Volta Passos, que estás perdoado

(Por Estátua de Sal, 15/10/2022)

Depois das infelizes declarações sobre os casos de pedofilia na Igreja – em que tentou minimizar a sua gravidade, colocando a tónica na quantidade por comparação com outros países -, o comentador-mor do reino, Marcelo Rebelo de Sousa, veio hoje com um número de malabarismo comunicacional para tentar limpar a face perante o país.

É que não se fala de outra coisa. Até o Zelensky perdeu o brilho e Marcelo considerar que 400 casos documentados de pedofilia na Igreja “não é assim tão mau”, fere a consciência de qualquer cidadão bem formado, crente ou não crente, católico ou não católico.

Marcelo fala várias vezes ao dia, sobre tudo e mais alguma coisa. Sobre o orçamento, sobre as incompatibilidades dos membros do Governo, sobre a guerra, sobre os gasodutos, surgindo como uma espécie de 1º Ministro de um governo-sombra e criando dificuldades insidiosas ao governo real e legítimo de Costa. Até Montenegro, legitimado líder da oposição, tem dificuldade em acompanhar tamanha verborreia.

Só que, no caso da pedofilia, não se tratou de atazanar o governo mas sim de branquear os crimes dos seus amigos da Igreja, que frequenta desde o berço. Uma atitude à moda do Chega. Também Ventura cai em pecadilhos semelhantes: propõe a castração química para os pedófilos mas se o pecador for bispo nem um grilo ele se atreve a querer capar! Parece que a água benta tem poderes miraculosos e santifica a ignomínia e a pila dos paramentados.

Ora, depois de várias correções às controversas declarações produzidas sobre a pedofilia, em que se foi “enterrando” cada vez mais, Marcelo – em queda óbvia de popularidade -, só tinha uma forma de tentar fazer – se é que tal ainda é possível -, alguma contenção de danos: tirar do 1º plano as infelizes declarações e a sua envolvente. Para o conseguir só produzindo outras declarações que, de tão bombásticas, retirassem espaço mediático às primeiras.

E elas aí estão. Marcelo elogia Passos Coelho e o governo da troica! Na cerimónia que assinalou o início das comemorações do centenário de Agustina Bessa Luís, Marcelo discursou – e deve ter mandado vir Passos Coelho para a primeira fila – para ter o ensejo de dizer que o país ainda “deve esperar muito do contributo” do antigo primeiro-ministro (ver notícia aqui). Longe vá o agoiro.

Um governo de má memória, que cortou salários, direitos e pensões e que fez o país retroceder décadas é elogiado por Marcelo como se fosse um governo que nos tivesse trazido o reino do mel e da ambrosia. Quer-nos, pois, o propagandista mor fazer crer que esta declaração bombástica é muito pior do que aquela que produziu sobre a pedofilia na Igreja. Entretenham-se, ó papalvos, ataquem-me agora e digam que estou a ressuscitar o Passos e o seu defunto PSD – até está -, mas esqueçam lá essa história dos pedófilos. A isto, chama-se, em técnicas de comunicação uma manobra de diversão.

Meu caro, Marcelo. Como diz o povo: “quem não te conhecer que te compre”. O que devias falar era da fome e da miséria que por aí já grassa e que vai aumentar, com as políticas seguidistas do governo de Portugal face à União Europeia, no dossier da guerra da Ucrânia e na política de sanções à Rússia. Sobre isso nada dizes e subscreves os absurdos. Como a história ridícula de não termos helicópteros para apagar os fogos – por falta de manutenção devido às sanções à Rússia -, tendo agora que os “oferecer” à Ucrânia o que é o cúmulo do ridículo: então a Ucrânia já pode comprar peças para a manutenção dos helicópteros à Rússia e nós não?! Porque não falas sobre isto?

E sim. Sanções à Rússia ou sanções a nós próprios e aos países europeus? Quando tivermos que pagar 5€ por um litro de gasolina, com as empresas a fecharem por custos de energia incomportáveis, o desemprego a atingir taxas a dois dígitos, a fome a alastrar como um vendaval, e os nossos filhos a serem chamados para uma guerra que não é nossa, estaremos a aplicar sanções à Rússia ou a aplicar o garrote à nossa própria sobrevivência enquanto país e enquanto povo?

O rei vai nu, dizia a criança do conhecido conto de Christian Andersen. O Presidente também vai nu. Os afetos são só para as selfies, os beijos para as fotografias que geram a empatia dos eleitores menos avisados. Se Portugal fizesse fronteira com a Rússia e fosse um entreposto da NATO numa guerra por procuração tu serias o nosso Zelensky. Acho que ainda farias melhor que ele. Ele que ainda tem muito que aprender contigo.


