Quaresma no lugar certo – o da Política

(Isabel Moreira, in Expresso Diário, 07/05/2020)

FUTEBOL – Ricardo Quaresma. Jogo de qualificacao para o Campeonato do Mundo 2018, Portugal – Ilhas Faroe, realizado Estadio no Bessa, no Porto. Quinta, 31 de Agosto de 2017. (EPOCA 2017/2018) (Vitor Garcez)

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Os racistas podem ser os monstros que a memória do século XX não apaga e podem ser figurinhas medíocres, sem convicção, oportunistas do momento. Mas o racismo é sempre assunto sério, é sempre coisa da polis, porque os racistas, os grandes monstros ou os pequenotes anedóticos, comungam no objetivo do apagamento do outro. Discriminar em função da etnia é sempre apagar, é tirar do mapa e esse objetivo é conseguido pelo verbo, pela ação, com pequenos e com grandes gestos.

Pretender que se crie um plano de confinamento específico para a comunidade cigana, devidamente estereotipada e falsamente acusada de comportamentos alucinantes em tempos de pandemia, remete-nos para a máquina jurídico-administrativa que o nazismo montou para que, numa política de pequenos passos, os judeus fossem despojados da sua humanidade com adesão consequente dos alemães “puros” ao novo normal, ao afastamento (apagamento) dos judeus da cidade. Criou-se, também pelo Direito, uma consciência coletiva de obediência ao normativo.

Pretender que haja regras de confinamento para a todos e outras à parte para as pessoas ciganas faz-nos pensar nos tempos que um parlamento aprovou leis para proteger o sangue de um povo idealizado.

Felizmente, a esmagadora maioria das portuguesas e dos portugueses sabe que somos comunidade junta e que o recurso à ciganofobia em tempos de menor atenção mediática é coisa de racista aflito. Mas o racismo é sempre assunto sério e é sempre assunto político. Todas e todos nós temos lugar aí mesmo, na cidadania livre.

Ricardo Quaresma deu um pontapé no racismo de Ventura. Ventura, nervoso, pediu para calarem o jogador, dizendo que não lhe cabe falar de política.

Ricardo Quaresma, na verdade, erguendo-se como pessoa cigana, foi a pessoa livre e responsável que recusou o nosso apagamento e que falando no lugar certo engrandeceu a política.

11 pensamentos sobre “Quaresma no lugar certo – o da Política

  1. Tirando isto os ciganos são muito bem tratados!!!! O nazismo de que fala acho que está inerente à democracia global que defende.

  2. Nota. Epá, ia jurar que esgaziada deputada Isabel quem apareceu hoje na reportagem da SIC a aprovar, tal como com o Pedro cl Delgado Alves do lobbying, a promíscua candidatura de uma sua colega socialista para o conselho de jurisdição (?) da Federação Portuguesa de Futebol… No lugar onde sempre deveria estar, desde que seja um/a socialista.

  3. Quando o então deputado do PSD, Gilberto Madaíl, em 1996, foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e acumulou as duas funções durante mais de um ano, quem era o líder do seu Grupo Par(A)mentar ?

    Era o nano-político Marques MENTES…

    E onde estava a…ÉTICA ?

    Quando o então deputado Hermínio Monteiro, em 2006, foi eleito presidente da Liga e, por inerência vice-presidente da F:P:F,, quem era o líder do seu Partido ?

    Era o “bonifrate” político Marques MENTES !

    E onde estava a…ÉTICA ?

    Agora o assunto veio à baila, porque o “a comadre rapioqueira” Marques MENTES, bolsou mais uma das suas costumadas e alarves patacoadas, no seu comentário semanal na SIC, (apreciem o descaramento do títere !) sobre A FALTA DE ÉTICA da deputada Cláudia Santos, do PS, por ter aceitado ser eleita presidente do Conselho de Disciplina da F.P.de Futebol !!!

    Precisamente A MESMA…ÉTICA QUE NÃO LHE FEZ FALTA NENHUMA, quando os eleitos eram deputados do PSD !!!

    • Nota. Pernalta, pázinho, tens medo de mim? Ou a vassourada d’A Estátua e, é claro, os vapores do ash acalmaram-te por uns tempos?

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