Portugal, um país exótico – A Operação Marquês

(Carlos Esperança, 09/03/2020)

«No primeiro dia do debate instrutório do processo da Operação Marquês, o Procurador Rosário Teixeira avisou que o país pode perder a confiança na justiça, se o caso, que envolve José Sócrates, não for a julgamento.» (SIC-N)

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Como os meus amigos sabem e os leitores podem verificar, mantive sobre o processo o mais completo silêncio, mesmo quando as violações do segredo de Justiça eram graves e os atropelos aos direitos dos arguidos, que em qualquer momento pode ser um de nós, se revelaram danosos para o Estado de Direito. Foram anos de julgamentos na rua e nos média do costume, sem presunção de inocência.

Agora, quando o principal investigador do processo admite a possibilidade da não ida a julgamento do ‘caso’ e invoca, não as provas, mas a necessidade de manter a confiança na Justiça, parece não haver forma mais eficaz de lançar suspeitas sobre a investigação e as provas obtidas.

A agravar as dúvidas, aparece no último Expresso, na primeira coluna da contracapa do primeiro caderno, um artigo do influente jornalista, Ricardo Costa, que declarou que o PSD de Rui Rio era o seu partido e cujos ataques fraternais ao irmão e ao seu Governo lhe garantem o apodo de isento.

Diz Ricardo Costa, que tantas vezes ‘julgou’ os arguidos na SIC e no Expresso, que ‘revisitou o processo da Operação Marquês’ e que será “praticamente impossível que os principais arguidos, incluindo Sócrates, não sejam condenados por fraude fiscal e/ou branqueamento de capitais”, acrescentando que “são crimes que permitem penas de prisão efetiva”. E, admitindo que “a corrupção caia do processo, a probabilidade de condenações continua muito alta”.

Eu, que tinha uma certeza absoluta nas condenações, se fosse crente benzia-me. Depois da prisão do ex-PM, em direto, para o País, via TV, da sua reclusão, da oferta recusada da pulseira eletrónica e do que li nos jornais e ouvi nas ruas, nos cafés, nos autocarros e aos taxistas, fixo perplexo.


6 pensamentos sobre “Portugal, um país exótico – A Operação Marquês

  1. A mim ninguém me tira da cabeça que o caso “Sócrates” é um típico caso de perseguição política. Não o conheço pessoalmente e nada lhe devo, pelo que faço o meu juízo de forma completamente livre.

  2. Ficar perplexo com a possibilidade de não haver condenação de José Sócrates ?
    Mas alguém sabe, verdadeiramente, qual foi o crime que ele cometeu ?
    Pedir dinheiro emprestado ou sei lá, até ter alguém que lhe tenha dado dinheiro ( ? ), é crime ?
    É como condenar alguém por ser assassino e não haver ninguém assassinado !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Só contaram p’ra você .

    • Nota, prévia. És pouco burro, és, ó Mourisco! Tomem lá, este é outro pardalão-mas-menos-espertalhão, lembram-se deste André? Pois é, o tipo do PS que andou a lamber os tomates da ANTRAM durante a greve dos desgraçados das matérias perigosas, e que, há dias, surgiu inopinadamente na SIC com um novo cognome agora a defender os patrões dos transportes colectivos privados (?)… Hoje, é o Expresso online.

      Isto é só chupar-e-facturar, pás.

      ______

      Nota. Olha aqui, ó d’A Estátua: o camarada do #lobbying, clean, o detestável André Matias de Almeida, qu’é do PS e tem cadastro!, volta a atacar. Sempre-sempre ao lado dos patrões, é claro.

      https://expresso.pt/opiniao/2020-03-10-Coronavirus-Estado-esta-obrigado-a-indemnizar-os-privados-

    • Receber dinheiro sem o declarar às finanças é crime. Por outro lado, se andamos nisto de descontrolar juízes e arranjar medidas preventivas ao sabor do vento político, não há ninguém que fique bem nesta estória.

  3. RFC:
    Escreves tão claro e com uma opinião tão segura que deves ter qualquer coisa interessante no bolso!
    Mostra-a cá à malta ! Já não é sem tempo que veremos uma prova contra Sócrates !

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