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21 pensamentos sobre “Volta Passos, que estás perdoado

  1. Muito bem.

    «então a Ucrânia já pode comprar peças para a manutenção dos helicópteros à Rússia e nós não?!»

    Tratando-se de helicópteros Kamov (Ka-27, Ka-29, etc), a Ucrânia tem como os reparar sem depender da Rússia. Tal como tem como reparar os jactos de guerra Sukhoi (Su-24, Su-27), ou os aparelhos Mikoyan (jactos MiG-29, helicópteros Mi-8), já para não falar dos pesos pesados Antonov (os militares An-26, An-72 ou o comercial An-225). O know-how está lá, e as peças também.

    Aliás, isto está na Ucrânia e em muitos países de leste, cujos aparelhos destas marcas Russas foram “doados” para a guerra proxy da NATO na Ucrânia, com o óbvio objectivo não de ajudar a Ucrânia, mas de se usar uma justificação para os substituir a todos por aparelhos mande-in-USA, com aumentos dos orçamentos da “Defesa” para os 2% (ou acima) do PIB, sem causar revolta da população, de cérebro lavado pela esmagadora máquina de propaganda.

    Assim também é o caso de Portugal, sejam os aparelhos usados para fins militares ou civis, com a diferença de que cá só havia o comprador, não há peças nem know-how. A partir de Washington, o dono deu a ordem, e em Lisboa (e noutras capitais das colónias Europeias) o vassalo obedeceu: *agora compras só na minha loja, já não compras na concorrência*.
    Eles até já falam num plano a 10 anos para “ajudar” a Ucrânia… Agora que chegou ao fim o plano de 20 anos para “ajudar” o Afeganistão, era preciso outro sh*thole para onde mandar armas e poder passar a factura que enriquece a oligarquia do Complexo Militar Industrial.
    Business as usual.

  2. O Presidente Marcelo e o Presidente Zelensky são ambos produto dos povos que os elegeram e não podem ser avaliados separadamente. O povo português não presta, tal como não presta o povo ucraniano, e então é natural que os respetivos líderes eleitos estejam em conformidade. Cada povo tem os governantes que merece. Simples assim. Não contem comigo para escamotear responsabilidades coletivas em nome de um “patrioteirismo” balofo e vazio de conteúdo.

    Parabéns pelo divertido texto, Estátua de Sal.

    • „O povo português não presta,…“. Um postulado fdp, onde o próprio autor que o formula se atasca, enterra e manieta até às orelhas. Acabada de formular a frase, qualquer interlocutor avisado agradece gentilmente a atenção, gira nos calcanhares e vai ver as gaivotas. A não ser que o autor e os seus progenitores vivam a sua vida fora, acima ou ao lado do povo. Mas onde?
      Eu sei, é uma maneira de falar. Pior, uma maneira de escrever. Só escrevemos o que anda cá na caixa dos pirolitos e estes por vezes andam tão aziumados pela vida, por sentimentos e emoções, que a vontade é de correr tudo à bordoada, a começar pelos milhares aos berros nas bancadas dos campos de futebol. Porque se há povo que não presta, então esse.
      Não é bem assim. Não há povo que não preste. E muito menos o povo americano, esse povo grandioso que trabalha e paga para a sua clique criminosa no poder. Essa clique que condensa, acumula e concentra em si os interesses da classe dominante, a auto-designada, auto-incensada e perfumada fina-flor do tal povo. Exactamente esse, o dito imputado de imprestável.
      O resto seria lógica de algibeira com umas gotículas de dialéctica. A auto-designada, auto-eleita, auto-incensada, auto-perfumada classe dominante, uma vez senhora dos instrumentos de domínio, neles incluídos e talvez os mais sofisticados, os meios de comunicação, televisões (uma televisão e sou dono do mundo!), jornais, internet, redes sociais, convencem-nos todos dias, todas as horas, todos os minutos, todos os segundos, por todos os meios, a várias velocidades e intensidades, de quê? DE QUE O POVO NÃO PRESTA.
      Nós que a sustentamos, não prestamos! Por isso nos serve diariamente o seu entulho televisivo, porque não prestamos, para que metamos bem nos cornos que não prestamos, para que fiquemos conscientes, convencidos e bem atestados que não prestamos e, uma vez interiorizada esta condição, passamos a só gostar do que não presta.
      Que o lixo da classe dominante é tóxico é a primeira lição na vida de quem é filho de um povo e não um fdp.

    • José Neto

      Se “o Povo” português (tal como o ucraniano…) não prestam, porque espera você, para regressar aos catrafundalhos do esgoto de onde saíu ?

