Sentes-te com sorte, punk?

(Clara Ferreira Alves, in Expresso, 24/06/2022)

(A distância entre os anjos e os demónios é curta, tal como a distância entre as verrinas da D. Clara e os rasgos da D. Clara. Sim, este é um fresco magnífico do atual momento histórico e daquilo que, provavelmente, nos espera. Sim, D. Clara, nós já fomos felizes e não sabíamos! 🙁

Estátua de Sal, 25/06/2022)


You’ve to ask yourself one question.
Do I feel lucky? Well, do ya, punk?”

Clint Eastwood no filme “Dirty Harry”


Sentes-te com sorte? A conta da eletricidade chegou, mais cara, e além dos tais 8% da mirífica inflação. As prestações, os alimentos e a gasolina continuam a aumentar, apesar dos tais alívios fiscais que significam apenas que a máquina de propaganda do Governo continua oleada. Chama-se “comunicação” e “passar a mensagem” nas redes sociais. Onde proliferam trolls e bots devotos e socialistas, em consonância com as tribos da cor partidária, de modo a criarem guerras onde elas não existem, liquidarem a oposição e encharcarem em insultos e estatísticas os dissidentes da corrente dominante. Entrámos de pleno direito na fase da TINA. There is no alternative.

O que significa isto? Que uma maioria absoluta é melhor do que a ingovernabilidade, embora não seja sinónima de governo. Os grandes sistemas públicos entraram em decadência, saúde, justiça, educação, com uma empobrecida função pública que sabe que tem pela frente mais anos de austeridade e cortes, visto que aumentar a dívida pública quando a Europa vai aumentar as taxas de juro e o Banco Central Europeu vai deixar de comprar dívida e imprimir dinheiro significa que nem esta dívida pública vamos poder servir. Simples, mas o primeiro-ministro promete “aumentos gloriosos” em 2023. O futuro é outro país.

E, se da Europa vier um rumor de burocratas sobre a diferença entre os anos que se seguiram a 2008 e agora (nunca deixámos a austeridade embora a dívida pública tenha aumentado) e a promessa de que o endividamento dos países do Sul está controlado, e vão ser criados “mecanismos para evitar a fragmentação”, não acredite. É uma frase tão oca e inútil como a da ministra da Saúde a dizer que vai nomear, e nomeou, uma “comissão de acompanhamento de resposta na urgência”. As frases não resolvem o problema de fundo, o da Europa, com o aumento das taxas de juro para combater a inflação, ou o do SNS, o problema da falta de médicos e especialidades por inoperância administrativa, disfuncionalidade, remendos e improvisos, inexistência de organização das carreiras, e, claro, falta de dinheiro para salários decentes que atraiam gente competente.

Se existe uma constante no discurso dos chefes europeus é dar o dito por não dito, a política de cata-vento. A reação substitui a ação e compensa-se a inércia e a tibieza com a generosidade dos gestos simbólicos. Os gestos simbólicos ficam bem na fotografia. Olhem para a França e para um Presidente que vai governar sem autoridade e sem deputados, com um parlamento dividido rigorosamente entre esquerda e direita com o partido de Macron no meio. Há uma intransponível diferença entre aquela esquerda e aquela direita, com qual vai negociar? Em breve, a França terá um problema de défice semelhante ao dos países do Sul, leia-se a Itália e a Espanha. A Grécia e Portugal não contam nesta aritmética de poder, aceitarão o que for melhor para os outros e, no nosso caso, de bico calado. Olhem bem para a França, porque os extremos vão governar no futuro, graças à incapacidade do centro para responder à ansiedade dos povos e aos sacrifícios que vêm aí.

O extremo canaliza a ira, o desgosto, a indiferença mascarada de conformismo. O conformismo é a especialidade lusa, porque a pobreza e o medo da pobreza geram uma ecologia, garantem uma atitude passiva e cordata e uma ira transferida para o futebol, a má televisão, os festivais, as políticas identitárias para os mais jovens e, claro, as redes sociais e TikToks com a inanidade cerebral e refrega tribal que engendram. O entretenimento produzido por distrações substitui com vantagem a contração de consumo que a inflação vai tornar obrigatória.

