As lágrimas de crocodilo dos dignitários do “Ocidente alargado” por Alexei Navalny

(José Catarino Soares, in Tertúlia Orwelliana, 18/02/2024)

Alexei Navalny. Foto extraída do primeiro vídeo indicado mais abaixo

1. As reacções à morte de Alexei Navalny

As reacções à morte de Alexei Navalny dos altos dignitários do chamado “Ocidente alargado” foram unânimes. Joe Biden, Antony Blinken, Kamala Harris, Olaf Scholtz, Rishi Sunak, Emmanuel Macron, Ursula von der Leyen, Charles Michel, Josep Borrell, Roberta Metsola, Jens Stoltenberg, Hillary Clinton, etc., todos lamentaram a morte do “grande paladino da liberdade e da democracia na Rússia” e  “grande opositor de Putin”. E todos apontaram o dedo a Putin porque ‒ como disseram Biden e Zelensky, esses conhecidos poços de virtudes ‒ “é óbvio” que foi Putin quem o mandou matar.

2. A lógica e os factos

Esta gente não se enxerga. Para eles a lógica é uma redonda batata e o respeito pelos factos uma gargalhada. Contam, como sempre, com a credulidade e a ignorância do grande público. Se não vejamos.

Navalny estava a cumprir 19 anos de prisão numa colónia penal no Árctico por várias acusações, incluindo reabilitação do nazismo e atracção de menores de idade para participar em acções perigosas.

Deixemos de lado, por agora, a questão (importante) de saber se essas acusações eram justas ou injustas. Concentremo-nos numa única questão: “Cui bono?” Que ganharia Putin em mandá-lo matar na prisão, eliminando assim o assustador aviso que a longa pena de prisão e a dura condição prisional de Navalny (no Árctico a temperatura média no Inverno pode baixar até aos -40.° C) constituíam para todos quantos o quisessem imitar?

Não parece mais plausível aceitar o que declarou o Serviço Penitenciário Federal russo? Cito: «Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência». Momentos depois, foi chamada uma ambulância e «todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não tiveram resultados positivos». Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, garantiu que a morte será investigada, em declarações citadas pela Reuters. Deixemos, então, esse ponto para os médicos-legistas e façamos a pergunta fundamental.

3. Quem era Navalny?

Quem era realmente Navalny? Quem queira saber a resposta a esta pergunta tem à sua disposição o excelente livro do coronel Jacques Baud (ex-agente dos Serviços Secretos suíços): “L’affaire Navalny: le complotisme au service de la politique étrangère” (Éditions Max Milo, Julho de 2021) [tradução inglesa: The Navalny case: conspiracy to serve foreign policy [Max Milo Editions, February 10, 2023].

O livro baseia-se em documentos oficiais americanos, britânicos, russos, franceses e alemães para mostrar, por a+b, que Navalny era um advogado corrupto e sem escrúpulos, de ideologia neonazi, que a CIA aliciou ‒ pelo menos a partir de 2010 ‒ para ser o seu cavalo de corrida na Rússia.

Mas não é preciso sequer ler Jacques Baud, para chegar à conclusão que Navalny era tudo menos “o mais acérrimo defensor da democracia russa” (Rishi Sunak) ou um “resistente” [à opressão] (Daniel Oliveira, um jornalista português). Basta ver, por exemplo, os dois vídeos indicados mais abaixo que evocam os seus tempos de confesso entusiasta neonazi, numa época em que não tinha qualquer pejo em incitar os seus simpatizantes a matarem os imigrantes e compatriotas muçulmanos (os chechenos, por exemplo, são muçulmanos) com uma pistola e a esmagá-los como baratas. 

Não admira, pois, que as mesmas carpideiras que choram Navalny não tenham vertido nenhuma lágrima pelo cidadão e jornalista  americano Gonzalo Lira, que morreu há poucas semanas numa prisão ucraniana aonde foi parar sem ter cometido qualquer crime e onde permaneceu sem qualquer julgamento até morrer; nem vertam nenhuma lágrima  pelo cidadão e jornalista australiano Julian Assange, que está há quase cinco anos a apodrecer numa prisão britânica por ter denunciado crimes de guerra cometidos por tropas americanas no Iraque.

Vídeo abaixo com legendas em francês:

Outro vídeo com legendas em inglês:

Adenda.

 Não foi apenas a CIA que investiu em Navalny. O MI6 também o fez.