        • Estátua de Sal

          Sem dúvida ! Quando a “opinião”, não é em si própria, um insulto ao Povo Português, a que me orgulho de pertencer ! O mesmo sentimento que, tenho a certeza, a Estátua partilha comigo…

    • Portugal e Ucrânia têm muitos defeitos, como TODOS os países. Não usaria esses termos, mas sim cada povo tem o que merece e concordo a 100% com a parte em que coloca a crítica no colectivo (em quem vota/elege mal) e não no indivíduo (facilitismo das análises superficiais, e dos demagogos).

      Mas há uns pormenores bem grandes que falta falar em ambos os países: a total manipulação da percepção dos eleitores pela máquina de propaganda Goebbeliana.
      Em Portugal convenceram a maioria de que tinham ali um avôzinho fofinho e simpático, que ri, abraça, e tira selfies.
      Passou uma década na TV a “refinar” a sua imagem e, depois de se candidatar, foi só encostar a bola para marcar golo.

      Já na Ucrânia, também o Zelensky passou anos na TV a nostrar-se como o bem intencionado humorista, o salvador anti-corrupção, a pessoa pró-paz que ia voltar a unir a Ucrânia, e fazer dela grande outra vez.
      Por isso teve +70% dos votos, e maioria ainda mais esmagadora nas regiões da Novorússia. Afinal de contas ele vem de um desses oblasts: Dnipropetrovsk – pois é lá que fica a sua cidade natal: Krivoy Rog (russo) ou Krivyi Rih (ucraniano).

      Depois de chegar ao poder é que caíu a máscara. Depois é que mostrou que por trás da decência aparente, estava um corrupto belicista assassino traidor ultra-pinochetista (extrema-direita NeoLiberal) e colaborador de Nazis. Sinceramente, quem é que podia adivinhar?
      Não culpo os Ucranianos pela escolha. Eles sabem que foram enganados, e por isso a sua popularidade baixou até 17%. Os Ucranianos do Sul e Este pagaram com a vida pelo seu erro desde que em 16-Fevereiro-2022 o ditador mandou o exército violar os acordos de paz e re-começar a guerra bombardeando milhares de vezes por dia as zonas do Donbass.

      Já em Portugal, houve e há muita gente manipulada pela propaganda, pela manipulação social, pelos momentos kumbaya de Marcelo que se mostram e repetem, e pelos momentos nojentos que se omitem ou rapidamente se esquecem.
      Quem tem a imprensa na mão, tem tudo. E os do regime, ou que obedecem aos donos do regime, têm a imprensa mainstream toda do seu lado. Qualquer semelhança com uma democracia plena, é pura coincidência em Portugal.

      Em ambos os países há ainda a esmagadora endoutrinação das massas, num caso a glorificação de pessoas e símbolos ligados ao Nazismo como se fossem “heróis” e “patriotas” da Ucrânia, e no outro caso a glorificação dos mercados, do €uro, da NATO, da UE, do USAtlantismo, e ainda a repetição ad nauseam de paleio anti-comunista e até anti-socialista em quase todos os meios mainstream.
      Não é o povo que não presta. É a “elite”, do poder e do dinheiro, que não vale nada. E o povinho, a ter um defeito generalizado, é o defeito de não estar suficientemente informado e educado, com pensamento crítico e vontade de buscar o factual, com confiança a mais em quem lhe mente sistematicamente. E assim se torna VÍTIMA do regime em que vive.

      Há no entanto um ponto que marca a diferença entre Marcelo em Portugal e Zelensky na Ucrânia: enquanto o palhaço apareceu de repente, o avozinho beato já tinha historial. Os que prestaram atenção, e os que não se esqueceram, nunca caíram na propaganda Marcelista. Lembraram-se sempre do fraco líder da oposição, de barba em forma de pêra, pouco confiável.
      É por isso que ele nunca convenceu os mais de 40% que foram votar em alternativas. Tirando o facho, são mais de 30% a votar em alternativas decentes. E aqui desculpo quem ainda votou na Ana GuerraNaziAtacaJornalistas Gomes, pois a essa também ainda não tinha caído a máscara…

      Resumindo e concluíndo, generalize menos, e ataque os problemas de forma concreta. Caso contrário, se o que tem a dizer é só insultar um povo inteiro, então o seu comentário não tem utilidade nenhuma!
      Isso só lhe trará inimizades, e tal vê-se nos comentários que lhe dirigiram. Nada de construtivo.
      Eu, de cada vez que saí de Portugal, apercebi-me ainda melhor que os defeitos estão em todo o lado.

