A gente da guerra

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 22/12/2023)

(Porque publico amiúde os textos do Miguel Sousa Tavares, ainda que discorde de muitas das suas posições? Pela coragem e a frontalidade com que defende essas mesmas posições. Este texto, sobre a guerra na Ucrânia e sobre o genocídio em curso em Gaza, é disso exemplo. Nenhum comentador, nenhum escriba frequente na comunicação social portuguesa – que eu tenha lido e leio quase tudo -, subscreveu, até à data, um libelo tão contundente contra a gestão que o Ocidente está a fazer dos conflitos naqueles dois palcos, ainda mais publicado no Expresso, esse bem pensante “jornal de referência”.

A esta hora, já haverá uivos dos belicistas a apelidarem-no de “propagandista russo”, como me acabam de apelidar a mim em dois comentários no blog e, em jeito de ameaça, dizendo que a polícia já me anda a investigar! (Ver aqui e aqui). Sim, a censura começa a ameaçar as vozes livres. Eu não quero acreditar que a liberdade de expressão já esteja em causa, ao ponto de ser já “caso de polícia” mas, se calhar, estou a ser ingénuo. A polícia que venha e me diga qual a lei que estou a desrespeitar, quando publico as opiniões de quem desalinha do coro das ovelhinhas.

Estátua de Sal, 22/12/2023)


Dizem-nos que, se Putin vencer, entrará Europa adentro; se perder, usará a arma nuclear. Admitindo que ambas as fábulas são verdadeiras, o que devemos nós preferir: a vitória ou a derrota da Rússia? Talvez a paz, não?


Se o resultado final não fosse trágico e medido em milhares de vidas destruídas, seria risível ler na nossa imprensa o discurso a favor da guerra dos advogados oficiosos da NATO — e agora também de Is­rael — para a continuação das guerras “justas” e “indispensáveis”. É facto que, no essencial, reproduzem as teses dos seus intelectuais de estimação — os Timothy Garton Ash, Francis Fukuyama ou o intelectual pop Bernard-Henri Lévy, entre outras distintas vulgaridades — que regularmente trazem a Lisboa, pagos a peso de ouro, para dizerem monotonamente o mesmo. Mas os nossos, talvez porque sejam mais mal pagos ou menos vistosos, fazem voluntariamente o papel de tradutores simultâneos da única versão da História aceite nas chancelarias e nos areópagos internacionais do Ocidente, onde os nossos destinos se decidem — sem direito a contraditório nem sequer a dúvidas.

Porque a versão deles é simples, como convém ao convencimento de incautos. A luta da Ucrânia e a de Israel é a mesma, é a do Ocidente e dos seus valores contra a barbárie. Mesmo quando a luta de Israel contra a barbárie é, em si mesma, uma demonstração de barbaridade como nunca vista neste século XXI — “terrorismo”, disse-o com todas as letras o Papa Francisco. Ou mesmo quando Inglaterra, farol dos valores ocidentais e pátria da Magna Carta, se prepara para renunciar à Declaração Universal dos Direitos do Homem e sair da jurisdição do Tribunal Internacional dos Direitos Humanos para poder deportar para o Ruanda, sem distinguir, emigrantes económicos e requerentes de asilo político, de onde poderão ser reexportados para o seu país de origem e para a morte. A Hungria, esse “papagaio de Moscovo”, dizem eles, opôs-se à entrada da Ucrânia na UE não porque a Ucrânia esteja em guerra, não porque seja um dos países mais corruptos do Ocidente, não porque (tal como na Hungria) lá não exista Estado de Direito ou porque a sua entrada vai sugar todos os fundos de solidariedade europeus — tudo factos incontestáveis e incómodos —, mas porque, dizem, Putin não quer ver a Ucrânia na UE, quando a verdade é que isso é o lado para que ele deve dormir mais confortado.

