(António Garcia Pereira, in NoticiasOnline, 02/06/2022)

É sabido que a gestão “científica” do medo e a produção massiva e asfixiante de informação (ou alegada informação) sobre um determinado tema constitui uma forma de impor uma única “verdade” (a que é produzida pelos meios de comunicação de massa e pelos poderes políticos, económicos e sociais, que os detêm e controlam), entorpecer o raciocínio crítico e impossibilitar que outros temas igualmente relevantes sejam analisados e debatidos.
Ainda vamos ter de esperar algum tempo pela análise fria e objectiva de observadores independentes para conhecermos tudo o que realmente se tem passado na guerra da Ucrânia, mas o que se sabe já hoje (por outras vias que não a nossa imprensa dita de referência) é que o governo de Zelensky, que os comentadores oficiais ocidentais tanto se têm esforçado em apresentar como um ardente lutador pela Liberdade e pela Democracia e um defensor dos interesses do povo ucraniano, não contente em ter ilegalizado cerca de uma dúzia de partidos da oposição interna e diversas organizações sindicais, está agora a preparar-se para um ataque aos trabalhadores ucranianos.
O ataque aos trabalhadores ucranianos
Sob o pretexto da guerra e da necessidade de combater a invasão russa, já tinham sido restringidos e suspensos, em Março e Abril, importantes deveres e direitos laborais. A lei de excepção/emergência de Março, entre outras medidas, limitou e praticamente inutilizou a negociação e representação colectiva dos sindicatos, aumentou a jornada semanal de trabalho para 60 horas e passou a permitir os despedimentos sem justa causa e a suspensão mais ou menos ilimitada dos contratos de trabalho.
Estas medidas, supostamente temporárias, e outras ainda piores, correm agora o risco de se tornar definitivas com a aprovação na generalidade, pelos deputados do Partido “Servo do Povo”, de Zelensky, no passado dia 12 de Maio, de um projecto[1] originalmente apresentado em Abril por Halyna Tretiakova, deputada daquele partido e Presidente do Comité Parlamentar de Políticas Sociais.
Esse pacote de medidas, de uma assumidamente radical desregulamentação das relações laborais, vinha já sendo preparado há algum tempo pelos parlamentares do partido de Zelensky, e a sua elaboração contou com significativos apoios, como os das grandes associações patronais ucranianas, da conhecida organização pró-patronal ucraniana “Escritório de Soluções e Resultados Simples”[2], do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânicos e até da USAID[3]. Sob o pretexto de que as relações de trabalho na Ucrânia ainda se encontravam reguladas por uma legislação laboral já muito ultrapassada (de 1971), o novo pacote legislativo propõe “des-sovietizá-la”, liberalizando o mercado de trabalho e introduzindo um regime mais “flexível” e mais “livre” para as relações de trabalho, tornando-a assim mais “atractiva para investidores”, nacionais e estrangeiros.
Todos estes “argumentos”, que os trabalhadores portugueses bem se recordam por terem sido no essencial os mesmos com que foram defendidas as reformas laborais dos tempos da Tróica, e que passam pela defesa da desarticulação do Direito do Trabalho e a sua aproximação ao Direito Civil, pela destruição da autonomia e da contratação colectivas e pela proclamação de uma pretensa igualdade e liberdade das partes nos contratos individuais, foram recentemente defendidos, e nestes exactos e significativos termos, por Hanna Lichman, membro do comité parlamentar para o desenvolvimento económico e, também, deputada do “Servo do Povo”.
O referido projecto prevê que em todas as pequenas e médias empresas (até 250 trabalhadores e que empregam mais de 70% da propulação activa ucraniana) as relações de trabalhadores sejam subtraídas à aplicação das leis laborais e sejam antes reguladas pelas cláusulas dos contratos individuais celebrados com os patrões, permitindo assim horários de trabalho de 70, 80 ou até mais horas por semana!
Aliás, e já em todo este ambiente de inutilização e de esmagamento dos mais elementares direitos dos trabalhadores, e ainda antes da aprovação na especialidade da nova lei, inúmeras grandes empresas (como as da central nuclear de Chernobyl, do porto de Odessa, do metro de Kiev e da ferrovia ucraniana) já trataram de suspender unilateralmente os contratos ou acordos colectivos de trabalho e de alterar e agravar drasticamente as condições de trabalho dos seus trabalhadores.
