Oito mísseis de cruzeiro ar-terra, com ogivas nucleares, são carregados num bombardeiro B-52, durante o exercício Prairie Vigilance 22, levado a cabo Comando Estratégico dos EUA e que terminou no Dakota do Norte a 23 de Setembro de 2022
Nas mentes de seres alienados por pulsões sociopatas entranhou-se já a ideia de que o uso de bombas nucleares é admissível e terá consequências limitadas e controláveis. O princípio do fim.
Volta, Mc Arthur! Eu quero perdoar-te ! Toda a minha vida te desprezei, eras o Comandante-Chefe das forças USA no Pacífico, na ll Guerra Mundial ( o Japão é o único país do Mundo a quem os UStA declararam guerra), e durante quatro anos lá combateste, sem chegar à vitória. Esta só chegou com duas bombas atómicas.
De seguida vem a Guerra da Coreia e lá vais tu, o herói, o guerreiro-mor. Chegas, sempre chegaste, ao impasse ! Foste a Washington pedir ao presidente Truman para usares doze, doze bombas atómicas, contra a Coreia e a China !!!
Os teus netos também querem usar bombas atómicas, os imbecis, não têm desculpa !
A tua desculpa eram os oito anos a combater, as centenas de milhar de mortos que sofreste, o futuro que te aparecia negro e miserável. Tinhas medo!
Os teus netos desconhecem tudo, engolem todas as patranhas .
Temos que meter mãos à obra !
Os pecados do soberano são os pecados do soberano, caraças, e tudo isto não passará, porventura, de uma inofensiva variante do “Direito de Pernada”, nada de mais. Bora chamar-lhe “Direito de Canalização Rebentada”? Pois é, criadagem fina é outra coisa! Oh yeah!
Ainda a propósito dos Kamov portugueses, os únicos que não funcionam, entre centenas com óptimas provas dadas no mundo inteiro, ver esta reportagem de ontem na TVI, em que pilotos portugueses que os operaram os classificam como “uma máquina”, com capacidades que poucos têm no combate a fogos florestais. Agora que Herr Zelensky von Pandora Papers und Vogue lhes vai chamar um figo, enquanto se agarra à barriga de tanto rir dos totós da Tugalândia que lhos ofertaram, já podemos encher a mula a um fabricante de outra marca qualquer, de preferência americana, para preencher a lacuna por eles deixada. Imagino a abundante salivação que encharca as camisas de alguns felizardos/as, na antevisão das gordas comissões associadas ao feliz evento.
Normalmente não comento os artigos de José Goulão. Na minha cabeça limito-me a assinar por baixo. O autor no entanto refere-se neste texto à possibilidade cada vez mais provável de um conflito global, a Terceira Guerra Mundial. Eu ando a dizer há alguns anos (na verdade desde que a Rússia entrou na guerra da Síria, mas sabendo desde muito antes, desde a queda do Muro de Berlim, que ela era bastante previsível e poderei explicar porquê noutra ocasião) e em vários locais da Internet que ela é inevitável porque a História se repete invariavelmente quando um conjunto de circunstâncias idênticas se repetem.
O que motivou as duas guerras mundiais do século passado irá desencadear a terceira, que será muito provavelmente a última. E, havendo uma guerra entre potências nucleares, é impossível que em algum momento as ogivas do Juízo Final não sejam utilizadas. Nem que seja como o derradeiro golpe de que estiver à beira da derrota. E não pensem que ter razão neste caso me dá alguma satisfação.
Acho que não vale a pena perder muito tempo a desenvolver agora este tema, dado que já o fiz aqui mais de uma vez e não gosto muito de me repetir. Quem entendeu, entendeu. E deresto em breve este artigo sairá da primeira página do blog e cairá no esquecimento.
Mas o autor diz, a finalizar:
“Não sabemos o que aí vem, quando e como vem. Entretanto uns continuam alegremente consumindo intrujices da propaganda e pílulas de estupidificação; outros nem querem saber, ainda que tenham umas luzes da gravidade da situação. Mas quem não desiste de lutar pela paz e pela sobrevivência da humanidade, que lute”.