«Há muito tempo que há suspeitas que a ONG [Organização Não-Governamental] de Navalny, a Fundação Anti-Corrupção (FAC), trabalha para os serviços secretos britânicos. O diplomata britânico James Ford, que o FSB [o Serviço de Segurança Federal da Rússia] afirma ser um agente do MI6 [serviços secretos do Reino Unido], foi apanhado numa escuta-vídeo com Vladimir Ashurkov, o braço direito de Navalny e director-executivo da FAC, em que este lhe pedia 10 ou 20 milhões de dólares americanos para financiar a campanha de Navalny. Ashurkov também, pediu a Ford que  lhe fornecesse qualquer material comprometedor que os Britânicos pudessem ter sobre governantes russos». (Glenn Diesen, The Think Tank Racket: Managing the Information War with Russia. Clarity Press, 2023). 

A escuta-vídeo referida acima pode ser vista e ouvida a seguir:


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10 pensamentos sobre “As lágrimas de crocodilo dos dignitários do “Ocidente alargado” por Alexei Navalny

  1. Temos provas de que Nalvany está morto? E se sim, quem é que beneficia com o crime? A Rússia não. Putin não tem qualquer interesse em eliminar o Nalvany…A situação pode ser muito diferente do que nos estão a dizer. Como sempre…

    Está a ser considerado um dos principais opositores de V. Putin, mas não era! Ele foi criado para desestabilizar, só isso…
    Navalny nem era o principal candidato nas próximas eleições (3% dos votos previstos). Ainda assim, o timing deste anúncio é questionável. Penso (e esta é apenas a minha opinião) que Putin não tinha qualquer interesse em vê-lo desaparecer…

    Mesmo antes da autópsia de Navalny, já sabemos a causa da sua morte! É inegável que os círculos autorizados se permitem qualquer coisa …

    Falavam que ele sofria há muito tempo de diabetes com episódios de coma glicémica. Tratado na Alemanha.

    Nunca achei que Putin seja um tipo particularmente simpático, e santo, mas é inteligente. A sua entrevista da semana passada teve uma ressonância francamente positiva, talvez pela primeira vez desde a guerra. Seria muito estúpido da parte dele mandar assassinar um dos seus (perigosos?) opositores à vista de toda a gente, uma semana depois do seu grande golpe de comunicação. Penso que ele é demasiado inteligente, esperto e sensato para cometer um erro tão grande.
    Além disso, não percebo por que razão Navalny, depois de ter sido tratado na Alemanha, decidiu regressar imediatamente à Rússia, onde tinha a certeza de ser preso, apesar de a sua família estar, segundo sei, nos Estados Unidos. Alguns especialistas dizem que foi para (criar problemas, quaisquer problemas, para a Rússia).

    Terá Navalny sido recrutado pelos serviços secretos americanos?
    Porque é que ele regressou voluntariamente à Rússia, sabendo que era procurado?
    Porque é que foi transferido para esta prisão pouco acessível?
    Precisava de proteção? De quem, de quê?

    Até deu uma entrevista ao 60 minutos…

    Se, é como se diz, o objetivo do Ocidente era utilizar este dissidente para enfraquecer a Rússia… Então o fracasso desta estratégia pode tê-los levado a considerar o derradeiro sacrifício.
    A entrevista de Carlson a Putin exigia um contra-fogo rápido e eficaz!
    A questão subsidiária continua por esclarecer;
    Navalny consentiu de livre vontade?

    De qualquer forma, as informações que acedi deixam claro que Navalny não era exatamente o heroico lutador pela democracia que os meios de comunicação ocidentais tentam vender-nos.

    Tudo se resume a atitude completamente histérica dos média ocidentais e dos políticos em particular, nomeadamente enfraquecer a Rússia em geral e Putin em particular por todos os meios necessários. Não fazia ideia de que Portugal era tão adepta do “nacionalismo”.

    A nova moda. Os média ocidentais estão a fazer campanha para os políticos russos. Não se preocupam com as sondagens de opinião na Rússia, mas com as sondagens de opinião no Ocidente para determinar quem seriam os melhores candidatos para governar o destino do povo russo. Toda a gente sabe que os eleitores ocidentais são as melhores pessoas para determinar quem são os melhores políticos, por isso mais vale dar-lhes a responsabilidade de eleger os líderes de outros países, não é?

    Sim, sabemos que Navalny nadou em águas turvas e que nem sempre foi o homem que gostaríamos que fosse.

    Sim, não se pode julgar a política na Rússia pelos parâmetros do mundo ocidental. A Rússia passou do feudalismo ao comunismo absolutamente isolada e sem o menor ensaio de democracia, mesmo depois da queda da URSS. É preciso conhecê-lo em profundidade, o que significa que é preciso explicá-lo.

