O cerco à Festa do “Avante!” e ao PCP

(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 01/09/2022)

Daniel Oliveira

Os ataques aos artistas que atuam na Festa do “Avante!” vieram dos que mais se queixam da cultura de cancelamento. O PCP era tratado com bonomia. Mudou depois de quatro anos de “geringonça” e do bloqueio da direita, que precisa do Chega para governar. É preciso alimentar falsas equivalências. E a Ucrânia foi a oportunidade.


A Festa do “Avante!” provoca indignações sazonais. Na pandemia era porque sendo um festival como os outros devia ser interditado. Este ano, é porque sendo um acontecimento político como os outros, quem lá atua é cúmplice de Putin.

Ironicamente, a cruzada foi lançada há uns meses por José Milhazes, que, como militante do PCP, viveu na URSS, tendo descoberto a natureza do regime quando ele desmoronou. Por experiência própria sei que as pessoas mudam de opinião, mas nunca lidarei bem com o moralismo agressivo dos convertidos. Os subsequentes ataques aos artistas vieram dos que mais se queixam da cultura de cancelamento. Claro que a participação na Festa do “Avante!” é, para além de um momento cultural, um ato político. Mas nunca significou um apoio a todas as posições do PCP, que incluíram conivência com algumas ditaduras.

Apesar da vitimização, o PCP não tinha grandes razões de queixa do tratamento mediático desde a chegada de Jerónimo de Sousa à liderança. Não tem grande espaço no comentário, é verdade, mas a comunicação social tratava os comunistas com bonomia, respeito pelo seu passado e até paternalismo. Não consta que, nesse momento, as posições do PCP fossem diferentes das de hoje.

Mas as coisas mudaram depois de quatro anos de “geringonça” e do bloqueio da direita, que agora depende de entendimentos semelhantes com o Chega para reconquistar o poder. Como os discursos xenófobos de Ventura não facilitam a sua normalização, é preciso alimentar falsas equivalências com os partidos mais à esquerda. Num país que conheceu uma ditadura de direita, o trabalho não é simples. E a Ucrânia foi a oportunidade.

A posição dos comunistas sobre a Ucrânia nem sequer é um bom argumento para este paralelo. Qualquer pessoa informada sabe que o PCP não apoia o regime de Putin. É verdade que, por mais que diga que não apoia a invasão, não há um documento oficial ou uma declaração do secretário-geral – que vinculam o partido – que reconheça a invasão. E que a trate como um ato contra a autodeterminação de um povo, sem responsabilizar imediatamente a Ucrânia e os EUA por isso.

Só que, no que toca a invasões militares criminosas, ilegais e imorais, o PCP não é um estreante. PSD e CDS não se limitaram a apoiar a criminosa, ilegal e imoral invasão do Iraque. Envolveram Portugal nessa aventura. Não é “whatabautismo”, é avaliar comportamentos dos partidos com coerência e proporcionalidade. Critico Jerónimo como critiquei Barroso e Portas. A sua posição é imoral, porque insensível aos valores da autodeterminação dos povos; cínica, porque nem se assume de forma explicita; e incoerente com o que os comunistas defenderam no Iraque ou no Kosovo. Mas se isto não serviu como critério para atirar o PSD e o CDS borda fora do sistema democrático, também não serve para o fazer com o PCP.

Só que esta guerra não é tratada como as outras. Não porque seja diferente, mas porque EUA, NATO e a UE estão, excecionalmente, do lado do ocupado. Também não são critérios morais que movem o PCP. É a ideia de que a hegemonia imperial norte-americana se combate com a recuperação de um mundo bipolar (ou multipolar), em que outros impérios resistam. Na realidade, o comunismo pró-soviético não combatia o imperialismo, escolhia um imperialismo contra outro. E nisto, a posição comunista sobre a guerra da Ucrânia, que resulta de um automatismo antiamericano, é um espelho fiel do automatismo pró-americano de quem determina a sua agenda política e moral pelos interesses circunstanciais da Casa Branca. Ainda vamos ouvir os que entregaram as nossas empresas de energia ao regime chinês dar lições sobre a ditadura de Pequim. Começou no dia em Nancy Pelosi aterrou em Taiwan.

Estarei mais incomodado com o posicionamento do PCP nesta guerra do que os seus inimigos. Não respondendo a diretivas internacionais, como no passado, ela enfia os comunistas num buraco político, mantendo-os satisfeitos com o aplauso dos convencidos e desistentes de falar para o resto do país. Não é pelo PCP que o lamento. É porque, nesta autossatisfação tribal, está a afundar estruturas necessárias para os tempos que se avizinham, como a CGTP. E porque, com a sua posição, tornou mais difíceis posições ponderadas sobre a guerra, que não se querem confundir com a sua amoralidade.

Já tenho alguma dificuldade em acompanhar as críticas ao PCP por não ter elogiado Mikhail Gorbachev, no momento da sua morte. Elogiar o quê? Não chega ter passado a vida a apoiar uma ditadura, trepar ao poder à boleia dessa ditadura e destrui-la por dentro para merecer elogio. O legado, nos anos 90, foi uma queda vertiginosa do PIB, um aumento brutal da pobreza, uma economia mafiosa e, em pouco tempo, outra ditadura perigosa. Sim, o único legado de Gorbachev é o fim da URSS ou de qualquer coisa que lhe pudesse suceder. Nem tinha no seu passado qualquer credencial democrática, nem deixou para o futuro qualquer legado democrático.

Dir-se-á, com justiça, que não foi este o fim que desejou e por isso Ieltsin o derrubou. Mas não é pelas intenções que julgamos os atores da história, é pelos resultados. E quem o diz teve enormes esperanças em Gorbachev e saiu do PCP no meio dessas esperanças porque o PCP não as acompanhava. Não se pode criticar o PCP por uma coisa – apoiar o que veio depois da URSS – e o seu oposto – criticar o que veio depois da URSS. O PCP é nostálgico da URSS (nenhuma novidade nisso), não é apoiante de Putin. As duas críticas são inconciliáveis.

Voltando à Ucrânia, o incómodo que sinto não me ilude quanto às motivações de uma perseguição política ao PCP levada a cabo por quem nunca teve qualquer problema em apoiar invasões imperiais de países soberanos que custaram centenas de milhares de vidas. O objetivo é transformar o PCP num intocável, em tudo semelhante ao Chega. Não querem banir o PCP, querem naturalizar, por via da equiparação, um partido racista para que possa contar na aritmética do poder. Se foi possível governar com um, também se pode governar com o outro.

