Os políticos não são gente como nós

(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 08/07/2022)

Miguel Sousa Tavares

Eu não me vou enfiar em casa de um tipo que não me convidou e que não gosta particularmente de mim na esperança de que ele me convide para ficar para jantar e eu possa aproveitar, assim, a sua bela casa. Especialmente se sei que o tipo embirra com a minha família e, sendo eu o chefe dessa família, expondo-a a sofrer um desaforo do anfitrião, que já sei ser um tipo pouco dado a cerimónias. Esta foi a segunda vez que Marcelo Rebelo de Sousa se foi enfiar no Brasil sem ser oficialmente convidado para tal, para além da cerimónia de posse de Jair Bolsonaro — para a qual não precisava de convite formal nem precisava de ir. Eu percebo perfeitamente que o Brasil seja uma tentação, à qual eu próprio já sucumbi inúmeras vezes. Mas eu não sou Presidente da República — o que significa que viajo quando e onde quero ou posso, sem as mordomias inerentes ao cargo, mas também sem precisar de convite nem de dar satisfações a ninguém. Com o Presidente é diferente: para começar, não se pode ausentar do país sem autorização da Assembleia da República, e deve justificar o motivo para tal; em segundo lugar, não viaja quando e para onde quer, mas sim quando e para onde os deveres institucionais de representação do país o convocam, e, em terceiro lugar, isso significa que cada viagem sua ao estrangeiro é objecto de um ajuste bilateral com o país visitado, o qual pressupõe, desde logo, a existência de um convite formal da parte deste que traduza o interesse desse país em receber o nosso Presidente. É assim que o Presidente de Portugal se deve comportar, a menos que queira fazer a figura daqueles Presidentes africanos que passam mais tempo fora dos seus países do que dentro, viajando para todo o lado sem serem convidados, chegando até a bloquear o aeroporto da Portela devido a uma aterragem atribulada com um dos seus jactos privados, como sucedeu na semana passada.

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Já anteriormente Marcelo avançara para o Brasil sem a cobertura de uma visita oficial — que, aliás e segundo a regra da alternância, deveria esperar por uma visita do Presidente brasileiro a Portugal, coisa em que Bolsonaro nunca mostrou interesse. Dessa vez (imagina-se que após incansáveis esforços da nossa embaixada), Marcelo lá conseguiu um almoço com Bolsonaro. Mas onde, segundo consta, o Presidente brasileiro fez questão de o receber sem máscara em plena pandemia e de passar o almoço a contar anedotas inconvenientes: um enxovalho que deveria ter ficado de lição. Mas não, Marcelo resolveu agora reincidir, decidindo de sua lavra que ia visitar o Brasil para assinalar os 100 anos da travessia aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral e mostrar-se na Feira do Livro de S. Paulo, onde Portugal era país convidado — dois acontecimentos que passaram completamente ao lado das autoridades brasileiras.

Convidado e depois desconvidado para um almoço entre Presidentes, em Brasília, Marcelo acumulou esforços inúteis para disfarçar novo enxovalho, chegando ao cúmulo de se consolar dizendo que as bandeirinhas dos carros postos à disposição da comitiva portuguesa tinham escrito “visita oficial”.

Então, tentou deitar água na fervura dizendo que importante é que tínhamos emprestado o coração de D. Pedro IV para a celebração dos 200 anos da independência do Brasil, mas nada pôde dizer para minimizar a gafe de marcar um encontro com Lula — o candidato contra Bolsonaro nas presidenciais de Novembro — antes de saber se iria encontrar-se com Bolsonaro. Enfim, todo um desastre diplomático, absolutamente penoso e evitável, expondo-se e expondo-nos a uma humilhação às mãos do Presidente do Brasil e complicando ainda mais a nossa participação, já bem tremida, nas celebrações dos 200 anos — nas quais, seguramente, Marcelo também não abdicará de marcar presença, convidado ou não.