    Todos os países que emergiram do Império Russo (exceto a Finlândia, a Estónia, a Letónia, a Lituânia e a Polónia) e do antigo Império Otomano têm tradições seculares de corrupção, em comparação com as quais a corrupção do resto da Europa, por mais deplorável que seja, é insignificante.
    Isto resistiu à divisão temporária criada pela “Cortina de Ferro”. Na altura, um amigo e colega disse-me que, ao passar da Roménia comunista para a Hungria comunista, comparando os funcionários aduaneiros, teve uma sensação semelhante à de passar de uma república tropical das bananas, totalmente corrupta, para a Suíça. Acrescentou que a Roménia, durante a era comunista, era o único país onde tinha visto uma pessoa exercer três profissões ao mesmo tempo: polícia, hoteleiro e vigarista.

    Um agente da polícia em Moscovo,diz que os manifestantes que participaram para apoiar Navalny foram pagos. Eram jovens estudantes. E diz que foi engraçado porque, ao mesmo tempo, havia dois grupos de jovens no mesmo sítio (pagos por alguém…) – um grupo que se manifestava a favor de Navalny, outro grupo contra Navalny. O objetivo era provocar tensão entre estas pessoas.

    A ingerência do Ocidente em assuntos de países estrangeiros é cada vez mais intolerável. Desejo a destruição física dos políticos de olhos vidrados que estão a levar o Ocidente à ruína e à ruína!

    Julian Assange a um passo da extradição (e 175 anos de prisão)…
    Será que podem dar lições à Rússia sobre Navalny quando vemos o destino reservado a Assange?

    Nota: Ele pode morrer se for extraditado… mesmo sem problemas de saúde 175 anos de prisão é mais ou menos uma sentença de morte.

    Em todo o caso, acho triste que entre responsáveis por crimes de guerra e uma pessoa que os denunciou, deva ser o denunciante dos crimes e não quem os cometeu a ser considerado criminoso. Para além disso, isto mostra mais uma vez a hipocrisia dos oligarcas ocidentais.

    Quantos jornalistas defenderam Assange?
    Preferiram ladrar contra Putin.

    Pensar que nos atrevemos a “derramar lágrimas de crocodilo” por Navalny quando um tipo que denunciou os crimes de guerra americanos vai sofrer o mesmo destino.

    É muito triste que os delatores, pessoas honestas e empenhadas, sejam tão maltratados no nosso mundo, enquanto os mais corruptos, indiretamente responsáveis por milhares de mortes, se sentam confortavelmente nos seus tronos com impunidade!

    A história registará que a UE totalitária e o Reino Unido se desgraçaram eternamente ao vender Assange aos americanos. O resto do mundo não cometeu nenhum erro.

  2. E hoje começou uma audiência que é um dos últimos recursos de Julian Assange para evitar a extradição para os Estados Unidos. Um painel de dois juízes tem a missão de decidir se o triste ainda pode recorrer ou se vai já de rota batida para um pais que também não é conhecido pela bondade do seu sistema carcerario.
    Assange não é inglês nem americano, nunca esteve nos Estados Unidos mas está a ser caçado por esse país sem do nem piedade. Há muitos anos.
    Entretanto foi dito que o homem está demasiado doente para participar neste que é provavelmente o último combate pela sua vida.
    O homem está a apodrecer numa cadeia inglesa que é das piores lá do sitio há quatro anos depois de sete anos preso num primeiro andar de um edifício numa cidade poluída. Nós últimos dois anos o governo de Vendido Moreno estava a fazer lhe a vida num Inferno a ver se o homem saia. Acabou por sair arrastado por uma data de polícias feito num farrapo humano.
    Se fossemos assim tão amantes da democracia, da liberdade de expressão e dos direitos humanos toda esta humilhação deveria bastar. Não era preciso por mais na carta.
    Mas é mesmo preciso mostrar que os nossos crimes não podem ser desvelados. Os jornalistas devem continuar a ser presstitutos e quem não for deve enfrentar a prisão ou a morte. Como os mais de 100 que morreram já mostrando ao mundo os crimes de Israel.Que também não sei porque é que Israel os mata, deve ser só pelo prazer da matança pois que os seus próprios soldados sanguinários postam vídeos em que aparecem a matar ou torturar palestinianos. Orgulham se dos seus crimes.
    Mas contra isso ninguém dá um pio.
    Assange talvez não dure muito seja ou não extraditado para os Estados Unidos. E ninguém chorara uma lágrima muito menos o vai arvorar em paladino da liberdade e da democracia.
    Será que para isso se deveria ter feito filmar com uma pistola fumegante gabando se de ter abatido um imigrante com ela? Como fez Navalny em mais novo nunca se tendo retractado de tais convicções? Que incluíram glorificação do nazismo que custou a sua nação 20 milhões de mortos?
    E mesmo por um traste destes que querem que choremos, nos enleeemos mais em sanções e escalemos uma guerra?
    Isto não quer dizer que ache que o homem merecia a morte. Sou contra a pena de morte e a descrição da última execução nos Estados Unidos com o recurso a nitrogénio inalado via uma máscara médica até me fez faltar o ar.
    Mas podíam era ter um pouco mais de chá e não nos andarem mais uma vez a comer por tolos. Vendendo nos como herói e mártir da liberdade quem garantidamente não foi nada disso.
    E dizendo se com muita pena do seu destino quando por eles matavam todos os russos e foi para os fazer sangrar que andavam desde 2014 a armar um gigantesco exército de fanáticos nazis.
    Esta gente despreza os russos, sempre assim foi e agora chora lágrimas de crocodilo por um russo. Contem me outra.

