2 pensamentos sobre “Case study. Very british.

  1. A mente segue vias misteriosas. Lendo este texto a minha levou-me a recordar a very English scandal ocorrido nos anos 70. É bom lembrar que há uma ou duas coisas em que os Ingleses são bons e uma delas é criar uma boa escandaleira, daquelas cujos detalhes, ( quanto mais escabrosos melhor) , serão sempre relembrados com deleite nos serões de inverno enquanto se serve tea and biscuits. O tórrido caso que Oscar Wilde teve com o filho do Marquês de Queensberry, e que o levou à cadeia, será sempre a bitola pela qual estas coisas são avaliadas. O caso Profumo tem os seus méritos, muito sexo com muita gente rica e poderosa, mas no escandalometro não atinge, nem por sombras, os valores de O. Wilde.
    Mas o caso que me veio à memória tem outro protagonista: O Membro do Parlamento e Líder do Partido Liberal Jeremy Thorpe. Sabe-se que a carne é fraca, mas a de Jeremy então era fraquíssima, como ficou demonstrado quando se tomou de amores por um jovem de nome Norman Scott. Apaixonado, Thorpe ficou sem travões:Pôs casa a Norman, escrevia-lhe cartas com o timbre do Parlamento cujo teor era no minimo imprudente, prometia-lhe um futuro de desafogo financeiro e, sobretudo, amor, muito amor.
    Mas é claro que os rumores sobre as ” inclinações” de Jeremy e as suas “indiscrições” eram mais que muitos, eram um verdadeiro segredo de polichinelo e nas redações corriam histórias picarescas sobre cenas publicas protagonizadas pelo casal. Mas Thorpe era uma figura publica e líder Parlamentar e nada transpareceu.
    Mas quiz o destino que, naquelas reviravoltas em que a politica é pródiga, num repente, parecia que Jeremy Thorpe estava prestes a tornar-se Primeiro-Ministro da Grã-Bretanha, o Olimpo, o Valhalla, a terra-prometida ali ao alcance da mão
    E num ápice Norman viu-se na rua, sem tecto, sem dinheiro e sem amor. E Norman começou a fazer esperas a Jeremy, a fazer cenas à porta do Parlamento, a pedir dinheiro, a ameaçar com o suicídio. Em desespero Jeremy contratou um pequeno marginal para matar Norman. Este, numa cena melodramática, raptou Norman com intenção de o matar quando este passava o cão, mas o que conseguiu foi apenas matar o cão.
    Tudo acabou na policia com Thorpe acusado de tentativa de homicidio e soterrado sobre os escombros
    da sua carreira politica e do peso da sua ingnominia.
    Agora digam lá se isto não é “A Very English Scandal “?

    (escrito numa tarde de confinamento)

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