Sodoma ou Gomorra: a escolha é sua!

(Dmitry Orlov, Resistir, 22/06/2023)

Em 1997, voltei da Rússia para os EUA, recém-casado e, tendo acabado de observar o pós-colapso da URSS em primeira mão, uma pergunta óbvia me ocorreu: quando os vários estados [dos EUA] seguirão o exemplo da URSS e declararão sua independência do governo federal irremediavelmente corrupto e não funcional? Considerando que a principal causa por trás do colapso soviético foi o tédio – as pessoas viviam bem, mas estavam entediadas e queriam viver ainda melhor – seria preciso algo mais para derrubar os EUA. O que poderia ser?


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23 pensamentos sobre “Sodoma ou Gomorra: a escolha é sua!

  1. Não, lamento mas este aqui é lixo.
    O aquecimento global agora é devido a “ciclos solares e variações na órbita da Terra”? Areia nos olhos não, obrigado.
    Há uns anos, contaram-me a história de uma professora-estagiária de Física e Química que, quando questionada por um aluno sobre a razão pela qual a cada 4 anos temos um ano com um dia a mais no final de fevereiro, em vez de admitir a sua ignorância e prometer ao aluno que ia investigar a verdadeira razão, na sua cobardia/hubris decidiu inventar e explicou-lhe que, em anos bissextos “a Terra anda mais devagar à volta do Sol que nos outros”. Nada surpreendente é o facto desta “professora” ser também catequista em part-time na paróquia local. Para azar dela, a aula fora assistida pelo orientador do ramo de Física (logo qual) que ficou prontamente chocado em como alguém tão ignorante tenha conseguido chegado tão perto de se qualificar como professora de ciências naturais. Academia portuguesa no seu melhor, infelizmente… Escusado será dizer que o resto do estágio ficou muito mais difícil a partir dali.
    Justificar o aquecimento global com teorias ignorantes como “variações na órbita da Terra” é igualmente ridículo e, quiçá, ainda mais perigoso, considerando a ameaça existencial que este fenómeno figura para toda humanidade. É como ter o 1o andar da casa a arder e justificá-lo como a oxidação “natural” das paredes e mobília.
    O planeta andou milhões de anos a capturar carbono na sua crosta, seja pela decomposição lenta de matéria animal (petróleo) ou vegetal (carvão). Esse carbono “extra” estava sossegado nas profundezas da crosta terrestre até os humanos terem percebido que o podiam queimar como combustível em motores. A ideia que podemos simplesmente mudar todo esse carbono de lugar, tirá-lo do solo onde esteve inerte e não consequencial por milénios e metê-lo em forma gasosa (CO2) por toda a nossa atmosfera, sem consequências é infantil e o aquecimento global não é mais que a consequência desse desequilíbrio.
    É óbvio que, para a Rússia moderna, os combustíveis fósseis são o oxigénio da sua economia. É graças a estes que os russos têm conseguido enfrentar as sanções de um ocidente embrutecido e obcecado com a humilhação russa. Factos. Mas por favor não insultem a inteligência dos que ainda têm paciência e objetividade para tentar perceber a perspetiva dos dois lados. Só estão a minar a própria causa…

    • Tirou-me as palavras da boca.

      O artigo, do ponto de vista geopolítico e económico até é interessante, e os gráficos no artigo original merecem ser todos traduzidos.

      Mas para quê insistir neste negacionismo climático? É uma forma dos países produtores de petróleo se sentirem menos culpados enquanto f*dem o meio ambiente e acabam com as condições compatíveis com a vida humana?

      Tenho reparado que este negacionismo climático vem acima de tudo de gente dos EUA e da Rússia. O lobby das respectivas petrolíferas está forte para caraças…

      “Em primeiro lugar, ele abateu a teoria do aquecimento global com alguma prática de aquecimento global. Sim, o clima está aquecendo, principalmente no Ártico, mas está sempre mudando. Isso tem a ver com ciclos solares e variações na órbita da Terra. Esta parte é totalmente incontroversa – fora do Ocidente. Um pouco mais controversa é a observação de que a Terra parece estar aquecendo do núcleo para fora, e que isso parece estar acontecendo em outros planetas também”

      Neste caso admitiu que o clima está a aquecer, o que já é um passo em relação às propaganda pró-petrolífera do passado. Os factos tornaram-se I desmentíveis, e as evidências impossíveis de ignorar.

      Mas depois fala do ciclo natural de aquecimento para justificar tudo… Não pode ser. A terra tem de facto esse ciclo natural de aquecimento e arrefecimento. O Sol tem também uma actividade cíclica que joga com isto. Mas quando se analisa a grande escala (milhões de anos), as evidências (concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera) mostram que NUNCA tais concentrações tinham acontecido (desde que a composição atmosférica estabilizou e as condições para a vida se estabeleceram).

      O actual quadro é catastrófico, e é causado pelos Humanos. O que estes negacionistas estão a fazer é um crime contra a humanidade. São capatazes de um capitalismo de tal forma cega, que por uns lucrozitos no presente o no médio prazo, estão-se a caga*r para as consequências.
      Isto é inaceitável. Comparo-o ao Nazismo. Com três diferenças: os nazis só matam directamente, só na região onde dominam, e quando os Nazis são derrotados, as mortes param. Os negacionistas das alterações climáticas causadas pelo homem, matam sem ver quem estão a matar, matam em todo o planeta, e matarão ao longo de décadas/séculos devido às consequências irreversíveis do seu TERRORISMO ambiental.