Com tudo o que me separa do PCP, e o mais relevante é a política internacional, sei distinguir o seu discurso sobre a invasão da Ucrânia, ainda assim menos grave do que apoio institucional que o governo de Durão Barroso e Paulo Portas deu à invasão do Iraque, do racismo que se vai normalizando na política portuguesa.


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15 pensamentos sobre “O cerco à Festa do “Avante!” e ao PCP

  1. Oh Daniel: Dás “uma no cravo outra na ferradura”. O teu artigo é para “parolos”. Estás na corda bamba e nós percebemos. Queres agradar a “gregos” e “troianos”. Foi sempre o teu defeito. Decide-te homem. A maré ainda não encheu mas para lá caminha. Porque não encontrares outra forma de vida? Sabes: é que a pouco e pouco vais ser também ostracizado. Não dás por isso?

  2. «nunca lidarei bem com o moralismo agressivo dos convertidos»
    Diz o fã #1 do Zelensky, que tanto atacou o PCP quando o partido recusou, e muito bem, ouvir o chefe da Nazilândia no Parlamento Português, após já ter ido falar ao Parlamento Grego e mostrar um vídeo de um Nazi de Azov.
    De repente era Daniel o moralista, e o PCP o amoral. Já se esqueceu… Mas eu lembro bem demais!

    «nunca significou um apoio a todas as posições do PCP, que incluíram conivência com algumas ditaduras»
    Foi escrita do Daniel, ou exigência editorial do irmão Costa, deixar de fora a parte final óbvia deste parágrafo: com exceção do BE/Livre/PAN, os TODOS os restantes partidos do Parlamento Português também têm historial nesta conivência com algumas ditaduras e, pior, com invasões/guerras que destruíram países inteiros.

    «não tinha grandes razões de queixa do tratamento mediático desde a chegada de Jerónimo de Sousa à liderança. Não tem grande espaço no comentário»
    Como se os sucessivos comentários com o PCP de fora, e os IL/CDS/Ch em grande destaque não fosse uma coisa má, uma manipulação da percepção, uma caça ao voto não-oficial, e um ataque descarado ao PCP, e acrescento, ao BE, e PAN. Curiosamente, o Livre/Tempo de Avançar teve mais representação sozinho durante vários anos do que estes partidos todos juntos: Daniel Oliveira, Ana Drago, Rui Tavares, só para referir a troika principal.

    «não há um documento oficial ou uma declaração do secretário-geral – que vinculam o partido – que reconheça a invasão. E que a trate como um ato contra a autodeterminação de um povo, sem responsabilizar imediatamente a Ucrânia e os EUA por isso. Só que, no que toca a invasões militares criminosas, ilegais e imorais, o PCP não é um estreante»
    Chama-se factos. O Daniel pelos vistos aderiu à pós-verdade do regime da NATO. A invasão foi o que a ditadura Ucraniana fez contra o povo do Donbass, por 3 vezes. Acto contra a autodeterminação de um povo, é o que o Ocidente fez à Catalunha, e continua a fazer à Crimeia, neste caso Daniel incluído. E se o Dia D não é uma invasão criminosa, ilegal, e amoral, então a intervenção militar da Rússia para travar a agressão Nazi contra o povo do Donbass, também não é. Ante, o Daniel era um comentador de Esquerda interessante. Hoje, não passa de um idiota útil do Pentágono. E este parágrafo prova isso mesmo.

    «PSD e CDS não se limitaram a apoiar a criminosa, ilegal e imoral invasão do Iraque. Envolveram Portugal nessa aventura.»
    Muito interessante o deixar de fora o PS em relação a todas as outras operações criminosas da NATO em geral, e dos EUA em particular. O PS, quando chegou ao poder, recusou participar com as tropas Portuguesas nessas invasões? Pois claro que não!

    «Critico Jerónimo como critiquei Barroso e Portas. A sua posição é imoral, porque insensível aos valores da autodeterminação dos povos»
    Para despistar os mais desatentos, começa por invalidar a equiparação do PCP com os fachos. Certo. Mas depois chega aqui e equipara a posição dos pró-paz do PCP com a dos NeoCon belicistas. É igualmente incomparável, mas se o reconhecesse, depois como é que o Daniel ia atirar a matar no PCP no mesmo texto que começa com o título que nos tenta enganar no sentido contrário? O Daniel, a mim, enganou durante muito, demasiado, tempo, mas já não me engana mais.

    «incoerente com o que os comunistas defenderam no Iraque»
    PCP defendeu a paz em ambos os casos. Criticou a agressão da NATO em ambos os casos. Condenou o imperialismo porco dos EUA em ambos os casos. Mas mais uma vez o Daniel precisa da sua própria incoerência para chegar ao seu real objectivo: atirar a matar no PCP no mesmo artigo em que nos tentou convencer que ia defender a liberdade política/festiva do Avante e do partido.
    Com que então, para este idiota útil do Pentágono, prestar ajuda ao povo vizinho do Donbass a partir de dia 24-Fevereiro com uma operação limitada na dimensão e território e cirúrgica (em que as 5 mil vítimas civis são devido aos crimes de guerra da ditadura Ucraniana), já a ser bombardeado desde dia 16-Fevereiro pelos NAZIS violadores dos acordos de PAZ de Minsk, é “equiparável” a inventar armas de destruição massiva e invadir um país inteiro no outro lado do Mundo, com bombardeamentos indiscriminados e matando directa e indirectamente 1 milhão de pessoas… Está tudo dito sobre a capacidade de raciocínio do Daniel. É idiota útil até dizer chega.

    «EUA, NATO e a UE estão, excecionalmente, do lado do ocupado.»
    Não. Não estão do lado do ocupado. Estão do lado do imperialismo que invadiu a Ucrânia desde 2014, derrubando uma democracia, e substituindo-a por um regime etno-naZionalista. Estão do lado de quem invadiu o Donbass, e ameaçou invadir a Crimeia. Estão do lado dos NAZIS. Estão do lado de quem prometeu que ia destruir a Rússia. Estão do lado do ódio. E nem sequer estão em graus semelhantes, pois os EUA são o império, a UE é o seu vassalo financiador, e a NATO é o braço armado dos criminosos de guerra.

    «em que outros impérios resistam. Na realidade, o comunismo pró-soviético não combatia o imperialismo, escolhia um imperialismo contra outro.»
    Aqui a lição que o Daniel merece já foi dada pelo Pacheco Pereira: só idiotas e ignorantes confundem o programa histórico com o programa actualmente activo. O PCP é anti-imperialista. Escolhe a auto-determinação dos povos contra TODOS os impérios. Oportunidade perdida para falar do imperialismo do €, do português, e de como é totalmente errado falar de imperialismo Soviético. Os Soviéticos nasceram contra o imperialismo Russo. Deram autonomia a outros povos que nunca a tinham tido antes. Ajudaram em várias lutas pela independência e/ou anti-imperialistas em todo o globo. Cuba e o PCP não apoiaram o MPLA em nome de um “imperialismo”. Apoiaram-no em nome da luta contra o imperialismo Português.
    Se depois o Daniel confunde imperialismo com uma grande potência, se confunde imperialismo com a disseminação de uma ideologia, confunde imperialismo com a união de outros povos contra o imperialismo ocidental, isso só mostra os seus erros de análise logo à partida.