Às distrações junta-se a guerra ao vivo e a cores, seguida com o voyeurismo com que se trava o carro para ver o sangue no asfalto. Uma guerra complexa nas variantes políticas e militares e o desconhecimento das regras da geoestratégia tornam aquilo um espetáculo que deixa um aviso consolador, nós estamos mal, os ucranianos estão pior. Esta é a primeira guerra das redes sociais, e a dieta diária de Zelensky disse, Putin disse, torna-a um folhetim com um argumento escrito longe daqui.

E não olhem só para França, olhem para a Bélgica, onde os primeiros protestos europeus contra o custo de vida e a penúria da função pública (uma função pública muito mais bem paga que a nossa) já começaram, e olhem para a Espanha, a Andaluzia, onde Sánchez acaba de sofrer uma derrota naquele que foi um feudo socialista durante décadas. O PP conquistou uma maioria, e o Vox, que não desiste de uma coligação nacional e da entrada num futuro governo, aumentou resultados, tal como Le Pen em França. Aqui, não acontece, pensa-se por aí. Não?

O novo PSD, no ano de repouso e relaxamento, e mais perto da inexistência do que nunca (TINA, recorde-se), sabe que quando a malha apertar pode recolher benefícios, e sabe que mais cedo ou mais tarde terá de se aliar ao Chega se o Chega recolher o suficiente nas urnas. Ou seja, uma coligação de direita. O PSD abandonou a ideia do centro e a coligação pode suceder a anos e anos de governação socialista que cansarão o eleitorado assim que a dor inflacionária e a ameaça recessionária se juntarem. No dia em que António Costa for para a Europa, se for, pode ir, o Partido Socialista entra em turbulência. O PSD, partido de poder, sabe bem quando a fruta baixa está madura para ser apanhada. Só tem de esperar e aguentar. O sismo já aconteceu, o tsunami virá a seguir. Um chefe aparece quando a vitória espreita.

Claro que o governo de Costa podia ter aproveitado os triunfos e o centrismo de Rui Rio para fazer as necessárias reformas em vez de manter no cargo ministros incompetentes durante tanto tempo que eles acabam por destruir os serviços, Cabrita e o SEF, Temido e o SNS. Tendo prescindido de parceiro e de reformas, o primeiro-ministro preferiu navegar à vista e apostar na fraqueza dos vizinhos de esquerda e de direita. Nada dura para sempre.

Entrámos num ciclo histórico onde nenhum vento soprará a favor. As eleições nos Estados Unidos podem ser mais uma machadada nesta estase que não é homeoestase. No Reino Unido, a democracia desvanece-se, e o sistema representativo entra em crise. Jamie Dimon, o poderoso banqueiro da JPMorgan Chase, disse que os americanos não tinham feito o suficiente para “proteger a Europa”. É uma frase extraordinária, para quem conhece a circunspeção de Wall Street em matéria política.

E verdadeira. O militarismo sem controle dos Estados Unidos, uma gun culture universalista levada ao expoente máximo, e a fraqueza das instituições, refletem-se numa Europa que em vez de refletir sobre os problemas que tem criou problemas que não tem, como o do novo e simbólico alargamento a um país em guerra ou desregrados, como a Moldávia e a Geórgia.

A vantagem destes políticos é única: quando chegar o momento de fazer as contas a quanto é que tudo custou, em dinheiro e em pessoas, nos danos dos sistemas democráticos e nos danos para o clima e o planeta, nenhum deles estará lá. A guerra pode durar muitos anos, dizem os excitados estadistas de pacotilha, certos da proteção que a guerra lhes dá. Eles durarão menos que isso.

Da you feel lucky, punk?


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9 pensamentos sobre “Sentes-te com sorte, punk?

  1. É quase como se o centrismo que lhe dá benesses e aos amigos(ou a mim, por sorte de família), seja uma TINA só em nome, uma TINA que só funcionou explorando o resto do mundo.
    Na, pode lá ser. Centrismo uber alles, Clarinha. Há que continuar a fazer o mesmo, mas com mais fé, que a coisa vai lá. Força nisso. Nunca, mas mesmo nunca, retirando-lhe as viagens baratas de avião a Paris, ou o palco mediático a defender o estado de coisas; cruzes, credo.

    • Muito bem dito. Esta não engana, nem mesmo nos dias em que escreve menos mal.