      Isto é tão mau, que provavelmente nenhuma discussão sobre o assunto será produtiva. Nem sequer sobre uma problemática tão importante como a abordada: o crescimento populacional, o desenvolvimento dos povos não-Ocidentais, a sua crescente necessidade de energia, e como gerá-la sem destruir ainda mais o ambiente. A minha sugestão faz saltar da cadeira os racistas e xenófobos, os NeoColonialistas, os imperialistas ocidentais, e os umbuguistas e egoístas: os países desenvolvidos devem pagar todos os investimentos necessários em energia limpa nos países em desenvolvimento. Caso contrário, só têm legitimidade para ficar calados enquanto países pobres queimam carvão…

      Já aprendi a não pedir para censurar quem pensa diferente, por mais diferente que seja. Foi uma bela lição que a EstátuaDeSal me deu. Mas tenho uma sugestão: em casos destes, só ficava bem à EstátuaDeSal adicionar uma nota com um seu comentário. É uma sugestão de amigo, pelo bem da reputação deste blog. Pode ser?

  2. ERAM cidades prósperas, cada uma com seu próprio rei. Subitamente num único dia, foram destruídas pelo fogo, e nunca mais reconstruídas. Isto aconteceu há cerca de 3.900 anos.
    Não obstante, uma de tais cidades gêmeas de má reputação tinha um nome que até os dias de hoje é preservado em inúmeros idiomas numa palavra que indica depravação — Sodoma. A outra cidade era Gomorra.

    Os dias de hoje não deixam dúvida de esta época na qual as ações do tipo das de Sodoma não apenas aumentam em proporções alarmantes, mas ganham cada vez maior aceitação. Isto, também, pode ser uma lição de advertência para nós. As pessoas de Sodoma eram orgulhosas, bem-sucedidas materialmente e achavam que não corriam perigo de um dia de ajuste de contas. Eram insensíveis, não mostrando nenhuma consideração por ninguém.

    Estamos a caminhar diretamente para um colapso bíblico da nossa civilização. A insegurança energética significa a insegurança de tudo: aquecimento, alimentação, transportes, actividades sociais e lazer.

    Os órgãos dirigentes do tipo fórum de Davos sabem-no todos e sabem também, acima de tudo, que um povo brutalmente desmamado cria uma agitação social absolutamente incontrolável.
    Sabem também que nenhum dirigente pode ser responsabilizado pelo gado que representa por uma queda tão acentuada do nível de vida.

    Por isso, temos de nos certificar de que os dirigentes são vistos como forçados por um elemento, um acontecimento externo, uma inevitabilidade. É preciso também habituar as pessoas a consumir menos.

    Não há aquecimento global.
    Não há nenhum super malvado, super mortal covid.

    Não existe uma consciência política de que precisamos de poluir menos.

    O pico do petróleo foi atingido por volta de 2005, e os confinamentos servir apenas para nos impedir de consumir petróleo.
    Os planos de austeridade não são diferentes.

    Há anos que nos preparámos para este fim do petróleo abundante e barato.

    E aqui estamos nós.

    De acordo com as últimas notícias da EIA, temos 50 anos para nos prepararmos para o fim do petróleo e do gás.
    Se bem me lembro, eles diziam 100 e 150 anos, respetivamente ……. É verdade que o consumo está a aumentar cada vez mais na Ásia.

    Alguns pontos de referência e datas!
    Anos 60 Pico das descobertas de petróleo convencional

    Na década de 1980, consumiu-se mais petróleo convencional do que se descobriu.

    Desde 2010, em média, menos de 10% do petróleo convencional foi descoberto, apesar de a tecnologia ter evoluído.

    Penso que a AIE está a usar o CO2 como desculpa para dizer simplesmente que a exploração de petróleo está a atravessar os seus últimos dias.

    Produção de petróleo em 2020 em milhões de barris por dia.
    -Convencional=71,1
    – Óleo de xisto LTO=8,2
    -extra pesado=3
    -Gás líquido=11,6
    -agrocombustível=3,1
    -Óleo sintético à base de gás de carvão=0,9
    -Ganho de refinação=2,7

    Os combustíveis fósseis (à base de carbono) serão reservados aos super-ricos que podem pagar, enquanto o resto de nós terá de apertar o cinto em nome do credo “Icoulógico”, o das melancias – verdes por fora, vermelhas por dentro. Bill Gates e outros bilionários calamitosos continuarão a encher os seus aviões privados com parafina!

    Em todo o caso, as reservas de petróleo de boa qualidade, fáceis de extrair, não chegam a cinco anos. Depois disso, a extração torna-se cada vez mais cara e poluente. Se continuarmos a consumir ao ritmo atual, os recursos esgotar-se-ão e a poluição química generalizar-se-á. Em todo o caso, estamos a caminhar para um decrescimento que será muito difícil de evitar. É difícil dizer o que restará depois do caos, quando a poeira tiver assentado.

    Basta olhar para a velocidade a que os EUA estão a entrar em colapso.

