Há outros caminhos

(Baptista Bastos, in Correio da Manhã, 08/06/2016)

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Baptista Bastos

O cerco montado pelo partido popular europeu merecia uma vistoria mais séria.


 

O Congresso do PS não foi, como é hábito em todos e semelhantes, o da consagração do secretário-geral. Neste tipo de reuniões há sempre qualquer coisa de hipocrisia e de farisaísmo. Um preopinante da Direita afirmou que tinha sido “mole”. Da moleza ou rijeza do objecto saberá ele.

Creio, no entanto, que o Congresso consagrou, antes de tudo, uma política e uma estratégia de poder até agora desconhecidas e nunca aplicadas.

O velho “rotativismo”, que destruiu a República e cuja versão actual é uma pesada ameaça às instituições, foi posto em causa. O que significa, também, que a arquitectura capitalista tem sido abalada. Afinal, há outras alternativas àquelas que nos são propostas e que resultam do próprio jogo democrático. O verdete que os dirigentes desta “União” Europeia manifestam, abertamente, contra o governo de António Costa é outra expressão de uma luta acentuada depois da queda do Muro de Berlim. Não o escondamos nem dissimulemos. Estudemos e analisemos as consequências históricas.

No Congresso socialista, muito mais do que o simples facto de Costa sair com donaire e gritos de apoio, foi uma ideia concretizada que venceu. Passos foi, claramente, o grande derrotado. O que diz não tem sentido, e o que fez não tem perdão. É irrelevante referir Assis e os seus apaniguados, pela pequenez de espírito e pela ausência de projecto e de ideia. Nem de aludir aos esforços patéticos de uma estação de televisão, que tem brilhado pela tendência unilateral. E nem sempre assim foi.

O fenómeno político aberto por António Costa contém riscos e enormes perigos. O cerco montado pelo Partido Popular Europeu merecia uma vistoria mais séria, argumentada e rigorosa do que a superficialmente feita em Portugal, ou, pura e simplesmente, ignorada. Os estipendiados do “sistema” só duram o tempo de um ápice, e Roma nem sempre paga a biltres.

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