Lapsus Praesidentiae – ou lá o que é…

(José Gabriel, 29/10/2021)

Hoje, a orquestra de comentadores televisivos – já mais afinada, mais junta na cartilha – não se cansou de sublinhar que a audiência de Marcelo a Rangel foi um “erro”, um “lapso”, uma “gafe”.

Eles bem sabem que não é assim. Marcelo não é dado a gafes, é dado a manobras, é dado a intrigas. Sabia perfeitamente o que fazia, só não tem em grande consideração a inteligência alheia. Não pensou que tudo isso se notasse. De resto, o beneficiado Rangel – entre cujas qualidades nunca brilharam o recato e a prudência – não tardou em aproveitar o que ele interpretou – vá lá saber-se porquê – como um apoio.

É verdade que Cavaco já tinha manifestado apoio semelhante, mas fê-lo no seu estilo rançoso, filistino e ultramontano. Marcelo pensou ser mais florentino, mais vichyssoise.

Acontece que é – ainda – presidente da República e, dada essa condição, o seu comportamento é intolerável. Mas uma coisa é óbvia: tanto o antigo como o actual presidentes se comportaram não só como tendenciosamente partidários como sectários no interior do partido que julgam beneficiar.

“Presidentes de todos os portugueses”? Pois…


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3 pensamentos sobre “Lapsus Praesidentiae – ou lá o que é…

  1. “Direita”, essa figura nebulosa e abstrata na qual pessoas (como este juntaletras) projetam as suas frustrações pessoais e as suas inseguranças, e escrevem artigos a “malhar” nela para receber a atenção de outros com igual condição…

    • Alguém dizia que o homem é o único animal que distingue a água benta da água normal e do mesmo modo é o único ser no universo que distingue a direita da esquerda.

      Direita, esquerda, centro, extremos, capitalismo, socialismo… de facto tudo são abstrações, conceitos que o ser humano cria e que passa a ver como coisas reais e sólidas e em nome dos quais pratica muita coisa (até crimes) mas em especial essa actividade tão inútil que é a tagarelice. A propósito, também alguém disse que a linguagem é um vírus, mas isto já são divagações…

      Posto isto, não deixa de ser verdade que Marcelo anda a fazer uma figurinha ridícula e que é um valente cromo da chamada direita, tal como António Costa é o equivalente da chamada esquerda. Dois comboios de corda que giram e giram, pensando que a sua única função é entreter-nos e que ainda não perceberam que já descarrilaram.

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