Então, com dedicatória especial àqueles que “não querem saber apesar de terem umas luzes”, gostaria de deixar aqui um excerto de um texto escrito por um especialista que poderá acrescentar algum esclarecimento sobre o que será de facto uma guerra nuclear. Muito embora ele esteja centrado no território americano é perfeitamente válido para a Europa também. Acho que não terei problemas com direitos de autor. O texto integral em Inglês poderá ser lido no Blog do Saker: http://thesaker.is/on-going-seriously-boom/
“como seria essa guerra? Vamos adivinhar.
A América é frágil. Não percebemos isso porque ela funciona sem problemas e porque quando ocorre uma catástrofe local – terremoto, furacão, tornado – o resto do país intervém para remediar as coisas. O país pode lidar com catástrofes normais e regionais. Mas a guerra nuclear não é normal nem regional. Muito poucas ogivas serviriam para destruir os Estados Unidos além da recuperação por décadas. Isso deve ficar claro para quem realmente pensa sobre isso.
A defesa é impossível. As defesas antimísseis não têm sentido, exceto como funis de dinheiro para a indústria de armas. Este não é o lugar para entrar em chamarizes, hipersônicos, Poseidon, manobrar veículos planadores, estacionar bastiões, MIRV, apenas velhos e chatos mísseis de cruzeiro e assim por diante. As cidades costeiras são alvos particularmente fáceis, sendo vulneráveis a mísseis vindos do mar lançados por submarinos. Washington, Nova York, Boston, San Diego, Los Angeles, São Francisco, Seattle, para começar, tudo se foi.
Um país moderno é um sistema de sistemas de sistemas, interdependentes e interconectados – água, eletricidade, manufatura, energia, telecomunicações, transportes, dutos e cadeias de suprimentos complexas. Estes são interconectados, interdependentes e dependem de um grande número de pessoas treinadas que aparecem para trabalhar. As ogivas modernas não são os “popguns” de Hiroshima. Falar em reparação logo após o bombardeamento nuclear de uma rede de comunidades urbanas é tolice, porque as cidades teriam muitas centenas de milhares de mortos, casas destruídas, incêndios maciços, pessoas horrivelmente queimadas sem esperança de assistência médica e, em geral, populações muito focadas em permanecer vivas para se preocuparem com abstrações tais como cadeias de suprimentos.
A eliminação dos transportes pode causar mais mortes do que as bombas. Cidades, subúrbios e vilas não podem alimentar-se. Elas dependem de um fluxo constante e pesado de alimentos cultivados em regiões remotas. Esses alimentos são enviados por comboios ou camiões para centros de distribuição, como Chicago, de onde são despachados para cidades como Nova York. A megatonelada pesada em Chicago interromperia as linhas ferroviárias e as empresas de transporte rodoviário. Comboios e camiões precisam de gasolina e diesel que vêm de algum lugar, presumivelmente em oleodutos. Estes, destruídos pelas explosões, queimando furiosamente, levariam tempo para serem reparados. Tempo é o que as cidades não teriam.
O que aconteceria, digamos, na cidade de Nova York mesmo se, improvável, não fosse bombardeada? Aqui vamos ignorar a probabilidade de pânico absoluto e fervente e caos resultante ao saber que grande parte do país foi arrasada. Nos primeiros dias haveria pânico de compras com as prateleiras dos supermercados sendo esvaziadas. A fome logo se tornaria séria. No quarto dia, as pessoas estariam caçando-se umas às outras com facas para conseguir comida. No final da segunda semana, as pessoas estariam comendo-se umas às outras. Literalmente. Isso acontece nas fomes.
A maioria das coisas na América depende de eletricidade. Ela vem de usinas geradoras que queimam coisas, geralmente gás natural ou carvão. Estes chegam em comboios, que não estariam circulando, ou em camiões, que provavelmente não estariam circulando também. Eles dependem de campos de petróleo, refinarias e oleodutos que provavelmente não funcionarão. Tudo isso depende de os funcionários continuarem a trabalhar em vez de tentarem salvar as suas famílias. Então, não há eletricidade em Nova York, que fica às escuras.