Na guerra da Ucrânia, o momento, para os advogados da NATO, é de declarado desconforto, quase desespero. As coisas não correm bem no campo de batalha, onde houve, desde o início, dois erros de análise sucessivos: primeiro, foi Putin que imaginou uma caminhada fácil, desconhecendo que há muito que a NATO estava a prever a invasão e a treinar e a preparar as Forças Armadas da Ucrânia para ela; depois, foi a própria NATO que convenceu Zelensky de que podia ganhar a guerra com o armamento que lhe iria fornecer na quantidade e “durante todo o tempo que fosse necessário”, menosprezando as lições da História sobre a capacidade de resistência russa. Agora, após o “impasse” da ofensiva ucraniana e quando a Rússia joga a sua superioridade humana, os entusiastas da continuação da guerra até à “derrota total da Rússia” estão subitamente dependentes de mais um apoio à Ucrânia de 50 mil milhões de euros da Europa e de 61 mil milhões de dólares dos Estados Unidos. “Mas para quê?” é a pergunta que fazem os republicanos no Congresso americano e crescentemente as opiniões públicas no Ocidente. E com que resultado e por quanto tempo mais e a que custo? A estas perguntas, os entusiastas da guerra não sabem responder ou respondem contraditoriamente. Por um lado, dizem que, se a Ucrânia não ganhar a guerra, a Rússia não se contentará com Kiev e avançará Europa adentro: uma tese ad terrorem sem qualquer sustentação factual ou lógica. Por outro lado, dizem que, se a Rússia for derrotada na Ucrânia, Putin já ameaçou recorrer à arma nuclear — coisa que nunca fez e de que não encontrarão qualquer declaração que a sustente. Mas, admitindo que ambas as fábulas são verdadeiras, o que devemos nós preferir: a vitória ou a derrota da Rússia? Talvez a paz, não?

<span class="creditofoto">ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO</span>
ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO

As condições de Putin para nego­ciações de paz, tanto quanto segui, não foram alteradas desde antes da guerra: o reconhecimento da anexação da Crimeia, a autonomia dos territórios russófonos do Donbas e a não extensão da NATO à Ucrânia e à Geórgia — o que consta dos Acordos de Minsk II, negociados entre Rússia, Ucrânia, França e Alemanha. A guerra podia ter sido evitada com base na reafirmação dessa base de trabalho, podia ter sido contida a partir dela logo no início e pode ser acabada agora. Anteontem, pela terceira vez num mês, Putin declarou-se pronto para negociar, mas, mais uma vez, agora Zelensky fingiu não ter ouvido e declarou que “Putin continua a não querer negociar”. E assim, quase dois anos depois de tanta morte e destruição, as imagens do povo ucraniano nas aldeias e cidades devastadas pela guerra — que nenhum notável ocidental, nem o próprio Zelensky, vai ver de perto —, prestes a enfrentar mais um Inverno de guerra e sofrimento, não são suficientes para que a paz surja como alternativa a uma guerra sem fim à vista. Pelo contrário, o Estado-Maior ucrania­no reclama a entrada na guerra de mais meio milhão de recrutas. Carne para canhão, enquanto os intelectuais do Ocidente, sentados no conforto das suas secretárias, continuam a sua apologia da guerra até à derrota total da Rússia, tema das suas pregações e fonte de rendimentos. E todos eles esperam — em vão, mas com razão — que, milagrosamente, a Rússia seja varrida da Ucrânia antes de um ano, para que na Casa Branca não esteja reinstalado um ainda mais louco e vingativo admirador de Putin, chamado Donald Trump. Justamente, seria a altura de negociar.

Sim, a Rússia teria de se retirar de todos os territórios que conquistou entretanto, teria de pagar pela destruição causada e teria de garantir a inviolabilidade da soberania e segurança da Ucrânia. E, do outro lado, a NATO teria de renunciar ao projecto de fechar o cerco à Rússia pelos Balcãs. E talvez seja isso que torna tudo mais complicado, porque esta é, sempre foi, uma guerra entre a NATO e a Rússia por interposta Ucrânia. Chego a pensar se os mesmos espíritos maquiavélicos que apostaram que a guerra na Ucrânia seria uma oportunidade única para enfraquecer a Rússia até à impotência — como preconizou o secretário da Defesa americano, Lloyd Austin — e de expandir as fronteiras da NATO até ao inimaginável não estarão agora a pensar que a alternativa — uma vitória russa —, apesar de tudo, pode acolher um benefício: a reedição da célebre “teoria da vacina”, defendida por Sonnenfeldt, o subsecretário de Kissinger, para ser ensaiada em Portugal nos idos de 75, quando Cunhal e outros nos queriam colocar sob a órbita do “Sol da Terra”. Agora, perdida a Ucrânia para Moscovo, o medo seria facilmente disseminado e a NATO aproveitaria para se expandir… Ásia adentro.