    Correndo o risco de parecer banal, eu diria: há muito tempo que ando a dizer isto.
    Podem consultar os meus comentários neste sítio e noutros, mas há muito tempo que digo que os recursos de hidrocarbonetos de que a UE depende estão a esgotar-se rapidamente e que os últimos países que ainda os possuem estão preparados para os defender com unhas e dentes.

    E absolutamente nada na nossa sociedade pode funcionar sem petróleo.
    Há muito tempo que digo que se, ao abrirmos os olhos de manhã, tentarmos contar as coisas que nos rodeiam, no nosso ambiente imediato e nas nossas actividades diárias, que não existiriam sem o petróleo, rapidamente nos aperceberemos de que, sem o ouro negro, a maioria de nós não chegaria viva ao próximo inverno.

    O despertador toca: É de plástico (rádio-relógio ou telefone) => PETRÓLEO. e abre-se os olhos.
    -Os lençóis, na sua maioria de algodão: _ 5% do algodão mundial é produzido de forma ecológica. Todo o resto é altamente mecanizado => PETRÓLEO, e depende de grandes quantidades de factores de produção agrícola, logo, de agroquímicos => PETRÓLEO.
    -O colchão e o cobertor são provavelmente de material sintético/poliéster => PETRÓLEO
    Estica-se o braço para acender a luz. A eletricidade dentro das casas é totalmente dependente do petróleo. O isolamento de plástico colorido que isola os condutores eléctricos de cobre é ESSENCIAL.

    As cores que os diferenciam são úteis para determinar, segundo as convenções internacionais, o papel de cada condutor, mas, para além disso, se cada fio não estiver isolado com este plástico do seu vizinho (a fase do neutro ou da terra), a eletricidade não funciona. Independentemente da forma como é produzida, a eletricidade é inútil sem petróleo => PETRÓLEO
    -Senta-se na cama e põe os pés no chão, normalmente em pavimentos sintéticos (azulejos ou alcatifa) => PETRÓLEO.

    Vamos à casa de banho e usamos água, quente ou fria. Atualmente, a maior parte das canalizações são de plástico, incluindo as canalizações de águas residuais: => ÓLEO
    -A água circula pelos canos graças à eletricidade: => PETRÓLEO
    -Vestimos roupa; a maior parte dos tecidos são, ou contêm, poliésteres e a roupa interior é de algodão => PETRÓLEO
    -Vamos almoçar, e o café ou o cacau são produzidos e importados: => PETRÓLEO
    Os móveis de cozinha são muitas vezes feitos de melamina => PETRÓLEO, e muitos utensílios domésticos, processadores de alimentos e aparelhos eléctricos são feitos de, ou contêm, muitos componentes de plástico: => PETRÓLEO

    -Os sapatos têm frequentemente peças de plástico => PETRÓLEO
    -Deixamos o apartamento. O elevador só funciona com eletricidade. => PETRÓLEO
    Desce-se ao parque de estacionamento subterrâneo para ir buscar o carro: => PETRÓLEO, e não só como combustível, mas tudo no funcionamento e no interior do carro é à base de petróleo, desde a eletricidade e a eletrónica até grande parte da carroçaria, dos estofos, do painel de instrumentos, dos isolamentos e dos pneus: => PETRÓLEO, incluindo a bateria ou as baterias.
    -Chegamos à estrada: todo o asfalto das estradas é alcatrão e gravilha: => ÓLEO
    Etc. etc. etc.

    Sem petróleo, também seria impossível mantermo-nos quentes no inverno. Não vale a pena pensar em madeira para a cidade: é demasiado pesada, demasiado difícil e demasiado cara para chegar ao chão dos edifícios sem petróleo, para além de que as florestas não resistiriam.
    Sem petróleo, pessoal: SOMOS BURROS! SEM INTERNET, SEM COMPUTADORES, SEM TVS, SEM TELEFONES, SEM NADA!
    Voltamos a Gutenberg, à prensa de videira e aos tipos móveis de chumbo, ou, no melhor dos casos, a uma tipografia com cilindro e roda de pás, ou com tração animal.
    Desde que ainda haja papel.
    Todos e cada um de nós, desde o nascimento até à morte, estamos totalmente dependentes dos hidrocarbonetos, que são a droga mais dura que existe e à qual todos estamos viciados, sem qualquer possibilidade de desintoxicação.

    A única solução seria fazer regressar a sociedade ao que era no final do século XIX, e com a densidade populacional da época.

    Vamos lutar como hienas à volta das últimos poços de petróleo, simplesmente porque não temos escolha, e temos de nos perguntar como é que os nossos filhos vão gerir as piscinas de água quente que contêm as centenas de milhares de toneladas de combustível , gasto ou não.
    Como já disse muitas vezes, covid, a luta contra as “alterações climáticas” e o “efeito de estufa do CO2” não são mais do que os primeiros sinais aparentes do que está realmente a acontecer: as dificuldades crescentes de acesso às reservas remanescentes.
    A isto, disseram-me “Hidrogénio”, solar, eólica, nuclear, carvão… mas tudo isso, sem petróleo, é inútil! >O hidrogénio não existe no seu estado natural, temos de o fabricar… com eletricidade.