      «Olhem bem para a França, porque os extremos vão governar no futuro, graças à incapacidade do centro para responder à ansiedade dos povos e aos sacrifícios que vêm aí.»
      – Clara Ferreira Alves

      Os extremos? Reparem na equiparação, como quem não quer a coisa, dos FASCISTAS de Extrema-Direita da RACISTA Le Pen, com os Verdes, os Sociais-Democratas de Terceira-Via (PS), os Comunistas, e o Mélenchon que os juntou a todos, mostrando portanto que nem sequer radicais são, quanto mais “extremos”.

      Esta gentinha do tal “centro” não engana. E depois chamam “centro”, até ao Rui Rui, até a Macron. Um dia destes na Europa ainda haverão livros escolares a dizer (e ai de quem não reescrever a história como diktado pela Comissão):

      «Era uma vez em 1973 a ditadura Stalinista do malvado Allende no Chile, um papão tão mau que até nacionalizou as minas de cobre. Quem faz uma coisa destas, é capaz de tudo, até de comer criancinhas ao pequeno almoço, como aqueles malvados Soviéticos que invadiram a nossa querida Alemanha em 1945. Voltando ao Chile, depois dessa ditadura Stalinista em que as pessoas passavam todas fome, vieram os anjos americanos com as suas asas de metal com que fazem ajudas humanitárias em todo o Mundo, e ajudaram o Santo Pinochet a dar início à Democracia Liberal naquele país, e finalmente todo aquele povo ficou rico, graças ao seu governo de Centro»

      Raios me partam, se não é assim mesmo que funciona o “cérebro” desta gentinha. Querem apostar? 😉

      Aliás, não é preciso apostar, podemos verificar isto mesmo indo a uma rede social, encontrando por lá um destes “centristas”, e perguntando o que acha que uma série de coisas que já existem nos países da Social-Democracia de Modelo Nórdico com sistema de Ghent, e eles depressa se viram para nós e dizem:
      “isso é paleio de Extrema-Esquerda, és mesmo comuna, vai mas é para a Vuvuzela”.

      Depois experimentem encontrar por lá outro “centrista” (mesmo daqueles que se pintam de rosa), e falem-lhe de algumas medidas tomadas por Passos Coelho, ou por Pinochet, ao que eles respondem:
      “muito bem dito, gosto disso, vê-se logo que és do centro moderado, vou já fazer follow”

      Também é engraçado que a Clara critica apenas um sistema político, o do Reino Unido, mas nem por uma única vez fala da autêntica FARSA que é a “democracia liberal” da França, com total ausência de proporcionalidade, de representatividade muito questionável, e com poderes excessivos concentrados numa só pessoa cuja percentagem de aprovação chegou a estar abaixo dos 20%.
      É assim, estes “centristas” normalmente sofrem também de outra doença: o Eurofanatismo – e assim sendo, se há que criticar alguma coisa, é o malvado que deixou o seu povo votar num referendo sobre a Europa, e ainda por cima, esse malvado, não aceitou a ideia de repetir referendos até dar o resultado “certo”.

      A EstátuaDeSal que me perdoe por tanta crítica a um texto tão elogiado por si no prefácio, mas eu sou assim, é um defeito e uma virtude: vejo todos os defeitos e falo deles sem qualquer travão. É por isso que saem sempre autênticos testamentos, pois só descanso quando me parece que já martelei o suficiente naquilo que me irritou.

      • O currículo da Dona Clara é mau e vai de mal a pior. Mas avalio texto a texto e este está bom. E claro, a Clara tem uma qualidade que não é dada a todos: sabe escrever… 🙂

  2. Está amarga a Clarinha. Sem fé, sem esperança sem força. Apenas o pessimismo lhe vai toldando a alma. Vê uma luzinha de esperança ao fundo….um governo do PSD de Montenegro com o Chega e a parrachita. De resto apenas frustrações, em Portugal, na Europa e no mundo inteiro. Mais uma vítima de depressão deixada pelo COVID.

    • A bem da verdade, a esperança dela não é isso. A esperança dela é um governo do PSD de maioria absoluta, ou em coligação com a IL (o “novo” CDS para enganar eleitorado jovem), ou até o famoso bloco central informal, tipo 2009-2011. Correu tão bem, não correu?

