O SNS e a direita

(Carlos Esperança, 21/04/2018)

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Quem votou contra o SNS e odeia o direito à saúde, universal e gratuito, quem tinha na caridade o modelo de assistência aos pobrezinhos e na iniciativa privada o sonho para os ricos, é quem mais reclama da ineficiência e da falta de meios para a assistência pública eficiente, que sempre detestou.

Claro que nem todos são hipócritas e perversos, mas há os idiotas úteis e os esquecidos do costume. O PSD e o CDS, que votaram contra a maior conquista do 25 de Abril, e a que mais beneficiou o país, surgem agora como paladinos do que sempre combateram.

É natural que, perante a aceitação generalizada e os benefícios da sua existência, possa a direita ter-se convertido à defesa do SNS, mas exige-se a declaração pública de repúdio do voto contra, para ser considerada honesta a legítima exigência de mais recursos, dos recursos que negou sempre que foi governo.

Não basta colocar no horário nobre das televisões as deficiências, tratar o sarampo como aterradora epidemia, filmar serviços de Urgência em alturas de gripe ou eleger bactérias para os noticiários.

A defesa da dedicação exclusiva dos profissionais de saúde e o combate ao parasitismo, de que o SNS é alvo, por privados e instituições pias, são obrigações éticas e cívicas de quem defende, de facto, um serviço de saúde de qualidade e acessível a todos.

Há inimigos que o SNS dispensa, a demagogia à sua volta e os falsos amigos, ansiosos pela ruína que permita aos ricos um serviço de qualidade e aos pobres a caridade das Misericórdias.

A manha e dissimulação de uma direita que recorre à hipocrisia deve ser denunciada.

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