    De qualquer forma, tendo em conta o estado em que o planeta já se encontra, seria impensável que utilizássemos todas as reservas conhecidas existentes.
    Os continentes de plástico, e agora de máscaras; o desaparecimento da biodiversidade, a poluição das águas e dos solos; estamos já numa fase crítica.
    A única coisa que é lamentável e que realmente me entristece é que, ao “desaparecermos” da face da terra, vamos trazer connosco o desaparecimento de toda esta magnífica natureza.
    Provámos o fruto proibido da árvore do conhecimento e, por isso, vamos ser expulsos do nosso paraíso.

    Dito isto,não se trata de dizer que já não há petróleo “em termos absolutos”, mas sim que os militares já não consegue roubar petróleo dos campos existentes porque os países onde esses campos se situam já não os deixam extrair petróleo.

    “A produção total de petróleo dos principais fornecedores actuais da União Europeia deverá ser 40% a 60% inferior em 2030 do que em 2019, devido à falta de reservas suficientes para compensar o declínio da produção existente. Este risco existe mesmo se assumirmos um nível elevado de produção de petróleo de xisto nos Estados Unidos….

    Também já o digo há muito tempo: os campos habituais de onde a UE se abastece (Mar do Norte, Arábia Saudita e Argélia) estão a esgotar-se e, no que diz respeito ao exército NATO-EUA, todas as recentes campanhas militares para encontrar outros foram um fracasso retumbante.
    -O Iémen não só inverteu a situação militar provocada pelos sauditas por ordem e sob a direção da NATO, enquanto os ocidentais recuam constantemente e se esgotam no fornecimento de material militar caríssimo que acaba por ser queimado .

    A Síria está também prestes a lançar o ataque final a fim de expulsar o Ocidente e recuperar as regiões sírias mais ricas em petróleo, que o Ocidente continua a pilhar, mas não por muito mais tempo.
    Israel levou a maior tareia do século às mãos dos Palestinianos, tendo sido destruídas as suas plataformas de perfuração e os oleodutos e gasodutos que transportam esses hidrocarbonetos roubados. Uma corveta sionista com menos de 2 anos, construída na Alemanha em 2019 e equipada com todo o equipamento ocidental mais avançado em termos de radar, mísseis AA e mísseis terra-mar, foi afundada por um único míssil anti-navio disparado pelos Palestinianos em Gaza.

    Os turcos (e, portanto, a NATO) levaram uma tareia na Líbia e na Arménia.
    Por todo o lado, as armas e os exércitos ocidentais têm dificuldade em lidar com as tácticas da guerra assimétrica e a mais recente tecnologia de mísseis AA dos EUA, de Israel e da Europa foi ultrapassada por sistemas de interferência que a tornam totalmente inoperante.

    Podemos regozijar-nos com o facto de os países da resistência estarem a fazer frente aos exércitos ocidentais, mas as consequências estão à vista de todos: o Ocidente já não consegue obter o petróleo de que necessita.

    Alguns relatórios da Peak Oil não fala de escassez, mas sim da impossibilidade de os militares protegerem as plataformas de perfuração e os oleodutos e, logicamente, recomenda que as empresas petrolíferas deixem de gastar quantias astronómicas para encontrar jazidas.
    E assim, adeus escassez para nós, e isto é apenas o começo.

    Qualquer semelhança com o período entre março de 2020 e os dias de hoje é mera coincidência.

    • André, em Portugal, do muito que tenho lido, não encontro ninguém com a tua perspicácia para ler e analisar o que se está a passar em nosso redor. Mais pessoas deviam ouvir te com atenção

  3. Capitalismo=consumo crescente de matérias-primas que não são inesgotáveis=poluição.
    Tens uma camisa azul que ainda te duraria muito tempo? Em nome da moda (que o mesmo é dizer do lucro, que não pode deixar de continuar a multiplicar-se), atira a mesma para o lixo e compra uma amarela, depois uma verde, depois uma lisa, depois uma às riscas…O mesmo no respeitante ao telemóvel, ao automóvel, ao televisor… Substitui-se o carvão e o petróleo por eólicas e painéis solares para despoluir? Lá temos a passarada a fugir sem saber para onde ir das primeiras e os agricultores a queixarem-se da falta de terra de cultivo por causa da ocupação desta por parte dos segundos!
    Desfilosoficamente concluindo, receio que em tal sistema, as designadas medidas «ecológicas» não passem de simples «aspirinas». Talvez um dia destes, se porventura não for já demasiado tarde, cheguemos à conclusão da necessidade dum novo paradigma económico, tipo em que em vez de se falar em crescimento económico, se passe a falar em decrescimento dele e em vez de nos matarmos a trabalhar para, em nome da moda, mudar constantemente de camisa, de telemóvel, de automóvel, de televisor e passarmos o tempo num qualquer centro comercial, possamos ir para o campo ouvir o chilrear da passarada ou contemplar a ondulação duma seara de trigo!

  4. «A União Europeia (UE) e o Reino Unido têm vindo a exportar centenas de toneladas de um fungicida proibido para países em desenvolvimento.

    A conclusão resultou de uma investigação do Unearthed, o projeto de jornalismo da organização não-governamental (ONG) ambiental Greenpeace no Reino Unido, e do Public Eye, uma ONG suíça.