<span class="creditofoto">ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO</span>
ILUSTRAÇÃO HUGO PINTO

Infelizmente, o Brasil tem uma relação muito mal resolvida com Portugal. Com excepção de uma pequena franja de brasileiros que se deram verdadeiramente ao trabalho de conhecer Portugal para além do pastiche do padeiro, da mulher de bigode e de Fátima, para a generalidade dos outros a imagem que têm de Portugal não apenas é datada e errada, como injusta. Injusta para com um país que tem sido tão generoso na concessão da nacionalidade a brasileiros (sem exigir reciprocidade alguma) e no acolhimento deles: são hoje 250 mil brasileiros oficialmente registados como residentes em Portugal, o equivalente a 4% da população portuguesa. Tal seria bastante para que nenhum Presidente brasileiro se dignasse distratar um Presidente português, mesmo que este se fosse lá enfiar a despropósito: não o fizeram Lula, nem Fernando Henrique, nem mesmo Dilma, que não gostava particularmente de Portugal. Mas Bolsonaro é diferente: é grosseiro, mal-educado, ignorante, indiferente ao estado das relações entre os dois países e, aliás, a quase tudo o que não seja manter-se no poder, ele e o seu clã familiar. É claro que Marcelo sabe tudo isto desde sempre. Assim como sabe que entre ele e Bolsonaro há todo um abismo, em termos políticos, humanos, culturais. E é precisamente por isso que mais custa ver um Presidente português a sujeitar-se a ser vexado por este Presidente brasileiro. E só porque não resistiu a mais uma viagem ao Brasil.

2 Nunca alinhei no bota-abaixo generalizado contra os políticos e a classe política que tanto prazer dá aos portugueses e que tantas desculpas lhes serve para as suas frustrações e as suas próprias mediocridades. Pelo contrário, costumo dizer para mim mesmo que ainda bem que há quem queira fazer política, interessar-se pela coisa pública e governar-nos, justamente porque eu seria incapaz de sentir a menor vontade de governar os portugueses. Mas, se bem que tenha conhecido e visto, ao longo dos anos, casos de quem genuinamente nasceu para fazer política, no sentido nobre de serviço à comunidade, nisso empenhando o melhor das suas energias e competências e, por vezes, pagando um amargo preço por isso, também, como é evidente, inúmeras outras vezes vi na política gente absolutamente desprovida de quaisquer ideais ou sonhos que não o simples exercício do poder como prova de existência.

Esta última gente faz-me confusão. O poder pelo poder, desprovido de qualquer horizonte de realização concreta, de cumprimento de um ideal político, certo ou errado, de serviço prestado à comunidade, o poder apenas como ornamento de vaidade pessoal — o carro escuro e o motorista, o tratamento por “sr. Ministro”, os jantares oficiais, as via­gens no Falcon, a espinha curvada dos assessores e aduladores, os discursos ocos e grandiloquentes —, tudo isso, o simples “perfume do poder”, aparece-me como um exercício de vida digno de gente patética e triste. Porque o poder ou é a oportunidade de fazer alguma coisa de útil quando se pode fazê-lo ou então é a liberdade de não ter poder algum. Mas tê-lo em vão, lutar pela sua inutilidade, sofrer pela sua manutenção, é simplesmente desprezível.

Neste episódio de sobrevivência no poder de Pedro Nuno Santos — cuja lenda o retrata como alguém com ­ideais — o que mais me impressionou foi vê-lo chapinhar pela sobrevivência no charco do poder, não em nome daquilo que, sobrevivendo, poderia ainda fazer por nós, mas sim por ele mesmo, pela sua “carreira política”. O projecto era ele mesmo, só e nada mais. E por isso a nada se poupou para se manter à tona do pântano, até à baixeza de recordar os serviços partidários prestados a António Costa na sua ascensão a secretário-geral do PS. Veja-se ao que pode chegar o desespero de se manter no poder: confundir os interesses do partido, das facções do partido, com os interesses do Governo e do país. Nada que não soubéssemos, mas que, mesmo assim, é preciso descaramento para gritar aos quatro ventos.