      Até ver, ela sempre olhou para o Chaga como um problema. Para o PSD, e para o país. Não que a óbvia violação da Constituição, por parte do próprio colectivo actual no Tribunal Constitucional, a incomode muito. Afinal de contas, lembro-me (quando ainda me deixava enganar por canais portugueses) de a ver no Eixo do Mal no mesmo programa a babar-se em elogios à Constituição Americana, e a dizer que a Portuguesa era pouco mais que letra morta (para ela felzimente, pois como dizem os “centristas”, é muito ideológica…) e que ainda bem que temos a Europa para nos pôr na linha.

      É esta a definição de “democracia” desta gente. A linha vermelha para eles é igualmente um partido de Extrema-Direita Fascista como o Chaga, e a ala ligeiramente mais de Centro-Esquerda do P”S”. E portanto, à esquerda disso então é que nem pensar. É chamar-lhes de Stalinista para cima, e equiparar ao senhor do bigode, tal como manda a lei aprovada no Parlamento Europeu!

      E aqui faça-se justiça, quando essa lei vergonhosa foi aprovada, ela realmente fez um comentário de 5 segundos a lamentar ligeiramente a decisão. Fiquei comovido…

      Por falar nisso, agora fiquei com uma curiosidadezita para saber o que ela tem dito sobre os nazis de amarelo e azul, mas não há curiosidade suficiente no Mundo para eu alguma vez mais na vida abrir o site do Expresso ou sintonizar na SIC, e restante putedo da Impresa. Paciência.

  3. Oferecer ciberespaço a esta coisa gelatinosa que já varreu os tapetes de bilderberg é dar credibilidade a quem defende o mal e a caramunha. Já ouvi esta coisa defender a guerra e o seu contrário sem nunca exigir a paz ou nomear os responsáveis pela guerra, o sns privatizando-o, o estado social descapitalizando-o, a democracia acabando-lhe com a proporcionalidade. Só numa torrente de verborreia lhe deteto coerência, no seu dinossauricamente reptileano anti-comunismo. Consegui ler o primeiro terço da verborreia antes de dar como melhor empregue os 5 minutos a escrever esta catarse. Não gosto de cobras, tento não as matar, mas não convivo com coisas dessas.

    • Fosga-se! E eu a pensar que tinha criticado muito no meu comentário. Isso não foi uma crítica, foi um massacre! E bem feito, pois não li nenhuma mentira no seu texto. Muito bem resumido, José Braz.

  4. Estamos cegos para o que se está a passar e pagaremos caro por isso.
    Não merecemos a herança deixada pelos nossos avós, que sacrificaram as suas vidas para que tivéssemos direitos que são
    direitos que estão a ser minados dia após dia.

    A Europa está em colapso devido a causas externas mas está também a cometer suicídio com a sua ideologia. Os abutres em breve chegarão para esfolar o cadáver. Graças aos nossos líderes que se venderam ao globalismo.

    O Euro já deveria ter mergulhado…
    Esta moeda não tem razão de ser e não tem credibilidade.

    O seu verdadeiro valor seria o quê?
    0.5 ? 0.7 $ ?

    As peças do puzzle diante dos nossos olhos e tudo se encaixa, a mecânica é implacável.

    Tudo isto não faz sentido, a nação tornou-se agora um povo sem elegância, sem honra, sem consciência, que só se entrega à sua própria presunção, mediocridade e jactância, e já nem sequer tem vergonha de ser ofendido, tanto é que está em plena decadência.
    As pessoas estão agora completamente sob vigilância, controladas e tributadas com taxas e dívidas, mas só pensam na sua própria facilidade, prazer, gastos e férias, e tão poucos têm resistido. Enquanto os funcionários públicos, que nestas circunstâncias estão tão orgulhosos da sua omnipotência, apesar de toda a sua extravagância, do seu fraco desempenho, dos seus fracassos, do seu emprego totalmente indecoroso durante toda a vida.
    Não há esperança para estes Portugueses cuja ignorância e ignorância significa que a sua única preocupação, para além de terem de ganhar a vida, é dar-se importância, estar na moda e ter carisma e sorte.
    Ofereço, desde já, as minhas condolências.
    E para aqueles que querem valorosamente colocar os nossos inimigos na forca, que gritam vingança com virulência e veemência contra a incompetência e a malícia dos responsáveis pela nossa governação, e nos quais é suposto termos confiança. Para aqueles que, com tanta perseverança, lutam contra a superpotência de todas estas figuras financeiras eminentes, e todas estas multidões de obediências e as suas crenças místicas, estes homens corajosos estão apenas a atrasar o prazo.
    Dedico estas poucas estrofes, com eloquência, ao meu país caído em decadência pela emergência, pregando com tanta insistência, arrependimento e cada vez mais tolerância para com estes chamados colonizadores migrantes que estão a derramar sobre nós em superabundância, Tanto assim, que acusamos esta auto-retidão de ser indiferentes ao sofrimento do povo Portugués que é maltratado, intimidado, e que está a ser castigado com a maior indiferença no que parece ser um grande substituto planeado antecipadamente.
    Muito provavelmente, sem sermos clarividentes, podemos dizer que está em declínio! A sua história tem sido uma história , corrupção e fraude, sem paralelo. Já nem sequer merece ser defendida. Enterremos portanto tudo isto com decência, porque este novo milénio que está a começar é também o prenúncio de uma nova era de existência.