    O clorotalonil é um produto químico perigoso que foi proibido na UE há três anos, por poluir as águas subterrâneas e provocar cancro.

    A Costa Rica é um dos destinos das exportações europeias deste pesticida, que poluiu fortemente a água nas suas aldeias. A população está, então, a ter de usar camiões para transportar água potável até si.

    O clorotalonil é um produto químico perigoso que foi proibido na UE em 2020 devido ao seu potencial para poluir as águas subterrâneas e causar cancro.

    A Alemanha, a Itália e o Reino Unido são alguns dos países que ainda enviam centenas de toneladas de pesticidas à base de clorotalonil para os países mais pobres» -Euronews

  5. O essencial é compreender quão importante é para a conservação do planeta esta luta contínua pelo aumento do consumo, vulgo, ‘justas lutas’.
    Quer dizer, a coisa fica um bocado difícil de entender, mas deve seguramente haver quem saiba explicar e, com alguma perspicácia, se venha entender exactamente ao que vêm.
    Quanto à Rússia a proposta é segura: querem vender gás e petróleo.

  6. Estranhíssimo como é que terras onde o céu fica côr de laranja, florestas antigas desaparecem, túneis de metro inundam, furacões ameaçam destruir cidades inteiras, e enormes rios deixam de ter água para a população acreditam nestas coisas. Sempre foi assim, a este ritmo, ninguém olhe para a factura a disparar, ou para o ritmo de extinções que não sabemos como vamos pagar.
    Mesmo que não fosse verdade, a solução da brilhante mente para a escassez, colmatada com processos extremamente poluentes, é… que nada se faça face ao contínuo crescimento da procura, porque todos temos direito a andar com toneladas de um lado para o outro, com as outras consequências de desenhar as cidades à volta de estacionamento e trânsito.
    Numa coisa acerta, o que está a ser feito é pouco mais que zero, a ver se vai lá com vibes a incentivar o capital e, especialmente, sem mudar o cariz predador e oligárquico do sistema. Mas a Rússia não pode propriamente dar lições nesse aspecto.

  7. Milagre! Milagre! Quem é que disse que a alquimia era treta? Os “mercenários do grupo Wagner” passaram, de um minuto para o outro, a “homens do grupo Wagner” ou simplesmente “o Wagner” ou “a Wagner”! Caiu a denominação pejorativa “mercenários”. Um autêntico milagre de alquimia instantânea! Demos graças ao Senhor! Ou à Senhora, tanto faz. Também pode ser ao menino ou à menina.

  8. ALGUÉM EM 22 DE MAIO DE 2023 ELOGIAVA A ESTÁTUA NESTES TERMOS :
    :
    “Bem haja a quem informa para além da propaganda da NATO”.

    E É VERDADE ! Os fiéis seguidores dos “grandes estrategas” majores-generais, que são tão bem acolhidos aqui, fazendo a sua propaganda a favor da invasão da Ucrânia, contra “a Europa, o Ocidente, a NATO e os EUA”, os Camachos, que lhes bebem as teorias, sobre os ZÉS NAZIS ucranianos”, e “A FAVOR DA PAZ, ONDE ESTÃO HOJE ? O que significa para “eles” a Ucrânia ser trucidada sem luta, e sem ajuda externa, pelo rôlo compressor do filho da Putin ?

    ENTÃ AGORA onde estão “a Europa, o Ocidente, a NATO e os EUA”, no presente conflito interno “na Mãe Rússia” que pôs a nú, as dissenções, o divisionismo, a guerrilha surda da tralha político-militar ?

    E ONDE ESTÃO os “majores-generais”, os Camachos, e os teóricos que por aqui pululam ?

    UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR, se avizinha, ou interpretações fantasiosas para justificarem O FRACASSO,de uma invasão selvagem, a destruição de um país, os milhares de mortos e estropiados dos dois lados da fronteira, as crianças, as famílias, homens, mulheres, idosos COMO NÓS, em fuga para países de acolhimento, sujeitos à discriminação, à xenofobia, à indignidade e à exploração por parte de gentalha, como sabemos quem são em Portugal…

    EM NOME DE QUE “PROJECTO POLÍTICO” ? O projecto político expansionista, como o do Hitler ? Depois da Ucrânia a Europa ?

    Perante os graves acontecimentos da sublevação na Rússia, que a breve trecho, poderá levar a uma guerra civil e fratricida, que, MAIS UMA VEZ, SERÁ O MARTIRIZADO POVO RUSSO a pagar a factura, como já pagou com os milhares soldados que não voltaram a casa !

    São os milhares de famílias RUSSAS que os perderam, que sabem de ciência certa, QUE NÃO QUEREM ESTA GUERRA…

    E NÃO ! NÃO TENHO ILUSÕES ! Com ou sem Putin, a invasão e destruição do que resta da Ucrânia, vai continuar…para a consecução da Paz…segundo os “teóricos estrategas”. E é por isso que NÓS, EUROPA, também não podemos prescindir da ajuda militar externa, sem a qual, como em 1939-45, estivemos em risco de sossobrar.