E temos Israel, cuja barbaridade em Gaza e na Cisjordânia causa um embaraço inultrapassável aos defensores da superioridade moral infalível do Ocidente e dos seus métodos de warfare. Num mês daquilo a que chamam guerra contra um bando de terroristas escondidos debaixo de terra, Israel, um dos mais bem armados e equipados exércitos do mundo, já causou o dobro de vítimas civis do que quase dois anos de guerra na Ucrânia, travada entre dois inimigos igualmente armados com o mais mortífero arsenal de artilharia e meios aéreos. Se a Rússia causou um escândalo planetário quando um míssil seu atingiu parte de um hospital ucrania­no, Israel, com o seu “armamento de precisão”, fez bem melhor: destruiu 29 dos 30 hospitais de Gaza, sem, contudo, ter encontrado, sob os seus escombros, um só túnel do Hamas, que jurava todos abrigarem. Em vez disso, invadiram hospitais e blocos operatórios, mataram lá dentro, deixaram crianças a morrer nas incubadoras e depois exibiram cá fora, nus e ajoelhados, os que proclamaram ser terroristas do Hamas — mas de que metade foi identificada como civis, médicos dos hospitais, um jornalista e vários funcionários das agências humanitárias da ONU, fora da lista dos mais de 100 que já assassinaram. Em Gaza, o outrora lendário Exército de Israel destruiu prédios inteiros à bomba, quarteirões, aldeias, acampamentos de refugiados, mesquitas e igrejas, num cenário de barbaridade como não víamos desde o século passado. O povo do Holocausto! Fica assim demonstrado que a bestialidade humana não depende das ideias, da raça, da genética ou da nacionalidade: depende da oportunidade. E Gaza ficará na História de Israel e do povo judeu como o momento mais negro.

Como se não bastasse, tudo em vão: nenhum dos três objectivos do massacre planeado pelo Governo de terroristas de Netanyahu está a ser ou será cumprido. Quanto ao primeiro, ninguém sabe quantos militantes do Hamas é que eles já terão liquidado na sua operação triunfal: o que sabemos é que já liquidaram perto de 20 mil pessoas, entre as quais 8000 crianças — glória às forças de defesa de Israel! Quanto ao terceiro objectivo — garantir que o Hamas nunca mais voltará a ser uma ameaça —, só um Governo de fanáticos é que pode imaginar que por cada criança morta, por cada uma que viu morrer os pais ou os irmãos à sua frente, não nascerão outras tantas para pegar em armas. E, quanto ao segundo objectivo — a libertação dos reféns —, que nunca, verdadeiramente, foi prioritário, a poderosa ofensiva da IDF não conseguiu libertar um só e foi a diplomacia que o fez, quando o Governo de Telavive, penosamente, aceitou suspender por cinco dias a “legítima defesa”. Pior ainda: não libertaram nenhum dos seus reféns, mas conseguiram matar três deles, e as circunstâncias em que o fizeram revelaram a natureza criminosa de toda a operação. Os três tinham-se evadido de um túnel do Hamas, avisaram por mensagem quem eram e ao que iam, tiveram o cuidado de se apresentar em tronco nu e com uma bandeira branca improvisada, mas, mesmo assim, foram logo liquidados por soldados israelitas aos gritos de “terroristas!”. Porque seguramente foi isso que lhes ensinaram: “Disparem a matar sobre todos os que virem, porque ali são todos terroristas.” Agora, o Governo israelita já quer negociar nova trégua em troca da entrega de todos os reféns. Após o que se propõe continuar o massacre até ao último palestiniano vivo, que não tenha morrido de fome, de sede, de doença ou debaixo das bombas, ou que não tenha fugido para o deserto do Sinai. A solução final.

Mas resta-nos uma fraca consolação moral. Anteontem, no Conselho de Segurança, o embaixador americano finalmente reconheceu que, “antes do 7 de Outubro”, o ano de 2023 estava a ser o pior de sempre na repressão aos palestinianos — não só em Gaza mas ainda na Cisjordânia, onde os roubos de terras e os assassínios cometidos pelos colonos judeus, sob protecção do Exército, tornavam inviável a hipótese de um Estado Palestiniano independente, a única fórmula viável para uma paz duradoura. Então, afinal, e ao contrário do que alguns seus conterrâneos aqui disseram ou escreveram sem vergonha, António Guterres teve razão: o 7 de Outubro não aconteceu no vazio. Até já os americanos o reconhecem.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia

8 pensamentos sobre “A gente da guerra

  1. Obrigado MST, deixaste bem claro quem são os terroristas neste mundo!….considera este teu escrito a prenda de Natal que me dás!

