Dentro do pandemónio

(Viriato Soromenho Marques, in Diário de Notícias, 01/10/2022)

A sabotagem dos pipelines Nordstream 1 e 2 cortou brutalmente o cordão umbilical energético da Alemanha com a Rússia. Parece óbvio para todos de que se trata de terrorismo com origem num “ator estatal”, como disseram de imediato os responsáveis dinamarqueses e suecos. Inevitavelmente, Zelensky acusou a Rússia. Mas esse reflexo de Pavlov carece de justificação.

Seria totalmente irracional que Moscovo destruísse não apenas uma copropriedade onde investiu 475 mil milhões de rublos, mas, sobretudo, seria absurdo que anulasse o seu instrumento principal de pressão contra as sanções da UE. Sem pipelines, Moscovo e Berlim ficam em mundos paralelos.

O jornal ECO noticiava que num tweet, Radoslaw Sikorski – ex-Ministro da Defesa e ex-MNE polaco, eurodeputado do PPE, e um peso pesado na política global -, agradeceu aos EUA os danos causados aos pipelines russos. Noutro tweet, Sikorski explicava que os “danos no Nordstream reduzem o espaço de manobra de Putin. Se quiser retomar o fornecimento de gás à Europa, terá de conversar com os países que controlam os gasodutos Brotherhood [Ucrânia] e Yamal [Polónia]”.

O “agradecimento”, gravemente acusatório a Washington, vindo de um seu fã incondicional, apenas o compromete a ele. Contudo, revela também como os demónios europeus estão à solta. O ódio à Alemanha, e não apenas à Rússia, faz hoje parte integrante da política oficial em Varsóvia, como ficou demonstrado no renovado pedido a Berlim por indemnizações pelas perdas da II Guerra Mundial.

A UE, que alguns adeptos do Dr. Pangloss consideram mais forte e unida do que nunca, recebe hoje sinais de menosprezo das chancelarias por esse mundo fora. Com a CE de Von der Leyen, a “Europa Alemã”, que segundo o malogrado Ulrich Beck resultou da gestão da crise do euro por Angela Merkel, está febril. Para merecer respeito em política é preciso conhecer os seus interesses cruciais. E saber defendê-los. A resposta europeia à invasão russa da Ucrânia foi desmesurada, ignorou completamente interesses e fragilidades, curvando-se num servilismo acrítico perante Biden. A coligação de Berlim destruiu, de um golpe, os alicerces de uma UE liderada pela Alemanha: segurança de abastecimento energético; estabilidade do euro; alguma (frágil) capacidade de manobra dentro da NATO. Sem estratégia e à deriva, os próximos meses dirão até que ponto é que a estrada de autoflagelação europeia terá alguma margem de mitigação.

A política em Portugal isolou-se numa exígua redoma de minudências. Os assuntos na agenda política minguaram. Para além de aceitarmos incondicionalmente a política monetária do BCE, já desistimos também de ponderar nas políticas externa e de defesa.

Estamos a caminhar para uma situação em que a possibilidade de uma guerra nuclear limitada na Europa vai em crescendo. E perante tal enormidade, escutamos o PM e o MNE a repetirem, mecanicamente, os mantras de Josep Borrell e de Jens Stoltenberg. Nem uma hesitação. Nem uma dúvida. Fica-nos como magna questão nacional, a eterna localização do novel aeroporto de Lisboa.

Mesmo sem devastação bélica, a Europa empobrecida talvez acabe até por tornar excessiva a atual capacidade da Portela. As torneiras que a Espanha fechou no Douro, congelando, com aviso prévio, a Convenção de Albufeira, dão-nos uma amostra da abundante solidariedade que nos aguarda num futuro cada vez mais fustigado pela crise ambiental e climática.

Portugal foge da realidade, mas esta nunca se esquecerá de nós.

Professor universitário


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18 pensamentos sobre “Dentro do pandemónio

    • Heranças …..já O Botas e seus Sicários ,tudo o que não alinhasse no seu “mantra” fascista …era logo “Comunista” ……hoje ,não alinhas no “coro” unanimista ….logo pputinista……nas Tvs já calaram todas as vozes que não alinhem no “Coro oficial” ……e está caminho o sillenciamento tb nos Jornais ……

    • Compreendo as evidentes limitações cognitivas e académicas que vos impossibilitam a argumentação e apresentação de factos para contrapor, mas vocês não conseguem mesmo encontrar “bocas” novas e um pouco mais originais? As duas ou três que aprenderam na cmtv já estão um pouco démodée.

