(Carlos Matos Gomes, in Medium.com, 01/06/2022)

As sanções ao petróleo e ao gás da Rússia têm sido apresentadas pelos seus defensores como tendo uma base moral. Somos povos de bem, dizem-nos de Bruxelas e de Washington. A Rússia é uma ditadura, não respeita os direitos humanos, e invadiu um estado soberano.
O que vale para a Rússia, devia valer, se fosse verdade que as sanções são por motivos morais, para os outros grandes produtores de petróleo e gás mundiais. É aqui que a moral começa a abrir fissuras de hipocrisia.
Os 15 maiores produtores de petróleo são (Wikipedia):
1 EUA 13.55%
2 Rússia 11.67%
3 Arábia Saudita (OPEP) 10.23%
4 Canadá 4.96%
5 Iraque (OPEP) 4.59%
6 China 3.97%
7 Irã (OPEP) 3.90%
8 Brasil 3.02%
9 Emirados Árabes Unidos (OPEP)3.01%
10 Kuwait (OPEP) 2.78%
11 México 2.29%
12 Noruega 2.02%
13 Venezuela (OPEP) 2.02%
14 Angola (OPEP) 1.68% 2017
15 Cazaquistão 1.64%
Os 10 países com maiores reservas de gás: (Wikimedia Commons)
1 — Rússia 21,4%
2 — Irão 15,9%
3 — Catar 12%
4 — Turquemenistão 11,7%
5 — Estados Unidos 4,1%
6 — Arábia Saudita 3,9%
7 — Emirados Árabes 2,9%
8 — Venezuela 2,7%
9 — Nigéria 2,5%
10 — Argélia 2,2%
Em resumo, e sem introduzir critérios de custos de produção, transporte e ambientais, para comprar petróleo a fornecedores moralmente aceitáveis temos os EUA (embora com um currículo como estado invasor bem mais preenchido que o da Rússia, por exemplo, mas são os nossos senhorios), o Canadá, o Brasil, o México, a Noruega e Angola. Isto é, no máximo e com boa vontade democrática, 27,5% da produção. O resto são ditaduras, estados invasores, estados párias. Para comprar gás a situação moral ainda se agrava. Apenas os Estados Unidos (com a boa vontade de esquecer as invasões, os golpes sujos e os embargos) são moralmente aceitáveis. Representam 4,1% das reservas. O resto é gás perverso e moralmente abjeto.
Para termos petróleo e gás passamos nós, os bons, a admitir ditaduras boas e ditaduras más, invasões boas e invasões más? Dinheiro bom e dinheiro mau? Gasolina boa e gasolina má? Ou assumimos as consequências dos nossos firmes princípios morais?
Quem sai melhor nesta amoralidade política são os chineses, os maiores ciclistas mundiais até há poucos anos, os japoneses que continuam a comer alimentos crus e não necessitam de gás, ou os indianos, que usam como combustível a bosta das vacas, ou os pigmeus africanos que comem insetos e são de baixo consumo, ou os esquimós que pescam focas à linha num buraco de gelo.
A União Europeia e os Estados Unidos, faróis da moralidade política, mas gordos e luzidios de hamburgueres e pizzas, a acreditar nas proclamações dos seus virtuosos próceres, vão regressar aos veleiros, à trotineta e à dieta vegetariana? Vamos voltar a recolher bagas e amoras? A roer castanhas?
Se sim, vamos ficar elegantes, musculados e bronzeados! Exatamente como nos folhetos da publicidade.
A Holanda e a Dinamarca já têm há muito as bicicletas que os levam de um lado para o outro… Agora vão é, decididamente, começar a pedalar em casa para produzir a eletricidade que perdem por serem teimosos e não comprarem o gás em rublos!
Mas ao menos temos os nossos amigos de lá, para velar pelos nossos interesses, e venderem-nos gás extraído por fracking hidráulico!
Portugal, por outro lado, se calhar vai é voltar ao tempo das carroças, portanto não me fiava muito nessa de irmos ficar musculados…
Bronzeados se calhar!
É desta que atingimos a neutralização carbónica!