    «automatismo antiamericano, é um espelho fiel do automatismo pró-americano de quem determina a sua agenda política e moral pelos interesses circunstanciais da Casa Branca»
    Mais uma frase, mais uma desonestidade intelectual. Como se estar do lado das regras, da paz, do anti-imperialismo, como se ser a favor da independência/autodeterminação, como se ser anti-guerra dos EUA, anti-invasão dos EUA, anti-fascismo dos EUA, anti-imperialismo dos EUA, anti-interferência dos EUA, anti-corrupção dos EUA, anti-mentira dos EUA, etc, fosse um “espelho fiel” dos mete-nojo que defendem tudo o que o imperador Darth Sidious na Casa Branca defende.
    Esta parte é tão, mas tão estúpida, que seria equivalente a dizer que o automatismo de auto-defesa perante um agressor de violência doméstica, é o “espelho fiel” do automatismo do próprio agressor em impor a sua vontade pela violência.
    E eu que pensava que o Daniel não conseguia descer mais baixo em mais uma das suas “defesas” do PCP…

    «lições sobre a ditadura de Pequim»
    É engraçado este termo em relação à China, vindo de um gajo que chama “democracia liberal” quer aos EUA, quer a Israel, quer à União Europeia.

    «nesta autossatisfação tribal, está a afundar estruturas necessárias para os tempos que se avizinham, como a CGTP.»
    Agora condenar a criminosa NATO e os agressores EUA, e os assassinos NAZIS, é ficar num “buraco de autossatisfação tribal”. Enfim…

    «tornou mais difíceis posições ponderadas sobre a guerra, que não se querem confundir com a sua amoralidade»
    Imagine-se um gajo com uma posição completamente imponderada sobre esta guerra, como o Daniel, tentar dar lições de moralidade a quem defende a paz e critica os que provocaram a guerra.
    E aqui vemos um exemplo claro do real trabalho do Daniel na imprensa mainstream: servir como a opinião “alternativa” que define o tamanho da Janela de Overton no debate político em Portugal. Até chegar ao Daniel, ainda é uma posição moral. À sua Esquerda (PCP, BE) passa a ser “amoral”. Na teoria o termo é “unthinkable”. Mas este fica ainda melhor em tempos de guerra com imagens de criancinhas em Kiev a saudar o “heróico” batalhão Azov… depois de 8 anos (e principalmente aqueles dias entre 16 e 24 de Fevereiro de 2022) em que não se mostrou nada do que estes filhos da p*ta todos andaram a fazer no Donbass.
    É para os interesses desses, EUA/NATO, NAZIS, ditadura de Kiev/Lviv, que a idiotice do Daniel é tão útil.

    Vá lá, acertou em cheio em todo o parágrafo sobre Mikhail Gorbachev. O Daniel mostra que até alguém como ele pode ser um relógio avariado… acerta duas vezes ao dia.

    «O PCP é nostálgico da URSS (nenhuma novidade nisso)»
    Aqui, um exemplo de “com a verdade me enganas”. Sim, o PCP fala muita vez de muitas das coisas boas da URSS. Sabem porque temos SNS, escola pública, pensões, salário mínimo, direitos laborais, etc? É graças à URSS, pelo que fez no seu território, e pelo que obrigou o Capitalismo a fazer para não dar “ideias” aos povos nos seus regimes ocidentais.
    Mas que eu saiba, e aqui até a direitolas Clara Ferreira Alves consegue ser mais intelectualmente honesta que o Daniel na sua omissão “por descuido”, o PCP é crítico do autoritarismo da URSS já desde o tempo de Álvaro Cunhal.
    Isto que o Daniel fez, e este tipo sectário e ultra-minoritário da Esquerda está sempre a fazê-lo, é uma desonestidade argumentativa equivalente aos que chamam “saudosista de Salazar” a quem ainda hoje fala bem do Padrão dos Descobrimentos. São aquela Esquerda muito “progressista” que quer demolir este monumento. Porque para eles, a história não se interpreta, a história demole-se, como se fôssemos o Estado Islâmico, ou pior, os países Bálticos…

    «invasões imperiais de países soberanos que custaram centenas de milhares de vidas»
    Um simples erro factual, não foram centenas de milhares, foram milhões, entre mortes directas e indirectas das consequências da destruição dos países, suas sociedades, e infraestruturas. Já para não falar das sanções ILEGAIS, autêntico terrorismo económico, que provoca miséria, fome, e morte também. Algo que o Daniel defende contra o povo Russo…
    A um comentador qualquer num blog ou numa rede social, perdoava-se o lapso no número. A um gajo que escreve num “jornal” e fala na TV, e é pago para investigar antes de dizer asneiras, é inaceitável.

    «Não querem banir o PCP»
    Ai querem, querem! Veja lá as declarações do ultra-NaZionalista Ucraniano do Svoboda a dizer que não percebia como o PCP ainda estava legalizado, e a onda de apoio a esse NAZI dada por todos à Direita, e também por tantos Rosas e até alguns mais Livres…
    Aliás, é assim na ditadura Ucraniana, a tal que serve de exemplo do “melhor” que o Ocidente tam para dar a outros povos que também se queiram defender da “agressão” Russa.

    «Com tudo o que me separa do PCP»
    Ah, isso sim. Esta frase é que não podia faltar. O tal Daniel, um auto-denominado radical, a fechar a Janela de Overton. Ele é o Radical. Ouçam-no, para dar a sensação de pluralismo, mas não o sigam, e parem por ali. À sua esquerda está a “imoralidade”, o Unthinkable.

    E assim, agora que abri os olhos em relação à real utilidade deste senhor, se desmonta a manipulação por trás do artigo que, pelo título, iria ser uma defesa do Avante, do PCP, e da Liberdade política, de pensamento, e de expressão.
    Vai enganar outros, Daniel, que a mim não me enganas mais.
    O que eu não adorava pagar a este rapaz a viagem para o Donbass, para ele ira lá dizer aos invadidos, bombardeados, e assassinados, que os Russos que os foram salvar é que são os agressores, e que os NAZIS é que estão do lado da moralidade…
    Isso é que ia ser levar no focinho. Era só o que merecias, Daniel. Mais nada!

