Outra vez o tema dos centros de decisão

Fonte: Outra vez o tema dos centros de decisão

(In Blog O Jumento)

Nos tempos de governo de António Guterres o país quase parou com a preocupação da nossa classe empresarial com a saída dos nossos centros de decisão para o estrangeiro. Os nossos capitalistas vendiam as suas empresas ao estrangeiro por bom preço e depois promoviam debates onde vertiam lágrimas de crocodilo porque o país perdia a sua independência. Recordo-me de os ver irem em procissão verter as suas mágoas em São Bento, lá estavam a grande vedeta da banca, um tal Jardim Gonçalves, o DDT que na época ainda era um comprador muito apreciado pela nossa classe política e muitos outros.
Passados uns anos foi o que se viu, tigres da finança como Oliveira e Costa e Dias Loureiro tramaram o país, outros venderam as suas empresas a brasileiros, chineses e europeus, o Jardim Gonçalves até o seu lugar no Céu deve ter perdido, o DDT só não foi preso e ficou confinado à sua habitação e respectivo logradouro, onde se situava a capela mais procurada pelos cristãos mais endinheirados da praça.
O tema foi esquecido e durante o período de ajustamento, enquanto um iletrado se inspirava no falecido António Borges e tentava transformar Portugal na Singapura da Europa, aquilo que dantes era a perda dos centros de decisão passou a ser investimento estrangeiro. Vender a EDP, a REN e todas as grandes infraestruturas energéticas não era perder um centro de decisão, era um sinal de que graças ao iletrado, e agora primeiro-ministro no exílio, o país atraía capital estrangeiro.
Se os chineses traziam dinheiro e até davam uma segunda vida profissional ao decadente professor catedrático a tempo parcial 0%, tinha que se dar as boas-vindas aos novos empresários. Foi o ver se te avias, e até se formou um gangue que vendia os palacetes das famílias decadentes a trafulhas chineses, foi um rodopio de cunhas e de telefonemas, com muito boa gente a meter as mãos na massa.
O ajustamento falhou, Portugal é mais uma Coreia do Norte do que uma Singapura da Europa, o DDT já não compra ninguém e até o Manel Damásio anda embrulhado por causa do José Veiga, e eis que a nossa canalha voltou a preocupar-se com os centros de decisão nacionais e voltam a estar preocupados com o tema. Já não elogiam o investimento estrangeiro nem dão loas à globalização, agora preocupam-se porque um dia destes querem fazer um negócio manhoso e os bancos são todos espanhóis.
Os que defendiam que os portugueses deviam ser esmifrados por terem vivido acima das suas possibilidades até já estão ao lado de Francisco Louçã e sugerem a nacionalização da banca. Não havia dinheiro para salários e pensões, mas já há dinheiro de sobra para comprar bancos.
Quando os nossos candidatos a banqueiros estiverem mais recompostos e regressarem ao poder pelas mãos de um qualquer Cavaco de Massamá ou de um Passos Coelho de Boliqueime serão os mesmos que aparecerão a defender as virtudes da banca privada e as vantagens de vender a banca nacionalizada a empresários portugueses. Os mesmos que defendiam a privatização da CGD aparecem agora a defender a nacionalização do Novo Banco.

Um pensamento sobre “Outra vez o tema dos centros de decisão

  1. manuel.ramalhete@galpenergia.com

    2016-02-24 18:32 GMT+00:00 “A Estátua de Sal” :

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