
Para todos os que me lêem e seguem aqui ficam também os meus votos de Bom Ano novo. Se não for pedir muito às divindades, melhor um pouco do que 2019. Pelo menos, tenhamos essa luz e essa esperança.
Deixo-vos abaixo um notável texto de Agustina Bessa Luís, sobre o Ano Novo.
(Estátua de Sal, 31/12/2019)
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Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra. Morte à senilidade idealista e à retórica embalsamada; peste para um certo código cultural que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais; guerra à recuperação da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.
Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braços a vida, a energia e a paz. Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano para que os desvios individuais não sejam convite ao eterno controlo e expressão das pessoas; energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo é mais forte do que a acção; paz para os homens de boa e de má vontade.
( Agustina Bessa-Luís, in ‘Caderno de Significados’, Guimarães Editora, 2013)
Puxa.
Os beberetes de ano novo deixaram os escrevinhadores deste blog um bocado confusos.
As bebidas brancas costumam puxar pela veia poética…
Tens alguma coisa contra a poesia, ó Pedro? 🙂
Nota. Aqui o Pedrinho, ó d’A Estátua, passou o último dia do ano na sauna com os amigos azeiteiros à volta. Foi uma alegria aquilo: nevoeiro, vapor, apalpanços, featinhas, carnes, pelos e chouriço assado, caldo verde, jarros de vinho tinto e anedotas porcas…
Ele poderia abrir a goela, coragem!