    PS: e peço desde já desculpa a quem ler, e à EstátuaDeSal, mas hoje precisava mesmo de destilar o ódio todo contra esta figura. É incrível as voltas que a vida dá, mas hoje tenho mais simpatia por um Coronel Douglas McGregor dos EUA cuja opinião comecei a ouvir recentemente, do que por um “camarada” que tantas vezes ouvi no passado.
    Mas eu sou assim, não escolho as minhas simpatias consoante a ideologia, mas sim com base nos princípios, valores humanos, e respeito pelos factos e honestidade intelectual, que são definidos ainda antes da escolha da ideologia. Sem isso, a ideologia é apenas uma máscara em cima de um monte de esterco.

    Hoje não tenho ninguém em quem votar em Portugal. E apesar de ideologicamente estar entre o Socialismo Democrático do BE, e a Social-Democracia demasiado Liberal da ala “esquerda” do PS, só tenho um partido merecedor do meu respeito: os Marxistas-Leninistas do PCP. Uma opinião criada desde que conheço a história do partido em Portugal, lutador pela Liberdade e construtor da Democracia. Uma opinião crescente à medida que fui conhecendo o programa actual activo do partido. E uma opinião reforçada com as posições do PCP nestes 6 meses, até mesmo nos casos das discordâncias, pois tenho total capacidade para reconhecer que a divergência é apenas na conclusão. Até a essa opinião chegar, quer eu, quer o PCP regemo-nos pelos mesmos princípios: factos, coerência, honestidade intelectual, contexto histórico. É com esta gente que tenho o prazer de discutir e discordar. Não é com idiotas úteis, ignorantes, mentirosos, mal-intencionados, fachos, e branqueadores de nazis.

  3. É o “esquerdismo” no seu melhor. O pensamento deste senhor, avençado do Balsemão, é típico da trupe do George Soros que temos por cá, herdeira de putativos seguidores de Trotski, de Enver Hoxha, ou mesmo de Pol Pot.
    Não é fácil entender que ideologia professam, ou que projeto de sociedade defendem. Identificam-se principalmente pelo populismo mais desenfreado a que recorrem e pelo oportunismo político.
    Encaixaram-se entre a social-democracia e os comunistas, ao que parece, com a secreta ambição de liquidar uns e outros e substituírem ambos. Talvez seja por isso que os donos da comunicação social lhes concedem a grande cobertura mediática de que usufruem.
    Quem escreve alarvidades como esta: “Critico Jerónimo como critiquei Barroso e Portas. A sua posição é imoral, porque insensível aos valores da autodeterminação dos povos; cínica, porque nem se assume de forma explicita; e incoerente com o que os comunistas defenderam no Iraque ou no Kosovo.”, além de escrever falsidades e de atacar ferozmente o PCP, está a veicular o discurso oficial do “império”, sem tirar nem por.
    As guerras de agressão dos EUA/OTAN contra o Iraque e contra a Jugoslávia, só têm de comum com a guerra “na” Ucrânia (e não “da” Ucrânia), o facto de o agressor ser exatamente o mesmo – a dupla EUA/OTAN. Por enquanto, ainda uma “proxy war”, preparada ao longo de oito anos, com o fornecendo de treino, dinheiro a rodos, cobertura mediática e toda a parafernália bélica aos nazis ucranianos. Consoante o evoluir da guerra, se se mantiver a supremacia russa, o envolvimento direto da OTAN será cada vez maior, porque os agressores não desistirão de fazer com a Federação Russa o que fizeram com a Federação Jugoslava. A forma como têm recorrido ao terrorismo nuclear, bombardeando sistematicamente a maior central nuclear da Europa, é a prova de que estão dispostos a ir até às ultimas consequências… para desgraça de todos nós.
    Acho que o “esquerdista” Daniel Oliveira sabe disso perfeitamente. “Imoral e insensível aos valores da autodeterminação dos povos” é ele próprio, no que respeita à autodeterminação dos povos do Donbass, massacrados ao longo de mais de oito anos pelos nazis de Kiev. Mas a sua missão é mesmo esta – atacar os comunistas e defender as doutrinas do império, como faz em relação à Venezuela, a Cuba, à Síria, a Angola, etc.
    NOTA: Não sou (e nunca fui) militante do PCP. Sou um terceiro-mundista, que guarda na memória quem sempre esteve do lado dos movimento libertários, mas também quem esteve por detrás dos assassinos de Allende, de Lumumba, de Gaddafi, de Saddam Hussein, de Sankara e de tantos outros. E, ao contrário de Daniel Oliveira, o que me aproxima do PCP, e o mais relevante é a política internacional.

  4. Daniel Oliveira tornou-se um especialista na duvidosa arte de uma no cravo e outra na ferradura. Em americano erudito, podemos chamar-lhe “oportunismo cambalhoteiro”, ou “cambalhotismo oportunista”, expressão atlética não tão nova como isso, mas que, graças à progressão geométrica do número de praticantes, poderá tornar-se em breve modalidade olímpica.

    Tem alguma razão no que respeita ao Milhazes, ainda que eu prefira o termo “recauchutado” a “convertido”. Convertido tem implícito algum grau de convicção, de honestidade na crença e na mudança de crença. Ora o Milhazes é reincidente em alterações radicais de crença, o que me deixa desconfiado, não vejo ali convicção digna desse nome. Aquilo parece-me ter mais a ver com o renegar da crença caída em desgraça, depois de um período na crista da onda, e a adopção fervorosa da crença nova, que na bendita crista a substitui. Isto parece-me a mim de que, claro, mas posso estar errado.

    Aquando do 25 de Abril, o Milhazes estava no seminário, a preparar-se para ser padre, acólito e ministro da Santa Madre Igreja Católica Apostólica ‘Romanólica’, como todos sabemos um dos pilares do regime salazarista-caetanista. Diz-nos o próprio Milhazes que, logo a seguir ao 25 de Abril, mandou às urtigas o seminário e o futuro de batina e tornou-se comunista. Isto numa época em que muitos, talvez a maioria, acreditavam (outros receavam) que o país caminhava a passos largos para o comunismo, nova e não menos abençoada crença do Milhazes.

    Acredito que as primeiras eleições em democracia, que evidenciaram as problemáticas hipóteses de o comunismo se consolidar na crista da onda em Portugal, tenham sido uma espantação e um choque para o Milhazes. Mas tudo tem conserto, não há nada que uma boa recauchutagem não resolva. Não sei qual a data exacta da nova conversão/recauchutagem do rapaz (com as primeiras eleições democráticas em Portugal, com o fim do comunismo na Rússia ou com uma combinação destes dois factores), mas trata-se de um facto “histórico”. Temos assim, numa primeira fase, um Milhazes teísta e seminarista, futuro pilar do regime fascista, de uma penada recauchutado em ateu e comunista. E mais tarde um Milhazes ex-comunista, recauchutado em feroz pró-capitalista, pró-imperialista e pró-azovista.