    Resumindo, há tantos impostos que já ninguém poderá conduzir, se o Estado remover os impostos, o Estado vai à falência… Mas como é que o Estado vai lidar com os automóveis exclusivamente eléctricos? Oh sim, vai tributar, com um custo de produção de carros eléctricos superior ao do petróleo, o que significa que dentro de poucos anos apenas os muito ricos poderão conduzir em carros com um alcance limitado. É um sonho tornado realidade.

    o preço do kilowatt/hora já está planeado desde o final de 2020 para ser duplicado até 2023 😉

    hiper-inflação desenfreada está na América e na Europa. Nenhuma inflação na Ásia!

    Como tenho vindo a dizer aqui há anos, temos líderes que não prestam em tudo o que é importante e são bons em tudo o que é inútil para resolver problemas complexos.

    Vivemos num mundo técnico-científico extremamente complexo, das finanças à agricultura, da energia aos problemas ambientais, dos quais o clima é apenas uma componente.

    Estas pessoas não resolvem nada, são infinitamente perigosas e irão agravar todos os problemas ao ponto de um colapso desordenado inevitável.

    Temos tantos “especialistas” subsidiados que desfilam na rádio e na televisão a dizer-nos que os alicerces da nossa economia são mais fortes que a Rússia!

    Em todo o caso, terminará como sempre desde o ano 2000, as perdas dos bancos serão reduzidas, os ricos (que financiam os políticos) serão mais ricos e o dinheiro público será utilizado para garantir a dívida dos bancos (sem qualquer compensação, quando já estão a bombear o equivalente ao imposto sobre o rendimento apenas para cobrir os juros da dívida), pelo que os pobres serão mais pobres.

    Tudo isto num cenário de colapso dos serviços públicos, pensões que os autocarros dos trabalhadores nunca chegam a atingir, decadência e depois vendas deficitárias das nossas infra-estruturas, para nos fazer pagar taxas cada vez mais caras (portagens de auto-estrada, serviço público de televisão cada vez mais estúpido e tendencioso, imposto sobre o lixo doméstico quando estamos a separar e a compor cada vez mais, etc.).

    A redução no fornecimento de gás e petróleo está a ser imposta pela UE, não pelos russos.

    Não são os russos que já não querem fornecer, são as nossas elites que queriam destruir a economia russa, que bloquearam as suas contas bancárias, e que não queriam pagar em rublos. Neste caso, os russos não são os queixosos. Não foram eles que o iniciaram.

    Sem querer especular sobre os acontecimentos, penso no preço do gás e electricidade no “Mercado Livre” a 300 ou 500 euros por KW
    (que deveria ser chamado “Mercado Negro” … Sim, é a Guerra….)… Sim, haverá alguns mas a preços estratosféricos…
    Obrigado a quem????
    Graças à UE e à NATO…
    eles terão-nos feito bem até ao fim …..!!!

    O suicídio na UE … são tiros múltiplos! :
    – “Impressão de dinheiro” (QE)
    – Transição verde a toda a velocidade
    – Corte de linhas de fornecimento de energia
    – Efeitos secundários do mRNA
    – Financiar a UE, financiar a guerra…
    De facto, uma aposta na recessão não parece muito arriscada!