Isso significa sem telefones, sem internet, sem iluminação e sem elevadores. Como isso resultaria numa cidade de arranha-céus? A maioria das pessoas estaria quase incomunicável numa cidade sem luz. Engarrafamentos enormes se formariam quando pessoas com carros tentassem sair — para onde? — enquanto a gasolina no tanque durasse.
De onde vem a água em Nova York? Não sei, mas não flui espontaneamente para o trigésimo andar. Ele precisa ser bombeado, o que envolve eletricidade, de onde quer que venha para onde quer que tenha que ir. Sem eletricidade, sem bombas. Sem bombas, sem água. E sem descarga de vasos sanitários. A água do rio pode ser bebida, é claro. Pense nas multidões.
Com toda a probabilidade, a sociedade civil entraria em colapso no final do quarto dia. As etnias mais viris surgiriam dos guetos com armas e porretes para se alimentar. A polícia teria desaparecido, estaria cuidando das suas famílias ou saqueando eles mesmos. A civilização é um verniz fino. As ruas e metros não são seguros mesmo sem uma guerra nuclear. A maioria estaria desarmada e incapaz de se defender. Pessoas que nunca haviam tocado em uma arma de repente entenderiam o apelo. Se acha que isso não aconteceria, dê meus cumprimentos a “Tinker Bell” (mundo de fantasia?).
Assim, não seria necessário bombardear uma cidade para destruí-la, apenas para isolá-la dos centros de transporte por algumas semanas. É claro que um invasor destruiria muitas cidades, além da infraestrutura necessária. Aqueles que planejam guerras nucleares podem ser psicopatas, ou apenas “geeks” jogando com abstrações sem sangue, mas não são tolos. Eles calcularam cuidadosamente como danificar mais seriamente um país-alvo. Em não mais do que alguns meses, talvez duzentos milhões de pessoas morreriam de fome. Você acha isso fantástico? Diga-me porque é fantástico.
Nos meus dias de frequentar o Anel E no Pentágono, li manuais sobre como manter os soldados lutando depois de receberem doses letais de radiação. Eles não morrem imediatamente e, dependendo da dosagem, podem ser administrados estimulantes para mantê-los em pé, ou assim dizem os manuais. Esses manuais também discutiam se esses mortos-vivos deveriam ser informados de que estavam prestes a morrer. Os autores usaram a frase evocativa “alteração do terreno” para descrever paisagens com todas as árvores deitadas de lado, e todos nós já ouvimos falar de “exagero”. Depois de uma guerra nuclear, milhões morreriam lentamente de radiação – leia-se sobre Nagasaki e Hiroshima – e cadáveres queimados apodreceriam nas ruas, numerosos demais para serem enterrados por sobreviventes com outras coisas em mente.
Como seriam plantadas as colheitas da próxima estação? Resposta: não seriam. De onde viria o fertilizante? Peças para tratores, camiões, debulhadeiras? Para isso são precisas fábricas em funcionamento que requerem eletricidade, matérias-primas e trabalhadores. Se o atacante escolhesse atingir terras agrícolas com bombas de cobalto sujas de radiação, essas regiões seriam letais por anos. Os planeadores nucleares pensam nessas coisas.
Entre os “intelectuais da defesa”, há, ou havia quando eu fiz a cobertura dessas coisas, uma conversa insana sobre como os Estados Unidos poderiam “absorver” um primeiro ataque russo e ter mísseis suficientes em reserva para destruir a Rússia. Essas pessoas deveriam ser trancadas em caixas seladas e mantidas em minas de carvão abandonadas.”
É tudo isto e muito mais. Para que depois ninguém possa dizer que não sabia.
…a História se repete invariavelmente quando um conjunto de circunstâncias idênticas se repetem.