    Quanto ao jovem Oliveira, quando ele diz que não há um único documento do PCP que trate a invasão da Ucrânia pela Rússia “como um acto contra a autodeterminação de um povo, sem responsabilizar imediatamente a Ucrânia e os EUA por isso”, pretenderá convencer-nos de que o incumprimento pela Ucrânia dos compromissos assinados (Acordos de Minsk), com o apoio e encorajamento dos EUA, não foi factor determinante na atitude da Rússia? E quando refere a invasão como “um acto contra a autodeterminação de um povo”, o da Ucrânia, acaso esquece a vontade de autodeterminação de uma parte desse povo tratada como outro povo, e que por via disso assim se assume, o do Donbass, que com o regime híbrido de corrupção e fascismo que desde 2014 vigora na Ucrânia não quer ter nada a ver? E não, não aprovo a invasão da Ucrânia pela Rússia, que condenei logo no primeiro dia. O que não significa que esqueça e omita todo o encadeamento de factos que a ela levaram.

    Voltando ao jovem Oliveira, quando declara que “os subsequentes ataques aos artistas [que participam na Festa do Avante] vieram dos que mais se queixam da cultura de cancelamento” está a falar de quê ou de quem? O Milhazes, por exemplo, não se enquadra de modo nenhum nesse grupo e aqueles de que tomei conhecimento não passam de uma mistura heterogénea de anticomunistas primários salivando com a oportunidade de dar largas ao primarismo sem primários parecerem; peudo-esquerdalhos com o coração do lado direito que podem finalmente ser direitolos sem igualmente o parecerem (pensam eles de que, mas pensam mal); oportunistas descabeçados peritos em surfar a onda do momento, sem fazerem a mínima ideia se estão a surfar água ou um tsunami de mijo; e outros que agora não me ocorrem, com a certeza, apenas, de que é tudo “boa gente”.

    Entre os que gozam com a estupidez da “cultura de cancelamento” conto-me eu, que fui uma única vez à Festa do Avante, ainda no Jamor, e jurei para nunca mais depois da poeirada que lá apanhei. Mas confesso-vos uma coisa: a indignação plastificada, retrógrada, oportunista e descabeçada do Milhazes e dos borregos acima elencados levaram-me a reequacionar a coisa. Assim, este ano será, muito provavelmente, o segundo em que a Festa do Avante terá a duvidosa honra da minha presença. Até porque a poeirada, tanto quanto sei, há muito deixou de ser um problema e este concerto de borregos sem conserto teve o condão de me levar a vencer a inércia que desde o Jamor me manteve ausente.

    Até amanhã, camaradas!

    Para os Milhazes, Oliveiras e afins, borregos reciclados em mastins: Slava borreguini! Mééééé!

  5. Um bom exemplo dos merdia que temos é a cobertura exageradíssima que fazem dos festivais de música de verão. Não há nenhuma razão de carácter informativo que justifique o tempo dedicado pelas televisões a esses eventos. Concordo que se dê notícia deles antes e mesmo que se diga como decorreram, mas a enxurrada de directos com conversas da treta e tantas vezes com entrevistas a pessoas parvas aos saltos e aos gritos é absurda. Mas tem uma explicação, que não tem nada que ver com o serviço público de informação: publicidade. Estes festivais têm patrocinadores com fartura, que exigem em troca da publicidade que fazem nas televisões… publicidade destas aos festivais. Assim se confirma que não existe um serviço público de informação, como definido legalmente, mas sim um negócio como outro qualquer.
    Fui à festa do avante apenas duas vezes e já há muitos anos, mas julgo que continua a ser igual: um evento de carácter recreativo e cultural, com uma componente política da qual é perfeitamente possível mantermo-nos alheados. Música, livros, pintura, desporto e gastronomia são os principais motivos que justificam perfeitamente uma ida à quinta da atalaia. No entanto, como os patrocinadores se mantêm fora deste circuito, as televisões de merda que temos dão apenas uma pequena nota do maior evento recreativo/cultural deste país de analfabetos. Com o pormenor da publicidade negativa do ano passado com o pretexto da covid e deste ano do suposto apoio do pc ao putin. Não há mesmo dúvida nenhuma de que os nossos merdia são isso mesmo. E é por isso que eu não os vejo, não os oiço e não os leio, e não por causa das redes sociais, que na maior parte dos casos são uma merda igual.

  6. O problema de se criar uma teoria é que passamos automaticamente a ser visados por ela.

    O Daniel diz que a zoada de cancelamento da Festa do Avante vem maioritariamente daqueles que se manifestam contra a Cultura de Cancelamento – a teoria dele tem um pequeno problema, que é aquela pequena questão de muita gente que por aí anda (e que é contra a Cancel Culture e o wokismo na sua generalidade – eu incluo-me nesta visão das coisas, assim como muitos comentadores deste blog) manifesta-se a favor da Festa do Avante e contra os arautos da religiosidade puritana do novo anti-comunismo que grassa pelas nossas TV’s.

    O problema do Daniel, como ardente defensor da Liberdade e Democracia USAmericanas (pois só a estes pertencem aquele género de Democracia e Liberdade – embora a UE ande a ficar cada vez mais enamorada por aquele tipo de sistema bipartidário de governo corporativo único), e ainda como “alternativa” à esquerda verdadeiramente Socialista – não do género PS – (ao bom e confiável estilo americano – a partir de certa esquerda, nada passa, porque não convém) contra aqueles malditos revolucionários, exageradíssimos comunistas nas suas reivindicações de “sindicalistas burocráticos”, amantes de Staline e Papões comedores de bebés capitalistas, é que ele, com um artigo de tal forma anti-comunista como ele o escreve, só demonstra que os maiores defensores da “Liberdade e Democracia Ocidentais” são, no fundo, uns ressabiados primarotes que, convenientemente, acabam por se esquecer que só não andam a trabalhar 16 horas por dia num poço de mina e a sofrer de todo o tipo de doenças crónicas pulmonares desde os 6 anos de idade (e a morrer aos 30 de tuberculose) por causa da “Ameaça Vermelha” do Sindicalismo, os revolucionários assassinos que querem perturbar a “Ordem das Coisas” e que não querem reconhecer que um sistema selvático, como representado no seu maior expoente americano, seja a chamada “Natureza Humana” que nos compele a explorar-mo-nos uns aos outros, e que tanto nos querem vender e martelam diariamente com máquinas de propaganda no valor de Biliões de Dólares.