Tal como organização civil ucraniana “Movimento Social” e o próprio gabinete da OIT (Organização Internacional do Trabalho) na Ucrânia denunciaram, e de forma muito clara, esta neutralização da contratação colectiva e da acção sindical, bem como a fortíssima individualização das relações laborais, obedecem à velha lógica ultra-liberal de que só pode haver empresas estáveis e competitivas com trabalhadores instáveis, permanentemente ameaçados e desprovidos dos seus mais basilares direitos e, sob a capa da “liberdade contratual”, visa a instituição de uma verdadeira e muito dura escravatura laboral, com horários extensíssimos, despedimentos arbitrários, extermínio da acção sindical e da contratação colectiva e imposição, pela força e pelo medo, de salários baixos e de condições de trabalho absolutamente desumanas e mais próprias do século XIX.
Por outro lado, é também muito curioso verificar que, na votação na generalidade deste tenebroso projecto, estiveram juntos, numa elucidativa “santa aliança”, os ultra-nacionalistas do “Servo do Povo” e do “Dovira”, deputados da “Frente Popular” (de Yatsenyuk, o banqueiro e oligarca ucraniano tão acarinhado pela União Europeia), parte dos deputados do partido “Pelo Futuro” (com forte ligação a Kolomoisky[4]) e ex-membros do partido pró-russo e ultra-conservador, “Plataforma de Oposição – Pela Vida”[5]. Ou seja, não obstante as divergências políticas e ideológicas destas forças políticas, todas elas se uniram para aprovar um ataque sem precedentes contra a classe operária e os demais trabalhadores ucranianos.
O caso Português
Como é sabido, nos tempos da Tróica e do respectivo “Memorando de Entendimento” – e até indo além deste – o Governo reconhecidamente de direita de Passos Coelho e Paulo Portas aprovou uma série de medidas anti-trabalhadores, sempre sob os argumentos da “emergência” (então, financeira) e da necessidade de tornar a legislação de trabalho mais “flexível” e mais atractiva para os investidores.
Essas medidas passaram pelo enfraquecimento da organização e luta colectiva (com a debilitação da acção sindical e a restrição do direito à greve), bem como da contratação colectiva (com base na permissão da caducidade das convenções colectivas e na possibilidade de estas terem cláusulas menos favoráveis do que as da própria lei) com a consequente e máxima individualização da regulamentação das relações de trabalho.
Passaram igualmente pela facilitação dos despedimentos por justas causas ditas objectivas (como os colectivos e os por extinção do posto de trabalho) e pela drática redução das indeminizações de antiguidade (que passaram a ser de apenas 12 dias de salário-base por cada ano de antiguidade), tornando assim muito fácil e barato mandar trabalhadores para o desemprego e manter os que estão no activo sob a permanente chantagem de terem que aceitar condições miseráveis sob pena de poderem, com grande facilidade, ser despedidos e, quando muito, receberem miseráveis compensações de antiguidade.
Ora, Governos ditos de esquerda (tanto os dois da “geringonça” do PS, PCP e BE, como o actual, de maioria absoluta do PS) sempre recusaram revogar essas medidas, mantendo-as no essencial intactas, e até as agravando com leis como a que passou a determinar –sob o pretexto de combate à precariedade!? – que o período experimental para um jovem à procura de primeiro emprego ou para um desempregado de longa duração, passe a ser de 180 dias![6] Ora, esta solução legal, o que verdadeiramente permite é o abuso de que, sobretudo nos sectores de maior rotatividade de mão-de-obra (como nos call center), cada trabalhador jovem seja posto na rua ao fim de cinco meses e vinte e nove dias, sem quaisquer necessidades de justificação e sem qualquer indeminização.
Por isso o Governo inscrevera na “Agenda para o Trabalho Digno” a medida de exigência de uma justificação por escrito de denúncia dos contratos durante o período experimental. Mas bastou a CIP (a Confederação dos Patrões da Indústria) manifestar-se contra tal proposta para logo o Executivo de Costa deixar apressadamente cair essa alteração ao Código do Trabalho, bem como a da retoma dos valores das horas extraordinárias que vigoravam antes da Tróica[7].
