UM ASSALTO À PORTUGUESA

(In Blog O Jumento, 26/10/2018)

solnADO

Um pilha galinhas encostou a pick-up ao buraco na rede da base de Tancos, entrou tranquilamente, abriu o portão do paiol e foi carregando a carrinha com o material que havia à mão, balas avulso, explosivos, bobinas de fios, disparadores, granadas de mão ofensivas, granadas anti-tanque, granadas foguete, cargas de corte, granadas de gás lacrimogéneo. Enfim, só não trouxe um tanque porque não conseguia passar no buraco da rede ou o ladrão não tinha carta de pesados e podia cruzar-se com alguma patrulha de trânsito.

Ainda bem que o pobre ladrão não tem bicos de papagaio, porque carregar todo aquele material entre o paiol e o carro sem poder bufar, com medo de que o ruído atraísse algum sentinela mais atento, se tivesse estaria agora ainda mais empenado do que o material que roubou. Mas depois de todo este trabalho o desgraçado deve ter pensado em ir a Tancos pedir o livro de reclamações, o material roubado que ia trazer uma vaga de atentados estava fora do prazo, estava tão estragado que em vez de explosões a Europa iria sofrer de caganeira.

E quando esperava que o pessoal acertasse as contas e esquecesse o assunto ficou em pânico quando percebeu que o seu roubo tinha merecido mais do que uma nota no meio do Correio da Manhã. O homem  entrou em pânico, mas ladrão que é ladrão tem um amigo da GNR com quem assentou praça na tropa e esse amigo é amigo do chefe da PJ militar, que por sua vez estava danadnho por ser ele a tramar a PJ civil. O assalto ficou mesmo a calhar, o ladrão devolveu o material impróprio para consumo e assim a tropa tramava a concorrência.

Mas, não fosse o diabo tecê-las, o melhor era arranjar uma boa desculpa para evitar as consequências, se algo corresse mal tramava-se os políticos, se alguém fosse preso havia que ter um memorando bem guardadinho, a prova de que o homem de cima sabia. Isto é, se nos tramarem também estão tramados.

E até parecia que a Cristas é bruxa, há meses que anda a dizer que a culpa era do ministro e do primeiro-ministro. Então não acontece que, com o tal memorando de que ninguém sabia, até parece que o CDS tem um dedo que adivinha?

O problema agora é saber como é que o ilustre advogado Sá Fernandes consegue transformar os truques em argumentos que transformem o seu arguido em honrado e inocente; porventura será condecorados porque tudo fez pensando estar a servir a Nação. Tudo isto faz lembrar a ida do Raúl Solnado à guerra de 1908!

Ver a excelente peça humorística do saudoso Raúl Solnado no vídeo abaixo.

 

 


Fonte aqui

Um pensamento sobre “UM ASSALTO À PORTUGUESA

  1. Era bem de ver. Memos da gravidade que se afirma entregues em dia e hora em que se sabia que o ministro não estava e com cópia mandada pelo tinder, perdão, whatsapp, eram para quê?

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