    • domingos correia, um exemplo da total ausência de cérebro, ou será antes da vassalagem ao império que destrói a Europa? E a vassalagem é devido a uma avença paga pelo Pentágono, ou é mesmo da sua natureza de traidor? Na situação em que estamos, chamar alguém de Putinista é um elogio, quer se esteja a referir a um real defensor de Putin, quer a um opositor de Putin. Antes acusado de Putinista, do que vendido ao fascismo dos EUA, traidor da Europa, e colaborador de Nazis. Isso sim é escumalha inútil. Não digo m*rda porque essa sempre serve para adubar…. Já me fartei de dar pérolas a porcos. A partir de agora os que “putinizam” tudo e todos os que discordam da propaganda do império genocida NATO/Nazi, são tratados assim por mim. Se gostam, repitam comigo, se não gostam, censurem-me, quero lá saber.

  1. De todos os artigos que li aqui de Viriato Soromenho, este é de longe o melhor, e aquele em que o autor não faz concessões nenhumas aos donos da Imprensa em Portugal, limitando-se a seguir uma linha de pensamento coerente e idónea.

    Os factos relatados sobre o atentado terrorista aos pipelines Nordstream 1 e 2 já foram corretamente dissecados por diversos autores de grande qualidade como Dmitry Orlov, Pepe Escobar e Chris Kantham entre outros, e viriato Soromenho segue a mesma linha de análise.

    Reparei no entanto que ele dá ênfase ao ressentimento, e até mesmo ódio, que vários países da UE parecem nutrir, não só relativamente à Rússia, que por acaso os salvou do domínio nazi na II Grande Guerra, mas também face à própria Alemanha, que de facto foi até aqui o país impulsionador do “sonho europeu” e também o grande impulsionador das economias europeias. Há de facto alguns países no seio da União que claramente só estão ali para a dinamitar.

    Temos assim que a UE tem os seus dias contados, e será conveniente que Portugal comece a pensar muito seriamente em recuperar a sua total autonomia política e económica, o que me parece que não poderá ser feito com estes (des)governantes que temos.

    Eu não sigo com muita atenção a Imprensa portuguesa, por razões óbvias, mas nos meus exercícios de “zapping” nunca me aconteceu ver o André Ventura alinhar no coro anti-Putin. Se calhar foi por acaso, mas não me admirava nada de que ele estivesse a seguir a mesma linha de conduta dos seus equivalentes fascistas franceses e italianos, que é obviamente concertada. E quando as coisas começarem a ficar realmente negras, o seu partido terá uma boa possibilidade de crescer como ele próprio nunca terá pensado ser possível. A ignorância e estupidez da populaça dá para tudo.

    Uma última questão, já que o autor resolveu trazer novamente à baila o estranho fenómeno do aeroporto saltitante:

    Logo quando se deu aquele episódio hilariante do ministro que “sem dizer nada a ninguém” resolveu emitir despacho autorizando “estudo da solução que visa a construção do aeroporto do Montijo, enquanto infraestrutura de transição, e do novo aeroporto ‘stand alone’ no Campo de Tiro de Alcochete, nas suas várias áreas técnicas”, e toda a balbúrdia que se lhe seguiu, eu não tive dúvidas em dizer aqui que o problema real era de certeza que o referido projeto teve de ser cancelado por ordem de Bruxelas. Porque já naquela altura se percebia que o tempo não estava para brincadeiras dessas.

    Basicamente, a famosa “bazuca” do Costa ficou sem munição. Azar para os “lobbies” do cimento armado.

    Agora o nosso belo aeroporto virtual saltou para as lezírias de Santarém, e isso permite pelo menos ganhar mais um ano ou dois enquanto se fazem os respetivos estudos de viabilidade. E entretanto, como muito bem lembra o Viriato Soromenho, muito provavelmente vai chegar-se à conclusão de que, além do facto de as vacas (tal como a Greta) embirrarem solenemente com aviões, com o trambolhão que o Turismo vai ter nos próximos anos afinal o aeroporto da Portela chega muito bem.