Caro José Neto e demais comentadores
No momento presente apenas interessaria encontrar uma escapatória para o fatalismo, ainda que argumentos históricos pareçam justificá-lo. Há um elemento novo, ausente das situações vividas nas duas grandes guerras na Europa do Século XX, a saber: o poder destrutivo das armas e sua consequente inutilidade para alcançar objectivos económicos que interessem a qualquer parte. O conhecimento do que se pode esperar do inverno nuclear é importante, mas uma forma de acção positiva tem que ser apresentada para servir de antídoto à paralização intelectual que o medo difunde e sirva para recuperar a confiança. A criação deste e doutros (poucos) blogs é um princípio.
Caro António Ferrão, não há nenhum elemento novo, se o novo elemento a que você se refere é o bom senso dos políticos e dos militares que têm poder de decisão.
Você consegue vislumbrar alguma racionalidade no comportamento dos líderes europeus e americanos em todo o processo de crescimento desta crise? Eu irei noutra altura falar dos indícios mais preocupantes que se pressentem e não são falados, pequenas coisas que têm vindo a acontecer nos últimos tempos, e quase todas derivadas da Rússia. Mas não o farei agora, até porque este artigo já está no prazo de validade.
Repare que há alguns meses atrás praticamente ninguém falava da possibilidade de um guerra nuclear no Ocidente e agora o número de pessoas inteligentes a despertar para essa realidade tem vindo a crescer exponencialmente, como se pode ver nos textos divulgados justamente aqui. Aos poucos as pessoas que realmente sabem alguma coisa estão a consciencializar-se. Talvez um pouco tarde. Na Rússia, pelo contrário, os media sempre falaram disso abertamente, nos noticiários em horário nobre, desde o início do conflito na Ucrânia.
O argumento de que uma guerra nuclear nunca existirá porque ela não traria resultados económicos para ninguém é já muito velho e não é por causa disso que tem de ser verdadeiro. Na realidade, ele tem sido repetido ao longo do tempo até à exaustão por papagaios que não sabem nada.
TODAS AS GUERRAS COMEÇAM POR MOTIVOS ECONÓMICOS, MAS DEPOIS DE COMEÇAREM ELAS SEGUEM O SEU PRÓPRIO CAMINHO. O TERROR TEM A SUA PRÓPRIA AGENDA.
Muito preocupante é a total ausência de movimentos antiguerra, eles que eram tão intervenientes no tempo da Guerra Fria e funcionavam como forças de pressão junto dos políticos. Também como elementos de esclarecimento das populações. Desapareceram completamente do espectro social ocidental, sendo substituídos pelos movimentos verdes.
É no mínimo estranho que os jovens de hoje estejam tão preocupados com a evolução climática nos próximos 100 anos e não haver planeta B, e aparentemente não se preocuparem nadinha com o facto de o mundo e as suas vidas poderem acabar amanhã. Tudo isto não acontece por acaso, é planeado e está a ser preparado há muito tempo.
Há um filme em jeito de comédia negra muito interessante, sobre o controle das massas, interesses ocultos e suas consequências, penso que da Netflix: “Don’t Look Up”. Ninguém no filme queria que o mundo fosse destruído, mas… Está disponível para “download” na Internet. Se ainda não viu talvez devesse ver. Às vezes aprendemos mais numa única obra de ficção assumida, do que em um ano a ver outros tipos de ficção nos telejornais.
Einstein disse uma vez: “Não sei como será a III Guerra Mundial, mas sei como será a IV. Com paus e pedras”.
Obrigado pela sugestão da ficção ‘Dont Look Up’ que vi com interesse.
Sobre o tema da escalada da guerra actual até ao nível ‘incontrolável’, achei interessante o último artigo de um militar, publicado no seu sítio:
bigserge.substack.com
Magnífico texto de José Goulão
Volta, Mc Arthur! Eu quero perdoar-te ! Toda a minha vida te desprezei, eras o Comandante-Chefe das forças USA no Pacífico, na ll Guerra Mundial ( o Japão é o único país do Mundo a quem os UStA declararam guerra), e durante quatro anos lá combateste, sem chegar à vitória. Esta só chegou com duas bombas atómicas.