      Há no entanto outra diferença muito específica entre Portugal e Ucrânia (e ditaduras em geral) de um lado, e os restantes países do outro lado: o pluralismo. Enquanto noutros países há debates honestos e abertos sem assuntos tabu (até nos EUA, apesar de tudo), em Portugal só se convidam os comentadores “certos” dentro do que o regime considera a janela de Overton aceitável. E quando alguém passa a “linha vermelha”, é logo atacado pela matilha de “moderadores”, “jornalistas”, e contas de propagandistas (e bots) nas redes sociais.

      Repare que, na melhor das hipóteses, se fazem “debates” entre maluquinhos 100% pró-Nazi/NATO, e se coloca do outro lado gente minimamente neutral, como os generais ou o Alexandre Guerreiro, e ZERO pessoas a mostrar o lado pró-Russo/Donbass. E pior, a percepção que passam, pelas palavras dos “jornalistas” e “moderadores” bem treinados, é que o lado 100% pró-Nazi/NATO é o neutro e “do bem”, enquanto o outro é o “putinista”.
      Junte-se a isto o povinho ingénuo, e o resultado é o que as sondagens mostram: Portugal é o país do Mundo em que o povinho mais culpa ” o Putin” e menos culpa a NATO/EUA/UE/Nazi pela guerra. Só comparavel com os maluquinhos na Polónia e nos Bálticos!

      E a mesmíssima coisa na política interna. Comentador Comunista não entra, e comentador Bloquista só às vezes. Chegam até a colocar um palhaço “esquerdista” no meio de dois eleitores do CDS/IL bem preparados para vender o peixe do dono, como no Governo Sombra.
      E quando há debates a sério, com representantes dos partidos todos, a manipulação faz-se na forma e conteúdo das perguntas.

      Viram-se para a Esquerda e insinuam: “não acha que defender o SNS Público é fanatismo ideológico?”. E depois viram-se para a Direira (PS incluído) e sugerem: ” diga qual é a sua solução para resolver os problemas do SNS”. E isto repetido em todos os canais mainstream 365 dias por ano em todos os assuntos! E parece-me que 95% das pessoas nem se apercebe que a manipulação começa logo aqui.

      Agora imaginemos o oposto. Viram-se para a Direita (PS incluído) e insinuam: “não acha que defender a privatização do SNS é fanatismo ideológico?”. E depois viram-se para a Esquerda e sugerem: ” diga qual é a sua solução para salvar o SNS”.
      Com o mesmíssimo povo, só esta mudança faria de Portugal um país completamente diferente.
      É por isso que digo e repito: Portugal pode não ser uma ditadura, mas com uma manipulação destas também não é uma democracia plena (algo que só existe se houver imprensa mainstream realmente livre e com pluralismo), e enquanto não houver uma Avante TV (obviamente com um nome neutro), nada mudará. Foi por perceber isto, que só piorará, que decidi desistir e sair de Portugal.
      Voltamo-nos a ver após o próximo Movimento dos Capitães…

  3. Pão e circo e os sem vergonha.

    Extraordinário .…

    Vimos novamente que vamos direitinho para o cemitério da democracia.

    O homem era de facto um “visionário”, mas através do conformismo ou da preguiça intelectual as suas ideias dificilmente têm ecoado.
    O Titanic está a afundar-se mas a orquestra ainda está a tocar…

    Com representantes assim, não temos qualquer possibilidade de recuperar a nossa soberania com a sua aprovação.

    Porque nenhum deles está disposto a perder todas as vantagens financeiras de que desfrutam e que colectivamente se apropriaram de uma forma vergonhosa!
    O teste de força aproxima-se, se não, será escravidão globalizada, para sempre..…

    Evidentemente, foi a burguesia anglo-saxónica, liderada pelos EUA, que iniciou este projecto com a estratégia de criar uma Europa federal na qual as nações perderiam toda a independência. Em particular,Portugal.
    As populações foram enganadas, enganadas a acreditar na Europa da paz, na Europa dos povos…

    Felizmente, parece-me que o grande tabuleiro de xadrez globalista está gradualmente a ser transformado num grande jogo de dominó. Um único pequeno, ou grande filme terá um efeito tão devastador quanto salva vidas.

    Além disso, o efeito dominó tem um aspecto de “senso comum” que eu gosto muito e que também é “auto-suficiente”.

    O fim de uma mentira levará ao fim de outra e normalmente, no fim de uma mentira, a verdade aparece!

    Um simples efeito dominó para nos ensinar a nunca colocar todos os nossas peças no mesmo cesto.

    Se por vezes demora muito tempo a montar o dominó, o espectáculo da sua queda é muitas vezes espantoso e encantador.

