Os tanques para a Ucrânia

(In Foicebook, 22/01/2023, revisão Estátua de Sal)

O clã de Kiev quer mais armas, mísseis, tanques… para derrotar a Rússia. Derrotar a Rússia? Quantos tanques precisa? O embaixador de Kiev no Reino Unido, Vadym Prystaiko, falou em “centenas” de tanques, mas quando foi à Sky News aumentou para “milhares”.


Face aos insistentes apelos vindos de Kiev para que lhes sejam fornecidos mais veículos blindados, tanques ocidentais, lançadores de mísseis, etc. A pergunta óbvia que ninguém faz na TV, é simples: Então o que fizeram a tudo o que lhes tem sido fornecido? Bem, os outros veículos, tanques, aviação, equipamentos “revolucionários” já foram destruídos, avariados ou “exportados”…

 Perante o frenesim ucraniano, o porta-voz russo, Dmitry Peskov, disse simplesmente: “Esses tanques arderão como o resto. Os objetivos da operação especial serão alcançados.”

Na NATO para além do palavrório de “apoio total à Ucrânia”, isto é à guerra que a NATO provocou e não teve (ainda) coragem de declarar, os países estão muito reticentes. Na melhor das hipóteses, pode receber cerca de 200  (provavelmente não mais que 100) tanques obsoletos variados e veículos blindados de vários países ocidentais e, provavelmente, apenas dentro de alguns meses. Juntamente com 90 tanques T-72 soviéticos reformados, dos checos, as novas entregas serão suficientes apenas para equipar uma brigada blindada com seus batalhões de infantaria mecanizados anexados.

O RU propõe-se fornecer à Ucrânia 14 Challenger 2. Afinal eles custam atualmente 8 milhões de libras cada e há apenas 227 no muito subfinanciado exército britânico – ou seja, 112 milhões de libras ficam em risco de desaparecer sob os mísseis russos… A insistência no blindado alemão Leopard 2 é que se trata de um tanque pesado que tem sido considerado superior ao M1 Abrams dos EUA (grande consumo de combustível, complexa manutenção e muito pesado) e ao do RU (a ser substituído pela versão 3).

Os Bradley (EUA) e Marder (alemães) são tanques ligeiros ou médios, muito mais vulneráveis. Ambos são cerca de um terço mais altos e metade mais pesados novamente do que a série de veículos equivalente russa, a  BMP. Em termos de armadura, o Bradley só é totalmente protegido contra metralhadoras pesadas russas de 14,5 mm e o Marder contra canhões automáticos de 20 mm e 25 mm. Os BMP russos e os mais novos BTRs de rodas carregam um canhão de 30 mm, mas mais importante, mísseis guiados antitanque (ATGMs), ambos bastante capazes de destruir qualquer outro veículo blindado de infantaria em serviço.

Note-se, no entanto, que nenhum tanque é indestrutível. O Daesh dizimou cerca de 10 Leopard 2 do exército turco quando Ancara enviou tropas para o norte da Síria há quatro anos e destruiu ou capturou cerca de 100 M1 Abrams do exército iraquiano durante sua súbita apreensão do norte do Iraque em 2014. Porém, certamente que não seriam as mais avançadas versões daqueles blindados.

Este envio de armamento para a Ucrânia está – como tem sido dito por analistas favoráveis à Rússia, ou simplesmente por analistas melhor informados e lógicos -, a desmilitarizar a NATO.

Assim, mesmo com a “taxa de aumento” da produção acelerada, levará cinco anos para os EUA reabastecerem os seus stocks de projéteis de artilharia de 155 mm depois de enviarem mais de 1 milhão para o regime de Maidan. A substituição dos 38 lançadores HIMARS enviados levará de dois anos e meio a três anos, enquanto para os mísseis antitanque Javelin e os SAM Stinger, o prazo pode ser de oito e de 18 anos, respetivamente.

Pondo um pouco de calma na propaganda de gente que pouca ideia terá do que diz, notemos que enviar tanques para a Ucrânia não é tão simples quanto isso. É preciso treinar tripulações para operar a complexidade destas armas mais modernas (mesmo que parte delas sejam “mercenários” da NATO), fornecer munições suficientes, mecânicos e peças de reserva para repará-los. Depois há o transporte até à Polónia e seguir para a frente, a mais de 1000 quilómetros de distância, percurso durante o qual, sem cobertura aérea, são alvos fáceis.

Tudo isto leva tempo, custa dinheiro e tem grandes riscos como se vê. Além disso, é necessária capacidade industrial para permitir operacionalidade estratégica durante o tempo necessário… para tomar a Crimeia – objetivo de Kiev que a NATO não contraria. Porém, note-se que uma ação ofensiva estratégica com tanques – ou seja, levar um exército à derrota –, é das ações militares mais complexas. Envolve a preparação do terreno pela engenharia e unidades anti minas, apoio aéreo, artilharia fixa e móvel de longa distância, infantaria blindada com todos os tipos de armas, diversos tipos de tanques pesados e ligeiros, cada formação com posicionamento e tarefas bem definidas e uma complexa coordenação geral de tudo isto. A Rússia sofreu perdas relativamente significativas de blindados no início da guerra, atacados pelos javelin, por ter negligenciado alguns destes aspetos.

