Eu, um desinformado confesso, me confesso

(Joaquim Vassalo Abreu, 15/04/2019)

Vassalo Abreu

E desinformado confesso enquanto indivíduo que, de há muito tempo a esta parte, tem vindo a desistir de ler jornais (apenas leio as primeiras páginas e pouco mais), de ver televisão (apenas desporto de alto nível e pouco mais) e de querer saber de “fofocas” e de “diz que diz”…

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Por isso, seguindo o velho princípio do “o jornalista dá a notícia mas quem a interpreta sou eu”, também me tornei avesso a ler interpretações de outrem, especialmente dos pagos, os tais que se deveriam limitar a dar as notícias, mas principalmente dos avençados, os que escrevem por obrigação da remuneração, os que dizem tudo o que lhes vem à cabeça, na convicção de estarem sempre certos, mas nunca pensando ou imaginando que a margem do politicamente correcto é demasiado ténue para impedir o inevitável contraditório!

Não lhes nego nem a habilidade nem o conhecimento e muito menos a sabedoria! Apenas lhes nego a intenção e a liberdade! Sim, a liberdade. Se sendo remunerado se escreve para um jornal não se ousa escrever contra o seu editorial. Não é isto certo? Se alguém escreve num Observador poderá ser livre de escrever o que lhe aprouver? E num Correio da Manhã, poderá?

Nestes e noutros como esses nunca poderá! Mas perguntar-me-ão: e nos outros, nomeadamente no Público e no Expresso, podem? Eu nestes casos respondo facilmente: até podem, desde que respeitem o editorial! Falem de tudo, menos dos princípios editoriais, isto é, do que vem na primeira página…E voltamos, claro, ao mesmo!

Também um desinformado confesso me confesso porque devo ser de entre todos aquelas e aqueles que eu conheço um dos poucos que até hoje se recusou a ler ou ouvir qualquer escuta, fosse ela proibida! Fosse eu, ou quisesse eu ser, um tipo informado e tê-las-ia ouvido! Mas sei o seu essencial? Claro que sei! Mas esse saber mudou a minha opinião? Não?

Mas porquê, perguntarão? Porque não é um facto isolado, nunca será uma avulsa acusação, nunca será até um desvio comportamental, um pecado ou um deslumbramento ocasional que me farão mudar a minha fundamentada opinião ou admiração em relação a alguém que, por todo um passado, eu me habituei a considerar. Por isso nunca caí em cima de quem, de entre esses todos, me defraudou deixando de pensar como eu, e porquê? Porque em devido tempo, nesses tempos agrestes e perigosos, estando eu cómodo, eles deram o corpo às balas e o couro às adversidades! E isso nunca se pode  apagar!

Não é isso que me revolta nem nunca o será. Revolta-me é muitos desses esquecerem-se do que foram, do que pensaram e de como agiram e sejam hoje o oposto do que foram, pensarem agora o contrário do que antes pensavam e actuarem hoje precisamente contra aqueles com quem antes combateram…Disto eu não me esqueço e isto, sim, revolta-me!

Estes são a pior escória e os seres mais desprezíveis que conheço. E não preciso de os ler…Que me ensinam? E por outro lado, precisarei eu de ouvir quem fala ou escreve contra tudo o que eu penso, tendo voz nos Midia, se tudo o que eles dizem (Marques Mendes e quejandos) só me fazem ficar mais mal disposto e nada de útil me aportam?

Prefiro ser desinformado se ser informado isso for! Aos meus quase 66 anos (em Julho os atingirei), tendo vivido o antes 25 de Abril (20 anos), o pós e o depois do pós, tendo nascido na raia da pobreza, tendo mesmo assim estudado, tendo casado, trabalhado, progredido, regredido, novamente progredido, sofrendo percalços e mesmo assim estabilizando, pensando, dando opiniões e escrevendo-as mesmo ( quase 500 textos neste Blog para além de opiniões avulsas no Facebook), não facilmente aceitarei que seja um qualquer mercenário da escrita que molde as minhas opiniões…Prefiro continuar um “ desinformado” confesso e afastado de todos esses quantos que com “fakes”, com mentiras e com desinformação vão moldando as opiniões de muitos… mas a minha, NÃO!

Confesso!


3 pensamentos sobre “Eu, um desinformado confesso, me confesso

    • […]

      Mas porquê, perguntarão? Porque não é um facto isolado, nunca será uma avulsa acusação, nunca será até um desvio comportamental, um pecado ou um deslumbramento ocasional que me farão mudar a minha fundamentada opinião ou admiração em relação a alguém que, por todo um passado, eu me habituei a considerar. Por isso nunca caí em cima de quem, de entre esses todos, me defraudou deixando de pensar como eu, e porquê? Porque em devido tempo, nesses tempos agrestes e perigosos, estando eu cómodo, eles deram o corpo às balas e o couro às adversidades! E isso nunca se pode apagar!

      Nota. De novo, meu velho Vassalo (o trocadilho é inspirado no título do post, cool!). Como se chamam às pessoas que, por vontade própria, se recusam a enfrentar a complexidade da realidade? Quais são algumas das suas estratégias pessoais, pode dizer-se assim?, de defesa/ataque que exibem consigo mesmo e/ou na sua relação com os outros? Supondo eu que haverá uma espécie de grand finalle operático, uff!, e que esse será vivido de modo diferente, consoante os casos, mas pergunto-me poor onde se andatá, que caminhos, até chegar lá? Li-te ontem, e fiquei a pensar nestas e noutras coisas.

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