    O problema do Daniel é que, como alternativa à esquerda, ele só sabe repetir os talking points dos telepontos da direita fascista – o que é, sem dúvida, uma alternativa à esquerda, mesmo que não seja à esquerda.

    Sejam quais forem as razões para a escrita deste artigo (e convém ter em mente a subida do preço em 8,2% do gás e da eletricidade em Portugal), não vou atacar aqui o caráter do Daniel, porque, para além de uma falácia argumentativa, isso não serve para contrapor as opiniões (porque são opiniões não baseadas em factos históricos concretos e em circunstâncias históricas muito particulares dependentes de um sem número de fatores) que o Daniel decidiu expelir de forma tão ignóbil como aqui.

    Mas em relação às ditaduras que o PCP já apoiou no passado, quais são essas ? Iraque ? Síria ? Afeganistão ? Venezuela ? É isso ? Se assim for, qualquer pessoa informada e com um cébero minimamente funcional coloca logo imediatamente todas estas de lado.

    Mas em relação ao Iraque diga-se o seguinte: Saddam Hussein só chegou ao poder porque foi treinado pela CIA (como esta organização fez em tantas outras situações com Fulgêncio Batista, Pinochet, os Somozas, os Barrios e outros que tais) para servir de governante fantoche e/ou coadunar-se com os interesses estratégicos dos EUA, ou servir de desculpa para que esses pudessem realizar uma intervenção militar em território iraquiano (“olha ali: um ditador! Temos de salvá-los como nunca o fizemos na Segunda Guerra!”)

    Todos conhecemos a falsidade da história das incubadoras, as sanções ilegais que mataram 500.000 crianças iraquianas e que “valeram a pena”, segundo a senhora Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA, e ainda a história das WMD’s que se evaporaram miraculosamente durante uma invasão ilegal.

    O que poucos sabem é que Saddam, antes da invasão do Iraque, rebelou-se contra os seus mestres e ia começar a negociar petróleo em euros. Ia abandonar o petro-dólar.

    Ai ai, isso é que não – toma lá uns mísseis e umas Exxon Mobil.

    Nem vale a pena mencionar que os Talibans são uma criação dos EUA como forma de combater a URSS enquanto esta andava a combater nacionalistas fascistas no país a PEDIDO DO PARTIDO COMUNISTA REVOLUCIONÁRIO DO AFEGANISTÃO.

    Portanto, uma vez mais, onde há fascistas há um comunista a lutar contra eles.

    E isto aplica-se a Cuba, Nicarágua, Guatemala, Argentina, Angola, Moçambique, África do Sul, China, Guerra das Coreias, Vietnam, Cambodja (este teve o apoio do Vietnam do Norte), Laos, Mongólia, etc.

    Então de que ditaduras é que estamos a falar ? Hum ?

    A Polónia fascista pré-Segunda Guerra ?

    Ou a Hungria, Roménia, Bulgária, Albânia (protetorado fascista de Mussolini) ou ainda a Guerra Civil grega de 1945/46-49, onde os EUA apoiaram os fascistas nacionalistas gregos e chacinaram todos os comunistas que lutavam por liberdade, sindicalismo e fim de toda e qualquer opressão ?

    Ou os Estados Bálticos, aqueles antros de fascistas m*rdosos, que agora andam a reavivar as práticas dos seus avós, a deitar abaixo monumentos históricos daqueles que os libertaram do NAZISMO e a quererem proibições de circulação de qualquer cidadão russo em território europeu ?

    Ou aqueles letãos que dizem que os russos que habitam a Letónia e que não condenarem a invasão da Rússia devem ser ostracizados e perseguidos dentro do país ?

    São estas as ditaduras que o PCP apoia, Daniel ?

    Quem quiser informação decente por parte de alguém que esteve em contacto e estudou a URSS durante toda a sua vida, deixo aqui este excelente vídeo dum grande intelectual, Michael Parenti.

    https://www.youtube.com/watch?v=tgTWnUpvNiM&t=1847s

    O Daniel diz o que lhe apetecer, mas quando Portugal estiver numa ditadura Venturosa daqui por dois anos como consequência do discurso de ódio que o Daniel anda por aqui a bolçar, e quando vierem acusá-lo de não ser diferente daqueles betinhos de Cascais que vão para a universidade na Austrália, adeptos de Stuart Mill/Milton Friedman e daquele Liberalismo beato, bolorento e retirado duma qualquer fossa de fábrica de químicos Americana na Amazónia, a cartilha do “Empreendedorismo Comprado” na ponta da língua e detentores de espaços de comentário ao Domingo de manhã no Observador, quais missas e padres envagélicos do Nosso Senhor Redentor, «Adam Smith Que Eles Nunca Leram Na Sua Vida e o Seu Salvador Capitalismo Que Retira As Pessoas Da Pobreza Através da Exploração Dos Seus Corpos e Dos Recursos Naturais Das Antigas Colónias», nos quais eles berram de cinco em cinco minutos “HOLODOMOR” ou “100 MILHÕES DE VÍTIMAS”, ele não se venha queixar.

    Quanto a Holodomor: fomes na Ucrânia de 1928 a 1932, causadas por anos e colheitas agrícolas fantasticamente maus, mas primcipalmente agravados pelo facto dos Kulaks (proprietários agrícolas mais abastados) viverem em quintas com enormes reservas de comida (trigo, animais, etc.), enquanto numa quinta a uns Km’s de distância havia pessoas a morrerem de fome pelos cantos da casa.

    O problema é que estes kulaks não queriam de forma alguma partilhar o que tinham (através dos programas de colectivização das quintas) e começaram a MATAR O GADO E A QUEIMAR COLHEITAS.

    Ora, estes kulas só existiam por causa do NEP (Novo Programa Económico de Lenin, que foi colocado em funcionamento pouco antes da sua morte como forma de incentivar algum crescimento numa Rússia pós-revolucionária, saída de um regime czarista feudal-camponês sem qualquer indústria e ainda de uma Guerra Civil entre 1918-1921 que dizimou completamente qualquer estrutura económica e infraestrutura civil existente naqueles país), e, quando se começou a incentivar a coletivização das quintas (e da indústria) eles resistiram à ideia porque estavam agarrados à sua riqueza e propriedade.

    Mas foi o Stalin que andou a matar os que não eram russos.

    A questão é que outras regiões da URSS (a própria Rússia, Cazaquistão, etc.) foram afetadas pela questão dos Kulaks, mas a Ucrânia foi particularmente preocupante por causa do clima.

    E agora passemos aos “100 milhões de mortos pelo Comunismo”, como demonstrado no livro “Black Book of Communism” e donde toda a gente gosta de retirar este número quimérico e atirar para o ar quando se fala em aumentos salariais.