Por último, e a julgar pela lista apresentada pelo Coronel Matos Gomes, pode ser que vá ser agora que os EUA se decidam definitivamente a invadir o Irão e acabar com as provocações de noivado que lhes fazem de meia em meia dúzia de anos!
(Aqueles 15% de gás são muito atrativos para o turismo de armamento!)
O objectivo deste embargo é salvar o Dólar..
Em Geopolítica os russos são brilhantes e adaptam-se às sanções!
como jogadores de xadrez em termos de estratégia,
a europa é o oposto ,jogam Póquer..
É surpreendente como coisas tão óbvias como vender 6 ovos por 3 euros são mais interessantes do que vender 12 ovos por 3 euros não são compreendidas pelas nossas mentes brilhantes. Tenho a impressão de que os economistas e financiadores russos parecem ser melhores do que nós.
Ao dispararmos um tiro no pé, em breve não conseguiremos ficar de pé!
Será este o objectivo?
Em Bruxelas aqueles que decidem por nós não pagam nem combustível nem aquecimento e estão felizes por nos obrigar a pagar cada vez mais
Na esperança de que um dia o Putin lhes envie uma bomba sobre o squash.
Assim, as nossas sanções estão a financiar combatentes russos, o que é o oposto do que queremos e, ao mesmo tempo, estamos a destruir a nossa economia… Ai! É óbvio, mas a Sra. Ursula du Sofa obviamente não tem tal capacidade de compreensão…
No outro dia alguém disse que somos geridos por bolotas? Penso que é um insulto a este fruto que as suas acções sejam tão…. que não tenho as palavras… é preciso ser subserviente a Davos para manter tal política suicida. Penso que é uma boa ideia ter o povo do país num estado de empobrecimento para o manipular melhor.
E no entanto as notícias Portuguesas anunciam constantemente que a Rússia está a perder para a Europa inteligente!
É verdade que se nos obrigarmos a ser persuadidos, a verdade virá ao de cima!
E depois vão parecer uns idiotas por nos terem infligido sanções! Apenas para os EUA !
E sobretudo que ao vender menos, reduzirá mecanicamente o tamanho do bolo do mercado mundial de petróleo, pelo que a Europa terá ainda mais dificuldade em obter abastecimentos (e, portanto, prescindir do petróleo russo) porque terá uma quota mecanicamente reduzida no valor do mercado mundial de petróleo, especialmente porque se a China recomeçar, não reduzirá o volume de petróleo importado.
Os preços da energia vão explodir, fazendo subir tudo o resto.
Outros produtores não conseguem compensar, pelo que nos dirigimos para a escassez e o racionamento.
A menos que já saibam contornar as suas próprias sanções, passando por intermediários para que o petróleo russo deixe de ser “russo”.
Tudo isto está perfeitamente orquestrado, não querem que nos possamos movimentar, seja em modo térmico ou eléctrico, com os aumentos exponenciais a vir e a transição energêtica que não é possivel sem petróleo..
É melhor investir numa mula e num carrinho..
Para eles somos pessoas inúteis que são boas para morrer e se não forem ao matadouro, o matadouro virá ter convosco…
Não é a Europa que decide, mas os EUA e mais precisamente o Estado profundo ao leme, os globalistas que querem, entre outras coisas, tornar a OMS supranacional e todo-poderosa e com autoridade sobre os Estados signatários sem o consentimento do povo..
Poderá atingir 300-400$ por barril, a conclusão será talvez diferente?
Há algo que não se compreende muito bem nesta história das sanções ao petróleo russo.
O sexto pacotes de sanções da UE prevê que, a partir deste momento, se reduza a dependência de petróleo russo em 75% e em 90% até ao fim do ano.
Ao mesmo tempo, Von der Leyen, há coisa de uns dias atrás, antes das negociações em Bruxelas, afirmou que a UE não podia dar-se ao luxo de largar o petróleo russo porque, assim, Putin venderia o petróleo para outros estados que o refinariam e venderiam esse mesmo petróleo refinado por preços mais altos, aumentando o lucro geral de Putin e permitindo que este “enchesse os seus cofres de guerra”.