Assim, fica a claro o que podem esperar os operários e demais trabalhadores portugueses da “maioria absoluta do diálogo” tão apregoada por António Costa: manutenção das mais gravosas medidas das leis da Tróica (“flexibilização”, ou seja, aumento dos tempos de trabalho, salários de miséria[8], definhamento ou mesmo destruição da contratação colectiva, despedimentos fáceis e baratos, etc.), uso e abuso da requisição civil e agravamento das condições de trabalho[9], enquanto o patronato aumenta e de forma exponencial os seus lucros.
Fome e miséria para muitos, riqueza e poder para poucos
A Oxfam International[10] divulgou recentemente um relatório intitulado “Lucrar com a Dor”, no qual demonstra que, entre 2000 e 2020, o número de multimilionários a nível mundial aumentou exponencialmente, atingindo um total de 2.668, cuja riqueza corresponde a 13,9% do PIB global, e os dez homens mais ricos do mundo têm nas suas mãos uma riqueza maior que a de 40% da população mais pobre do mundo.
Efectivamente, com a pandemia, os lucros dos grandes grupos económicos subiram de uma forma alucinante. Nos últimos dois anos, só a BP, Shell, Total, Exxon e Chevron (cinco das maiores empresas do sector da energia) estão a obter, no seu conjunto, lucros de 2600 dólares… por segundo, e as empresas farmacêuticas (com vacinas, testes, máscaras e tratamentos), estão a lucrar 1.000 dólares por segundo. Só nas vacinas, esses gigantes cobram 24 vezes mais do que o custo potencial da produção genérica, beneficiando além disso de enormes financiamentos públicos, que rapidamente transformaram em fabulosos e bem superiores lucros. No sector tecnológico, as cinco maiores empresas (Apple, Microsoft, Tesla, Amazon e Alphabet) alcançaram em 2021 ganhos de 271 mil milhões de dólares, praticamente o dobro dos resultados de 2019.
Contudo, em Portugal, os salários médios estagnaram, o salário mínimo subiu 6%, mas a inflação já vai em 8%. E, entretanto, tanto em 2021 como em 2022, todos os principais bancos[11] – que, recorde-se, numa só década mandaram para a rua 30% dos seus funcionários e, desde a vinda da Tróica, despediram mais de 12.000 trabalhadores – bem como outras grandes empresas acumularam lucros de centenas e centenas de milhões de euros.
Ou seja, ao mesmo tempo que se despediram ou se suspenderam contratos de trabalho de milhares de trabalhadores e se reduziram drasticamente salários e direitos (sempre sob o pretexto da crise pandémica e da necessidade de sacrifícios para quem trabalha), os grandes capitalistas acumularam riqueza como nunca!
Vamos, assim, continuar a assistir ao perpetuar do valor astronómico das custas judiciais do trabalho, à real inacção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para sancionar devidamente o golpe e a fraude, e à manutenção de péssimas condições para quem trabalha, designadamente em termos de segurança e saúde. E quem tiver dúvidas, vá de novo a Odemira e verifique in locu como a miserável escravatura dos trabalhadores agrícolas, em particular dos do Extremo Oriente, ali continua intocada e impune. Ou verifique – pelos relatórios de actividade do Ministério Público – não apenas como os processos de acidentes de trabalho mortais cresceram mais de 50% em dois anos (as comunicações de óbitos por acidente de trabalho, que em 2018 tinham sido de 475, ascenderam em 2020 a 727), como também que este número terrífico é cinco vezes superior ao oficialmente registado pela ACT sem que ninguém se pareça mostrar preocupado com esta discrepância!? Isto enquanto Portugal, entre 30 países europeus, tem o maior número de acidentes de trabalho por cada 100.000 residentes[12].
Em suma, a lógica do sistema capitalista e as relações sociais por ele criadas, impostas e reproduzidas, é exactamente esta: para os trabalhadores e para os pobres, sejam eles de Portugal, da Ucrânia, de África, da América ou da Ásia, miséria, precariedade, desemprego, fome e sofrimento; para os ricos e poderosos, cada vez mais riqueza e poder. E nada disto é fruto do acaso ou da falta de sorte na vida.
Torna-se cada vez mais evidente que os progressos científicos e tecnológicos, se forem colocados ao serviço da humanidade, decerto permitirão criar-se um mundo melhor, mais justo, menos penoso e mais feliz. Porém, nada disso é possível enquanto se mantiverem as relações sociais de produção que precisamente permitem a sua apropriação e a consequente acumulação de riqueza por uma pequena minoria.