    Mas que silêncio sepulcral.que há por aqui…

      • Não, ó Camacho xiquesperto ! Mas obrigado por me chamares a atenção para o teu post…

        Fizeste com que reparasse que as tuas “preocupações” são de ordem …semântica ! Se “os mercenários” deixaram de ser assim chamados…e por isso deixaram de ser…mercenários !!!! MAS QUE ASSUNTO SUMAMENTE IMPORTANTE, ó Camacho ! Vê-se-se bem o conteúdo com que enches o vazio do teu pequeno cérebro…

    • O único silêncio que noto é sobre o país que mais bombas lança, mais autoritários apoia, mais lucra com a guerra, e que ainda arranja tempo para que a crítica ao sistema, principalmente a Israel, passe na censura e venha a ser crime.
      Quem acha que Putin defende alguma coisa é quem menos me preocupa; se fosse caso, até estavam todos preparados para lavar o Prigozhin, desde que levem a deles avante.

  9. Oh! Piralta, «idosos como nós»? Quanto a ti não sei, mas quanto a mim ainda me sinto bastante «ativo», vê lá como falas! 🥸

  10. E é um exercício difícil, as análises no calor do momento.
    Depois de Wagner+Bielorrússia, isso levantaria possíveis perspectivas como: é a forma mais fácil de chegar a Kiev, ou de chegar às tranquilas “bases de retaguarda” na Polónia. Poderá este putsch abortado ser uma velha partida que tresanda a hansomware?

    Quanto às teorias, posso pensar em 3:
    – A operação de desinformação maciça por parte do Estado russo para fazer sair os lobos da floresta (agentes duplos, exército ucraniano) para efetuar purgas e, possivelmente, empurrar o exército ucraniano para a frente (teoria defendida por Aberkane). Esta é também a minha teoria .
    – Operação de Putch de Prigozhin para negociar as coisas em seu próprio benefício (guerra pessoal para o Estado-Maior russo)

    – A CIA organizou uma operação submarina para desestabilizar a Rússia, mas, neste caso, penso que o golpe teria dado mais confusão do que deu, porque teria havido recursos de apoio que permitiriam uma chegada mais estrondosa a Moscovo do que uma simples inversão de marcha.

    É por isso que estou a pensar mais na primeira teoria do que nas 2 seguintes. Além disso, o grupo Wagner só dispunha de 25 mil homens, enquanto o exército russo dispunha de muitas reservas + os efectivos do FSB + as forças de Khadirov que chegaram a Rostov e que também estavam baseadas em Moscovo + o equipamento do exército, de que Wagner não dispunha.

    O que se passa é que Prigozhine, quando estava em Bakhmut, disse: ” fiquei sem munições” e, nos dias seguintes, os ukranianos aceitaram o facto com naturalidade.
    Era uma mensagem para os ukranianos para colocarem mais e mais soldados .

    Por isso, desconfiei muito deste golpe de Estado em que não houve praticamente violência e em que todos pareciam estar a falar uns com os outros de forma amigável. Veremos nos próximos dias.

    De momento, inclino-me para um golpe completo dos russos para fazer as pessoas verem a luz ao fundo do túnel, e pode dizer-se que está a funcionar muito bem.

    Salvo erro, quando Putin fala, não se refere ao grupo Wagner, mas sim aos traidores ou inimigos da pátria. O pormenor é importante.
    Não há muita oposição anti-Putin, e a oposição que existe pensa que Putin não está a cravar os calcanhares o suficiente na NATO.

    Rezem todos os dias para que nada aconteça a Putin, peço-vos que o façam, porque se ele fosse substituído, estaríamos acabados,mesmo não gostando do Putin.

    Outra hipótese. Putin tem de fazer sair os espiões e os traidores da toca. Prigogine odeia Choigou e Gueratsimov. Putin não mencionou o nome de Prigogin no seu discurso. E imediatamente amnistiou Wagner. Não há morte, não há guerra civil… Em suma, é uma operação psicológica…

    Putin está longe de ser o único decisor que imaginamos, e está a fazer um exercício de equilíbrio entre os de sangue quente (o que não é invulgar na Rússia) e os outros: um exército e economistas estrategas.
    É claro que as pessoas apreciam o ritmo lento, para poupar o maior número possível de civis de ambos os lados, mas querem que o conflito acabe em grande, não para conquistar a paz, mas para garantir a sua segurança. Os russos sentem-se ameaçados, mas estarão enganados? Isso é outro assunto.
    Muitas pessoas aqui têm dificuldade em compreender a cultura russa, especialmente porque muitas vezes aqueles a quem é dada a palavra não são a oposição, mas os odiadores ou os frustrados.

    Putin também tem o apoio da população. A maioria dos Russos estão 200% com Putin desde sempre.
    Não se esqueçam que os russos estão mais ou menos com Putin, quer achem que é bom ou mau.
    Confiar numa força militar era uma idiotice dos russos, mas chegaria um momento em que outra força militar estaria a lutar em África contra as AK e contra a Ucrânia, que era o 10º maior exército do mundo, e o 20º maior, tendo em conta que as armas estão a ser utilizadas, não é a mesma coisa.
    Para aqueles que querem entender as histórias geopolíticas , entendi muitas coisas e a coerência é especialmente sem preconceitos, mas apenas com factos.