    Eu só gostava de saber porque raio é que não acerto no euromilhões…

    • «aquele em que o autor não faz concessões nenhumas aos donos da Imprensa em Portugal, limitando-se a seguir uma linha de pensamento coerente e idónea.»

      Quase. Mas não, não é totalmente coerente e idóneo. Repete o erro do costume nos do campo do Livre. O fanatismo €Uropeísta, mesmo quando a sua fé bate com o focinho no muro inamovível dos factos. Passo a citar Soromenho:

      «estabilidade do euro»

      – e passo a explicar porque esta é a expressão mais mentirosa que alguma vez na vida o Soromenho, um fanático da igreja do €Uropeísmo, dirá.

      Não existe qualquer estabilidade no €uro.
      O valor da moeda anda sempre a vacilar.
      Ora compra 1.45 dólares, ora só vale 0.96, e vai continuar a cair. Uma boa parte da inflação é explicada por esta Venezuelização da moeda. O preço do barril de BRENT (petróleo para os mercados Europeus) já está abaixo do valor de Fevereiro em… dólares. Mas como o €uro entretanto desvalorizou 16%, na realidade, estamos a pagar mais por uma coisa que está mais barata, porque a nossa moeda vale cada vez menos.

      A única forma de impedir uma queda maior no valor da moeda é com a auto-bazuca (ou seja, um tiro nos pés que destrói o corpo inteiro): o aumento repentino das tachas de juro. Serve para manter investidores no €uro em vez de se refugiarem no dólar. Não vai resultar. Não está a resultar. E vai gerar uma recessão e quiçá depressão.

      Alie-se a isto o fim também repentino do Quantitative Easing, a batota sem a qual o €uro já teria implodido em 2012, levando consigo para o buraco ainda mais países e ainda em piores condições.
      Esta batota inundou os mercados especulativos. Agora que lhes falta moeda e procura, começa a ver-se a bolha a rebentar. Primeiro as bolsas vão para o vermelho, depois são as contas das empresas e famílias reais. E em pouco tempo teremos cá a troika novamente. Até porque a dívida da “falência” ou “bancarrota” era de 100% do PIB, e agora está acima dos 130%. É fazer as contas…

      Mesmo quando não há crise aparente, a realidade é que a crise é permanente. Chama-se desequilíbrio macroecómico, ou desigualdade e divergência entre países, e é uma coisa inevitável na arquitectura desta moeda diabólica.
      De cada vez que o saldo externo (exportações menos importações, e o saldo de capitais) da Alemanha subia (sem que a sua moeda se valoriza-se, pois estava no €uro), a capacidade desse país de aumentar ainda mais o saldo externo, subia também.
      Como efeito espelho, porque as economias abriram as pernas umas às outras DENTRO da área económica Europeia (super-protecionista contra os de FORA), tivemos mais e mais défice externo nos países logo à partida perdedores do €uro. E quando mais défice externo (e porque a moeda não desvaloriza para compensar), maior a probabilidade deste se agravar.

      E de um saldo externo durante 15 anos, nasceram as restantes dívidas, e a fragilidade da economia perante os especuladores, a incapacidade de dar a volta, e pior, como “solução” impuseram-nos a austeridade permanente. Porque se os salários não subirem, o Zé Povito não compra novo carrito (importado da Alemanha). Pelo contrário, se os salários contraírem, pode ser que o Zé Povito aumente a competitividade da exportação dos seus azeite, cortiça, panos e chinelos… E o patronato facho ama isto, como é óbvio: conta bancária do Facho a crescer, Zé Povito a empobrecer.

      O problema é que isto não acontece só ao Zé Povito, acontece também ao nível do Portugalito. Neste caso o facho, ou melhor o chulo é a Alemanha (e Países Baixos, Áustria, e todos os que são beneficiados sem merecer pelos desequilíbrios do €Uro), enquanto Portugal fica com menos investimento, menos crescimento, menos SNS, menos direitos laborais, menos salários, mais dívida, mais estagnação, mais emigração. Numa só expressão: MORTE lenta. E não se deixem enganar pela palavra “lenta”, pois não deixa de ser MORTE!! *

      Se há em 2022 alguém que chama a isto a «estabilidade do euro», eu só tenho a dizer-lhe as palavras que disse logo no início: é um fanático/extremista para quem a ideologia €Uropeísta não tem qualquer base lógica, mas apenas a fé. Isto no caso do professor Universitário. No caso dos Zé Povitos, não é fé, é ignorância, ou são vítimas de lavagem cerebral de tanta propaganda.
      É que há muita gente agora chocada com a propaganda pró-NATO/EUA/Nazi, mas eu já noto desde há muitos anos que esta máquina estava montada para nos fazer a mesma manipulação mas no sentido pró-€Uro, que é como quem diz: pró-veneno que nos condena à morte lenta.