Mas, se é assim, temos de nos lançar a essa tarefa histórica de combater e destruir essas velhas relações sociais e de criar em seu lugar uma sociedade onde tudo o que é novo e progressivo seja usado em benefício de todos e onde a exploração e opressão do Homem pelo Homem hajam sido banidas da face da terra.
Notas
[1] Projecto n.º 5371.
[2] Criada por Mikheil Saakashvili, ex-Presidente da Geórgia (entre 2004 e 2012) e ex-Governador de Odessa (entre 2015 e 2016).
[3] A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional é um órgão do governo americano a quem compete, sob a direcção do Departamento do Estado norte-americano, distribuir os dinheiros (e cobrar as respectivas facturas) da chamada ajuda externa, designadamente estabelecendo as contrapartidas que os países e governos beneficiários dessa “ajuda” ficam obrigados a adoptar.
[4] Igor Kolomoisky é um poderoso oligarca ucraniano e um dos grandes beneficiários da fraude do esquema Ponzi.
[5] Um dos onze partidos suspensos pelo Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia em Março e que tem nas suas fileiras Viktor Medvedchuk, amigo pessoal de Putin.
[6] Art.º 112.º, n.º 1, al. b), iii) com a redacção conferida pela Lei n.º 93/2019, de 04/09.
[7] Ou seja, 50% de acréscimo na 1.ª hora extra, 75% na 2.ª hora e seguintes e 100% nas horas prestadas em dias de descanso e em feriados, e que foram reduzidos, respectivamente, para 25%, 37,5% e 50% pela Lei n.º 23/2012, de 25/06.
[8] Os salários são de tal modo baixos que, em 2021, 525 mil pessoas com emprego não conseguiram ter um rendimento superior a 554€/mês, 2,7 milhões de trabalhadores têm uma remuneração base mensal inferior a 1.000€ e 70% dos jovens, não obstante as suas qualificações, só conseguem vínculos precários, sendo que 40% têm remunerações da ordem dos 627€/mês.
[9] Segundo os dados do INE, relativos a 2021, 471 mil trabalhadores trabalharam durante a semana e inclusive na sua própria casa entre as 20h e as 24h, 1.914 milhões trabalharam ao Sábado e 1.095 milhões ao Domingo, sendo que a maior parte desse trabalho suplementar e nocturno não foi remunerado, muito menos devidamente.
[10] Confederação de 19 organizações e mais de 3000 parceiros que actua em 90 países na busca de soluções para os problemas da pobreza, da desigualdade e de injustiça social.
[11] Só no 1.º trimestre de 2022, os seis maiores bancos portugueses embolsaram 617,4 milhões de lucros (Santander: 155,4 milhões; CGD: 146 milhões; Novo Banco: 142,7 milhões; BCP: 112,9 milhões; Montepio: 11,4 milhões), assim como uma série de outras grandes empresas (como a Navigator, com 50,6 milhões, ou a Sonae SGPS, com 42 milhões).
[12] Estudo elaborado pela consultora britânica Claims.co.uk, com base em dados estatísticos do Eurostat relativos a 2019 (UE +2).
Creio que foi em entrevista do ano passado que Yannis Varoufakis descreveu uma situação absolutamente mirabolante.
Ele explicou ao entrevistador uma particularidade que assomava no sistema financeiro mundial, mas, neste caso, Britânico, em particular (a dita City de Londres) – embora se referisse ao mundo inteiro: enquanto, em 2020, a Alemanha (maior economia industrial da Europa) registava uma queda abrupta no seu PIB, resultado das políticas de confinamento e adversidades que a economia e sociedade alemãs enfrentavam devido à necessidade de fazer face à pandemia de Covid-19, a City de Londres registou um aumento exponencial nos seus índices.
Yannis Varoufakis caracterizou isto como um desacoplamento dos Mercados Financeiros daquilo que é a realidade económica concreta sobre a qual deveriam especular. Portanto, os “mercados” entraram num espaço próprio, não sendo influenciados pela valorização real das empresas e das suas atividades.
Por outro lado, abordou outro problema. Bancos Centrais.
De facto, ele chamou à atenção para as atitudes dos Bancos Centrais durante a pandemia de Covi-19. Enquanto as economias entravam numa recessão severa devido à pandemia, os Bancos Centrais imprimiam dinheiro, mas, ao invés de injetar em esse dinheiro nas economias, de forma a suavizar o impacto das medidas de contenção na produção dos diversos países, “emprestaram” esse dinheiro às empresas como a Google, Facebook, Amazon, Tesla, SpaceX, entre muitas outras.