Mas não devemos chocar-nos demasiadamente se até na pudica Inglaterra, farol moral da democracia, acabamos de ver o que um primeiro-ministro foi capaz de fazer para se manter no poder. Ali, Boris Johnson, um líder para os tempos de hoje — populista, oportunista, incompetente, desprovido de qualquer sentido ético na política —, caçado a mentir uma, duas e três vezes e a fazer em Downing Street aquilo que proibira os ingleses de fazer em suas próprias casas — e uma vez submetido a um voto de censura do seu próprio partido, o que fez para se manter no poder? Socorreu-se do apoio de Volodymyr Zelensky, sugerindo ser insubstituível para ajudar a Ucrânia, e prometeu baixar impostos (e, com isso, ganhar votos para o partido) se o mantivessem no poder. E, uma vez ganha a votação e assegurada a sua sobrevivência, lá foi ele, impante, participar nas reuniões da UE, do G7 e da NATO, desempenhando o seu papel de grande do mundo, dando lições de bom comportamento ao mundo e decidindo sobre os destinos do mundo, com a autoridade moral que lhe dá ser alguém sabidamente desprovido de qualquer autoridade moral. E depois admirem-se que haja uma crise de credibilidade nas democracias!

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia


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8 pensamentos sobre “Os políticos não são gente como nós

  1. “são hoje 250 mil brasileiros oficialmente registados como residentes em Portugal, o equivalente a 4% da população portuguesa”

    250 mil em pouco mais de 10 milhões, são menos de 2.5%. E 4% de 10 milhões e pouco, seriam quase 400 mil.
    É em exemplos destes que se vê qual a base do comentário deste Miguel sobre a economia.

    Quanto à descasca que dá em Pedro Nuno Santos, é totalmente merecida. Dizer que os princípios de PNS não passam de um mito, foi a cereja no topo do bolo. A mim ainda me enganou bem enganado no princípio da Geringonça, mas o meu nariz actua sempre depressa e bem, e já há muito tempo que PNS não me engana (embora pelas razões quase opostas às de pessoas como o Miguel, que precedem em muito este caso do aeroporto).

    Quanto a Boris, é mais do mesmo. O tipo nem é besta nem bestial, mas na boca dos €urotolos e €urofanáticos o Boris é a pior coisa à face na terra desde que fez o Brexit. Esta gentinha não gosta nada quando se respeita a vontade popular em vez de repetir referendos até dar o resultado que Bruxelas considera “certo”… Nunca o perdoaram, e hoje finalmente sentem-se vingados, com o pormenor delicioso de, agora sim, dizerem que a Democracia já funciona.
    Como se sair da UE fosse uma traição/crime, ou como se os Suíços, Noruegueses e companhia merecessem também esse tipo de ódio.

    Agora vão levar com o Stermer (é assim que se escreve?) que não passa de um Macron de Londres, ou seja, um fantoche da City em vez dos Rothschild. E que chegou ao poder no Labor após campanha sujíssima contra Corbyn, porque este se atreveu a ser um Social-Democrata defensor dos trabalhadores e um homem decente crítico do Apartheid de Israel.
    Ou pior, uma Priti Patel, a tal prostit#&%@! que assinou a extradição de Assange.
    Ou seja, mudar para ficar tudo na mesma, tirando o fantoche actual para lá colocar o seguinte, e convencer as pessoas que foram mesmo elas a escolher…
    É uma “democracia liberal” do caraças, este Ocidente.

    • Era Starmer, não “Stermer”.
      Realmente pareceu-me que a memória me estava a falhar… Mas pronto, está corrigido.
      E ninguém é obrigado a saber de cor o nome dos idiotas todos 😉

      Para mim só há um que tem de ser inesquecível: Priti Patel: a PIDE pessoal de Assange.
      E coitado do Shinzo Abe, estava aqui um alvo bem mais prioritário…

  2. O inimigo do povo é o Estado.…

    Portugal é o cemitério da democracia.
    O povo nunca abdicou da sua soberania!
    Mas, infelizmente, tem sido vendido a interesses mal escondidos e pelos nossos chamados representantes que não tinham o direito de o fazer!
    Com representantes assim, não temos qualquer possibilidade de recuperar a nossa “democracia”.