De seguida vem a Guerra da Coreia e lá vais tu, o herói, o guerreiro-mor. Chegas, sempre chegaste, ao impasse ! Foste a Washington pedir ao presidente Truman para usares doze, doze bombas atómicas, contra a Coreia e a China !!!
Os teus netos também querem usar bombas atómicas, os imbecis, não têm desculpa !
A tua desculpa eram os oito anos a combater, as centenas de milhar de mortos que sofreste, o futuro que te aparecia negro e miserável. Tinhas medo!
Os teus netos desconhecem tudo, engolem todas as patranhas .
Temos que meter mãos à obra !
Da ocidental praia lusitana… e do ocidental encobrimento da vassalagem eurocrática (ou eurocriadagem, se preferirem):
https://aviagemdosargonautas.net/2022/10/18/a-guerra-na-ucrania-suecia-rejeita-investigacao-conjunta-as-fugas-nos-gasodutos-nord-stream-por-abrilabril/ (Suécia rejeita investigação conjunta às fugas nos gasodutos Nord Stream. Por AbrilAbril, 18-10-22)
https://www.berliner-zeitung.de/politik-gesellschaft/exklusiv-nord-stream-explosionen-ostsee-linke-politikerin-sahra-wagenknecht-bundesregierung-verweigert-informationen-zu-pipeline-anschlaegen-li.277250
Os pecados do soberano são os pecados do soberano, caraças, e tudo isto não passará, porventura, de uma inofensiva variante do “Direito de Pernada”, nada de mais. Bora chamar-lhe “Direito de Canalização Rebentada”? Pois é, criadagem fina é outra coisa! Oh yeah!
Sobre o ‘Direito de Pernada’:
https://nationalgeographic.pt/historia/grandes-reportagens/2956-o-direito-de-pernada-lenda-negra-do-feudalismo
Ainda a propósito dos Kamov portugueses, os únicos que não funcionam, entre centenas com óptimas provas dadas no mundo inteiro, ver esta reportagem de ontem na TVI, em que pilotos portugueses que os operaram os classificam como “uma máquina”, com capacidades que poucos têm no combate a fogos florestais. Agora que Herr Zelensky von Pandora Papers und Vogue lhes vai chamar um figo, enquanto se agarra à barriga de tanto rir dos totós da Tugalândia que lhos ofertaram, já podemos encher a mula a um fabricante de outra marca qualquer, de preferência americana, para preencher a lacuna por eles deixada. Imagino a abundante salivação que encharca as camisas de alguns felizardos/as, na antevisão das gordas comissões associadas ao feliz evento.
https://tviplayer.iol.pt/programa/exclusivo-com-sandra-felgueiras/6332b3940cf2ea4f0a5e50f1/video/6356f00d0cf2ea4f0a6300d4
👍👍👍👍👍👍👍⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐
Normalmente não comento os artigos de José Goulão. Na minha cabeça limito-me a assinar por baixo. O autor no entanto refere-se neste texto à possibilidade cada vez mais provável de um conflito global, a Terceira Guerra Mundial. Eu ando a dizer há alguns anos (na verdade desde que a Rússia entrou na guerra da Síria, mas sabendo desde muito antes, desde a queda do Muro de Berlim, que ela era bastante previsível e poderei explicar porquê noutra ocasião) e em vários locais da Internet que ela é inevitável porque a História se repete invariavelmente quando um conjunto de circunstâncias idênticas se repetem.
O que motivou as duas guerras mundiais do século passado irá desencadear a terceira, que será muito provavelmente a última. E, havendo uma guerra entre potências nucleares, é impossível que em algum momento as ogivas do Juízo Final não sejam utilizadas. Nem que seja como o derradeiro golpe de que estiver à beira da derrota. E não pensem que ter razão neste caso me dá alguma satisfação.
Acho que não vale a pena perder muito tempo a desenvolver agora este tema, dado que já o fiz aqui mais de uma vez e não gosto muito de me repetir. Quem entendeu, entendeu. E deresto em breve este artigo sairá da primeira página do blog e cairá no esquecimento.