    O que podemos dizer sobre todos estes lambe-botas subsidiados e pagos que fazem propaganda em todas as direcções.

    Pela minha parte, o que me surpreende é que ainda há multidões inteiras que ainda acreditam nesta “república”!

    É na realidade uma máquina diabólica e abjecta de engenharia social de ocupação mental maçónica.. .

    Nunca houve qualquer harmonia dentro de Portugal e cada um puxa alegremente o tapete para fora de debaixo de si mesmo, com insinuações egoístas de um patriotismo ultrapassado que está muito longe de Portugal de que tanto se fala. A partir daí, isto era inevitável, haveria perdedores e vencedores exactamente o oposto de um Portugal unido. Como pode ser de outra forma quando existem tantas disparidades entre os nossos lideres?

    Portugal foi-nos apresentada como uma salvaguarda indispensável para melhorar as nossas condições de vida, mas na realidade foi uma armadilha montada para o povo, uma armadilha que tinha apenas um objectivo, criar uma avenida para a ditadura dos mercados e das potências financeiras.(Nomeadamente a Alemanha) O empobrecimento dos povo tem sido geral e a União Europeia tem sido a cereja no bolo em benefício exclusivo de uma oligarquia de escravos… mas até quando?

    A máquina infernal está lá para nos esmagar. Tudo tem sido feito para que os pobres sejam amarrados e sujeitos às suas regras . São empurrados para se tornarem proprietários tão suculentos (empréstimos, impostos, herança, seguros, água, electricidade, aquecimento, isolamento, manutenção, etc.) que depois o carro (um verdadeiro boondoggle) empréstimo, seguro, manutenção, etc.

    Não há uma eleição presidencial e legislativa para se chegar a algo novo, mas vai sempre na mesma direcção …. a nossa carteira!
    Vejam tudo o que gira à volta da casa e do carro.
    Esta táctica funcionou muito bem desde que o pobre homem se sentisse rico por possuir uma casa e conduzir o seu carro.
    Tudo foi calculado até a “enpane” de Paulo Nuncio.

    De facto, os pobres são pobres e continuarão a ser pobres
    Ele não comerá as pedras e o seu carro que custar-lhe-á tanto que será obrigado a separar-se dele porque terá de se alimentar e, ao ritmo a que as coisas vão, apenas uma parte da população terá acesso ao que era anteriormente necessário e que se tornará um luxo.

    Os ricos ajudam-se a si próprios e estão no processo de apanhar os bolsos da classe média, o que de momento está a ajudar a manter as cabeças acima da água dos pobres que ainda não se aperceberam que eles próprios estão a afundar-se na categoria dos pobres.

    Este é um estranho Portugal democrático, gerido por financiadores não eleitos e inamovíveis, com deputados eleitos mas com poderes limitados, perfeitamente concebida para que as pessoas tenham a impressão de dar a sua opinião sem qualquer obrigação de a ter em conta, com juristas competentes que possam tornar as decisões tomadas legais e irreversíveis, enquanto são totalmente antidemocráticas, este Portugal dá-nos uma antevisão do inferno, restrições, obrigações, proibições, ameaças e sanções….Este não é o Portugal que as pessoas esperavam, foi-nos prometido o fim do desemprego, salários mais elevados, protecção social copiada dos países mais avançados, temos o oposto, este Portugal não é mais do que uma fraude em grande escala..

    É completamente irrealista imaginar que Portugal possa manter a sua posição economica..

    Uma das grandes peculiaridades do Português é a sua necessidade incondicional e vital de se agarrar às suas convicções e à negação de qualquer coisa que as possa abalar!

    É a forma mais simples, mais tranquilizadora para muitos e mais confortável porque os evita, digamos assim, de questionar as suas crenças e assim pensar de uma forma inteligente, ou seja, ir ao fundo de nós próprios e ao fundo das decepções que nos vendem como ideologias vitais para o bem estar da população!
    Fomos vendidos à Europa como uma Necessidade fundamental para estarmos unidos, mais fortes por esta união e, portanto, como a Criação de uma Nação forte das suas ambivalências políticas!
    Era Obrigatório!!!
    E se não votasse “sim”, estaria no limite de um cidadão mau, atrasado e estúpido, um travão à evolução político-económica de uma grande força futura que se aguentaria contra os nossos adversários!!!
    Pessoalmente eu era um mau cidadão enquanto os meus pais pregavam o oposto de mim!
    A pregar o oposto!!!
    A fim de trazer o rebanho de volta ao caminho certo!!!
    Excepto que gosto de ser uma ovelha perdida para as minhas escolhas……

    O programa global da Agenda 21 é explicado nos websites das instituições..
    A população está demasiado drogada para reagir: olhar para o céu, a comida, os meios de comunicação, a água, o medicamento: tudo é fortemente doseado para anestesiar as pessoas.

