(Joseph Praetorius, in Facebook, 31/01/2022)

Nas declarações de Rodrigues dos Santos retive a sua definição como “social cristão” . A designação radica em Leão XIII que não aprovava a fórmula da “Democracia Cristã” por conter a palavra “Democracia”. (Se bem recordo, foi na Libertas Praestantissimum).
O “social cristão” é um nacional-católico. O significado prático disto é bastante feio. Nem vale a pena referir.
Foi bem varrido, portanto.
Todavia, tanto o PAN como o Livre tiveram menos votos que o CDS, o que mostra bem a absurda – e radicalmente abusiva – distorção do significado dos votos expressos aqui operada.
Os nacional-católicos do CDS tiveram mais de 86 mil votos, sem nenhum deputado.
Isso garante-lhes uma subvenção ainda importante que não lhes vai chegar para manterem aquela tralha toda, em todo o caso. Mas o Livre não chegou aos 69 mil… E tem um deputado.
Outra questão é que o deputado do Livre vale quase 69 mil votos e um deputado do PS valerá uns vinte mil.
Isto não pode continuar a acontecer com esta amplitude e gravidade. Não é simplesmente aceitável.
A deputada do PAN vale oitenta e dois mil votos. Contra os vinte mil de um deputado socialista e os sessenta e oito mil e novecentos do Livre.
Isto é um insulto à vontade popular expressa nas urnas. É preciso rever a Lei Eleitoral.
Quanto ao que vai seguir-se, isso está á vista.
O PSD corre risco iminente de cisão ou esvaziamento. Nem as clientelas nem os quadros aguentam mais tempo sem cargos e empregos, influências negociáveis e acesso a fundos públicos ou da União.
O CDS continuará a descer o seu plano inclinado.
Os liberais podem transformar-se em nova direita que conta, com uma subalternização importante, porventura definitiva, da fantasmagórica “democracioa cristã”.
E o Chega será remetido por toda a gente com média noção das conveniências para o anedotário grotesco. O Governo não o ouvirá nunca e o PR logo veremos.
Este sector da direita falhou aqui radicalmente. Nunca se entrega o comando seja do que for a um antigo aluno de seminário menor. (Os seminários menores são seminários de crianças). O homem tem estigmas na alma que o inibirão em tudo vitaliciamente e procurará ultrapassar isso por formas pouco toleráveis. Isso vai dar asneira, ali. Porque a dá em todo o lado.
O PS pagará o preço do seu êxito em mil conspirações internas que visarão cindi-lo. Porque a ala esquerda não suportará a política de direita e a direita interna nunca foi socialista… Pensem no eventual socialismo de Basílio Horta que me entendem mais depressa… Esta tensão será agora um pouco diferente. Uma das facções tem a (objectiva) polícia política nas mãos e pode armar ciladas francamente perigosas aos outros. (A quaisquer outros, em bom rigor). O número de avençados do SIS na imprensa permite acertar minutas de campanha de denegrimento contra quem quer que seja. Esta parte da história não vai ser bonita, caso se desenrrole como temo que ocorrerá.
Rebelo de Sousa, nisto e em tudo, fará sentir a sua personalidade histriónica, pela certa, mas não é imaginável até onde se consentirá ir para barrar o passo à esquerda. Ele é – e sempre foi – um nacional-católico. É tarde para mudar.
Gostei do artigo, mas ainda não é suficiente. Urge redesenhar os círculos eleitorais/distritais e potenciar o voto ao invés da abstenção. Distritos enormes não abrangentes do litoral provoca um (infelizmente) desinteresse total da vontade do voto e deste modo teremos sempre uma abstenção entre 40/50%. Aproximamo-nos da ilegitimidade das eleições. Uma situação grave.