    O teste de força aproxima-se, será escravidão globalizada, para sempre…

    Há décadas que vivemos numa farsa de democracia representativa. O engenho social que a tirania minoritária de uma oligarquia predatória aprendeu e está gradualmente a mordiscar e a corromper todo o sistema.A imprensa já não é um contra-poder, mas um servo do poder. Os corpos intermediários são corrompidos por redes de influência, incluindo a Maçonaria.

    Nesta “chamada democracia” em Portugal ,”quanto mais duro é o aparelho repressivo, mais reduz as liberdades das pessoas honestas e geralmente boas, sem ter o menor efeito sobre os verdadeiros maus da fita”,.Quando o colete-de-forças está demasiado apertado, restam apenas duas opções, ficar colocado ou libertar-se da estrutura.

    Quando os nossos decisores não tem coragem, é óbvio que as coisas só podem piorar. Um dia, estes políticos pagarão um preço pesado face à situação de cão iluminado que permitiram que se desenvolvesse. Nas suas cabecinhas, ainda pensam que serão poupados pela ferocidade e barbárie que estão a chegar… Mas não! Com a multidão encorajada pela falta de reacção dos políticos, não haverá prisioneiros.

    Há um facto terrível em toda esta farsa “chamada democracia”, os homens e mulheres a aparecerem na televisão, a baterem-nos com o início de uma frase: “Os Portugueses pensam que…”.
    Portanto, pode-se dizer a si mesmo que este ou aquele está a dizer-nos muita porcaria…
    Alguém já veio perguntar a nossa opinião?
    Não!
    Para venderem os seus “produtos”, levam as pessoas a crédito.
    Para pagar as suas dívidas obrigam-nos a assinar contratos como “Legionários da Dívida”.
    Essa é a verdade…

    De facto, eles precisam tanto das pessoas que quando as pessoas acordam, os ratos saltam de navio.
    O povo está a sair da sua letargia (a hibernação seria melhor).
    Todos sabemos que, a coberto de uma aparência gritante e terrível de incompetência, eles estão no seu melhor para continuar o “Plano”.

    Eles sabem que nós sabemos, nós sabemos que eles sabem que nós sabemos…
    Mas também vemos por tantas pequenas peças de informação que o seu plano está atolado, atolado, que o seu plano está a implodir, por micro-nova, aqui e ali, que o seu plano está condenado ao fracasso por deficiência das engrenagens.

    Lembro-me de uma época em que, na escola primária, a professora nos ensinava “A ascensão e queda das civilizações”… Para aquele que nos dá as mãos, estamos lá…
    Sabemos que a liberdade é conquistada antes de mais nada por cada um de nós, por nós próprios, a fim de a partilharmos com os outros…

    Felizmente, parece-me que o grande tabuleiro de xadrez globalista está gradualmente a ser transformado num grande jogo de dominó. Um único pequeno, ou grande filme terá um efeito tão devastador quanto salva vidas.

    Além disso, o efeito dominó tem um aspecto de “senso comum” que eu gosto muito e que também é “auto-suficiente”.

    O fim de uma mentira levará ao fim de outra e normalmente, no fim de uma mentira, a verdade aparece!

    Um simples efeito dominó para nos ensinar a nunca colocar todos os nossos ovos no mesmo cesto.

    Se por vezes demora muito tempo a montar o dominó, o espectáculo da sua queda é muitas vezes espantoso e encantador.

    Nunca houve qualquer harmonia dentro de Portugal e cada um puxa alegremente o tapete para fora de si mesmo, com insinuações egoístas de um patriotismo ultrapassado que está muito longe do povo de que tanto nos falam. A partir daí, isto é inevitável, haverá perdedores e vencedores. Como pode ser de outra forma quando existem tantas disparidades?

    O 25 de abril foi uma armadilha montada para o povo , uma armadilha que tinha apenas um objectivo, criar uma avenida para a ditadura dos mercados e das potências financeiras. Desde então, tornámo-nos lenta mas seguramente escravos do bezerro de ouro, o empobrecimento do povo em benefício exclusivo de uma oligarquia de escravos… mas até quando?