  3. Um ministro dos negócios estrangeiros português a comparar este indivíduo com o General Humberto Delgado é de bradar aos céus.
    Que vergonha

  4. Nada do que venha desse Senhor me surpreende. Saberá ele que sabe ofensa a memória de pessoa falecida e crime previsto e punido no Código Penal Português?
    E que comparar alguém que morreu efectivamente pela liberdade, e não pela venda de um país a interesses obscuros e a quem efectivamente não eram conhecidas quaisquer simpatias pelo nazismo consubstancia esse crime.
    Humberto Delgado não merecia isto.
    Valha uma albarda ao senhor ministro. Uma vergonha efectivamente, ao nível do “somos todos israelitas” do mais alto magistrado da nação que ainda me dá volta às tripas.

  5. Entretanto o circo continua e temos a mulher do Navalny a pedir aos russos que lutem contra Putin. Também me parece que a não ser meia dúzia de vendidos ou nazis haja por lá muita gente disposta a dar o corpo ao manifesto por um neo nazi recauchutado pelo Ocidente numa altura em que toda a gente já deve ter percebido que a Rússia combate uma guerra contra nazis armados pelo Ocidente. Mas tentar não custa devem pensar os mandantes da senhora.
    Já a mulher do Assange, uma espanhola de tomates que começou por ser sua advogada, a corajosa espanhola Stella Maris que hoje responde por Stella Assange lá vai pedindo misericórdia aos trastes que destruíram o homem e querem acabar com o resto e que se apelasse aos americanos que lutassem contra o senil Biden toda a gente sabe o que lhe aconteceria. Cadeia por incitamento ao terrorismo e provavelmente também pendente uma extradição para os Estados Unidos. Coisa que não dá muito jeito a quem tem dois filhos pequenos.
    A este circo juntasse também a viúva de Litvinenko, um ex do exército russo revonvertido em traficante de armas e com uma lista de inimigos a querer lhe a pele mais comprida que o transiberiano. Mas não interessa quão comprida fosse a fila em que Putin tivesse que se pôr. De certeza foi Putin.
    Que por acaso o modo como a sua morte foi tratada mostra bem a nossa humanidade que talvez não fosse assim aplicada se o homem não fosse russo.
    Estão mesmo a ver quererem incinerar um britânico num aterro de lixo tóxico, como lixo tóxico e não como o ser humano que continuava a ser independentemente do que tivesse feito, se o homem fosse britânico? A pretexto de que tinha sido envenenado com um composto radioactivo e podia ser muito perigoso?
    A sorte é que os chechenos a quem o homem vendia armas tiveram pelo menos respeito por quem de algum modo os ajudou e lá foram dizendo que, as portas da morte, o homem se tinha feito mouro, vulgo convertido ao islamismo. E a religião islâmica proíbe com as letras todas a incineração agora tanto na moda para poupar espaco nos cemitérios. Mais ainda proibiria a incineração de um crente como lixo tóxico.
    Lá fizeram os desgraçados arranjar um caixão de chumbo e o homem lá teve sepultura num cemitério muçulmano de Londres. Um pouco mais digno que isso de ser incinerado como lixo tóxico.
    Já agora, alguém sabe por onde andam a mulher e a filha, ucranianas, de Gonzalo Lira? É que isto não são só os nossos “combatentes pela liberdade” a ter família. Mas essa convém que fique calada e se faça de morta ou vai sobrar para ela.
    Enfim vergonha na cara desta gente era verde, veio um burro e a comeu.