      E pior, atrevem-se a chamar “extremista” a quem propõe a solução óbvia, fácil, e eficaz: sair do €uro da mesma maneira que se entrou: via ERM – Exchange Rate Mechanism – e colocar Portugal na mesma situação em que está a Dinamarca, e depois a Suécia, Chéquia, e se quiserem sair também da UE, na mesma situação que a Suiça, Noruega, Islândia, etc. É só países “extremistas” e “Venezuelas”, não é?

      Foi por isso que ao longo dos anos, ao ódio que tenho pela NATO (um ódio natural em qualquer pessoa decente), cresceu em mim, um €Uropeísta ignorante até 2007, um ódio também contra a igreja do €uro. Sim, isto é uma igreja, pois é baseada em mentiras, com uma narrativa escrita inventada, só funciona se a maioria tiver fé, e para que a maioria tenha essa fé, é preciso uma máquina de propaganda e manipulação social e emocional. Mas nem sequer um padre Católico pedófilo é tão mau quanto um pastor/orador €Uropeísta. É que o padre Católico pedófilo normalmente só faz mal a uma ou poucas mais crianças e pode justificar o seu crime (pelo qual deve pagar, claro) com um grave problema mental. Já um €Uropeísta, que desculpa pode dar pelo crime de destruir a vida a CENTENAS DE MILHÕES de pessoas?

      * MORTE lenta de Portugal: em poucas décadas, sem investimento sério nem crescimento, com mais desigualdade, menos nascimentos, mais emigração, Portugal passará a ser um Estado FALHADO, só com 6 milhões de pessoas, a maioria IDOSOS, sem jovens para trabalhar e lhes pagar as pensões. Juntem a isto as Alterações Climáticas, onde o nosso país está na linha da frente, na trincheira, e o cenário para 2050 é semelhante ao de Mad Max, e a cada década cada vez pior, e ainda por cima sem as imagens de carros a alta velocidade para nos entreter.
      E isto era o meu cenário de MORTE lenta antes da €Uropa USAtlantista nos dar a todos um valente tiro nos pés, ou melhor, uma bazucada nos pulmões, já para não falar da bomba no gasoduto, do branqueamento descarado de Fascistas, transição cada vez mais sem vergonha para um Pinochetismo económico, e apoio bélico a Nazis… E cereja no topo do bolo: preparação de sanções dos EUA contra a Argélia. Sabem o que é isto? O fim do gás também para a Península Ibérica, i.e. até 50% da eletricidade Espanhola, e até 75% da eletricidade Portuguesa, que importa até 50% via Espanha. Num país onde tem morrido gente a tentar sobreviver ao frio usando braseiras nas suas “casas” (na realidade barracas, para as quais há ZERO fundos €Uropeus, pois esses estão todinhos garantidos para quem não precisa).

      GAME OVER

  2. “Estamos a caminhar para uma situação em que a possibilidade de uma guerra nuclear limitada na Europa vai em crescendo.” VSM

    Há apenas um ligeiro problema com a afirmação acima de Viriato Soromenho Marques: essa coisa de “guerra nuclear limitada na Europa” não existe. Nem na Europa nem em lado nenhum. Uma guerra nuclear, por mais limitada que a planeie quem a começar, descamba em guerra nuclear total, global, planetária, minutos ou mesmo segundos depois do rebentamento da primeira “limitada”.

    • Sim, realmente agora que você fala nisso, Joaquim Camacho, não sei onde é que o Soromenho foi buscar essa da “guerra nuclear limitada na Europa”, tanto mais que os Sarmat RS-28 hipersónicos russos já estão em prontidão e alcançam qualquer local do planeta. Talvez ele ande a falar com quem não deveria.

      Esse é justamente o sonho molhado dos americanos desde há muitos anos. A Eurásia autodestruir-se e eles ficarem no controle de todo o planeta. Não me parece que tenham sorte nisso, os russos sabem muito bem quem é o seu verdadeiro inimigo.