Ora, o que é que essas empresas fizeram ? – pergunta ele.
Investiram esse dinheiro em pacotes de ajuda aos seus trabalhadores, de modo a mitigar o impacto que os confinamentos tiveram na produtividade e na qualidade de vida dos trabalhadores ? Não.
Investiram esse dinheiro nos respetivos mercados financeiros e registaram lucros históricos. Por isso é que o Jeff Bezos e o Elon Musk têm neste momento aquelas fortunas. Por isso é que as alcançaram Durante os confinamentos.
Eles não têm lucros pela venda de produtos! (Dito por Varoufakis) Eles têm “lucro” porque investem o dinheiro que lhes é dado pela Reserva Federal e pelos Bancos Centrais do mundo inteiro!!
Entre 2020 e 2021 (um período de menos de dois anos), a Reserva Federal Norte Americana imprimiu 6 biliões de dólares em dinheiro! (6 trillions em inglês)
6 biliões!! Por isso é que têm problemas com a inflação neste momento! Por isso é que também nós temos problemas com a inflação neste momento, porque o Banco Central Europeu não ficou atrás! Eles imprimiram cerca de 1 bilião de euros em 2020 e queriam imprimir 2 biliões em 2021. O facto é que, indo ao site do Banco Central Europeu e comprovando a quantidade de dinheiro que foi impresso desde 2020, há um ingente incremento de dinheiro em circulação perto ou ultrapassando os 3 biliões de euros. Um aumento que, em comparação com o restante gráfico, demorou muito mais tempo a atingir noutras alturas.
Neste momento, temos perto de 30 biliões de euros (deve andar nos 28 ou 29, o gráfico não especifica o valor) em circulação na eurozona. Isto é o equivalente à dívida externa dos EUA que já ultrapassou em largos milhões os 30 biliões de dólares.
Isto é uma barbaridade.
Alguma coisa foi parar aos bolsos dos trabalhadores ? Alguma coisa foi usada para atenuar, verdadeiramente, os efeitos da crise pandémica ?
Enquanto os trabalhadores e as respetivas economias se afundam em dificuldades cada vez maiores, estes magnatas “autónomos” e “self-made men”, estes banqueiros, estes especuladores angariam fortunas incríveis, produto destas situações que criaram eles mesmos.
Nada desta situação está apenas relacionada com dificuldades nas cadeias de produção, distribuição e abastecimento.
Ninguém fala desta situação sórdida ou destas práticas absolutamente torpes e soezes…
30 biliões de notas! Não euros!
Eles indicavam isso em baixo…
Ok, vamos lá ver se alguém me consegue explicar isto:
25 mil milhões de notas = 1,5 biliões de euros em circulação na Europa.
Mas em 2020 a UE imprimiu 1 bilião de euros e em 2021 2 biliões de euros, como parte de pacotes de ajuda de recuperação da crise económica da pandemia.
Como é que, então, temos metade do dinheiro que foi impresso em circulação ? Títulos de tesouro ?
Será que a maior parte é direcionada para os mercados financeiros ? É a única explicação que conheço.
Para que não me acusem de desonestidade, aqui vão as fontes.
https://www.reuters.com/article/us-health-coronavirus-ecb-idUSKBN21543D
https://www.nytimes.com/2020/12/10/business/european-central-bank-stimulus-coronavirus.html
https://www.atlanticcouncil.org/global-qe-tracker/
Este último link comprova o que se diz…
Ok, desta vez é definitivo:
28 mil milhões de notas = 1.5 biliões de euros em circulação na UE.
O Banco Central imprimiu 1 bilião em 2020 e 2 biliões em 2021. Mas só há 1.5 biliões em circulação…
Títulos do tesouro ? Alguém explica isto ?