    Quer vote a favor, contra ou abstenha-se, nada muda – a máquina infernal está lá para nos esmagar. Tudo tem sido feito para que os pobres portugueses sejam amarrados e sujeitos às suas regras. São empurrados para se tornarem proprietários tão suculentos (empréstimos, impostos, herança, seguros, água, electricidade, aquecimento, isolamento, manutenção, etc.) que depois o carro (um verdadeiro boondoggle) empréstimo, seguro, manutenção, etc.
    Não há uma eleição para se chegar a algo novo, mas está sempre na mesma direcção da nossa carteira.
    Vejam,tudo gira à volta da casa e do carro.
    Esta táctica funcionou muito bem desde que o pobre portugués se sentisse rico por possuir a sua casa e o seu carro.
    Tudo foi calculado até a máquina encravar.

    De facto, o portugués pobre é pobre e continuará pobre,está condicionado desde a sua nascença..

    Não há elevador social,nunca houve excepto para os vigaristas..
    O portugués não comerá a sua casa e o seu carro custar-lhe-á tanto que será obrigado a separar-se dele porque terá de se alimentar e, ao ritmo a que as coisas vão, apenas uma parte da população terá acesso ao que era anteriormente necessário e que se tornará um luxo.
    Os ricos ajudam-se a si próprios e estão no processo de apanhar os bolsos da classe média, o que de momento está a ajudar a manter as cabeças acima da água dos pobres que ainda não se aperceberam que eles próprios estão a afundar-se na categoria dos pobres.

    Portugal é um país estranho que se diz “democrático”, gerida por financiadores inamovíveis com dinheiro imprimido, com deputados eleitos mas com poderes limitados, perfeitamente concebida para que as pessoas tenham a impressão de dar a sua opinião sem qualquer obrigação de a ter em conta, com juristas competentes que possam tornar as decisões tomadas legais e irreversíveis, enquanto são totalmente antidemocráticas, este Portugal dá-nos uma antevisão do inferno, restrições, obrigações, proibições, ameaças e sanções, este não é o Portugal que as pessoas esperavam, foi-nos prometido o fim do desemprego, salários mais elevados, protecção social copiada dos países mais avançados, temos o oposto, este Portugal não é mais do que uma fraude em grande escala que nos leva à miséria e ao desespero.

    Fomos vendidos a um sistema, como uma necessidade fundamental para estarmos unidos, mais fortes e, portanto, como a Criação de uma Nação forte das suas ambivalências políticas!
    Era Obrigatório!!!
    O sistema fiscal “ecológico” está lentamente a entrar na mente das pessoas…
    Com uma inflação elevada por vontade política, há certamente uma janela de oportunidade para a tornar aceitável para os portugueses, empurrando o seu carrinho aos sábados, nos corredores do hipermercado . Mesmo por vontade política ligada a uma convicção profundamente enraizada, talvez seja simplesmente o constrangimento de manter a paz social e não frigoríficos totalmente vazios que empurrará os portugueses para a razão. Uma barriga esfomeada não tem orelhas para se alimentar de saladas eleitorais. O tabuleiro da salada de Bruxelas servida como menu único na UE já passou a sua data de validade, a tampa não se manterá sob a pressão da fermentação do tomate marroquino e dos cereais ucranianos…

    O que é um país rico que não é rico?

    Um país rico significa mais auto-estradas, mais betão, mais produção de coisas… ?

    Porque, no final, Portugal poderia ser muito rico, ao partilhar trabalho, e dinheiro, ao educar-se, ao “produzir” inovação, ciêntistas etc,etc ….

    Mas não, ser rico é ter auto estradas e aeroportos sem petróleo,e fazer empréstimos a oligarcas portugueses,cuja a garantia é as poupanças dos portugueses.

    Claro,isto vai correr mal,muito mal..

    Por outras palavras, a cada 4-6 anos, “o orçamento de estado de um ano é fumado”.

    Não admira que as infra-estruturas públicas não possam ser mantidas sem uma carga fiscal insana!

    E é por isso que o euro é uma aberração.