  6. Acrescentei mais duas adendas ao texto, «As lágrimas de crocodilo do “Ocidente alargado” por Alexei Navalny». A primeira é a indicação de mais um vídeo de Navalny [https://www.youtube.com/watch?v=ICoc2VmGdfw] em que ele, vestido de dentista, compara os seus compatriotas muçulmanos do Cáucaso e os imigrantes da Ásia Central a cáries dentárias que é necessário remover.

    «Recomendo um saneamento total. Tudo o que se atravessa no nosso caminho deve ser cuidadosamente, mas decisivamente, removido através da deportação», diz Navalny, a dado passo desse vídeo.

    A tradução desta frase, é da insuspeita Radio Free Europe/Radio Liberty (RFERL), uma estação de rádio montada e financiada pelo Estado americano, através da US Agency For Global Media (cf. Matthew Luxmoore; “Navalny’s Failure To Renounce His Nationalist Past May Be Straining His Support”. RFERL, February 25, 2021).

    A segunda adenda é um esclarecimento. É escusado tentar refazer uma virgindade a Navalny, alegando ‒ como o sistema mediático dominante da comunicação social do “Ocidente alargado” se tem esforçado por fazer ‒ que as suas posições neonazis, bem patentes nos três vídeos indicados, foram parvoíces de juventude, há muito ultrapassadas, e que deram lugar a um amor acrisolado pela liberdade e a democracia.

    Numa entrevista que Navalny deu à revista alemã Der Spiegel, em 2020, os entrevistadores perguntaram-lhe: “As suas posições mudaram?” e Navalny respondeu: “As minhas posições são as mesmas que tinha quando entrei na política” («Russian Opposition Leader Alexei Navalny on His Poisoning: “I Assert that Putin Was Behind the Crime”», Interview Conducted by Benjamin Bidder and Christian Esch, Der Spiegel, 01-10-2020).

  7. “Se te disserem que a montanha mudou de lugar tens o direito de acreditar, se te disserem que o homem mudou de carácter não deves acreditar”.
    Estas palavras são atribuídas ao profeta Maomé e são mais que certas.
    Ninguém muda de convicções a menos que sofra uma experiencia traumática as maos do que defende.Por exemplo, o tipo que é confundido numa noite escura e leva uma sova de morte de skinheads ou o sujeito que descobre que a mãe era um bom coirao e as tantas o pai era mouro.
    Não se da notícia que uma coisa ou outra tenha acontecido com Navalny.
    Que a certa altura tratou de moderar o discurso para ser mais comestível no Ocidente mas efectivamente nunca renegou os seus devaneios da juventude.
    Que as tantas não era tão jovem assim. O vídeo onde aparece de pistola em punho é de 2007, por isso por essa altura o sujeito já tinha 30 ou 31 anos. Devaneios de juventude podemos ter até aos 20 anos. Aos 30 já temos as nossas convicções bem formadas e sabemos bem o que queremos da vida a não ser que não tenhamos crescido, o que também acontece.
    A partir daí só uma experiência traumática nos pode mudar as convicções.
    Ora não me parece que o homem tenha sofrido uma experiência traumática que o tenha convertido a democracia e ao direito de toda a gente a dignidade humana.
    Porque é que o Ocidente apostou todas as suas fichas neste sujeito? Porque está na nossa natureza apostar as nossas fichas nos piores filhos de uma egua que uma terra já deu. Nos capazes de congregar os piores. Nos que mais facilmente se vendem.
    Foi assim com Videla, Pinochet, Somoza, Batista, Mohamed Reza Palevi, Suharto e tantos que ensanguentaram, ultrajaram e venderam as suas terras. Foi assim com Navalny.
    O resto é a nossa conversa de sem vergonhas ao mesmo tempo que o massacre de Gaza continua e os Eatados Unidos, tão preocupados com a morte de um só homem, vetaram mais uma resolução da ONU a, exigir um cessar fogo.
    Eles até sabem que Israel nen iria obedecer porque o povo eleito se está nas tintas para as Nações Unidas.
    Mas querem mostrar que estão de alma e coração do lado da matança.
    E querem que continuemos a sacrificar as nossa vidas para apoiar os nazis ucranianos porque eles matam russos. Ao mesmo tempo que se mostram preocupados com o fim de um russo. Faz sentido.

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