Agora, com este pacote de sanções, não só se nota a hipocrisia de Von der Leyen neste sentido – uma vez que a Rússia aumentou, este ano, as suas exportações de crude para a Índia em 25 vezes (então o mês de Maio foi uma loucura – 24 milhões de barris em comparação com 960.000 no ano passado!), que depois o refina e vende no mercado mundial, ou usa para seu proveito próprio – como ficamos sem perceber muito bem, afinal, para que é que servem as sanções.
Então era para parar o Putin, mas ele agora vende ainda mais petróleo à Índia e a outros países e vai ganhar o seu dinheiro na mesma ?
Como é que é, Ursula ?
A única lógica que se retira daqui é que os Americanos vão comprar o petróleo via terceiros (Índia e outros países) para depois o venderem no mercado europeu a preços altíssimos e exacerbar a dependência europeia do dólar americano. Domar-nos, portanto!
Enquanto isso, lá se vão os argumentos da moralidade, e de não comprar petróleo ou outros produtos russos, pela janela fora e para dentro das refinarias indianas!
Enfim!
Em relação ao petróleo estou muito à vontade para falar,sobre o pico,a escassez,etc,etc..Há um site “Peak oil barril”que fala muito bem do assunto. O verdadeiro ponto de viragem em toda esta história será a consequência final para a Europa, no sentido de que haverá uma união definitiva para a expansão global, ou então o possível risco de um cisma da UE.
Assistimos ao fim da democracia participativa, alguns indivíduos que vivem melhor tomam decisões para a maioria da sua população que vive mal sem consulta.
Vamos fazer um embargo ao petróleo que compramos (mas não produzimos)
Sobre gás que compramos (mas não produzimos)
Sobre matérias-primas como o aço, alumínio, etc. que compramos (mas que não produzimos)
Sobre os recursos alimentares básicos, que compramos (mas não produzimos)
Sobre os meios de importação (por exemplo, caminhos-de-ferro, via Rússia)
Roubar dinheiro de países (como a Rússia) para os forçar a ceder às nossas exigências!
Vamos fechar as portas da diplomacia (para que eles entendam)
Ect ect ect ect ….
Em suma, teríamos feito um esboço de que nem sequer teria sido credível!
Em todo o caso, acabei de enumerar todas as coisas que nos faltarão nos próximos 5 anos e nos próximos milhares de anos. O mais preocupante é saber que agora importamos 40% dos nossos vegetais, por isso, em caso de um duro golpe, teremos 5 milhões de pessoas famintas em Portugal em menos de 10 anos. No que diz respeito aos negócios, as empresas têm um futuro.
Para os Portugueses, prescindir do gás russo significará custos que serão transferidos para o consumidor médio.
Eles fazem-me rir …
Falam em isolar a Rússia, que partilha as suas fronteiras económicas, políticas e militares com as maiores alianças geopolíticas do mundo (China, Índia, (Ásia Menor), Oceânia, e 95% do continente africano em termos de apoio político).
A Europa, por outro lado, é bastante isolada, uma vez que não produz nada, não exporta nada, importa tudo, e já não tem qualquer peso na cena mundial.
Pior ainda, com as sanções contra os chamados oligarcas russos, queimou todas as suas cartas, afugentando todos os potenciais investidores, ao enviar a mensagem:
Investe num país perigoso, que pode sancioná-lo livremente, e vende os seus investimentos ao licitante que fizer a oferta mais alta.
É uma ilusão acreditar que ainda somos todos poderosos.
A cigarra (Europa) tendo cantado durante todo o Verão, viu-se muito privada quando a crise chegou ….
A política é um verdadeiro teatro. O embargo total ao petróleo russo selará definitivamente o destino da Europa, que se tornaria um Estado americano, mesmo que já o seja. Aqueles que têm mais a perder com estas sanções são os europeus porque de momento não vêem o perigo, mas daqui a 5 a 10 anos compreenderão que voltaram a cair estupidamente no plano mercantil.