    O mais incrível é que quanto mais dificuldades aumentam, mais candidatos politicos há! Poder-se-ia supor que todos eles têm uma solução inteligente a implementar. Mas não o fazem! Perguntamo-nos se eles estão mesmo conscientes da gravidade dos problemas: estão todos a despedaçar-se uns aos outros! Mesmo os apoiantes da sopa verde que continuam a dizer-nos que o planeta morrerá se não voltarmos aos veículos puxados por cavalos…
    Contudo, todos eles concordam num ponto: temos de fazer o povo Portugués pagar, temos de os tributar e inventar muitas coisas irritantes como 80km/h, 30km/h, rotundas, lombas de velocidade, ruas de sentido único e, claro, cada vez mais sofisticadas (e até privatizadas) câmaras de velocidade para ganhar dinheiro, custe o que custar aos Portuguese.

    O Império Romano entrou em colapso porque importou muito e não exportou quase nada!

    O ouro roubado (pelas conquistas) voltou inevitavelmente para o exterior do Império …

    Após séculos de “charuto” : o Império acordou pobre … muito pobre ( inflação galopante … assim desvalorização da moeda ) e migração interna para a Cidade ( Roma ) e outras cidades importantes …. onde reina o princípio : pão e jogos

    ( = desemprego em massa e distracção …. sem produção de valor acrescentado !)

    …. finalmente fracturado numa multidão de pequenos reinos, barões …

    Esta fractura durou mil anos …. mil anos da Idade Média!

    • «O 25 de abril foi uma armadilha montada para o povo , uma armadilha que tinha apenas um objectivo, criar uma avenida para a ditadura dos mercados e das potências financeiras. Desde então, tornámo-nos lenta mas seguramente escravos do bezerro de ouro, o empobrecimento do povo em benefício exclusivo de uma oligarquia de escravos… mas até quando?»

      O 25 de Abril não! Esse livrou-nos da ditadura fascista, com seu capitalismo oligárquico, corrupto, e do pior que há no Liberalismo (aquela parte que se confunde com Feudalismo…)

      A armadilha veio depois: começou a ser montada no 25 de Novembro (que realmente tinha de acontecer, mas se calhar quebrou demasiado o espírito revolucionário que seria ainda necessário durante mais tempo).
      Depois a peça seguinte da armadilha seria a chamada do FMI, após a desgovernação da Direita (PSD/CDS) e do Mário Soares colocar o Socialismo na gaveta. Assim a gaveta podia ficar fechada e os rosas podiam desculpar-se que a chave tinha sido levada por outros…
      Mais alteração aqui, menos alteração ali, a cerca de 10% da Constituição deixou de ser a da Democracia soberana, e passou a ser a da Oligarquia colonial, acima de tudo em 3 momentos: assinatura do Tratado de Masstricht, entrada não-democrática na aberração ditatorial do €uro, e Tratado de Lisboa.

      Hoje, em vez de termos uns CTT a fazer serviço público, bem geridos e a dar até algum lucro, temos uma empresa privada, descapitalizada, que baixa salários, piora serviços, e se tornou em mais uma agência bancária para mais tarde resgatar…

      Em vez de um SNS que acuda a todos de forma gratuita, temos um serviço subfinanciado de PROPÓSITO, pois só assim se pode desmantelar em nome da negociata dos Privados, ao mesmo tempo que se vai a eleições mascarado de rosa…

      E nos preços, nos mercados de facto da economia real, temos “Economia de Mercado” em vez de regulação e bom senso. Ou seja, temos margens a disparar nas gasolineiras, especulação, cartelização, e pessoas com 8% de perda de poder de compra (e ainda agora é o início). Actualizaçõesa salariais? “Nem pensar, seu comuna!”. Cobrar impostos sobre lucros excessivos? “Isso é estalinismo!”

      E o tal povo que se devia levantar do sofá, no sofá alapado está. A ver a verborreia da bola, os argumentos de paragem cerebral das novelas, o estrume em directo da reality tv, ou a propaganda de guerra pró-NATO, que se virmos bem, começou com a “bazuca” da União Europeia. Íamos todos viver melhor e de forma mais verde, não era?