Mas o autor diz, a finalizar:
“Não sabemos o que aí vem, quando e como vem. Entretanto uns continuam alegremente consumindo intrujices da propaganda e pílulas de estupidificação; outros nem querem saber, ainda que tenham umas luzes da gravidade da situação. Mas quem não desiste de lutar pela paz e pela sobrevivência da humanidade, que lute”.
Então, com dedicatória especial àqueles que “não querem saber apesar de terem umas luzes”, gostaria de deixar aqui um excerto de um texto escrito por um especialista que poderá acrescentar algum esclarecimento sobre o que será de facto uma guerra nuclear. Muito embora ele esteja centrado no território americano é perfeitamente válido para a Europa também. Acho que não terei problemas com direitos de autor. O texto integral em Inglês poderá ser lido no Blog do Saker: http://thesaker.is/on-going-seriously-boom/
“como seria essa guerra? Vamos adivinhar.
A América é frágil. Não percebemos isso porque ela funciona sem problemas e porque quando ocorre uma catástrofe local – terremoto, furacão, tornado – o resto do país intervém para remediar as coisas. O país pode lidar com catástrofes normais e regionais. Mas a guerra nuclear não é normal nem regional. Muito poucas ogivas serviriam para destruir os Estados Unidos além da recuperação por décadas. Isso deve ficar claro para quem realmente pensa sobre isso.
A defesa é impossível. As defesas antimísseis não têm sentido, exceto como funis de dinheiro para a indústria de armas. Este não é o lugar para entrar em chamarizes, hipersônicos, Poseidon, manobrar veículos planadores, estacionar bastiões, MIRV, apenas velhos e chatos mísseis de cruzeiro e assim por diante. As cidades costeiras são alvos particularmente fáceis, sendo vulneráveis a mísseis vindos do mar lançados por submarinos. Washington, Nova York, Boston, San Diego, Los Angeles, São Francisco, Seattle, para começar, tudo se foi.
Um país moderno é um sistema de sistemas de sistemas, interdependentes e interconectados – água, eletricidade, manufatura, energia, telecomunicações, transportes, dutos e cadeias de suprimentos complexas. Estes são interconectados, interdependentes e dependem de um grande número de pessoas treinadas que aparecem para trabalhar. As ogivas modernas não são os “popguns” de Hiroshima. Falar em reparação logo após o bombardeamento nuclear de uma rede de comunidades urbanas é tolice, porque as cidades teriam muitas centenas de milhares de mortos, casas destruídas, incêndios maciços, pessoas horrivelmente queimadas sem esperança de assistência médica e, em geral, populações muito focadas em permanecer vivas para se preocuparem com abstrações tais como cadeias de suprimentos.
A eliminação dos transportes pode causar mais mortes do que as bombas. Cidades, subúrbios e vilas não podem alimentar-se. Elas dependem de um fluxo constante e pesado de alimentos cultivados em regiões remotas. Esses alimentos são enviados por comboios ou camiões para centros de distribuição, como Chicago, de onde são despachados para cidades como Nova York. A megatonelada pesada em Chicago interromperia as linhas ferroviárias e as empresas de transporte rodoviário. Comboios e camiões precisam de gasolina e diesel que vêm de algum lugar, presumivelmente em oleodutos. Estes, destruídos pelas explosões, queimando furiosamente, levariam tempo para serem reparados. Tempo é o que as cidades não teriam.
O que aconteceria, digamos, na cidade de Nova York mesmo se, improvável, não fosse bombardeada? Aqui vamos ignorar a probabilidade de pânico absoluto e fervente e caos resultante ao saber que grande parte do país foi arrasada. Nos primeiros dias haveria pânico de compras com as prateleiras dos supermercados sendo esvaziadas. A fome logo se tornaria séria. No quarto dia, as pessoas estariam caçando-se umas às outras com facas para conseguir comida. No final da segunda semana, as pessoas estariam comendo-se umas às outras. Literalmente. Isso acontece nas fomes.