    O Black Book of Communism inclui nos 100 milhões de mortos pelo Comunismo no séc. XX todos os nazis que foram mortos pelo exército Vermelho na Segunda Guerra, inclui todos os Viecongues (civis e militares) mortos por americanos na Guerra do Vietnam, assim como inclui as mortes no Camboja, Laos, e na famosa guerra das Coreias causadas pelas intervenções americanas – também civis e militares.

    Lindo, não é ? Ainda mais do que isso: inclui como mortes causadas pelo comunismo pessoas que não nasceram. Ou seja, não estamos a falar de nados-mortos ou abortos ou coisas do género.

    Estamos a falar de pessoas que TERIAM nascido se não houvesse Comunismo.

    Grande argumento.

    O mais curioso é que o livro foi escrito por três investigadores e o investigador principal (francês) tinha uma obsessão em atingir o número dos 100 milhões (como relatado pelos outros investigadores) e estes, por sua vez, abandonram o projeto e afastaram-se do investigador principal porque ele inflacionava propositadamente as estimativas de mortes para alcançar o número de “100 milhões de mortos pelo Comunismo”.

    Até o Noam Chomsky – grande crítico da URSS – afirma que a metologia empregue pelos autores deste livro é absurda e não constitui uma análise minimamente séria da questão em apreço.

    Por último, GULAGS.

    UI.

    Gulag – campo de trabalho forçado. Não “Campo De Morte”.

    Onde andam as campas aos milhões ? Onde andam as vítimas ?

    No vídeo que partilhei acima, é abordada a questão dos Gulags com uma autoridade que eu não tenho.

    Quando os Gulags foram encerrados no tempo de Kruhtschev, a maioria das DEZENAS de prisioneiros que lá estavam era tudo espiões.

    Percebe-se agora a necessidade da existência de um KGB.

    Era para impedir uma CIA de entrar lá por dentro e fazer aquilo que fizeram na totalidade da América Latina (menos Cuba).

    O Daniel precisa de repensar seriamente e verificar em que lado do espetro político é que ele afinal se encontra.

    Porque andar a repetir bitaites de direita reacionária não é bom sinal.

    Por último, a propósito da “dissidência” e da “oposição” dentro da URSS, sendo o seu maior expoente Trostky: enquanto Antonio Gramsci, um grande intelectual marxista, andava a apodrecer numa prisão do facho Mussolini, este senhor Leonino passeava pelas ruas solarengas de Itália com MUSSOLINI – tudo porque assumir a direção do Partido Comunista da URSS e via no fascismo uma forma de ascender ao poder.

    Percebem porque é o Stalin o matou ?

    E ainda vem o senhor Daniel Oliveira falar daqueles que subiam pelas fileiras do partido para se apoderarem do poder para eles mesmos!

    Então e que dizer das visões de Trotsky, que achava que a Revolução de 1917, antes de esta ter acontecido, não era possível ?
    Isto pelo facto da Rússia não ter um proletariado propriamente dito, mas sim uma população maioritariamente rural e constituída por camponeses.

    Mas quando a Revolução chegou, ai o Senhor Trotsky largou a companhia dos seus Mencheviques (significando literalmente “Minoria” de pequenos burgueses reacionários que queriam livrar-se do Czar e dos privilégios na Nobreza e fazer uma à revoluação Francesa de 1789, em que os burgueses capitalistas detinham todo o poder político no parlamento porque tinham o poder económico necessário para ter o direito ao voto) e aliou-se aos fraternos e bem-sucedidos Bolcheviques (a “Maioria”).

    E depois disso, o Senhor Trotsky ficou conhecido pela sua ideia de continuar até ao infinito a Revolução, discordando do Senhor Lenin que dizia que era melhor reconstruir uma Rússia dilacerada por agitações revolucionárias e por uma guerra civil entre o Exército Vermelho Comunista e o Exército Branco dos senhores reacionários aliados dos Mencheviques e revisionistas à Edouard Bernstein ou Karl Kautsky.

    Mas o senhor Trotsky não acreditava que a consolidação da revolução na Rússia, a construção de uma infraestrutura industrial e de um estado baseado num partido de vanguarda que pudesse atender às necessidades da sua população através da criação de organizações sociais que lidassem com os problemas da Educação, Saúde, modernização das infraestruturas e tudo o mais que era importante para, sei lá, que as pessoas vivessem!

    Mas o senhor Trotsky, que não achava que Camponeses conseguissem levar a cabo uma revolução Socialista na Rússia, dizia que esses mesmos Camponeses tinham de levar a revolução ao resto da Europa e até à América, pois só nesses locais avançados e civilizados é que a revolução poderia desencadear a criação de uma sociedade comunista à escala mundial!

    Claro que aqui os países de “Terceiro Mundo” (como quem diz de “terceira categoria”, abaixo dos branquinhos) colonizados durante séculos lixavam-se, porque não eram civilizados e não podiam esperar ter revoluções socialistas enquanto não houvesse revoluções socialistas no antro Civilizacional conhecido como Velho (decrépito e paralítico) Continente.

    Foi o que se viu na China, Cuba, Coreia, Vietnam, Laos, Camboja, América Latina, etc…

    Lá se foram as teorias do senhor Trotsky, amante de fascistas e nazis quando estes lhe possibilitavam a ascensão ao poder, em oposição aos “amantes de Burocracia” do Comité Central (então o Daniel deve adorar a Burocracia da UE e dos EUA – estes Serralhos de Liberdade e Eficiência) ou Stalines que, segundo as “Memórias” do senhor Kruhtschev, odiavam Burocracia e já a identificavam na década de 40 como um problema a ser enfrentado!

    Ah, caramba!

    Até parece que há problemas que não são comuns a todas as organizações sociais e, até diria mesmo, Sociedades no seu todo, ao invés de se circunscreverem a este ou àquele sistema político e o importante ser, acima de tudo, decidir se queremos um sistema no qual Educação, Saúde, Alimentação, Emprego, Habitação, Transporte, Cultura e tudo o que se possa imaginar está ao dispor de todos em qualquer momento ou se queremos um sistema que escravizou crianças na Europa na sua implementação inicial, ou que as escraviza ainda em países sub-desenvolvidos pela maneira como o Capital se introduz das formas mais soezes por esse planeta fora, apenas como maneira de perpetuar o ciclo de acumulação de riqueza nas mãos de uma elite que só sabe arrotar croquetes enquanto vê umas setinhas a subir num ecrã fabricado com o suor dos trabalhadores que essa minoria explora.