      As bombas nucleares não devem explodir perto do seu dono. A radiação é levada pelo vento e ele não conhece fronteiras. Ao contrário do que se anda para aí a dizer, a Rússia nunca usará bombas nucleares táticas em Kiev. Já em Washington e em Londres…

      • É isso, José Neto, mas convém não esquecer que a Rússia sabe bem que Reino Unido e França (ambos membros da NATO) também têm arsenal atómico (julgo que aproximadamente 200 “petardos” cada um), sem falar noutros aliados, como Israel. O que farão os “escuteiros” da “única democracia do Médio Oriente” se, ou quando, o fogo-de-artifício rebentar? Além disso, o império tem “petardos” desses espalhados pela Europa, a maior parte em locais por nós desconhecidos mas que os russos conhecerão provavelmente. E lembremos também as bases NATO em tudo quanto é canto, nomeadamente no nosso belo jardim. Mesmo que sejam instalações sem armamento, centros de comando e controlo transformam-se imediatamente em alvos militares. E com jardineiros obsequiosos como os que temos por cá (o melífluo Cravinho é apenas um entre muitos exemplos), sempre de língua de fora, ansiosos por servir, parece-me que não há pastilhas de iodo que nos salvem dos cogumelos do Inferno. Não haverá, aliás, pastilhas de iodo tout court (além disso de limitadíssima eficácia), conhecida como é a deficiente capacidade de previsão de quem nos governa e a tendência para esperar até ao último minuto por uma intervenção da Virgem de Fátima que nos permita (na situação em apreço) poupar uns cobres nas pastilhas. Não esquecer madame Graça Freitas, também sempre ansiosa por contribuir para umas poupanças, mesmo que isso não lhe seja pedido. Certamente terá a merecida recompensa de um cargo de prestígio num organismo internacional. Próxima directora-geral da OMS, talvez. Ou talvez não, porque não sobrarão organismos internacionais para ninguém, só cogumelos.

        • Joaquim Camacho, uma guerra nuclear entre as potências irá fatalmente provocar o fim do mundo como o conhecemos. A Eurásia e a América do Norte serão pulverizadas. Talvez algumas pessoas, em locais que não se encontrem no centro do conflito como a América do Sul ou África, possam sobreviver. Mas não por muito tempo. As cinzas geradas nas explosões atómicas cobrirão a Terra impedindo a passagem da luz solar, matando os ecossistemas e provocando a morte pela fome de todas as aves e mamíferos que sobreviverem ao Armagedão nuclear. As chuvas radioativas irão contaminar as águas e os solos em todo o mundo. Não haverá água potável nem nada para comer. O planeta acabará por se regenerar em alguns milhares de anos. Nessa altura alguns insetos serão espécies dominantes. Então acho que você não precisa de se preocupar com a Graça Freitas e as pílulas de iodo. As pílulas de iodo são uma anedota triste.

          • José Neto, todo o pessimismo realista do seu comentário estava implícito no meu, ainda que de forma irónica. Não estou nada preocupado com as pílulas de iodo, que, como você, referi apenas como anedota, e muito menos com a Dra. Gracinha, uma anedota patética e confrangedora que não faz rir ninguém, nem um sorriso amarelo desperta. Com uma guerra nuclear, inevitavelmente total, o futuro reserva-nos apenas cogumelos, mas dos atómicos, não dos que se compram nos supermercados, e no fim sobrarão apenas baratas e percevejos, a quem desde já desejo muitíssimas felicidades na construção da nova civilização.

  3. No Conselho de Segurança da ONU, os países que condenaram a Rússia representam 707 milhões de pessoas, ou 9% da população mundial: EUA, França, Reino Unido, México, Gana, Quénia, Albânia, Noruega.

    A Rússia (que a vetou) e os países que escolheram abster-se representam 3,225 milhões de habitantes, ou 41% da população mundial: China, Índia, Brasil, Gabão.

    Isto a propósito de a Sic dizer que a maioria dos países condenou a Russia.

    9% contra 41%: quem está isolado? A Rússia ou o Ocidente?

    Isto a propósito de a Sic dizer que a maioria dos países condenou a Russia.