A maioria das coisas na América depende de eletricidade. Ela vem de usinas geradoras que queimam coisas, geralmente gás natural ou carvão. Estes chegam em comboios, que não estariam circulando, ou em camiões, que provavelmente não estariam circulando também. Eles dependem de campos de petróleo, refinarias e oleodutos que provavelmente não funcionarão. Tudo isso depende de os funcionários continuarem a trabalhar em vez de tentarem salvar as suas famílias. Então, não há eletricidade em Nova York, que fica às escuras.
Isso significa sem telefones, sem internet, sem iluminação e sem elevadores. Como isso resultaria numa cidade de arranha-céus? A maioria das pessoas estaria quase incomunicável numa cidade sem luz. Engarrafamentos enormes se formariam quando pessoas com carros tentassem sair — para onde? — enquanto a gasolina no tanque durasse.
De onde vem a água em Nova York? Não sei, mas não flui espontaneamente para o trigésimo andar. Ele precisa ser bombeado, o que envolve eletricidade, de onde quer que venha para onde quer que tenha que ir. Sem eletricidade, sem bombas. Sem bombas, sem água. E sem descarga de vasos sanitários. A água do rio pode ser bebida, é claro. Pense nas multidões.
Com toda a probabilidade, a sociedade civil entraria em colapso no final do quarto dia. As etnias mais viris surgiriam dos guetos com armas e porretes para se alimentar. A polícia teria desaparecido, estaria cuidando das suas famílias ou saqueando eles mesmos. A civilização é um verniz fino. As ruas e metros não são seguros mesmo sem uma guerra nuclear. A maioria estaria desarmada e incapaz de se defender. Pessoas que nunca haviam tocado em uma arma de repente entenderiam o apelo. Se acha que isso não aconteceria, dê meus cumprimentos a “Tinker Bell” (mundo de fantasia?).
Assim, não seria necessário bombardear uma cidade para destruí-la, apenas para isolá-la dos centros de transporte por algumas semanas. É claro que um invasor destruiria muitas cidades, além da infraestrutura necessária. Aqueles que planejam guerras nucleares podem ser psicopatas, ou apenas “geeks” jogando com abstrações sem sangue, mas não são tolos. Eles calcularam cuidadosamente como danificar mais seriamente um país-alvo. Em não mais do que alguns meses, talvez duzentos milhões de pessoas morreriam de fome. Você acha isso fantástico? Diga-me porque é fantástico.
Nos meus dias de frequentar o Anel E no Pentágono, li manuais sobre como manter os soldados lutando depois de receberem doses letais de radiação. Eles não morrem imediatamente e, dependendo da dosagem, podem ser administrados estimulantes para mantê-los em pé, ou assim dizem os manuais. Esses manuais também discutiam se esses mortos-vivos deveriam ser informados de que estavam prestes a morrer. Os autores usaram a frase evocativa “alteração do terreno” para descrever paisagens com todas as árvores deitadas de lado, e todos nós já ouvimos falar de “exagero”. Depois de uma guerra nuclear, milhões morreriam lentamente de radiação – leia-se sobre Nagasaki e Hiroshima – e cadáveres queimados apodreceriam nas ruas, numerosos demais para serem enterrados por sobreviventes com outras coisas em mente.
Como seriam plantadas as colheitas da próxima estação? Resposta: não seriam. De onde viria o fertilizante? Peças para tratores, camiões, debulhadeiras? Para isso são precisas fábricas em funcionamento que requerem eletricidade, matérias-primas e trabalhadores. Se o atacante escolhesse atingir terras agrícolas com bombas de cobalto sujas de radiação, essas regiões seriam letais por anos. Os planeadores nucleares pensam nessas coisas.
Entre os “intelectuais da defesa”, há, ou havia quando eu fiz a cobertura dessas coisas, uma conversa insana sobre como os Estados Unidos poderiam “absorver” um primeiro ataque russo e ter mísseis suficientes em reserva para destruir a Rússia. Essas pessoas deveriam ser trancadas em caixas seladas e mantidas em minas de carvão abandonadas.”
