(Virgínia da Silva Veiga, 03/05/2019)

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Mesmo desatentos, não há quem não saiba que Portugal estava a ser falado no mundo inteiro como exemplo de uma nova forma de capitalismo. Sejamos absolutamente claros: Portugal criara um sistema capaz de equilibrar os interesses dos ricos, mantendo, portanto, atracção ao investimento, com uma maior distribuição de riqueza pelas classes mais desfavorecidas, atribuindo direitos como o acesso a transportes, educação, saúde. Tudo ainda a dar passos de criança – o governo não tem sequer quatro anos! – mas … a dar.
Forças políticas, ancestralmente adversas, estavam unidas no essencial e o país conseguia fazer tudo isso ao mesmo tempo que ia liquidando dívidas, evitando a falência de bancos e criando uma almofada financeira, diminuindo o desemprego a níveis impressionantes, reequilibrando a garantia de reformas – pasme-se – ia crescendo, finalmente, acima da média europeia.
“Poucochinho”, dir-se-á, porque os juízes continuam a ter que usar carros próprios, médicos ganham tão relativamente pouco que emigram, professores, enfermeiros, polícia científica, guardas prisionais, polícias, até bombeiros, todos nós – vá lá, sejamos francos! – a auferir vencimentos injustos, sobretudo se comparados com níveis salariais de gestores, directores e administradores sem vergonha nem patriotismo.
Calma! Estávamos a fazer tudo isto mantendo um país sem atentados terroristas, onde as pessoas andam nas ruas sem ser assaltadas, onde os que têm armas são, por regra, caçadores e não cidadãos movidos pelo ódio.
Portugal é um oásis mundial. E, nisto, estavam os grandes observadores internacionais a falar de nós, já não como a cauda da Europa – lembram-se? – , mas como a guarda avançada: enquanto na generalidade dos outros o desenvolvimento atingido regredia, no nosso, pequeninos, avançava.
Olho neles! É sítio para investir, o tal onde se diz que um dia deu à costa Tubalcaim, vindo das águas do Dilúvio para os lados de Setúbal, a tal nesga de território a quem ocorreu, mais que ser a terra redonda, ser esta um caso a explorar. Um povinho “poucochinho” feito de grandeza, de onde vinham agora, não apenas o melhor jogador ou as melhores faxineiras, dos melhores cientistas, como bem lembrou o embaixador Robert Sherman. Escreveu um livro onde recorda, estão lembrados?
A nossa nova política obrigava o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia, o Eurogrupo, a esquecer as teses de Wolfgang Schäuble, de Christine Lagarde. Jeroen Dijsselbloem, o tal holandês, bebe agora uns copos à nossa saúde, algures no buraco da sua própria vergonha, substituído por um português. Teodora calava-se.
Foi quando um líder sindical, uma bastonária, uma gentinha populista, se puseram em bicos de pés e se começou a assistir a um pouco de tudo, até a um advogado pago em honorários para liderar um sindicato. Em tempos, depois de necessária aprovação por quem sabe bem menos que nós, exactamente tendo por mote professores, à beira de eleições, partidos ditos de esquerda e de direita, uniram-se para dar o golpe fatal na desesperada economia que longos tempos de Cavacos e cavaquices – não há ninguém isento – tinham deixado chegar ao tutano.
Repete-se a história e a grande pergunta não é só como é que os atrevidos de sempre vão agora encontrar forma de alimentar os próximos orçamentos de estado, a grande pergunta nem é para eles, é para aqueles que acabam de dar a pior lição, não apenas aos seus alunos, aos portugueses, e, como se disse, ao mundo: Portugal, afinal, não está tranquilo.
Que gente sem história, sem ideias, sem visão! Sem paciência já agora.
Ensinem como se reconstrói um País, como se recupera. Como limpam do cenário esta instabilidade, sobretudo onde querem ir tirar-nos o que reivindicam, na certeza de os mais de nós estarmos cansados de ser vergastados por quem recebe directamente do erário público.
Alguém tem que dar essa lição.
Estuda primeiro antes de escreveres asneira. Informa-te. E já agora… tira as lentes… turva-te a leitura
Ui?
Virgínia, larga o vinho.
[Porra, estou aqui que não posso e só li na diagonal.]