A Hungria funciona como um escudo para todos os actores:
A sua própria população, que continuará a ser fornecida. De facto, o Estado húngaro, que mostra a sua solidariedade para com a Rússia, evitará sanções russas para cortar os fornecimentos (tendo atingido a Bulgária em particular)
A Rússia pode contar com um aliado precioso para reforçar a sua população interna e assim demonstrar que certos países apoiam a política externa russa. E assim os russos não estão isolados.
Europa e Alemanha hipócrita, que aproveitam este bloqueio para continuar a obter abastecimentos enquanto denunciam a Hungria como a responsável. Muito útil para evitar estar em desacordo com os EUA.
A economia global não se pode sustentar com um preço superior a 100 dólares por barril. Além disso, como tão bem se diz, a inflação é alimentada pelo aumento dos preços da energia (petróleo, gás natural e carvão) juntamente com a ruptura das cadeias de abastecimento globais. Neste contexto, nem os aumentos salariais, nem a política monetária expansionista (banco central), nem a política fiscal (estatal) podem conter essa inflação, pelo contrário, todas estas medidas irão exacerbar a situação.
Os decisores políticos da UE estão a seguir o exemplo de Washington, mas não se apercebem das consequências negativas das sanções económicas para a economia europeia em particular, e para a economia mundial em geral. Devem-se lembrar que os EUA têm acesso a certas matérias-primas como petróleo, gás, etc., o que a UE não tem. De facto, a UE não é dotada de matérias-primas suficientes e a sua economia baseia-se principalmente em indústrias e serviços.
O que vai acontecer é muito simples.
neste momento estão a fazer tudo o que podem para cortar as pontes entre a UE e a Rússia, especialmente em termos de abastecimento de hidrocarbonetos.
Bem, verão que daqui a pouco, vão dizer-nos que vão prospectar gás de xisto na Europa, gás de xisto que normalmente é proibido pelas consequências que conhecemos em termos de poluição subterrânea.
E quem serão novamente os grandes vencedores?
Os EUA, porque se oferecerão para trazer equipamento ou vendê-lo para a Europa.
como no caso do TAFTA, o tratado transatlântico que não foi feito e que se apropriaram dele para se tornar CETA.
eles realmente tomam-nos por parvos.
Neste novo mundo, a maior parte dos nossos líderes são jogadores de pocker, em vez de pedirem e ouvirem os conselhos dos estudiosos, fazem-no de estúpidos. O Ocidente está a massacrar a sua economia, o rublo não é uma moeda que irá cair, mas o euro e o dólar irão.
Quase todas as suas matérias-primas deixam a Rússia, alumínio, fertilizantes, trigo, petróleo, gás, níquel, agora acrescentam girassol, trigo e ferro ucraniano tomados nesta operação especial russa.
Vemos as sanções à Rússia a saírem pela culatra e a atingirem os países que as impõem. Espera lá, os países que as impõem?!!! Não, nesses países apenas as classes que vivem do seu trabalho, as camadas sociais com menor poder de compra. Porque às castas privilegiadas no Ocidente que vivem da especulação e de rendimentos financeiros, com a carteira bem atestada de acções das indústrias de armamento, pouco importa quem morre na guerra ou de fome. E aqueles que negam a luta de classes, aqui a têm em toda a sua nudez e esplendor.
As castas privilegiadas que atiçam a guerra na Ucrânia e ganham com a produção e o fornecimento de armamento são as mesmas que nos seus países esmagam os trabalhadores com o aumento do custo de vida e aproveitam todas as oportunidades para lhe cercear direitos e garantias.
As classes dominantes ganham sempre de uma maneira ou de outra. Não impondo à Rússia o “regime change” para lhe sacar os recursos e expandir os seus mercados, pelo menos já foram ganhando o seu na especulação e no armamento. É neste momento que os trabalhadores de todo o mundo podem ver desfilar perante os seus olhos a hipocrisia da escória social que os intruja com a sua moralidade e os seus valores, para mais facilmente os dominar e explorar.
Cidadanito, André ( Ventura ), Marquinhos e D(rácula) E(nfezado) e se lessem algo de jeito ?
Russia’s fraying economy: consumers start to feel the pinch of sanctions
https://www.ft.com/content/7df9b453-509b-41c4-8957-ac170aca61aa