Ao desencadearem-se os confrontos é decisiva a capacidade de decisão e disciplina de cada uma das unidades, o que só é obtido com intenso treino e competência ao nível dos escalões hierárquicos inferiores. Mas não é tudo, há necessidade de total capacidade e eficácia nos abastecimentos, serviços médicos, técnicos de manutenção e reparações mesmo sob fogo, etc.

Perante tudo isto: uma pergunta mais: afinal o que pretende a NATO? E como?

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3 pensamentos sobre “Os tanques para a Ucrânia

  1. A dada altura, é preciso fazer as perguntas certas: Até que ponto vamos escalar? O que aconteceria se entregassem tanques pesados aos ucranianos e eles ainda não chegassem a tempo? Qual seria o próximo passo? Washington enviou um sinal claro: Os americanos não querem que o conflito saia fora de controlo, não estão a enviar tanques pesados. A Alemanha tinha advertido que se os EUA não enviassem tanques, “nós também não o faríamos”.

    Apenas a Grã-Bretanha (a França está a enviar tanques mais leves) decidiu enviar tanques pesados, mas desde o início tem vindo a atirar gasolina para o fogo em acordo com os países Bálticos, Polónia, República Checa, Eslováquia, Dinamarca e Suécia. A escalada não pode continuar, caso contrário a situação ficará fora de controlo e o conflito alastrará. É de notar que Volodymyr Zelensky teve o cuidado de não criticar a decisão americana.

    Mais armas pesadas significará mais mortes, menos soluções negociadas, e o envolvimento directo de uma europa numa guerra contra a Rússia.
    Qualquer que seja o resultado, os danos estratégicos e relacionais serão consideráveis. Os generais que se babam por uma guerra que vêem milhares de jovens morrer.

    Não é com alguns tanques e outros mísseis modernos que vai mudar , na pior das hipóteses, os russos vão usar armas nucleares tácticas e os EUA e a NATO vão cair…porque eu ficaria surpreendido se eles quisessem ir tão longe como um confronto nuclear…Porque os russos têm um arsenal nuclear que pode tornar a vida na nossa terra tão agradável como em Plutão…
    Então, partindo desta observação, porque não contornar a mesa de negociações?
    Zelenski recusa-se a fazê-lo, e todos conhecemos “o país que fala ao ouvido de Zelenski”…
    Por outro lado, a Rússia não é o Iraque nem a Líbia.
    Para o “ir para a guerra”, não imaginem que vai acontecer como para os dois últimos países acima mencionados…
    Em qualquer caso, os EUA estão na cave, basta olhar para a sua dívida, 121% do PIB, cidades que não têm água potável, etc…
    O dia em que o dólar deixará de ser uma moeda de transação, bem, há uma boa hipótese de os EUA estarem a caminho de se tornarem pobres, tal como nós…

    A questão é: “São a favor da guerra com milhares de mortos”.
    Como podemos ser tão monstruosos na promoção de assassinatos em massa quando podíamos parar esta guerra?

    É difícil quebrar o círculo vicioso da escalada da guerra quando dois adversários não querem perder.
    Enquanto nenhum dos lados der um passo atrás, esta guerra vai continuar. As comparações com guerras passadas são completamente absurdas. Esta guerra entre potências que possuem armas atómicas é realmente a primeira vez, desde o início da humanidade, que isto aconteceu.
    A extinção de toda a vida na terra paira sobre nós.

    A única altura em que uma comparação lógica pode ser feita com um dos eventos de uma guerra mundial
    foi a utilização de armas nucleares
    sobre o Japão em 1945. O Japão não queria render-se, os japoneses eram muito patrióticos com um tipo de sectarismo que diz que é melhor morrer do que render-se.
    Por outro lado, os americanos, que não podiam perder e não queriam perder grandes números de crianças americanas, utilizaram duas vezes armas nucleares, em Nagazaki e Hiroshima.

    Para o conflito russo-ucraniano é o mesmo problema, ambos os lados querem ganhar esta guerra, ninguém quer comprometer-se,e uma crise económica muito grave e possivelmente o caos afectará toda a Europa.

    Há uma regra de não agressão e tudo é feito para contornar a regra para atingir o objectivo. Assim, para além do Estado, até os media ensinam as pessoas a serem desonestas. Se apenas a regra fosse claramente enunciada, os países fornecedores de armas já não são neutros. Se ao menos eles dissessem a verdade. Há soldados europeus,mercenários que vão para a guerra na Ucrânia. Ficaria curioso em ver quantos europeus perderam as suas vidas na Ucrânia até agora. De facto, a França e Alemanha impulsionou e participou no conflito ao apoiar o golpe de Kiev, sabotando os acordos de Minsk, manipulando os meios de comunicação social e participando directa ou indirectamente no conflito. Porquê? Em tempos de crise, os recursos da Ucrânia, e depois da Rússia. Encontrar uma solução para a dívida através do roubo. Reduzir o poder do povo a fim de estabelecer o poder das autoridades. Atrasar o desenvolvimento dos países emergentes para estabelecer autoridade. Diminuir a população mundial…

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