Novelas de fim de semana

(Carlos Matos Gomes, in Facebook, 13/08/2022)

Novelas de fim de semana. Existem dois assuntos importantes e sérios: os incêndios e a guerra na Ucrânia.

Mas os canais de entretenimento não sobrevivem com esses temas.

Este fim de semana surgiram 4 folhetins, alguns vindos de capítulos anteriores. Caso do novo aeroporto. A última sugestão é instalá-lo em Marte. Os passageiros serão poucos, não necessita de grandes terraplanagens, nem de custosas acessibilidades. Oferece boas vistas sobre Lisboa. Seria boa ideia o ministro das infraestruturas propor uma PPP à da Vinci, para ver a cara deles!

A outra novela é do gasoduto dos Estados Unidos para Sines e de Sines, dando novos mundos ao mundo, para Europa com uma fila de navios no porto de águas profundas e diante da estátua de Vasco da Gama maior que a dos acessos à Ponte 25 de Abril ao fim de semana. Com tanto navio em fila, vamos poder ir a pé sobre convés e tanques até Génova, pelo menos.

A terceira novela é a da sempre liberal CAP, dos agrários adeptos do abaixo o Estado e a Reforma agrária a morderem as canelas à ministra da Agricultura que lhes pôs freio às exigências do Estado lhes cobrir os prejuízos (já que os lucros são intocáveis). O gerente da Iniciativa Liberal pede castigo para a ministra que lá vai dizendo que a tesouraria do Estado não é o maná.

Por fim, a contratação de um consultor para o gabinete do ministério das Finanças, que estava falho de alguém que tratasse dos chapéus de sol da Praça do Comércio.

Aqui ficam as fotos da felicidade de um país que tem estes graves problemas. Para compensar há sardinhas e praia. A seca também é um assunto menor, até um excitado vir acusar o governo de ter interferido no ciclone dos Açores. Fica para a próxima.


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5 pensamentos sobre “Novelas de fim de semana

  1. Contudo, as pessoas não reagem da mesma forma a um corte de energia de 3 meses, uma guerra, um incêndio, uma pandemia ou um Crash bolsista.

    O pouco feedback que temos mostra que no caso de uma catástrofe natural ou guerra, as pessoas dão muito mais apoio do que os filmes de Hollywood nos fariam acreditar.

    Só temos de olhar para as populações que vivem abaixo do limiar da pobreza:
    Com igual acesso aos recursos, não é o mais guerreiro ou o melhor armado/equipado que vive o melhor.

    São os mais conscientes e apoiantes socialmente que vivem melhor.
    Muitas vezes, esta solidariedade é organizada a nível do bairro, da família ou de amigos próximos.

    E é muito mais eficiente do que um stock de 100 garrafas de água, porque neste grupo os múltiplos conhecimentos/contactos ajudarão tanto ou mais do que as barras de ouro colocadas debaixo da adega.

    Sim, mas tenham cuidado, uma longa crise mundial num sistema globalizado ainda não foi testada, por isso será uma surpresa. Pode correr muito bem com a adaptação da população e a ajuda mútua, como muito mal. Não se esqueçam que as regiões pobres estão habituadas, tornámo-nos muito individualistas e a perda de electricidade seria, só por si, uma catástrofe para muitos. Além disso, muitos países pobres têm um sistema simplificado em comparação connosco, pelo que os nossos líderes também terão de adaptar e adaptar as nossas leis e sistemas à crise.

    Sobre o aspecto individualista, a história, particularmente durante as tempestades e inundações na catástrofe do Katrina nos Estados Unidos (um país que não é conhecido pelo seu sentido de partilha ou pela sua pobreza), mostrou claramente que a maioria das pessoas está unida (mesmo entre os lobos, há matilhas).

    Com a crise global que se aproxima da qual nada sabemos, não nos podemos preparar para nada individualmente, porque o problema será supra-individual e globalizado.

    A questão é que, para mim, qualquer abordagem individualista/survivalista está condenada ao fracasso a curto prazo.

    OK, alguns sobreviventes preparados irão durar 6 meses onde outras pessoas isoladas não poderiam durar uma semana.

    Mas será que acreditam realmente que, sozinhos ou em pequenos grupos, seriam capazes de ser auto-suficientes?

    O meu ponto é que não se pode preparar para o inesperado, mas pode-se aprender a viver juntos, a ser sociável e a ajudarem-se uns aos outros. E quando confrontado com um desafio, o individualismo nunca funciona face a um colectivo.

    Isto não exclui ter um saco de evacuação adaptado aos riscos locais e dispor de algumas semanas de comida e água com antecedência, por precaução.

  2. Vê-se logo que o sr. Matos Gomes, ou não é português ou não percebe nada da poda.

    E a Cristina Ferreira, como é? Porque não fala dela? E aquela outra gaja, que não sei como se chama, com um gajo novo que já não está com ela? E as pernas da rainha espanhola ao lado da sogra com o lulu a olhar para cima? Panorama canino!

    Não percebi bem, mas estará o sr. a gozar com os canais que tanto se esforçam por nos fazer regredir ao estado da inocência necessária para sermos felizes quanto baste?

    O aeroporto em Marte até nem é má ideia, as malas teriam mais espaço para se perderem e as filas dos passageiros poderiam ser mais longas. Também o gasoduto de Sines poderia lá ser instalado, não precisa de atravessar os Pirenéus nem estorvar os barcos dos refugiados de se afundarem no Mediterrâneo, o gás seria transportado em nave espacial directamente para a Alemanha e, óbvio, a economia russa afundar-se-ia até ao último ucraniano.

    A CAP. Bem, a CAP deve ser profundamente subsidiada. O governo deveria mesmo criar uma PPP com a CAP para facilitar a transferência confidencial de fundos do Estado para os campos de golf. O gerente da IL deve avançar para juiz arbitral de modo que as regras de agilização da corrupção sejam aplicadas com a maior generosidade possível.

    Disseram-me uma vez, já não sei bem quem foi, se calhar até sonhei, com a energia atómica dos incêndios na Serra da Estrela os sonhos são um bocado mais nucleares, bem, a verdade é que me disseram que num governo de maioria absoluta não faz mal que a incompetência seja absoluta. Não será bem assim… desde que não se note. E não se nota porque num tempo de narrativas e mitologias toda a Europa anda numa fona a ver como satisfazer os desejos mais íntimos do herói mítico de Kiev.

    Uma última palavrinha, somos todos portugueses e com coisas destas não se brinca.

  3. Acho que se pode dispensar a leitura do textozinho de Carlos Matos Gomes e passar logo para a verdadeira delícia de prosa sarcástica que é o “pensamento” do DE. Uma excelente maneira de acabar o dia!…

  4. Já agora também seria interessante saber o que pensa Matos Gomes dos incêndios, essa atracção tão típica do verão português, até porque também aí a culpa não pode ser do governo, pois como toda a gente sabe onde os incêndios têm deflagrado o governo nem lá estava!…

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