    Portugal está hiper endividado .…

    ” O plano da Troika (ou melhor, imposto pela Alemanha a um FMI relutante) não está a funcionar, com a austeridade a impedir Atenas de revitalizar a economia e, assim, cobrar as receitas fiscais necessárias para pagar a dívida: conhecemos agora o refrão. Mas outro país, menos falado, está também a experimentar o fracasso do seu plano de resgate, nomeadamente Portugal “, como mostrou o artigo de Martin Armstrong publicado no seu blogue a 24 de Fevereiro de 2017.

    Os nossos indignos “líderes” levaram o nosso país à ruína,
    moral, intelectual, física, segurança…
    Nada é menos certo do que poder agora subir de novo ao nível de
    o nível dos países de referência, na Europa ou em qualquer outro lugar.
    noutro lugar.
    Nem sequer me interrogo sobre qualquer novo despertar.
    A nossa confiança desapareceu e com ela as nossas últimas ilusões.
    O país é deixado à anarquia, os bandidos são a lei, alguns estrangeiros aproveitam-se e não respeitam nada, os outros permanecem estranhamente silenciosos.
    As “autoridades públicas” são inactivas, a pletora de funcionários públicos
    não são realmente muito eficientes e a população contempla.
    A população contempla o espectáculo das exigências dos sindicatos em desilusão.
    Será isto alguma maravilha?

    Sabemos que a política da Comunidade Europeia é de adquirir o maior número possível de países para alargar a Europa.

    Para tal, a UE oferece açúcar aos países ingénuos que cobiça, dando-lhes, por exemplo, mil milhões de euros ou mais, para aderirem à UE, fazendo-os acreditar que a UE é o seu salvador. Este é, por um lado, o caso e, por outro, a sua táctica é um abuso de autoridade, uma hipocrisia, uma mentira, para dizer o mínimo, uma espécie de “prós”… …sem vergonha para a UE.

    Então, se não conseguirem pagar, a Grécia e Portugal foram um exemplo, começa o seu tique táctico “persevare diabolicum”, a política do pau e da cenoura.

    Uma vez que estes países tenham aderido à UE, começa o seu calvário. Têm de se submeter à sua ditadura, depois de lhes ter sido dito que a União Europeia é um paraíso, o “salvador , que é o oposto.

    Eles no paraíso, os cidadãos dos países ingénuos no inferno.

    As crises são criadas, de todas as partes, porque os decisores, que inventam estes esquemas, são vencedores, em todas as mesas. Cuidado, pelos jornalistas, pelos seus escritos mentirosos, no limite da obsequiosidade, achatados diante dos mafiosos, capazes de mentir com o sotaque da sinceridade, e cujas observações ou explicações são semelhantes a uma diarreia verbal permanente.

    O que é fascinante quando se fala aos Portugueses sobre a Europa é que eles não estão na realidade, mas na crença. Para muitos, a Europa é o horizonte último de todas as utopias modernas.
    Os Portugueses não são um povo de pragmatismo, mas do conceito.

    Há muito que nos afastámos do racionalismo para a continuidade da crença num mundo secularizado. Já não vamos à missa, mas substituímos o sagrado por outros rituais. Já não pregamos sobre o fim dos tempos, mas advertimos contra o fim da UE. Já não estamos em raciocínio, mas em sacralidade.
    Receio que nada possa ser feito contra os cultistas da Europa. Estão prontos a tornar-se mártires e a arrastar todos os povos para a sua loucura, porque o que temem ainda mais é o vazio de um mundo sem os seus ideais. Um mundo onde a máquina tecnocrática de Bruxelas já não seria necessária!
    O que fariam eles da sua vida, do seu privilégio, da sua razão social? Deixariam de ser os profetas do mundo aberto, da globalização, dos cidadãos do mundo e do universo conhecido!

    Portugal está a morrer do seu sistema podre para o núcleo.

