De que Serve a Bondade

A minha pequena contribuição para celebrar o Dia Mundial da Poesia. A palavra tanto pode ferir como aliviar, tanto pode ser justa como iníqua, tanto pode ser trivial como sublime. Mas da mensagem da verdadeira poesia sobre pode brotar o anseio pela razão, pela beleza e por um mundo mais justo. É por isso que vos convido a revistar hoje Bertold Brecht

. Estátua de Sal, 21/03/2017


Bertold Brecht, in ‘Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas’

Tradução de Paulo Quintela

brecht


1

De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?

2

Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!

Um pensamento sobre “De que Serve a Bondade

  1. Pois é, meu querido e saudoso Mestre BERTOLD. É como escreveste, ou, melhor dito, o ideal seria assim como escreveste. Mas o sistema capitalista não o permitiu ainda! Não o permite agora! Nem o permitirá NUNCA!…
    Pelo que: urge pôr-lhe FIM.
    Como? Perguntam as pessoas que concordam. Porque as outras vivem bem com ele.
    Acabando com ele. Matando-o e substituindo-o pelo sistema que, historicamente, se lhe seguirá…

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