  2. O que ainda ninguém me explicou é para que é que Putin havia de querer a Europa. Não temos recursos, o Sul é cada vez mais afectado por secas extremas,o Norte espera que as inundações não façam muito estrago. Não temos nada e nunca tivemos. Por isso criamos a ideia de que éramos superiores aos outros, que herdámos dos judeus, e fomos roubar os recursos que outros tinham em África, América e Índia. A não ser assim, com o milho e as batatas que trouxemos da America, cujas populações nativas exterminamos, tínhamos morrido cheios de fome e de piolhos. Porque ainda por cima éramos mais porcos que as aranhas.
    E já agora também na Rússia quisemos roubar o que tinham e por isso os desgraçados levaram com os polacos, o Napoleão e o Hitler. E estão agora a levar com os nazis ucranianos armados por nós. E a sorte deles é que conseguiram reatar se até aos dentes.
    Para que raio havia o Putin de querer a Europa? Para ter de sustentar de graça o que resta da nossa indústria?
    Mas pelo menos o MST já reconheceu que a Ucrânia não tem hipóteses de ganhar pelo que já se deixou de mandar aquelas, atoardas sobre uma crueldade que só os russos teriam. Também porque com o dantesco genocídio, se uma crueldade digna de há, quatro mil anos atrás, a decorrer em Gaza e impossível acusar quem quer que seja de crueldade. Porque a crueldade Israelita é intolerável e aquela gente diz coisas que nem os SS se atreveram a dizer em público.
    E claro que a repressão dos palestinuanos estava a ser intolerável antes de 7 de Outubro. Con um governo Israelita liderado por um patife que prega o genocídio desde os anos 80 e fundamentalistas religiosos de extrema direita estavam a espera de quê? Que eles fossem tratar com beijinhos aqueles que acham que estao a ocupar a terra que Deus lhe deu? O que se preconizava era a solução final do problema palestiniano e se não houvesse um 7 de Outubro eles tinham arranjado um.
    Agora entre os israelitas e os ucranianos há uma diferença. Muitos ucranianos do Leste, e mesmo do Oeste, votaram no bandalho do Zelensky porque ele prometeu a paz. Mentiu com quantos dentes tinha na boca.
    Agora Netanyahu sempre disse ao que ia. Ele e os fundamentalistas judaicos que o apoiam. Por isso quem neles votou não foi enganado e é um traste psicopata, assassino e genocida como eles. E vão chamar antissemita ao diabo que os carregue.

  3. A reiterada afirmação, pelos mafiosos mas principalmente pela criadagem, avençados sem espinha nem vergonha, de que a Rússia quer avançar Europa adentro mostra bem a consideração que têm pelos borregos que pensam que somos todos. No início da guerra na Ucrânia, a criptonazi Ursula von der Lies gabou-se (é o termo) de que a Europa não russa têm 470 milhões de habitantes (o que é verdade), contra apenas 145 milhões de russos (o que também é verdade).

    O que também é verdade é que a Rússia é, em termos de extensão territorial, o maior país do mundo, com o dobro da área dos Estados Unidos. Estados Unidos esses que juntam aos 470 milhões de europeus mais 330 milhões de estrénuos “defensores da democracia e dos direitos humanos”, contra o “assalto” de 145 milhões das hordas selvagens da barbárie moscovita.
    Tá-se mesmo a ver que eles não descansam enquanto não nos ocuparem o cabo da Roca e o Poço do Bispo, não tá-se?

    Mas não há aritmética nem realidade objectiva que dissuada vigaristas profissionais de tentar comer-nos a todos por parvos. E o problema é que continuam, por enquanto, a ter sucesso.

