A criação do idiota, nos tempos modernos

(Por António Jorge, in Facebook, 20/10/2022)

Quadro: NÓS por Ismael Nery

A criação do idiota, nos tempos modernos. Não é por acaso.

O idiota pressupõe o fim da Democracia e das liberdades!

Com o tempo… e o modo, foram-nos aplicando paulatinamente a sua estratégia e propósitos malévolos, reduzindo a natureza humana… que nasce dotada de um potencial de inteligência e de capacidades cognitivas… à condição de um ser incapaz de pensar, agir e compreender… a realidade mais simples, transformando-se num idiota dependente.

À rejeição natural de muitos do exercício da leitura, pela desmotivação e dislexia natural, pela preguiça, a falta de condições e de razões de ordem familiar herdadas em que vive… ou viveu… pela falta de estímulos e curiosidade para aprender a crescer e compreender a vida, a si e aos outros.

A fadiga nos processos de trabalho, pela sua natureza repetitiva e constante. O modo de produção actual, que cada vez mais reduz a componente intelectual do trabalhador… ao mais elementar e básico, e que participa apenas em tarefas muito simples… de imediata compreensão, pelo que os métodos de trabalho são cada vez mais automatizados e processados por tarefas muito simples.

A especialização do trabalho, as mudanças sucessivas de profissão e tarefas… o emprego é ao dia ou ao mês… sem futuro nem certezas para um horizonte de um ano. Não precisa aprender nada… adapta-se ao que aparece.

Consequência da globalização e cultura norte-americana, criada desde o próprio conceito da UNIVERSIDADE… que deixou de ter uma vocação universalista e geral… e passou a ser adotada a especialização como paradigma, para servir a economia capitalista.

Tudo é racional no sentido do anti-humano cultural e social… o lucro sem limites, é a mola real desta cultura insana da sociedade capitalista irracional que precisa do homem para consumir apenas… e não para pensar e socializar… sistema diabólico em constante mutação… como os vírus… e cuja finalidade è a escravização da humanidade… pela globalização da miséria e do novo paradigma do homem do futuro

– O Idiota!

E neste caso… quem tem os meios e o poder, utiliza-os agindo não em função do conhecimento intelectual na formação do homem e do desenvolvimento da humanidade… mas mesmo… até para as tarefas mais complexas no plano técnico… a criação do técnico especializado… mas de feição idiota intelectualmente.

De tal forma, que existem hoje muitos propagandistas da idiotice nos meios de comunicação social, que estão convencidos serem jornalistas e julgam-se até, estarem ao serviço do bem comum… e da sociedade democrática. Claro que ainda não chegámos ao fim, ainda não batemos bem no fundo.

Mas quando se aceita, até pela cultura do futebol… contra o próprio futebol e a sua génese verdadeira e desportiva… e de tantas outras coisas estúpidas a que temos de assistir, em doses maciças e absurdas nas TVs… e se aceita todo o tipo de alienações como natural, por falta de senso e abuso absurdo consentido da estupidez, pelo lixo televisivo que nos dão a consumir… sem rejeição ou repulsa e pela crescente aceitação…

Já nada há a fazer ou esperar!


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13 pensamentos sobre “A criação do idiota, nos tempos modernos

  1. Grande verdade …formatam as pessoas e tornam nas verdadeiros “zombies” dos tempos modernos. Mas também temos de admitir que as pessoas gostam ,basta vermos quais sãos os programas com mais audiencias e está tudo dito.

  2. “Já nada há a fazer ou esperar!”

    Safa, que este gajo ainda é mais niilista do que eu! Não sei se devo encarar semelhante concorrência com desportivismo.

    Ainda que, mais uma vez, seja evidente a grande preocupação do autor em mostrar a sua total disponibilidade para desde já ilibar os trabalhadores de qualquer responsabilidade da sua idiotice (assim a modos que como um vendedor que evita afrontar o potencial cliente), coitados, eles que sofrem diariamente uma lavagem ao cérebro de tal modo persistente e eficaz que os transforma invariavelmente em zombis idiotas.

    Basicamente, caro António Jorge, todos os homens e mulheres nascem idiotas. Depois, alguns têm dentro de si a curiosidade, a perseverança e o caráter que os leva a deixar de o ser. Outros não, e esses infelizmente são a grande maioria da espécie humana. E acredite em mim se quiser, a idiotice ainda é um dos defeitos menos perversos do ser humano.

    Claro que a propaganda do regime condiciona, mas não determina. E a prova disso é que este blog, por exemplo, é frequentado por pessoas inteligentes e eu tenho a certeza de que a grande maioria dessas pessoas não levou uma vida de ócio à imagem dos filósofos gregos da Antiguidade Clássica.

    Então você não pode dizer que o trabalho impede as pessoas de evoluir e ainda pensar que isso é verdade. A própria História dos movimentos operários em todo o mundo prova exatamente o contrário. Pensa que o proletariado do princípio do século passado, tinha um trabalho criativo e culturalmente interessante nas fábricas daquele tempo? Pense outra vez.

    O processo de entropia dos povos é um facto histórico conhecido e está ligado à decadência das civilizações. Tal como os cidadãos da Roma Imperial, no ocaso da sua sociedade antes da derrocada, também os povos ocidentais nesta fase da sua existência já só querem mesmo “pão e circo”. E realmente, pelo menos de circo estamos todos muito bem servidos nos dias de hoje. A engrenagem com epicentro em Hollywood está bem oleada.