    Mas andam os Noruegueses a fazer greves de fome porque acham que o Papá Elon vai ligar-lhes alguma e mudar a sua empresa de carros de quarta categoria – e que ele não fundou.

    É esta a questão que é explorada no vídeo que partilho acima.

    Decidir se continuamos a não investir num sistema porque ele tem defeitos (como se houvesse aí pelo mundo algum unicórnio voador que não largue peidos e vomite ouro) ou investir nesse sistema, trabalhar para a sua melhoria (porque a URSS teve defeitos, mas não aqueles propalados pela propaganda com mais de um século, que já formatou as cabeças das pessoas até aos hambúrgueres LGBT com Estrelas e Riscas vermelhas e azuis) e permitir que a maioria decida o seu destino ao invés de uma pequena minoria, essa sim, opressiva, ditatorial e autocrática como nunca as houve.

    Não quer isto dizer que Stalin não tenha cometido atos atrozes (as famosas purgas dentro do Partido – resultado da sua paranoia) ou que a URSS tenha sido perfeita.

    Mas foi alguma coisa, foi um impulso numa direção de tornar um projeto realidade e foi, acima de tudo, uma tentativa bem sucedida – ao contrário de qualquer idealismo ou romantismo onde se imaginem sociedades inteiras a serem governadas apenas pela boa vontade e organização coletiva dos trabalhadores e das pessoas sem a existência de uma estrutura hierárquica que toma as decisões que o coletivo não consegue tomar sem esse mesmo coletivo ruir antes de ter tomado essa decisão como consquência de uma invasão por uma potência exterior, sanções ou uma crise de saúde pública!

    Aconselho a que leiam de Engels o texto “Sobre a Autoridade”. É curto, mas incisivo.

    Qual é o sistema de linhas de ferro que funciona sem uma hierarquia onde haja atos de poder e autoridade que são exercidos ? Como é que uma fábrica funciona sem um grau de hierariquia e autoridade ?

    Ou uma escola, um hospital ou seja o que for ?

    Até coloca a seguinte pergunta: não teria sido melhor que a Comuna de Paris tivesse exercido um pouco mais de autoridade para sobreviver mais tempo ?

    Assim acabo este comentário exageradamente longo.

    P.S. Tendo em conta que países que integravam a URSS ficaram arruinados e devastados após a Segunda Guerra, a própria Rússia ficou destruída após esta e teve um longo percurso de recuperação de infraestrutura, economia, estruturas e organizações sociais no período entre a Guerra Civil de 18/21 até 1941 como resultado da destruição que adveio destes conflitos e, mesmo assim, alcançaram o nível de desenvolvimento tecnológico e científico que lhes permitiu ser o primeiro país do mundo a colocar um homem no espaço em 1960 (deixando os americanos boquiabertos), diz muito acerca do Socialismo como sistema social e político e o que é possível alcançar em 40 anos de desenvolvimento aos zigue-zagues em comparação com o Capitalismo que demorou mais de 100 anos para desenvolver as mesmas tecnologias e com a toda a miséria social que lhe é inerente.

    Não esquecer, quando se fazem comparações com a Europa e a URSS, que a) a Europa foi reconstruída com o financiamento dos EUA após o final da Guerra e b) a Europa de Leste ficou mais bem devastada do que a Europa ocidental.

    O caso emblemático disso foi a Alemanha: a Alemanha de Leste ficou totalmente obliterada (pense-se em Dresden) e os Soviéticos tiveram de arcar com a reconstrução dessa Europa no meio de embargos comerciais, sanções económicas, campanhas de difamação e o facto das moedas da URSS não serem usadas como moeda de troca no resto do mundo (por causa dos EUA), o que diminuía consideravelmente a sua capacidade de compra e aquisição de bens, produtos, comodidades.

    Portanto, tinham de usar o que tinham.

    E não esquecer, quando se fala da miséria do Comunismo em países asiáticos, que séculos de exploração Colonial, e, no caso da China, uma guerra civil que acabou com uma ditadura em 1949 (deixando o país num estado caótico, nunca se interrompendo a exploração colonial durante este período todo até ’49), e, ainda assim, alcançar o desenvolvimento que alcançaram, é obra.

    Para referência e percebermos como a dominação colonial e exploração dos recursos de um país pode afetar o mesmo e as suas populações durante muito tempo deixo este excerto de um livro chamado “Inglorious Empire” de Shashi Tharoor – uma análise da história do domínio colonial britânico na Índia.

    «At the beginning of the eighteenth century, as the British economic
    historian Angus Maddison has demonstrated, India’s share of the world
    economy was 23 per cent, as large as all of Europe put together. (It had
    been 27 per cent in 1700, when the Mughal Emperor Aurangzeb’s treasury
    raked in £100 million in tax revenues alone.) By the time the British
    departed India, it had dropped to just over 3 per cent. The reason was
    simple: India was governed for the benefit of Britain. Britain’s rise for 200
    years was financed by its depredations in India.»

    Não venham dizer que a pobreza de certos países se deve apenas aos seus sistemas políticos ou às suas características territoriais.

    A mesma coisa acontece com a África hodierna.

    Agora acabei, cumprimentos!

  7. O Daniel Oliveira tem toda a razão. E conseguiu deixar triggered quer a facharia pró-americana, quer a facharia filha da Putin.

  8. Os extremos nunca foram bons ,seja na politica ,seja com qualquer coisa que se cruze com as nossas vidas. Devemos saber viver em equilibrio em tudo nas nossas vidas. E o que estamos a ver nas nossas sociedades é que ,o radicalismo ,e o extremismo ,estão a tomar umas proporções que estão a ficar fora de controle. E aquilo que se passa entre a Ucrania (com o apoio dos não menos ditadores americanos) e a Russia disso são exemplo ,dois extremistas radicais a cabeçada. No meio de tudo aquilo ,quem se lixa é o povo ,que vive entre a espada e a parede. E por consequencia todo povo europeu. Isto para dizer que o PCP ,não é nem uma coisa ,nem outra o PCP é um NIM ,como sempre foi ,vive de utopias e sonhos irreais. Já os senhores do “chega” são uns megalomanos ,ávidos de sangue e poder ;e não interessa como se atingem os objetivos. São coisas incomparáveis. Quanto ao mais ,as pessoas tem falta é de caracter ,e neste mundo virtual vale de tudo para denegrir e até mesmo destruir os mais fracos e os mais impreparados. Deixamos a fase “sapiens” e estamos atravessar a fase “vale tudo”.
    Já agora pelo que tenho lido as pessoas acham que temos de ser “preto ou branco”. Meus “amigos” ainda existe o cinza e ainda bem ,o meu bem haja aos moderados e aos que sabem ser IMPARCIAIS. Fujam é dos fanáticos.

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