  4. Os “nossos” Kamov são do modelo Ka-32. Antes de Portugal comprar seis unidades para combate a fogos, eram já utilizados para o mesmo efeito por inúmeros países, como Espanha, Grécia, Turquia, Suíça, França, Canadá e Coreia do Sul, pelo menos. Não há notícia de que tenham sofrido em qualquer desses países das maleitas que por cá os afectaram praticamente desde o primeiro dia, nomeadamente falta de peças e outras desculpas criativas. A inoperacionalidade agora “justificada” pela falta de peças devido às sanções contra a Rússia é treta, pois a falta de peças é já, há anos, uma das razões invocadas na Tugalândia para os manter em terra. Para, de vez em quando, pôr no ar um ou dois, chegaram a “canibalizar” as peças de outros e houve mesmo situações de substituição de peças originais por peças não certificadas, além de “reparações” de pôr os cabelos em pé a qualquer mecânico não etilizado. Há inspecções e relatórios oficiais que o atestam. Os verdadeiros motivos da inoperacionalidade serão, porém, sempre os mesmos: dinheirinho, nomeadamente o das gordas comissões que resultariam do seu envio para a sucata e substituição por aparelhos de outros fabricantes, provavelmente americanos ou europeus, mais caros. Isto penso eu de que, claro. “Resultariam” também é modo di falá, pois tem sido certamente, há anos, o sonho molhado de alguma gentinha… perdão, alguma boa gente. Graças à Ucrânia e a Herr Zelensky von Pandora Papers und Vogue, o tempo verbal adequado, qual milagre das rosas, passou a ser “resultarão”. Será igualmente um “resultadão” para alguns felizardos, mas não para as finanças públicas, como é fácil de adivinhar. Como diz o Carlos Marques, não poderia haver melhor “justificação para os substituir a todos por aparelhos made-in-USA”.

    Como disse atrás, os Ka-32 são há anos utilizados com vantagem por países como Espanha, Grécia, Turquia, Suíça, França, Canadá e Coreia do Sul, entre outros, e não há notícias de que alguma vez se tenham queixado de falta de peças, ou que reforcem agora as queixas com as sanções à Moscóvia. Por cá, chegámos ao ridículo, à vergonha, de ver nos últimos anos, inclusive no corrente, helicópteros Ka-32, exactamente iguais aos nossos mas enviados por Espanha (e não sei se por outros países europeus), a combater com eficácia fogos em Portugal. É fácil distingui-los: os nossos são amarelos, os outros não. Os espanhóis, por exemplo, estão pintados de branco e azul. Em 2010 já tinham pelo menos 16.

    Os Kamov foram adquiridos por serem mais baratos do que a concorrência e por terem mais capacidade. O Ka-32 pode transportar 4500 a 5000 litros de água, enquanto a maioria dos aparelhos usados em Portugal se fica pelos 1000, 1200 ou 1500 litros, aproximadamente. Mais do que o Ka-32 apenas os aviões Canadair (5400 a 6137 litros, conforme o modelo). Outra das mais-valias do Ka-32, além do preço, advém de uma grande estabilidade, que resulta do facto de disporem, para manobrar, de duas hélices coaxiais rodando em sentido contrário, compensando com vantagem a ausência de rotor de cauda. O helicóptero mais eficaz no combate a incêndios, porém, é o americano Erickson Aircrane S-64, com capacidade para dez mil litros, que pode reabastecer em 40 segundos mesmo numa fonte de água com apenas 45 cm de profundidade. Dispõe além disso de um “canhão” de água que pode disparar na horizontal a 60 metros de distância, o que lhe permite combater com eficácia incêndios urbanos. É o aparelho de eleição no combate a fogos florestais na Austrália e as suas únicas desvantagens são o preço à cabeça e o consumo elevado de combustível.

  5. Só agora fui ler as declarações do beijoqueiro-mor, no DN. É possível que a Estátua tenha razão sobre a motivação. Mas parece-me que há ali mais qualquer coisa: o homem endoidou de vez e perdeu completamente a vergonha. Ainda havemos de o ver, aos saltinhos rua fora, uma diáfana gabardina cobrindo, solitária, a ressequida nudez, abrindo súbita e alegremente a farpela para mostrar as peles a um grupo de raparigas. E perguntando-lhes em seguida, olhos esbugalhados e corta-pallha escancarado, se não querem tirar uma selfie.

  6. Bravo! Muito bem!…

    Não há melhor forma de ativar a discussão do que uma boa terapia de choque, e nada choca mais as pessoas do que a Verdade. Assim, não posso deixar de estar divertido com as reações ao meu “postulado” acima. E tirando o pequeno excremento depositado pela coisa Peralta, com a qual não irei perder tempo porque não perco tempo com escumalha, elas são obviamente válidas.

    Para quem não sabe, Portugal foi o país da Europa em que a Inquisição permaneceu durante mais tempo. Foi também país que viveu sob o salazarismo durante 48 anos, partilhando com a Espanha a “honra” de configurar as duas resilientes ditaduras europeias sobreviventes da II Guerra Mundial. Não se pense que foi coincidência. A ambiência orwelliana que estas situações implicam, fomentando a denúncia às autoridades de todas as pessoas que mostrassem algum tipo de pensamento livre, “marcou profundamente a alma portuguesa”, como escreveu José Hermano Saraiva.