    Ao relacionarem-se de alguma forma com a realidade, as pessoas têm invariavelmente tendência para assimilarem apenas uma parte da mesma, a que elas próprias previamente tinham idealizado. Na verdade, a maior percentagem da análise de um qualquer objeto de estudo, não diz respeito ao objeto propriamente dito, mas reporta ao próprio sujeito da relação.

    É por isso que, quando lemos num jornal duas ou três críticas sobre uma qualquer criação artística, por exemplo, um livro, um filme ou uma pintura, elas são todas diferentes entre si embora o objeto seja o mesmo. Isto aplica-se igualmente à Ciência, à Política, a tudo o que existe. As pessoas vêem o que querem ver.

    Cientes desse facto, os filósofos antigos diziam que o Real (a realidade) deve ser como uma esfera, porque ela tem de ter sempre o mesmo aspeto independentemente da perspetiva do observador. Esse princípio ético desapareceu completamente, como se sabe. Hoje cada um determina a aparência da sua própria realidade porque está implicitamente estabelecido que a verdade e a mentira têm exatamente o mesmo valor. Vemos isso todos os dias na Comunicação Social e nas conversas do dia-a-dia.

    Toda esta interminável lengalenga, caro António Jorge, só para lhe dizer que você vê apenas metade da realidade. A outra metade é que, nesta fase de extrema decadência moral e social das sociedades ocidentais, a grande maioria das pessoas é já demasiado inconsciente, mentalmente preguiçosa, egoísta e desinteressada para se libertar da subtil armadilha na qual o Grande Capital a capturou.

    (E também porque hoje estou com o raio de uma insónia que não lhe digo nada…)

    Resta a esperança de que a outra parte da Humanidade, aquela multifacetada que habita nas restantes regiões do globo e que, com todos os defeitos que não podemos deixar de lhe reconhecer caso a caso, não se encontra ainda no mesmo adiantado estado de decadência, seja capaz de, para usar um termo que é muito do agrado de certa cinefilia, “salvar o mundo”.

    Mas enfim, ao contrário de si, até mesmo eu sou capaz de vislumbrar uma hipotética saída para a situação que vivemos. E ou muito me engano, ou ela está mais próxima do que se pensa.

    É que, como eu já disse aqui por diversas vezes, para grande repulsa de algumas boas almas que assombram este site,

    O ESTÔMAGO PENSA MUITO MELHOR DO QUE O CÉREBRO.

    No fim somos todos apenas macacos pelados, como diria o zoólogo Desmond Morris.

      • Faz-se o que se pode, caro amigo.

        Imagine que há muito tempo me convenci de que, para se ter alguma possibilidade de êxito na alteração de uma qualquer realidade, é preciso em primeiro lugar compreendê-la. Uma óbvia extravagância que não parece interessar a maioria dos outros macacos pelados, certos que estão de que já sabem tudo o que há para saber sobre o Universo e a Problemática Humana.

        Sócrates (o outro!) certamente que se fosse vivo sentiria bastante inveja dos referidos primatas. Ele estava sempre a dizer que quanto mais aprendia, maior era a sua consciência da própria ignorância. Enfim, manias…

        Apreciei o seu apoio.

        Um abraço!

    • Caro Maximiano, fico ansiosamente à espera de ler aqui as suas propostas concretas para a alteração do “status quo”. Postar “bocas” beligerantes idiotas avulsas não conta e não parece ser muito eficaz.

    • lgjm21
      67 anos.Consultora e Formadora.Escrevi artigos para Imprensa e Rádio, alguns deles posteriormente publicados como livro “Dizer é preciso”, e programas de Rádio, nomeadamente sobre “Comunicação” e “Beethoven – O Homem e o Cidadão”.

      Dou palestras sobre Gestão e Liderança e Desenvolvimento de Recursos Humanos.

      Escrevo Poesia há muito tempo.

      grd poeta é o povo …

      • cromagnonmor, vou guardar o seu currículo para o caso de surgir uma oportunidade de emprego para si. Não nos contacte, nós contactá-la-emos…

        • caro josé neto * agradeço o seu empenhamento mas há aqui um quid pro quo * cromagnonmor >Maximiano Gonçalves 5h atrás (coment)

          • cromagnonmor, peço desculpa, foi uma piada, claro, e se calhar até um pouco cruel (sou um “troll”, o que posso fazer?) mas foi também um erro meu. Respondi sem reparar no usuário. Estava distraído e no momento pensei que era uma resposta do Maximiano à minha provocação anterior por causa do “post” idiota dele. Eu faço muitas coisas no PC ao mesmo tempo. Quando vi de quem era o texto já tinha feito “enviar”. Ainda bem que tive oportunidade de esclarecer.

            • Normose ou normopatia é a tendência patológica para condicionar o próprio comportamento, por molde a seguir os trâmites e as normas de conduta socialmente estabelecidas, em prejuízo da auto-expressão pessoal e individual da pessoa, sobrevalorizando-se a opinião e a aceitação social dos outros.

              (Durante um milênio, os Sentinelas da Luz mantiveram a guarda contra a Névoa Negra, contendo as nuvens de corrupção que ameaçam o litoral de Runeterra a cada nova geração.

              Mas enquanto o tempo ia esvaziando as forças da luz, do outro lado, a força dos inimigos imortais nas Ilhas das Sombras só aumentava.

              Agora, essa guerra silenciosa se espalha das sombras e inunda o continente com infinitas ondas de escuridão que anunciam o desafio final … *LUZ vs TREVAS*)

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