    É verdade que se trata de uma notícia estranha… Se as autoridades russas estavam realmente tão preocupadas com a situação, porque é que houve tão poucos tiros de pombos na estrada para Moscovo? Continua a ser uma questão teórica, mas no caso de se tratar apenas de uma telenovela (que começou no primeiro trimestre deste ano, durante a batalha de Bachkmut, com a falta de munições) e se olharmos para o resultado: alguns tiroteios fratricidas entre o exército russo e o PMC Wagner, mas mais episódicos do que qualquer outra coisa, depois uma oferta de asilo do PMC aos bielorrussos para algumas dezenas de milhares de mercenários. Não se tratará de enviar uma nova força de invasão russa cuja missão será atacar a partir da Bielorrússia, adormecendo a vigilância dos ucranianos, que se concentrarão nas frentes oriental e meridional para aproveitar as fraquezas do exército russo?
    A notícia a que estamos a assistir não será um vasto fogo de artifício para provocar grandes movimentos de tropas que, em última análise, são bastante imprevisíveis para os ucranianos (na medida em que absolutamente ninguém compreende esta notícia)?

    Penso que foi tudo encenado, com muito bluff: O OBJECTIVO …dar credibilidade e publicidade. a Wagner( que acaba de ser classificada como org. terrorista)….Hence o decreto para os integrar no exército…O que não convém à Rússia, que quer valorizar as suas milícias.
    Em conclusão: a RÚSSIA, através de Wagner, acaba de marcar pontos e recompensar o seu Wagner pelo trabalho efectuado no BAKHMOUT….
    (( Não houve golpe de Estado +++ )

  11. Isto há gente muito desconfiada. A Ucrânia estava a juntar um dos maiores e mais bem armados exércitos do mundo para dançar o kumbaya com aquela malta que, esteve anos, a bombardear e da, qual queimou vivos algumas dezenas deles. Não iam varrer aquela gente toda e a seguir tentar so parar em Moscovo. As armas nucleares que eles queriam ter prontas a usar em Junho de 2022 tambem seriam só para enfeitar. Não eram para destruir nada na Rússia, para nos permitir pilhar a vontade.
    Os dirigentes soviéticos da década de 90 e que foram inteligentes. Acreditaram na nossa boa vontade, se tivermos o mesmo regime deles, deixaremos de ser sancionados, poderemos vender os nossos recursos no mercado e a vida do povo pode ser melhor. O resultado foi o melhor possível, três milhões de mortos pela fome nos anos Yeltsyn, emigração em massa, cirurgiões transformados em serventes de pedreiro.
    Os dirigentes soviéticos não podiam perceber o nosso racismo e não aprenderam as lições da história. Não aprenderam que o Ocidente nunca negociou com verdade com ninguém. Desde os tempos em que trocava ouro e escravos por panos baratos e contas de vidro. Negociar com lisura nunca foi a nossa praia,nen nunca será. Viveremos sempre da pilhagem criando nas populações a visão esquizofrenia de que os pilhados somos nós. Para que é que a Rússia ia querer a Europa? Para ter de nos dar as matérias primas de graça por fazermos todos parte do império?
    Mas por cá continuaremos sempre a sonhar com a pilhagem do gigantesco território da Rússia, aproveitando o facto de, a, capital do país ficar demasiado perto dos nossos territórios. O sonho pode acabar bem ou ainda pior do que acabou para Napoleão e Hitler. O que me preocupa é para onde é que estes sociopatas que nos governam se vão voltar quando não houver mais nada para pilhar.

    • O Whaleproject , (projecto baleia ?) é muito engraçado… e diz, alegremente:

      “Os dirigentes soviéticos não podiam perceber o nosso racismo e não aprenderam as lições da história. Não aprenderam que o Ocidente nunca negociou com verdade com ninguém. Desde os tempos em que trocava ouro e escravos por panos baratos e contas de vidro. Negociar com lisura nunca foi a nossa praia,nen nunca será. Viveremos sempre da pilhagem criando nas populações a visão esquizofrenia de que os pilhados somos nós. Para que é que a Rússia ia querer a Europa? Para ter de nos dar as matérias primas de graça por fazermos todos parte do império?
      Mas por cá continuaremos sempre a sonhar com a pilhagem do gigantesco território da Rússia, aproveitando o facto de, a, capital do país ficar demasiado perto dos nossos territórios. O sonho pode acabar bem ou ainda pior do que acabou para Napoleão e Hitler”

      E mostra a sua legítima procupação : O que “O” preocupa é para onde é que estes sociopatas que nos governam se vão voltar quando não houver mais nada para pilhar.

      Sem dúvida, NÓS, OS “POVOS CIVILIZADOS”,o Ocidente, a Península Ibérica, há 500 anos, promovia o esclavagismo, no tempo em que se “trocava ouro por panos baratos”, se assassinavam Povos autóctones, se violavam as suas mulheres, se roubavam as riquezas desses Povos, se lhes transmitiam doenças que até então desconheciam, se lhes destruíam as suas crenças, as suas tradições e os seus deuses…

      E faz este relambório, para comparar o que é incomparável : A PILHAGEM, no caso em apreço, foi feita por uma potência invasora, a um país vizinho, até então pacífico…

      PARA QUE É QUE A RÚSSIA IA QUERER A EUROPA ? Para a pilhar, tomar posse, destruir, escravizar como o Hitler tentou fazer… Tanta “investigação histórica” tão improfíqua, tão improdutiva, APENAS para tentar vender aos chicoespertos e incautos, a sua banha da cobra !