Fontes, para não dizerem que sou desonesto:
https://www.nytimes.com/2020/12/10/business/european-central-bank-stimulus-coronavirus.amp.html
https://www.reuters.com/article/us-health-coronavirus-ecb-idUSKBN21543D
Outra fonte e esta é primária:
https://www.atlanticcouncil.org/global-qe-tracker/
Gosto deste blogue por não desistir e por tentar educar e despertar o povo, em vez de o entorpecer com propaganda e distracções vis. Obrigado,Estátua de Sal ,em breve chegará um momento em que muitos cidadãos gritarão “se eu tivesse sabido”, ou melhor, se eu tivesse ouvido os verdadeiros bons presságios…
Infelizmente é muito difícil abordar todos estes assuntos com um grande número de pessoas alimentadas de manhã à noite pela Sic,TVI,RTP,CMTV…ou pouco mobilizadas por um grande número de políticos, nem sequer falo dos sindicatos…Não faço ondas.
Como é difícil hoje em dia ser uma pessoa que se levanta, um indivíduo que pensa, que age sem o acordo dos outros, do politicamente correcto… Antes havia o tolo da aldeia, agora há o tolo de tudo, especialmente se não se cair na fila. Um indivíduo nunca deve cair na linha. Porquê acreditar que o outro é superior, indispensável?
Este sistema é tão complexo que a maioria das pessoas não sabe nada sobre ele. Penso que um pequeno desenho animado seria mais relevante.
Muitos políticos pensam que sem eles não há salvação. Acredito de bom grado que estão enganados, a política não é um fim em si mesma, é preciso ter uma forte predisposição para aceitar este mundo que, desde a descentralização, apenas tem realçado a mediocridade ambiental. A política tal como a vejo: “Grandes ideias, mas má manufactura”.
Duvido que os funcionários públicos do governo e do parlamento desistam dos seus esquemas especiais.
A política social da UE … Demolir o sistema de saúde ,e educação Portugués que em 2000 ainda era o melhor do mundo?
(As pensões é para acabar em troca de um crédito social digital)
É bastante óbvio que Portugal não é independente. É a imperatriz Ursula que nos governa com a Nato, o WC do Cconselho é apenas a chave de passagem da comissão europeia.
Também deviam explicar aos Portugueses que as turbinas eólicas e os painéis solares são energias intermitentes e não podem ser controlados, por isso devemos aceitar não ter electricidade 1 dia em cada 3 do ano. Isto leva a um raciocínio completamente ridículo e ecologicamente errado: quando instalamos 2 Megawatts de turbinas eólicas, somos obrigados a instalar quase 2 Megawatts de centrais de carvão ou de gás ao seu lado.
E foi assim que a Alemanha se tornou um dos países mais poluidores da Europa em poucos anos.
As energias renováveis são uma vasta farsa.
(Vida útil de um parque eólico: Entre 20 e 30 anos, não reciclável excepto por alguns quilos de cobre, para não falar das toneladas de areia necessárias para misturar toneladas de betão por 1 única…
Painéis solares: requerem quartzo e carvão de muito alta qualidade que extraem soprando secções inteiras da montanha, depois devem alimentar os fornos a mais de 1800 para derreter através da fusão dos 2 minerais. Duração de 20 a 30 anos para um parque de painéis fotovoltaicos.
Não é reciclável!!!
Plantas de biomassa, as mais irónicas e trágicas uma vez que é insaciável nas árvores necessárias à sua alimentação…
Em suma, as energias verdes são um mito, uma quimera, para a conversão dos fundos da OPEP (gigantes do petróleo)…
Então os ecologistas, ainda tão verdes, para serem tão manipulados ????)
Desde que possamos pagar o carbono fóssil (disponibilidade e preço). Depois disso…..
Quando era jovem (anos 90), e me falaram de Portugal na União Europeia, imaginei uma língua universal que seria usada em toda a Europa, para além das nossas línguas nacionais, claro. Conheceríamos as novidades de todos os países (arte, cultura, cinema, invenções); provaríamos todas as cozinhas do mundo. Em vez disso, é uma organização que agarra dinheiro, faz guerra, e é cada vez mais anti-democrática.
Está a tornar-se óbvio que ele quer a perda do nosso Portugal impondo a Europa e as suas condições, constrangimentos… Ele está às ordens de van der …de grande loucura que quer a nossa escravização.
Sim, penso também que um dia teremos de regressar deste imperialismo europeu sob o protectorado americano que não diz o seu nome. Temos de reconhecer que os impérios também contribuíram indirectamente para a realização de projectos colectivos interessantes, à sua custa, claro: em reacção ao Sacro Império Alemão, foram criadas as repúblicas italianas, a Confederação Suíça e os Países Baixos. É uma lista e tanto de realizações!