    Ricos hoje e pobres amanhã, tendo comido tudo na esperança de uma grandeza inalcançável……

    100 milhões de barris por dia = 100,000,000 * 157 litros = 15,700,000,000 litros
    Vamos calcular este fluxo em segundos ?
    15,700,000,000 / 24 horas / 60 minutos / 60 segundos = 181,713 litros segundos
    Isto é +- 180 metros cúbicos por segundo bombeados de todos os poços de petróleo do mundo.
    É um rio que nunca pára de correr…

    Já não há petróleo suficiente para continuar como antes.

    Estamos a andar de cabeça erguida!

    Havia políticos sensatos, mas não os quiseram ouvir. Em vez disso, os tecnocratas passaram o seu tempo a pilhar os cofres e a colocar centenas de preguiçosos encarregados de aprovar leis que são todas mais absurdas do que as outras e impostos que reduzem as suas poupanças a nada. Depois vota em leis que são tão perversas como as primeiras a compensar as suas tretas.

    O ouro não subirá enquanto a máfia anglo-saxónica possuir o sistema financeiro e a ferramenta de ouro em papel. Tenho acompanhado o preço do ouro durante anos e este não subiu significativamente, mal acompanhou a inflação. É insensível, porque é altamente manipulado, à acumulação colossal de uma enorme quantidade de riscos: económicos, financeiros, geopolíticos, energéticos, etc. Ganha 100 ou 200 euros quando há um choque, apenas para os perder quase imediatamente. O ouro será usado, talvez, no dia em que haverá caos… (e ainda), ou quando o sistema monetário mudar, mas eu nem sequer tenho a certeza disso, porque eles controlam tudo.

    O ouro é um seguro contra um colapso monetário, um colapso do sistema, um colapso total. É uma cobertura contra riscos sistémicos de todos os tipos e nada mais.

  5. Não sou grande apreciador desta senhora, que eu só conheço daquele programazito do “Eixo do Mal” e que aí não esconde, por exemplo, a sua grande simpatia pelo sionismo.

    Tudo o que ela diz neste texto é verdade. E é tudo perfeitamente óbvio e banal também, que toda a gente que sabe alguma coisa tem obrigação de saber. Ela faz um relato político como se estivesse a relatar um jogo de Futebol, limitando-se a dizer o que está à vista. Relata os efeitos sem tocar nas causas.

    Se o fizesse, poderia dizer, por exemplo, o seguinte:

    A União Europeia serve para consolidar o poder imperial americano na Europa. Muito embora isso não seja dito abertamente, a UE e a NATO estão umbilicalmente ligadas, mesmo que nem todos os países da UE integrem a aliança militar. Não é por acaso que a Suiça, que consolidou a sua economia precisamente com base na neutralidade, não integra nenhuma das duas. O Poder Militar é o departamento da NATO e o Poder Económico da UE.

    Na prática, e isso está agora a ver-se muito bem, a UE transformou a Europa numa colónia dos Estados Unidos.

    Repare-se que uma condição para um país ser um Estado de pleno direito é cunhar a própria moeda. Ao aderirem ao euro, os países europeus que foram levados a isso (e não foi certamente por motivos económicos pragmáticos) abdicaram da sua independência e tornaram-se colónias dos grandes países do continente, que por sua vez estão enfeudados aos americanos, por influência das suas oligarquias que detêm ali o verdadeiro poder.

    Ao sistema económico vigente, que é o mesmo que vigorava na Alemanha, na Itália e em vários outros países desenvolvidos nos anos 30 do século passado, chama-se Capitalismo Monopolista de Estado, e reflecte uma realidade em que os grandes impérios económicos (os chamados “unicórnios”) na prática mandam nos Estados. Outra designação que se estabeleceu para isso é simplesmente “Fascismo”.

    Uma derrota clara no confronto com a Rússia, e a consequente dissolução da NATO, iria necessariamente provocar o fim da UE no médio prazo. Isso iria permitir aos países recuperarem a sua autonomia.

    Por isso muitas pessoas esclarecidas estão na verdade a a “torcer” pela Rússia, embora evitem dizê-lo abertamente para não serem ostracizados pelo regime do “Grande Irmão” orweliano, que de repente, e quase sem nos darmos conta, apareceu do nada implantado no que eram as antigas Democracias Ocidentais.

    Mas ninguém no seu perfeito juízo quer um Armagedão nuclear que, levado à sua extensão máxima, iria destruir o mundo.

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