      Esqueceu o “investigador” que “os três milhões de mortos pela fome nos anos Yeltsyn, emigração em massa, cirurgiões transformados em serventes de pedreiro”, já tinham sido antecedidos por uma oligarquia imperial, substituída pela Revolução de Outubro, que longe de libertar o seu Povo da escravidão em que já vivia, o aprisionou em gulags e campos de “re-educação” e trabalho escravo, operários e camponeses, iludidos enganados e assassinados, a “inteligêntzia” que não conseguiu fugir para o…OCIDENTE,teve igual sorte. Escritores, intelectuais, músicos prestigiosos, bailarinos do Bolshoi, etc., etc

      E depois, as vergonhosas invasões da Polónia, da Hungria, da Checoeslováquia, pelas tropas do Pacto de Varsóvia.. E o que, afinal queriam os Povos desses países invadidos ? Um pouco da LIBERDADE que, mal ou bem, se vivia no…OCIDENTE, tal como anos depois, a Alemanha “democrática”, largos anos a ver A LIBERDADE da “outra” Alemanha mas… a olhar por cima de um “muro”…

      “NEGOCIAR COM LISURA” diz ele sem se rir… Aliás, é o que estão a fazer o Putin e os seus generalecos, o Prizozhin e os seus mercenários, tudo gente de boa catadura…A NEGOCIAR COM LISURA, para verem quem fica com os despojos…

      .

  12. Que o aquecimento global é um facto, parece não haver dúvidas. Que o crescente aumento do consumo de combustíveis fósseis (sem esquecer os flatos vacuns) desempenha nele um enorme papel, idem. Que a subida do nível dos oceanos provavelmente daí resultante provocará gigantescos problemas futuros, com a deslocalização e realojamento maciço de milhões de pessoas obrigadas a abandonar zonas ribeirinhas que ficarão debaixo de água, aspas. Mas o que fazer? Talvez alguma coisa, mas será sempre pouco, muito pouco, quase nada em termos de resultados práticos. E agora vamos ao elefante na sala:

    — Calcula-se que o Homo sapiens sapiens tenha surgido no planeta Terra há aproximadamente 200 a 350 mil anos.
    — No ano da graça de 1600 havia 515 milhões de Sapiens, ou seja, demorámos 200 a 350 mil anos a chegar às 515 milhões de alminhas.
    — Em 1900 (300 anos depois) já éramos 1591 milhões, ou seja, em apenas 400 anos triplicámos o número que demorámos 200 a 350 mil anos a atingir.
    — Em 2000 atingimos 6008 milhões, ou seja, quadruplicámos em apenas 100 anos, mas note-se que passámos a ser 11,6 vezes mais do que 400 anos antes.
    — No dia 15 de Novembro do ano passado chegámos aos 8000 milhões certos (mais 1992 milhões do que 22 anos antes), ou seja, em apenas 22 anos acrescentámos à população da Terra 3,8 vezes o número que o Sapiens demorou 200 a 350 mil anos a atingir desde que surgiu pela primeira vez neste abençoado (?) planeta.
    — À data de hoje, já adicionámos 40,8 milhões a esses oito mil milhões de há pouco mais de sete meses. Ou seja, em sete meses, parimos quatro populações de Portugal inteirinhas e 15,6 vezes a população mundial inteirinha de há 400 anos.

    Ora toda esta gente precisa de comer e de se vestir (e também de respirar, se não for pedir muito). E como a maior parte não é nem está em vias de se tornar vegan, tentará comer, tantas vezes quantas as que o orçamento doméstico permitir, o seu suculento bife de vaca ou vitela (diga o que disser a Isabel Xoné… perdão, Jonet), ou no mínimo, vá lá, um franguinho. E nada nem ninguém conseguirá impedir a população exponencialmente crescente de vacas e vitelos de se peidar para a atmosfera (pardon my French), agravando o efeito de estufa e o aquecimento global, para alimentar a população exponencialmente crescente de Homo sapiens sapiens, ávida de proteína animal. Portantes, caríssimos e caríssimas, habituai-vos e evitai comprar casa à beira-mar. Pelo que me toca, para garantir o resto da reforma perto da praia, vou já amanhã procurar um casebre qualquer na serra da Estrela.

    Pois é, o aquecimento global parece ser um facto, sejam quais forem as causas. A subida do nível dos mares idem. Mas será provavelmente um bocadinho de arrogância (talvez um bocadão) o Homo sapiens sapiens querer ter alguma palavra significativa a dizer sobre isso, quando o mesmo Sapiens, na parte da ciência que sistematizou e a que chama paleontologia, descobre, estuda e classifica seres vivos cujo habitat eram os fundos marinhos em locais hoje tão longe da beira-mar como a serra da Estrela ou o Evereste. É verdade que o que fazemos ou deixamos de fazer influencia, positiva ou negativamente, o que nos rodeia, mas, no que respeita a planeta A ou planeta B, a realidade é que qualquer deles se está a c*gar para nós, pelo que um pouco de modéstia não nos ficaria mal.

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