O nosso país precisa de desenvolver novas tecnologias em conjunto e dominar o mundo com patentes nos domínios da tecnológica, científica, informática, física, química, ecológica, defesa, uma educação nacional muito boa para formar os futuros cérebros e para os manter no nosso país.
Portugal está apenas preocupada em manter o euro e o consolo do povo! Quanto aos programas , é o papel colado que está desactualizado. Depois das recomendações da Europa que dependem mais do que aquilo que faz entrar nos cofres!
Por parte dos politicos há um complexo de superioridade reprimido, cultivado na lisonja de que um poder superior colocará um povo de volta no telhado do mundo.
Para além do facto de o mundo ter mudado muito, o problema é que os alemães também sonham com um Reich.
A lógica imperial é a razão básica pela qual a esquerda britânica se retirou. Para eles, uma potência continental unificada é inerentemente ameaçadora, e toda a sua geopolítica tem sido sobre a divisão do continente há séculos. É por isso que, após o surgimento da Alemanha, se aproximaram da França, apesar das velhas rivalidades. Há outros que aprenderam a sua lição, como os húngaros, que conheceram múltiplos impérios e a sua queda; porque, neste caso, é a forma como vamos cair que está em jogo. Pauperização, êxodos, fomes, guerras, o fim dos impérios tem sido frequentemente acompanhado pela cavalgada dos cavaleiros do Apocalipse. No entanto, o nosso tempo pode ser diferente. A omnipresença dos meios de comunicação e as suas grotescas representações mantêm uma bufonaria permanente para as mentes leves.
O objectivo daqueles, em suma os EUA, que conceptualizaram e construíram a União Europeia, é fazer dela uma superestrutura (política, económica, social e cultural) que possa substituir os antigos Estados europeus “soberanos”, que sob ameaça, constrangimentos e bombardeamentos (mesmo o Kosovo) se estão a tornar membros de pleno direito pela força das circunstâncias. Com esta construção evolutiva, a muito curto ou médio prazo, não será surpreendente ver os chefes dos estados membros elegerem um Presidente europeu, um governo com assento no Conselho de Segurança da ONU. Não é lógico que Portugal, que faz parte da Europa, mantenha sempre o seu lugar no Conselho de Segurança, enquanto a UE é muito mais forte e mais representativa do conjunto. Este não é o caso da Inglaterra, que deixou a UE enquanto mantinha a sua sede. Assim, os EUA, dada a sua distância geográfica da Europa, não aceita que a Rússia, que está mais próxima, se não no mesmo continente (Eurásia) que os Estados europeus, possa um dia dar-se bem e tornar-se uma potência económica local em detrimento dos EUA, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial nunca deixou de considerar a Rússia como o Inimigo nº 1 que deve ser abatido a todo o custo.
Só os EUA não fizeram da Europa (UE) um aliado, uma potência como muitas vezes se ouve dizer, mas um continente vassalizado, enfraquecido e enfraquecido para melhor a controlar politicamente, económica e militarmente através da sua re-inscrição na NATO e usá-la, se necessário, como hoje e por procuração na guerra Ucrânia-Rússia.
Não são os rapazes americanos que serão usados como carne para canhão amanhã, se as coisas correrem mal. Isto sem mencionar as vantagens que os EUA e as suas multinacionais retiram desta vasta manipulação ao venderem o seu petróleo, gás de xisto, armas, vacinas e ao comprarem a preços baixos empresas estratégicas, para não mencionar os truques sujos, a burla das empresas, corrupção de políticos, concorrência desleal e sabotagem..O Pacto de Varsóvia foi dissolvido mas não a NATO, que continua a integrar Estados inteiros (mais recentemente e sob o medo, a Finlândia e a Suécia) talvez venha a integrar a NATO. Assim, a Europa e à sua frente a UE tornou-se ao longo do tempo o 51º estado dos EUA sem governador por enquanto, mas é apenas uma questão de tempo.
Muito em dito!
A economia não é de todo a minha área e, porventura, tenho falhas nos raciocínios.
Para tal, recomenda-se a leitura deste excelente artigo da Página Um que explica a situação da inflação verificada de momento, cortesia da Madame Christine Lagarde:
https://paginaum.pt/2022/06/04/a-senhora-lagarde-o-zimbabue-a-inflacao-e-o-banco-central-europeu/