  4. Eles começaram a ter sucesso quando nos conseguiram convencer a quase todos que se não nos enterrassemos vivos em casa, de onde só tínhamos direito a sair para ir trabalhar e encher a mula a grande distribuição dos supermercados iríamos todos morrer de covid com meio metro de língua de fora.
    No meu caso concreto durante a semana podia atravessar tres concelhos e percorrer mais de 40 quilómetros para ir trabalhar mas no fim de semana se quisesse ir a um supermercado que tem uns legumes muito bons e em conta que fica a quatro quilómetros, no concelho vizinho, não podia.
    A carneirada também alinhou logo no espírito dos bufos da PIDE pelo que gente foi denunciada por se juntar com dois ou três amigos a beber um copo ou comer na rua.
    Por isso lá foi a carneirada dar vacinas quando elas chegaram. A borregada ainda estava bem activa quando afinal concluíram que aquelas milagres da ciência afinal perdiam o suposto efeito protector ao fim de uns reles quatro meses. Nas redes sociais diziasse de tudo, que quem apanhasse a doença não devia ser tratado, quem contagiasse alguém e a criatura morresse devia ser acusado de homicídio e preso. Não sei é como é que provavam que alguém contagiou alguém mas o que é certo é que na Alemanha há gente presa por isso. É o facto de ninguém se levantar contra tal barbaridade mostra bem o estado de podridão carneira a que chegámos. Em todo o lado.
    A mim o que me fritava é que por altura de Fevereiro de 2022 estava as voltas com as sequelas das vacinas, a espera do dia em que acordasse sem mexer nada e a pensar em inglês. Sim, houve um triste que apanhou uma trombose vacineira que dominando bem o francês era a única língua de que se lembrava depois de lhe dar a coisa. No estado em que eu sentia a mioleira podia bem ter acontecido.
    E a ler e ouvir os grunhos dizer que quem já tinha passado o prazo da terceira e não se tinha ido picar era um radicalizado, não vacinado, que merecia a morte pela doença na enxerga dos cuidados intensivos de um hospital. Custava a roer tanto mais que víamos gente a entrar lá por causa dos efeitos do veneno.
    E ainda tenho de agradecer ao grunho que me chamou Bolsonaro pois que me resolveu de vez a não meter mais veneno no bucho viesse o que viesse.
    Ora se em Fevereiro de 2022 a carneirada ainda acreditava em milagres da ciência como não ia acreditar no vêem aí os russos. Enquanto outros acreditavam no poder das sanções e viam os oligarcas a liderar bandos de esfomeados que dariam ao Putin um fim igual ou equivalente ao do Kadhafy, talvez com o seu corpo empalado a apodrecer as portas do Kremlin.
    Claro que o primeiro que saltaria a quem tem dois dedos de testa é a diferença populacional entre a Rússia e os bandos ocidentais. Mas mesmo que assim não fosse a Rússia e suficientemente grande para não precisar de espaço vital nem que fossem 700 milhões.
    E a última coisa de que precisava era de juntar territórios que não teem nada e que no Sul mais dia menos dia nem agua teem.
    Mas a carneirada acreditou nisso e ainda numa crueldade que só a Rússia teria e até de um dirigente que queria destruir o mundo porque desta vez é que estava mesmo a morrer do cancro que tem desde 2014.
    Porque mesmo que fosse verdade faria sentido destruir o mundo onde vivem os seus filhos e netos. Tudo bem, batia certo com a duabolizacao que lhe fizemos, que nisso somos finos. É também somos finos em, na nossa crueldade, andarmos a dizer coisas como que o povo russo devia ser banido da terra e outras grunhices que ouvi.
    Por isso ninguém pia ainda hoje quando damos ao Zelensky armas, dinheiro e até cuecas camufladas.
    Simplesmente porque os nossos dirigentes acham que 145 milhões de pessoas não devem ter todos aqueles recursos e acham que teem direito a pilhagem como em tempos de antanho.
    Hitler pilhou impiedosamente as zonas da União Soviética a que consegui chegar, chacinando populações em massa, as SS pilha van e matavam metodicamente.
    Por essa altura contaram com a colaboração de gente da Ucrânia Ocidental e também tártaros.
    Tentaram fazer o mesmo agora, recorrendo a Ucrânia, mas a carneirada, tal como com as vacinas, engoliu tudo o que lhe disseram talvez porque de racismo toda a gente percebe e muita gente O partilha.
    E sim, gente branca também pode ser vítima de racismo ou de onde víria a ideia peregrina da crueldade russa? Uma gente que nem sequer teve um mito fundador a dizer que eram superiores a todos os povos da terra e tinham o direito a mata Los para lhes ficar com as casas? É que na história não fizeram pior que a Inquisição?
    Mito fundador como aliás teem aqueles bandalhos que apoiámos sem reservas quando os seus dirigentes já tinham dito que iam destruir os “animais”, cortado abastecimentos e despejado milhares de bombas em Gaza.
    Pro russos? Qualquer pessoa com vergonha na cara tem de estar mais próximo de quem é chamado de “preto da neve” do que de quem lhes chama preto da neve. Quanto mais não seja num país de emigrantes que muitas discriminações sofreram quando tiveram de ir matar a fome na Alemanha e na França.
    Digamos mais que somos a favor do negócio feito com lisura deixando nos de vez de sonhar com o tempo em que em troca de contas de vidro e pano ruim traziamos ouro, marfim e escravos.
    Nos tempos de Yeltsin pelo menos duas mil mulheres russas foram escravizadas como prostitutas em Israel. São coisinhas dessas que os russos nao querem voltar a sofrer.
    Se achamos que a guerra pela escravizacao dos russos vale a pena pois a guerra irá mesmo continuar até ao último ucraniano. Herr Zelensky já quer estender o recrutamento aos ucranianos no estrangeiro. E o que é que esta gente sem vergonha na cara vai fazer? Vamos proteger o desgraçado que disser não ou entregá-lo ao diabo? Tendo em conta os antecedentes e melhor que quem não quer acabar como carne para canhão comece a pensar em pedir penico em qualquer pais do Sul global com vergonha na cara ou na China porque aqui pode ser perigoso.