    E ainda recentemente, com a crise sanitária “Covid-19”, isso se revelou uma vez mais. Só não se fez passar a ideia de que os não vacinados “negacionistas” comiam criancinhas, mas eu acho que não foi por falta de vontade. E nenhum povo caminhou mais docilmente para os os centros de vacinação do que o português. Provavelmente é também por essa razão que estão a morrer como moscas agora.

    E quem acredita que um povo que tem Stepan Bandera, um dos maiores assassinos da História da Humanidade, como herói nacional, vale alguma coisa, então também deve acreditar em contos de fadas e comer gelados com a testa. A quem estiver interessado em saber como se chegou a isto recomendo o excelente documentário histórico de Oliver Stone, “Ucraine on Fire”, disponível na net com legendas em Português, em exclusivo para não-totós.

    Claro que pessoas boas há em todo o lado, e eu tive a sorte de conhecer algumas vidas luminosas portuguesas, e também ucranianas. Mas o coletivo de uma Nação é diferente.

    A degradação de um povo é um processo progressivo e está tão mais adiantado quanto o estádio de decadência em que o mesmo se encontra. É assim que na fase terminal do Império Romano se constatava que os romanos já só queriam “pão e circo”. Quando Júlio César pretendeu incluir o povo no processo de governação, ninguém da plebe quis saber e ele acabou por ser isolado e depois assassinado pelas elites que, essas sim, estavam bem cientes da importância do poder.

    No ocaso da civilização grega, que serviu de modelo ao patético arremedo de democracia que nos vendem hoje, ficaram conhecidas as deambulações noturnas de um tal Diógenes de Sínope que, munido de uma lanterna, dizia “procurar um homem”. Penso que em Portugal ele precisaria pelo menos de um holofote.

    Eu compreendo que algumas pessoas, contaminadas pelo vírus do idealismo, se recusem a aceitar esta realidade, porque ela significa que desperdiçaram as suas vidas. Lamento, DE, mas se interpreto bem os sinais que você transmite, acho que desperdiçou mesmo, tal como eu próprio alienei uma boa parte da minha juventude antes de aprender a reconhecer a Realidade.

    E esta é uma viagem sem regresso. Mas isso você sabe.

    Temos pena.

  7. A propósito da condenação quase unânime das mais recentes parvoeiras do beijoqueiro-mor, achou por bem António Costa dizer o seguinte:

    “Queria expressar a minha total solidariedade com o presidente da República, pela interpretação inaceitável que tem sido feita das suas palavras. Ouça, eu acho que quem tem feito esta interpretação é que deve um pedido de desculpas ao presidente da República.”

    Ou seja, o beijoqueiro asneirou e uma parte do país livre que ainda somos exerceu as suas liberdades de opinião e de expressão criticando-o por isso, nomeadamente neste post e em grande parte dos comentários. Tanto quanto me apercebi, muitos correligionários de António Costa e militantes ou simpatizantes de outras esquerdas fizeram exactamente o mesmo, mas o sr. primeiro-ministro acha que o exercício dessas liberdades por cidadãos livres foi abusivo, “inaceitável”, e que quem o fez “deve um pedido de desculpas” ao beijoqueiro.

    Ora vamo lá a ver. O sr primeiro-ministro põe-se do lado do desbocado contra, provavelmente, a maioria dos que com ele partilham, totalmente ou em parte, convicções e sensibilidades políticas e sociais. Ao contrário do que diz, a crítica das declarações do senhor é, mais do que aceitável, quase uma obrigação cívica, uma medida de saneamento público. Parece que, só por ser quem é, o homem tem o direito de largar as bojardas que lhe vierem à cabeça, bolçar as asneirolas que lhe derem na telha, sem que os ingratos súbditos possam sequer atrever-se a dizer que o rei vai nu.

    Ora vamo lá a ver again. Se espera algum pedido de desculpas ao beijoqueiro, será conveniente que o sr. primeiro-ministro espere sentado. E ocorrem-me, vá-se lá saber porquê, dois provérbios bem conhecidos:

    O primeiro é “Roma não paga a traidores”. Basta ver o expedito “agradecimento” que o nosso primeiro recebeu quase de imediato do beijoqueiro, na forma de um despudorado panegírico feito a despropósito ao aldrabão de Massamá. O segundo é “Quem muito se baixa, o rabo lhe aparece”, e eu confesso a minha falta de vontade de assistir ao lamentável espectáculo, ainda que grátis, de exibição dos seus entrefolhos.

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