É tudo isto e muito mais. Para que depois ninguém possa dizer que não sabia.
…a História se repete invariavelmente quando um conjunto de circunstâncias idênticas se repetem.
Caro José Neto e demais comentadores
No momento presente apenas interessaria encontrar uma escapatória para o fatalismo, ainda que argumentos históricos pareçam justificá-lo. Há um elemento novo, ausente das situações vividas nas duas grandes guerras na Europa do Século XX, a saber: o poder destrutivo das armas e sua consequente inutilidade para alcançar objectivos económicos que interessem a qualquer parte. O conhecimento do que se pode esperar do inverno nuclear é importante, mas uma forma de acção positiva tem que ser apresentada para servir de antídoto à paralização intelectual que o medo difunde e sirva para recuperar a confiança. A criação deste e doutros (poucos) blogs é um princípio.
Caro António Ferrão, não há nenhum elemento novo, se o novo elemento a que você se refere é o bom senso dos políticos e dos militares que têm poder de decisão.
Você consegue vislumbrar alguma racionalidade no comportamento dos líderes europeus e americanos em todo o processo de crescimento desta crise? Eu irei noutra altura falar dos indícios mais preocupantes que se pressentem e não são falados, pequenas coisas que têm vindo a acontecer nos últimos tempos, e quase todas derivadas da Rússia. Mas não o farei agora, até porque este artigo já está no prazo de validade.
Repare que há alguns meses atrás praticamente ninguém falava da possibilidade de um guerra nuclear no Ocidente e agora o número de pessoas inteligentes a despertar para essa realidade tem vindo a crescer exponencialmente, como se pode ver nos textos divulgados justamente aqui. Aos poucos as pessoas que realmente sabem alguma coisa estão a consciencializar-se. Talvez um pouco tarde. Na Rússia, pelo contrário, os media sempre falaram disso abertamente, nos noticiários em horário nobre, desde o início do conflito na Ucrânia.
O argumento de que uma guerra nuclear nunca existirá porque ela não traria resultados económicos para ninguém é já muito velho e não é por causa disso que tem de ser verdadeiro. Na realidade, ele tem sido repetido ao longo do tempo até à exaustão por papagaios que não sabem nada.
TODAS AS GUERRAS COMEÇAM POR MOTIVOS ECONÓMICOS, MAS DEPOIS DE COMEÇAREM ELAS SEGUEM O SEU PRÓPRIO CAMINHO. O TERROR TEM A SUA PRÓPRIA AGENDA.
Muito preocupante é a total ausência de movimentos antiguerra, eles que eram tão intervenientes no tempo da Guerra Fria e funcionavam como forças de pressão junto dos políticos. Também como elementos de esclarecimento das populações. Desapareceram completamente do espectro social ocidental, sendo substituídos pelos movimentos verdes.
É no mínimo estranho que os jovens de hoje estejam tão preocupados com a evolução climática nos próximos 100 anos e não haver planeta B, e aparentemente não se preocuparem nadinha com o facto de o mundo e as suas vidas poderem acabar amanhã. Tudo isto não acontece por acaso, é planeado e está a ser preparado há muito tempo.
Há um filme em jeito de comédia negra muito interessante, sobre o controle das massas, interesses ocultos e suas consequências, penso que da Netflix: “Don’t Look Up”. Ninguém no filme queria que o mundo fosse destruído, mas… Está disponível para “download” na Internet. Se ainda não viu talvez devesse ver. Às vezes aprendemos mais numa única obra de ficção assumida, do que em um ano a ver outros tipos de ficção nos telejornais.
Einstein disse uma vez: “Não sei como será a III Guerra Mundial, mas sei como será a IV. Com paus e pedras”.
Einstein não era exatamente um idiota.
Cumprimentos.
Caro José Neto
Obrigado pela sugestão da ficção ‘Dont Look Up’ que vi com interesse.
Sobre o tema da escalada da guerra actual até ao nível ‘incontrolável’, achei interessante o último artigo de um militar, publicado no seu sítio:
bigserge.substack.com
Cumprimentos