “membro do governo” e mandaram-no assar nos fornos da padaria.

Desde quando os assessores deixaram de ser criados dos governantes para serem “membros do governo”? É óbvio que o secretário de Estado sabe tudo o que se passa em Arouca e ainda antes do ministro investigar o material de que são feitos os microfones dos jornalistas já devia ter sido devolvido a Arouca, talvez haja lugar para ele na padaria, pode não saber nada de empresas mas depressa aprende a fazer papo-secos.

E o ministro Cabrita escolheu a seita de Arouca para um dos dossiers mais sensíveis, tendo padeiros a servir de assessores? Imagine-se se o Mário Centeno tivesse arranjado calceteiros para negociar a dívida soberana. 
É tempo de o PSD e do PS fazerem uma limpeza profunda dos seus aparelhos partidários, pondo fim a esta mania de encher os corredores governamentais com “padeiros de Arouca”!


Fonte aqui

5 pensamentos sobre “Acabem de vez com os “Padeiros de Arouca”!

  1. “E o ministro Cabrita escolheu a seita de Arouca para um dos dossiers mais sensíveis, tendo padeiros a servir de assessores? Imagine-se se o Mário Centeno tivesse arranjado calceteiros para negociar a dívida soberana.”

    Com excepção do ponto de interrogação, que me parece estar em falta na última parte do texto, eu responderia:

    – Quem sabe o Tino de Rãs não daria um bom assessor! (Já que falamos de calceteiros, nada melhor do que um como o Tino)

  2. Em estéreo, gritem aí ao Sancho para ele reaprender umas cenas com aqueles tipos (o mesmo que o parabeniza pelo enlace modernaço e cómico falinhas mansas Joaquim/José Madeira).

    ______

    Nota. Epá, ó da Estátua, estive agora a reler esse relambório do RFC e o tipo tem pinta! Em vez do deputado de Aveiro, troca lá por o Secretário de Estado da Protecção Civil de Arouca? Pois é, deveriam ler o link que atira para o PhD do Pedro Tavares de Almeida sobre o caudilhismo, os interesses (e os interesseiros) e como se movimentam eles nas jogadas políticas locais. Mete-lhe um pin do PS do António Costa, fachavor.

    Da série “Sugestões de leitura para a gente da Província…”

    RFC diz:
    Janeiro 17, 2019 às 5:49 pm, e seguintes.

    https://estatuadesalnova.com/2019/01/17/o-deputado-de-aveiro/#comment-12761

    Vivó tipo!

    • Nota. Epá, vi agora isto algures e pareceu-me engraçadinho. O que é que achas, ó da Estátua? Tu e o Sancho entram no lote dos elogios do tipo, acho.

      […]

      E sobre a cena das golas do MAI, da forca do Eduardo Cabrita, do PS da longínqua Arouca com o seu mosteiro fantástico e que agora surge nas bocas do mundo agrunhada, do silêncio de um tal Secretário Geral do PS, da Ana Catarina Mendes, dirigentes, deputados, autarcas, à excepção simpatizantes e militantes do PS que ainda há alguns com coragem!, ouviste alguém a demarcar-se sobre o padeiro que é líder da concelhia de Arouca, demitiram-no?, e sobre as famílias socialistas que há por este país inteiro abocanhadas a pouco ou muito não interessa, dos papás do Pedro Nuno Santos, da Gracinha, ó Fonseca!, da Francisca, nada tens a dizer sobre essa realidade proto-cosmopolita que se safa na Idade da Pedra que subsiste neste Nosso Querido Portugal? E então o Augusto Santos Silva, um dos braços direitos de José Sócrates que, coitado!, lhe metia algum juízo na testa, não te incomoda ter sido ele O Escolhido para dar lições de ética filosófico-política aos matarruanos portugueses que somos todos nós?

      Vá lá, desopila, que há um certo gaijedo caladinho que nem ratos.

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