    A raiz do problema para mim é que a Europa se aliou com a América contra o comunismo em primeiro lugar. Mas agora os europeus são os simpáticos cães de colo dos americanos. A solução é que os países europeus recuperem o seu orgulho e independência política, deixando a Nato e mesmo a UE. Tenho a certeza que há países que teriam todo o prazer em assinar contratos com os russos.

    Quanto ao petróleo e gás de xisto dos EUA, não é rentável com um barril abaixo de 120 dólares..

    Estou certo de que um dia será necessário dizer que toda esta gestão não é o resultado de incompetência mas sim de actos de traição contra as nações e os seus povos.
    Além disso, a sabotagem do Nord Stream é a garantia de que nunca mais haverá volta atrás.
    Portanto, todos os problemas não são apenas para este Inverno, mas para os próximos 30 a 50 anos, pelo menos.

    A economia europeia está em apuros; os europeus poderiam ser tentados a levar gás russo para o evitar… … Apesar da raiva de um certo grande país
    Quem impôs as sanções em primeiro lugar, e quem poderia decidir destruir o gasoduto que traz gás para a Alemanha, o país que transporta o PIB da Europa?

    A irreversibilidade deste acontecimento obriga-nos a olhar para o futuro de forma diferente, e a lucidez pesa muito: as consequências são graves, os efeitos a curto prazo,

    com o verdadeiro começo para o decrescimento.

    De facto, como paralisar a Europa em frente ao gigante russo. É bastante simples : cortamos o tubo, o cordão umbilical que ainda permitiria à Europa ser abastecida com gás (mesmo que seja russo). muda o jogo! Sem energia barata, não há trabalho, e isso torna-se muito complicado! A questão que se segue é quem poderia querer que a Europa perdesse com esta sabotagem, certamente não os russos (demasiado para perder). Isso deixa os chineses ou os EUA. Os chineses querem vender as suas mercadorias, especialmente à Europa, sem a Europa como mercado, torna-se complicado para a sua economia. Quem fica?

    “Há muito tempo que o Ocidente tem, obviamente, confundido os seus desejos com realidades. Ao lançarem a blitzkrieg das sanções contra a Rússia, pensaram que poderiam uma vez mais colocar o mundo inteiro ao seu serviço. Acontece, porém, que uma perspectiva tão brilhante não excita toda a gente excepto masoquistas políticos inveterados e admiradores de outras formas não convencionais de relações internacionais. A maioria dos Estados recusa-se a “clicar nos seus calcanhares” e, em vez disso, escolhe o caminho razoável de cooperação com a Rússia.

    Se o acesso às matérias-primas depende de decisões políticas, é impossível ter um mercado energético privado estável.

    A privatização da energia nestas condições condiciona o mercado aos preços mais elevados possíveis, cometendo assim o suicídio da actividade económica e do nível de vida do país.

    Foi ainda mais suicida abrir o mercado à concorrência, pois já somos um país não competitivo a nível internacional.

    Para além desta volatilidade ligada à privatização de recursos a que as empresas não podem controlar o acesso, acrescente-se a renúncia voluntária por parte dos países da UE a uma grande parte das matérias-primas que lhes permitiram produzir energia, e obtém-se o horror; um mercado privado que vende energia ao preço mais elevado possível num período de crise energética.

    A temporização da EDP poupa-nos um pouco, mas não vai servir de lição. As tarifas reguladas acabarão por explodir com a EDP e pagaremos a nossa electricidade ao preço de mercado, se ainda estivermos no mercado.

    Quanto aos alemães, com a sabotagem dos gasodutos, só lhes restam alguns anos antes de acabarem no mesmo estado que a Itália.

    As turbinas eólicas e os painéis solares dependem de centrais a gás, cujo preço disparou devido a sanções, e são por isso praticamente ineficazes fora dos períodos de pico de produção, que não correspondem necessariamente aos picos de consumo.

