(Daniel Oliveira, in Expresso Diário, 09/10/2019)
Ainda os votos não estavam todos contados e já Aníbal Cavaco Silva escrevia à Lusa para fazer saber que o resultado do PSD “ficou muito aquém daquele que as vicissitudes que o país conheceu durante os quatro anos do governo da ‘geringonça’ justificavam para o maior partido da oposição”. Para quem não se recorda, Cavaco Silva previu, num lamentável discurso/comício que fez a partir do Palácio de Belém, uma hecatombe para o país. Afirmou que esta solução política iria perigar “a trajetória de crescimento e criação de emprego”. Que estávamos perante “uma alteração radical dos fundamentos do nosso regime democrático”. E definiu como seu dever “impedir que sejam transmitidos sinais errados às instituições financeiras, aos investidores e aos mercados”, adivinhando “uma quebra de confiança das instituições internacionais nossas credoras, dos investidores e dos mercados financeiros externos”.
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Não sei se as vicissitudes a que se refere agora têm alguma coisa a ver com todas estas apocalípticas previsões que fez, no dia 22 de outubro de 2015, sobre o destino da nossa economia, do nosso emprego, da confiança externa ou dos “fundamentos do regime democrático”. Ao que parece, o balanço que os portugueses fizeram não foi mau. O conjunto dos partidos da “geringonça” reforçou o seu peso no Parlamento. Mas é evidente que Cavaco Silva tem uma explicação para isto. Não são é o desempenho do Governo. Esse, ao que parece, justificava um muitíssimo melhor resultado do PSD. Também não é a campanha ou o programa do PSD. Os resultados aconteceram “apesar da dinâmica revelada durante a campanha eleitoral e da indiscutível qualidade do programa económico proposto aos portugueses”. Resta Rui Rio. É ele o culpado.
Para quem tenha dúvidas que esse é o problema, Cavaco destaca uma militante entre os vários que “se afastaram ou foram afastados” e deviam ser recuperados. Não é, como corre nas redes sociais, nenhum dos valorosos quadros políticos que ele ofereceu à política, como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima ou Isaltino de Morais. Todos eles afastados, por vontade própria ou da Justiça. Referia-se a Maria Luís Albuquerque. A mesma que, ainda como deputada, aceitou ir trabalhar para uma empresa financeira que se dedicou à recuperação de crédito malparado comprado a bancos que tinham sido intervencionados quando ela era ministra. Se há característica que podemos reconhecer em Cavaco é ser um excelente avaliador do perfil ético dos políticos que acarinha.
Todos percebemos, até porque mesmo quando é sonso Cavaco é transparente, o objetivo canhestro desta carta: juntar-se ao coro passista para apear Rui Rio da liderança do partido de que o ex-Presidente se continua a achar tutor. Não lhe passa pela cabeça que esta derrota também se explique pelas profundas marcas que o passismo deixou, de que Maria Luís Albuquerque é um dos símbolos. E Miguel Relvas, que também já saiu da toca, é outro. E não o pode compreender porque Cavaco Silva foi sempre chefe de fação. Até dentro do seu partido é isso que ele é.
Claro que Cavaco Silva tem o direito de intervir na vida do partido de que foi um dos mais destacados dirigentes. O que incomoda é nunca o fazer de forma direta, com a clareza e humildade de um militante. É sempre por meias-frases e recados. Ainda por cima sem a arte da dissimulação, apenas com a pequenez da intriga. E esse é, será eternamente, o problema de Cavaco Silva: por mais alto que tenha subido será sempre um homem pequeno.
Apoiado.
Pequeno é favor… pequeno,e nojento
Não podia estar mais de acordo.
Quando fala em passismo esquece que foi um governo de esquerda com maioria que começou a cortar nos salários dos trabalhadores 5 e 10 porcento e depois ainda teve de pedir intervenção da troica senão nem dinheiro tinha para pagar aos trabalhadores, o antigo governo teve de reverter isto e por o país a crescer em 2014 já estava a crescer pelo menos 1,5 Vitor
E depois são os socialistas que querem cavar buracos para os encher novamente…
Esse sr. cavaco silva de seu nome, se tivesse um pingo de vergonha naquela desprezível cara ,devia fazer um exame de consciência ,limitar-se a ficar quietinho na sua Quinta a beira mar plantada ,e pedir desculpa aos Portugueses a quem tanto prejudicou durante o tempo da sua desgovernação..