  5. Graças aos nossos ocidentais loucos pelo poder, que sabotaram tudo ao quererem sempre mais em comparação com os outros, em vez de terem a maturidade necessária para gerir inteligentemente esse poder.

    O nosso espetáculo político e ideológico dos últimos tempos, se nos despirmos do bling-bling tecnológico e das profecias grandiloquentes, assemelha-se muito a um planeta dos macacos.

    Penso que a 3° guerra mundial vai começar em 2025,e não em 2027,e se não conseguirmos alterar rápida e decisivamente o equilíbrio de poder a nosso favor, temos de nos adaptar e reagir. Tentar tudo. . A adaptação é a
    é a chave da sobrevivência humana. Não nos esqueçamos disso.

    Quando se está numa posição delicada, é preciso tentar tudo e lidar com a realidade. Colocar todas as hipóteses do nosso lado. Os Estados Unidos conseguiram fracturar a Europa, quer queiramos quer não. Isso também é ser pragmático.

    A UE nunca foi construída em torno de valores, é uma construção puramente económica. A Europa Central vê-se a si própria (e talvez com razão) como a defensora dos valores cristãos e como a última barreira à perda de valores tradicionais acelerada pela importação de culturas e povos não europeus. A diluição dos valores tradicionais não agrada a estes países, que tencionam defender-se.

    Isto diz tudo. No fim de contas, nada mudou a Europa está agora sob o controlo total dos EUA (política, militar, cultural e agora económica, financeira e juridicamente). Enquanto o exercício de domesticar a Europa foi finalmente bem sucedido (de Gaulle apenas o terá atrasado), o objetivo de fragmentar a Rússia falhou. A atenção deve agora centrar-se no Pacífico, onde a estratégia de contenção dos EUA está a ser alargada de forma cada vez mais activa, e será interessante acompanhar a sua evolução.

    Estou a pensar nisto:
    Na teoria do Heartland de 1904, Halford John Mackinder expressou a opinião de que o mundo é comparável a um oceano mundial, no qual existe uma ilha mundial composta pela Ásia, Europa e África. À sua volta estão as ilhas periféricas: América, Austrália, Japão e as Ilhas Britânicas. Quem controla a zona central controla a ilha mundial; quem controla a ilha mundial controla o mundo.

    Actualmente, os EUA retomaram esta visão do mundo e, ainda com os Ingleses, querem desmembrar a Rússia e a Europa. Para dominar o mundo, é preciso dividi-lo. Sob Napoleão I, a Grã-Bretanha considerava a França como o seu inimigo número 1, seguida da Rússia, cujos avanços na Ásia Central a ameaçavam na Índia. Com a Revolução Industrial, a Prússia e a Alemanha tornaram-se a potência a destruir. A aliança com a Rússia foi concebida para provocar a Primeira Guerra Mundial e matar três coelhos com uma cajadada só: a destruição dos impérios russo, alemão e austríaco. Nada parece ter mudado, a não ser o facto de os responsáveis por este “Grande Jogo” estarem em Washington e não em Londres.

    Não há dúvida: “é perigoso ser inimigo dos EUA, mas é mortal ser seu amigo”.