      O povo Português, para não sofrer, simplesmente desiste. 50% já não votam, muitos emigram para não voltar. E eu passei a ser um deles. Se é assim que querem viver, pois então sejam felizes, com 4.3 milhões de pobres, Pinochetismo na economia, uma ditadura monetária, os últimos dias do SNS, e um sistema eleitoral que dá “maioria” a quem só teve 41% dos votos, graças a batotas nos círculos eleitorais dos distritos cada vez mais desertificados, em que com apenas 40% dos votos se arrecadam 100% dos deputados, ficando os outros 60% de eleitores com ZERO representação.

      Quando há demasiada coisa má, não dá para reparar. Tem de se re-construir de raiz. Foi novamente ao estado a que isto chegou. Agora com Cancel Culture em vez de PIDE. E com a pobreza escondida em vez de estar à mostra nos bairros da lata. Há uns quantos que beneficiaram das poucas mudanças e vão votando para garantir que nada mais muda, pois vale mais manter o seu frágil status quo de “privilegiado” com salário acima de 1500€/mês, do que perder um segundo que seja a pensar em quem tem menos, muito menos!

      Nas eleições de Janeiro de 2022, perdi o respeito pelos eleitores portugueses, perdi a esperança no sistema português, e quando vi que se discutiu a lei eleitoral NÃO-proporcional durante ZERO segundos (o sistema que atirou o meu voto (e o de quase 1 milhão de tolos como eu) para o lixo de forma a dar um deputado extra ao PS/PSD no círculo eleitoral de Coimbra), mas tanta espuma dos dias se discutiu durante meses a fio (como a data de uma reunião entre Marcelfie e Rangel), desisti de vez do país e de votar. Para quê? Mais vale emigrar, e só voltar nas férias, para observar que nada mudou desde que isto voltou ao estado a que isto chegou.

      PS: e eis que, perante a morte do Eduardo dos Santos, resolvi espreitar, e quase tudo na mesma: só o BE chama o boi pelo nome, enquanto PCP (por razões históricas) e o PS/PSD/CDS/IL (por razões de negociata) branqueiam a natureza do bicho. Para meu espanto, só o Chega se juntou ao BE para chamar o bicho pelo nome. Um ditador assassino num regime de máfia familiar cleptocrático, e que não merece qualquer respeito na hora em que finalmente a natureza fez justiça. Já vais tarde! E ainda faltam os outros…

  3. Este miguel não foi aquele, que em directo na televisão (em entrevista), foi “massacrado” pelo PNS? PNS colocou a nu a mediocridade e imbecilidade deste miguel…

    • O PNS é de facto muito bem preparado na habilidade da retórica discursiva e de debate à frente dos microfones. É daqueles que lê bem as perguntas que lhe são enviadas para casa, e lê bem as respostas escritas pelos assessores, quer para as perguntas combinadas, quer para as que possam surgir de “improviso”.

      Se é isso que procura num governante, parabéns, está bem servido com nada mais, nada menos, do que exatamente aquilo que merece.

      Pobre país…

  4. O MST não perdeu a oportu(nis)tidade de levar ao Cadafalso o PNS ….pq este Pedro incomoda mesmo muita gente e sobretudo dentro do Ps ….não é a 1a vez que foi posto “na última fila” pelos Boys do Ps que como serventuários farão tudo para agradar ao Chefe Costa ……e “eliminar” ad Homine um PNS da craveira de Mario Soares Zenha e Jorge Sampaio ….a Direita faráo serviço “sujo” que os “Rapa(z)ces do Ps por “procuração” entregam aos CHEGAS e Compagons de Route a Fogueira que os “Boys” do Ps cuidarão em alimentar …….sobretudo todos os migueis que pululam nos Jornais e TVs …….um dia creio o Costa terá que exclamar ,Tb tu Pedro e este dirá que quem com ferros mata ,como ferros morre ……

  5. Meu rico tempo ,por acreditar nesta E de S que creio com este calor se vai derreter …..quando não lhe cheira ,cesto…..boa viagem

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