    Não esqueçamos que os EUA não são anjos! Cometeram o maior genocídio do planeta, o dos ameríndios, que o desembarque na Normandia foi chamado de overlord da operação, que a Europa foi construída por altos funcionários americanos, que os americanos sempre “largaram” os seus aliados no momento fatídico, que os bombardeamentos civis mais atrozes (nucleares), ) são de fabrico próprio, que a grande maioria das bombas químicas da última guerra e do período pós-guerra espalhadas pelo oceano são de fabrico próprio (mais de um milhão de toneladas de gás mostarda e gás cianeto que envenena o mar), e que estão na origem das maiores ditaduras (Pinochet, o Xá do Irão, etc. . Não seriam insensíveis ao colapso da Europa e praticariam a sua política habitual de caos. Não teriam qualquer problema em vir “salvar” a Europa depois de a terem arruinado com a cumplicidade dos nossos líderes (que não são as elites como gostam de dizer) para a colocar sob controlo definitivo.
    a situação actual na ucrânia é estrategicamente semelhante ao caso de Cuba em 1962 que krushchev teve a sabedoria de resolver, cedendo e retirando os seus mísseis… o que não é o caso com a ONU na actual crise. Não esqueçamos que van der leyen foi “despejada” do seu cargo de Ministra do Exército por Angela Merkel por conluio com o lobby dos traficantes de armas, que o seu marido é um dos que desenvolveram a vacina RNA, que o seu filho é um conselheiro em MacKinsley:

    Além disso, isto beneficia directamente a estratégia planeada durante muitos anos de uma tentativa de derrubar a ordem mundial, particularmente em termos monetários, e no futuro imediato também lhes permite evitar ter de pagar compensações por quebra de contrato e assim permanecer “limpos” em termos legais. O comércio de gás com a Europa é agora delicado de qualquer forma, e na perspectiva de uma degradação do Ocidente é essencial privá-los de energia fóssil e fazer com que a sua economia caia em recessão.

    É claro que ninguém tem qualquer prova, mas há mais do que apenas a lei para avaliar os meandros de uma situação. Por exemplo, nunca vimos um buraco negro, é impossível por definição, mas podemos deduzir a sua existência, massa e localização indirectamente, observando os seus efeitos no mundo visível. Os métodos de Sherlock Holmes, baseados na dedução lógica, influenciaram todos os investigadores policiais do planeta.

    Outro exemplo: “tenho 6 gatos em minha casa, um dos quais é uma gata que acaba de dar à luz 3 gatinhos: um preto, um castanho e outro branco. Há 2 machos adultos no grupo, o castanho e o branco, a quem a mãe dá beijos todos os dias. Assim, em algum lugar não há muitas dúvidas sobre a identificação de dois dos pais. O preto ainda é um mistério, mas a genética aponta para os avós”.

    Assim, para voltar ao ponto, a razão e alguma psicologia básica, economia e geopolítica podem ajudar a compreender sem recorrer à lei, provas concretas, etc.

    O que podemos já deduzir sem estragar os nossos cérebros? Fechar a torneira e depois voltar a ligá-la, após qualquer acordo, é um instrumento de negociação muito eficaz. Porque é que os russos se privariam de tal meio de pressão? Seria disparar no próprio pé, o que parece ser uma especialidade alemã nos dias de hoje. A razão indica claramente que os russos não podem estar por detrás desta sabotagem, o que os faz perder uma fonte de rendimento, um importante elo geopolítico com a Alemanha e um meio de pressão. Os líderes russos são jogadores de xadrez calculistas e cuidadosos, e não cowboys impulsivos.

    Passemos à psicologia. Todos os pais, professores e executivos de educação, psicólogos, investigadores e funcionários públicos em geral sabem por experiência própria que o primeiro a levantar um dedo acusador a outro é o verdadeiro culpado. “Não sou eu, é ele” é uma reacção infantil destinada a afastar a suspeita da pessoa. Só é preciso ter visto centenas, se não milhares de vezes para ser convencido. Bem, de momento os russos não apontaram o dedo a ninguém, o que os deveria exonerar de suspeitas. O mesmo não se pode dizer de alguns. E depois há os outros, aqueles que viram e ouviram tudo, já que há séculos que soam as águas do Báltico e sabem tudo sobre a migração dos bancos de arenque de São Petersburgo para Oslo. Mudo. Sabemos quem o fez, mas não podemos dizer nada. Eles estão obviamente a proteger o líder do bando.

    Em suma, provavelmente nunca saberemos a verdade, o segredo militar obriga, já sabemos que os russos nada têm a ver com o caso e no entanto a alcateia atlantista insiste histericamente em nomeá-los.

  4. Vivemos tempos cada vez tempos mais incertos e complicados, oxalá os €uropeus ganhem juízo e os seus “dirigentes” tenham a capacidade de ultrapassar a catástrofe que se avizinha, com a menor dor possível!

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