    Compreendemos tudo isso. Mas sejamos pragmáticos e deixemos de nos queixar. Queixarmo-nos e sentirmos pena de nós próprios não nos permite reagir, adaptarmo-nos e agir sem emoções. Sim, os Estados Unidos conseguiram fracturar a Europa. Agora, a questão fundamental é: o que é que Portugal pode fazer para se adaptar e defender os seus interesses nesta nova viragem global? Esta deve ser a prioridade número 1. O que é que podemos fazer para promover os interesses Portugueses em todos os países europeus e em todo o mundo? Temos medo ? Muito bem, então mudemos a nossa mentalidade: cooperemos e tentemos influenciá-lo a partir do interior, participemos, sejamos positivos. Isso não nos impede de defender os nossos interesses, é apenas uma questão de colocar todas as hipóteses do nosso lado e de nos adaptarmos. Também não nos impede de falar com a Rússia e de ter intercâmbios económicos. Sejamos evasivos. Como a Turquia e a Índia, que jogam todos os jogos. Sejamos criativos!

    À medida que vou ficando mais velho apercebo-me de que este poder provavelmente ainda está em Londres.
    É claro que não há certezas.
    Para saber onde se situa o centro do poder, ter em conta as transacções financeiras e as ordens de compra e venda de títulos parece ser um bom caminho. Por exemplo, 50% (oficialmente) (provavelmente 60/70% na realidade) passam pela City e não por Wall Street.
    Penso que é muito difícil saber, mas é legítimo ter dúvidas. O embaixador americano em Londres em 1914, Walter Hines Page, já estava a enviar memorandos para avisar as pessoas para não acreditarem na imprensa britânica, que é um mestre da desinformação.

    Mas é fácil concluir que os peões colocados pelos EUA à frente da União Europeia e dos seus principais países membros se tornaram, a torto e a direito, os fiéis executores da política americana. E, claro, os mais ávidos são os polacos. Estes continuam a alimentar o sonho de uma “grande” Polónia hegemónica na Europa Central. Um sonho alimentado em seu benefício pelos EUA.
    Há muito que a Polónia precisa de um irmão mais velho para acreditar no seu papel. Em 1939, a Polónia do coronel Jozef Beck sentiu-se fortalecida pela sua aliança com a França e a Grã-Bretanha contra a Alemanha, que conduziu à guerra que devastou a Europa em benefício dos EUA. Pois bem, agora os nossos amigos polacos sentem-se prontos para o fazer de novo, apoiados pelo apoio americano e sempre em benefício dos EUA.
    Dizem-nos aqui que Giorgia Méloni assumiu este projeto por conta própria e em benefício exclusivo da Itália.
    Muito bem! Parece ter os olhos postos noutra coisa que não as próximas eleições. Tudo de bom para Giorgia Meloni.

    Quando se ouve os EUA, o pai e o filho polacos, 2014, Ucrânia.
    Os políticos Portugueses deveriam ter compreendido… A não ser que para manterem as suas contas $ esqueçam os interesses de Portugal e dos Portugueses …

    Dado que o euro é tão mágico, todos os países da zona deveriam ter a mesma moeda (a começar pela Polónia & companhia).

    Seja como for ,em caso de uma 3° guerra mundial,na europa morrerão mais de 400 milhões de pessoas.

  6. ‘Distintas vulgaridades pagas a peso de ouro’ é uma introdução adequada para que um pensador medíocre defina o seu espaço de intervenção.
    A subsequente e subliminar mensagem é de que estimaria que o previsível desprezo pela sua sem-razão seja interpretada como vitimização de uma qualquer censura organizada.

    Estabelecidos os pressupostos que acautelam as inanidades subsequentes, nada mais se requere que desfolhar os ramalhetes que compõem a doutrina dos coitadinhos, em sucessivos quadros de um horror despido de causas e de responsabilidades outras que as que derivam de quem se determina à não rendição a quem despreza os valores ocidentais.

  7. Quem se andou dois mil anos a fazer de coitadinhos sabes tu bem quem foi. Fizeram se de coitadinhos enquanto não lhes demos força para matar gentios. Como somos uma canalha de racistas que não gostamos de muçulmanos achamos por bem deitar lhes para cima aquela praga pior que as 10 pragas do Egipto. Por ser um povo racista, exclusivista, que, se acha escolhido por Deus enquanto nos, e não só os muçulmanos, somos todos merda. Lê o último texto que entrou, do Carlos Matos Gomes que pode ser que aprendas alguma coisa.

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